Buscar

AD1 FEB - LIVIA RESPOSTAS 01-2022

Prévia do material em texto

Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Avaliação à Distância – AD1 (PROVA)
Período - 1º/2022
Disciplina: FORMAÇÃO ECONÔMICA BRASILEIRA
Coordenador: ALEXIS TORÍBIO DANTAS
PÓLO CANTAGALO/RJ CURSO: ADMINISTRAÇÃO
ALUNA: LIVIA QUEIROZ DE FARIA
MATRÍCULA Nº 21215060346
 
1) Associe: imigração – colonato – mercado interno – industrialização. (3,0 pontos). 
Resposta: A segunda metade do século XIX, marcou o assentamento definitivo do café como principal produto de exportação do Brasil, no entanto, o principal obstáculo para a continuidade desse processo produtivo estava na mão-de-obra, devido à grande dispersão dos escravos decorrente da própria estrutura sociopolítica brasileira, ou seja, tornando o recrutamento desses uma tarefa bastante complicada, além disso, a utilização desse tipo de mão-de-obra disponível nas áreas urbanas encontrava obstáculos na reduzida capacidade de adaptação dos escravos aos métodos e à disciplina exigidos pela lavoura agrícola, o que dificultava e poderia reduzir de maneira significativa a sua expectativa de vida útil. Diante disso, a utilização da mão-de-obra imigrante foi a solução adotada por alguns fazendeiros do oeste paulista como forma alternativa de superar esse problema, inserindo o imigrante na monocultura de exportação, permitindo a continuidade do forte ritmo de crescimento da cafeicultura no Brasil. Enquanto isso, a Europa passava por uma série de crises que amedrontavam a população de seus países e, foi neste contexto, que o Brasil começou não só a acolher, mas a estimular a vinda de estrangeiros para nossas terras, para que eles trabalhassem como empregados dos grandes latifúndios cafeeiros.
A produção do café no oeste paulista apresentou duas formas bem marcadas de utilização da mão-de-obra imigrante: Sistema de parceria (momento inicial de inserção dos imigrantes e Sistema de colonato (inaugurou a formação das bases de relações capitalistas de produção).
No sistema de parceria, os imigrantes trabalhavam na lavoura em troca de lotes, de pés de café adultos preparados para produção. Metade do valor da colheita (cotas de pagamento) seria dos imigrantes, logicamente após a dedução dos custos de transporte, impostos e comissões – daí a definição de parceria. Ao trabalhador caberia ainda a exploração de lotes de subsistência – e, se houvesse excedentes, seriam também repartidos com o proprietário. Apesar do conceito de parceria, todo o processo de comercialização e contabilidade ficava a cargo do proprietário. O grande problema desse sistema dizia respeito à relação fazendeiros/colonos, que era na verdade uma continuação das condições de escravidão nas bases do trabalho e do nível de vida. Não houve uma mudança ideológica por parte dos fazendeiros no que se refere ao trabalho: consideravam e tratavam os imigrantes realmente como escravos. Para isso, utilizavam má-fé nos contratos, já altamente desvantajosos para os imigrantes, de maneira que a insatisfação tornava-se crescente tanto para os colonos quanto para os fazendeiros, ou seja, era uma escravidão disfarçada.
No sistema colonato ocorreram mudanças significativas em relação ao sistema de parcerias, pois além da criação de uma forma de pagamento direto ao colono, pelo menos em parte do total que era devido pelo seu trabalho na lavoura, o fazendeiro foi obrigado a arcar com despesas de viagens e do primeiro ano de trabalho. Também era concedida ao imigrante uma fatia de terra para o plantio de artigos para subsistência, ou seja uma forma mais justa de trabalho.
A partir de 1891, o contínuo avanço da produção de café entrou em descompasso com o crescimento do mercado externo, principalmente após o início da prolongada crise econômica que passou a assolar a economia norte-americana em 1893. O quadro econômico interno da primeira década da República Velha já estava bastante complicado. Esse período foi marcado por uma forte estagnação econômica, dada a desorganização da produção de culturas tradicionais (como a açucareira e a do algodão) em decorrência da abolição da escravatura, em 1888. O uso do imigrante substituindo o trabalho escravo estava cristalizado apenas na produção de café, de maneira que as demais atividades produtivas necessitavam de recursos para sua recuperação. Diante do exposto, a desvalorização cambial determinava uma elevação dos preços dos produtos importados – base da cesta de consumo brasileira, uma vez que pouco era produzido para o mercado interno. Assim, a subsistência tornava-se mais cara em moeda nacional, forçando o aumento dos salários, base dos custos de produção da cultura cafeeira. Seguindo esta tendência, o aumento dos custos seria responsável pela redução da margem de lucro da cafeicultura, reduzindo seu espaço para acumulação de capital em longo prazo.
