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SP 2.1 – Vai Voltar.. Mayra Maisa – Medicina UNIFG 1. . Gustação (ou paladar) é o nome que damos à sensibilidade gustativa, mediada pelos botões gustativos. São em torno 4000 unidades gustativas espalhadas no interior da boca, principalmente sobre a língua (75%). Cada botão gustativo é formado de 40 a 60 células sensoriais e mais algumas células de sustentação. As células sensoriais possuem uma porção ciliada (com microvilos) mergulhada em um poro gustativo. A base da célula ciliada faz sinapse com neurônios cujas fibras nervosas enviam as informações para o encéfalo. Os botões gustativos da língua situam-se em estruturas chamadas papilas. Há três tipos de papilas gustativas: Fungiformes (2/3 anterior da língua), foliáceas e as circunvaladas (1/3 posterior). Além da língua, há botões gustativos espalhados pela faringe, laringe e porção mais alta do esôfago. É interessante notar que as células sensoriais se renovam continuamente (10 a 14 dias). As modalidades gustativas: Reconhecemos classicamente 4 tipos de sabores: doce, salgado, ácido e amargo. No entanto, os cientistas descobriram que há mais duas qualidades dos alimentos que podem ser detectadas: umami (delicioso em japonês) causado pelo aminoácido glutamato presente nas fontes de proteína animal (carne, leite, etc.) e o sentido gustativo por ácidos graxos (gordura). Os orientais já usam, há muito tempo, o glutamato monossódico como realçador de sabor. Como ocorre a decodificação da informação gustativa? As substâncias solúveis na saliva chegam até os microvilos dos botões gustativos e ali interagem com os receptores químicos (parecido com o que ocorre nas células sensoriais olfatórias). Cada célula sensorial parece apresentar uma resposta mais intensa para um determinado estímulo. Assim, os botões sensitivos reagem a todas as categorias de substâncias mas na ponta da língua, há populações de células mais sensíveis ao doce. Na base da língua, ao amargo e assim por diante como mostra a figura acima. A intensidade com que sentimos um gosto depende do número de papilas; da concentração e composição química da substância. Com a exceção do Na Cl que evoca especificamente o gosto salgado, as demais modalidades podem ser evocadas por mais de uma substância química: o gosto doce é estimulado pela glicose (carboidrato) e ao mesmo tempo, pelo aspartame, que é uma molécula proteica, utilizada para adoçar os alimentos diet. http://portuguese.glutamato.org/media/Glutamato_e_sabor.asp http://portuguese.glutamato.org/media/Glutamato_e_sabor.asp https://www2.ibb.unesp.br/nadi/Museu2_qualidade/Museu2_corpo_humano/Museu2_como_funciona/Museu_homem_nervoso/museu2_homem_nervoso_olfacao/Museu2_homem_nervoso_olfacao.htm https://www2.ibb.unesp.br/nadi/Museu2_qualidade/Museu2_corpo_humano/Museu2_como_funciona/Museu_homem_nervoso/museu2_homem_nervoso_olfacao/Museu2_homem_nervoso_olfacao.htm Quais são as vantagens de identificarmos os sabores dos alimentos? Os bebês já nascem apreciando o gosto doce do leite materno e, rejeitando prontamente, o sabor amargo. De fato, o alimento de sabor doce estimula o apetite e a vontade de comer. Essa relação parece estar associada positivamente com a presença de açúcar, fonte de energia que necessitamos diariamente. Não é à toa que a Natureza tenha providenciado polpas suculentas e adocicadas, ricas em açúcar quando as frutas amadurecem. Assim o consumidor frutívoro poderá explorar o precioso recurso alimentar promovendo, simultaneamente, a dispersão de sementes. Além disso, em alguns frutos, a presença de glutamato aumenta com a maturação como no caso tomate. E também por razões de adaptação, fica claro porque as frutas ainda verdes (imaturas) são tão amargas e não-comestíveis. O processo de aprendizagem, contudo, pode fazer a gente passar a gostar de sabores antes desagradáveis ao paladar: a cerveja, por exemplo, é muito amarga para quem experimenta pela primeira vez. O gosto amargo dos medicamentos é perfeitamente justificável, pois se fossem adocicados, facilitariam as pessoas de consumi-los inadvertidamente! Principalmente as crianças. Como o cérebro interpreta o paladar dos alimentos? As informações gustativas chegam ao encéfalo através de três pares de nervos gustativos. Mas além das informações gustativas provenientes da língua e da cavidade oral, o alimento é apreciado segundo o aroma produzido durante a