No Brasil, até meados do século XIX, as regiões eram caracterizadas como ilhas regionais, sem guardar relações econômicas entre si. De 1850 a 1930, a expansão cafeeira e a industrialização romperam este isolamento regional, fazendo surgir uma economia centrada em São Paulo. Isso tornou as demais regiões dependentes do dinamismo paulista, como por exemplo, o Nordeste atravessou um processo secular de estagnação, tornando-se uma área de emigração. No entanto, desenvolveu a primeira atividade econômica importante do País: a agroexportação canavieira, além da cana-de-açúcar, foram importantes a pecuária e a cultura do algodão, cotonicultura. Nenhuma dessas, todavia, trouxe as condições para a superação da crise.
2) Analise os principais determinantes da recorrente desvalorização cambial do final do século XIX no Brasil. (3,0 pontos).
Resposta: A desvalorização cambial era uma realidade decorrente de dois fatores: 
(1) redução da entrada de moeda estrangeira no país, devido à queda do preço internacional do café: Nosso país produzia mais café (aumentava a oferta) e não havia resposta da economia mundial na mesma medida. Houve uma queda sensível do preço internacional do café, revertendo a tendência de alta dos preços até então registrada, determinando uma redução da receita das exportações. Em decorrência da queda de preços do café, ocorreu um grande impacto na economia brasileira do século XIX. Um dos problemas associados a essa queda do preço é o que chamamos inelasticidade-preço da demanda por café. Uma queda de preço não implica aumento proporcional da demanda pelo produto. Ou seja, estar mais barato não fará com que as vendas do café aumentem de forma a manter a receita constante, independentemente da quantidade de produto negociada. Do mesmo modo, o aumento do preço não reduz seu mercado na mesma proporção.
e 
(2) pressão política exercida pelos cafeicultores, visando preservar seus ganhos em moeda nacional: foi implementada uma política de emissão monetária na gestão de RUI BARBOSA como ministro da Fazenda do governo provisório de Deodoro da Fonseca que ficou conhecida como ENCILHAMENTO. Essa política, entretanto, causou uma profunda desordem financeira na economia brasileira. O encilhamento teve efeitos diretos sobre a taxa de câmbio e contribuiu fortemente para uma desvalorização cambial mais intensa. Este processo, todavia, determinava a formação de um círculo vicioso, na medida em que, apesar da queda do preço internacional do café, a sustentação das receitas em mil-réis para os produtores e exportadores de café os estimulava a aumentar ainda mais a produção.
O café experimentou uma crise de superprodução no final do século XIX. Isso fez com que os preços despencassem no cenário internacional. Para conter a onda de falências que aconteceria caso essa queda fosse repassada para os cafeicultores, o governo brasileiro adotou uma política de desvalorização cambial. Isso significou reduzir o valor da nossa moeda em relação à libra, a fim de manter elevada a renda dos cafeicultores em moeda local. A desvalorização do câmbio fazia os preços do café aumentarem em moeda nacional, emboraestivesse ocorrendo uma rápida queda dos preços internacionais. Dessa forma, os cafeicultores recebiam uma remuneração maior em mil-réis, mesmo com a redução do preço no mercado internacional.
 
3) O Convênio de Taubaté de 1906 tinha como principal objetivo estabilizar o preço internacional do café e, assim, garantir a renda dos cafeicultores mesmo diante de variações importantes da produção. Explique essa afirmativa e descreva as principais medidas adotadas. (4,0 pontos).
Resposta: O Convênio de Taubaté determinou, a institucionalização da prática de controle de estoques para regular o preço internacional, artifício permitido pela enorme parcela do mercado internacional ocupada pela produção brasileira. Todavia, apesar do sucesso alcançado na estabilização dos preços internacionais, a prática acabou induzindo uma forte concentração na atividade cafeeira. Os maiores lucros acabaram direcionados para os operadores do mercado financeiro, com destaques para os banqueiros internacionais e as casas comissarias, que compravam o produto na baixa e vendia na alta. Os banqueiros, inclusive, passaram a dominar o comercio do café, credenciados pela dívida externa crescente, e adquiriram grandes fazendas dos produtores nacionais. Além disso, a manutenção de altos preços e da receita exportação inviabilizava qualquer tentativa de desestimular o crescimento das lavouras, tornando o problema insolúvel no longo prazo.

Continue navegando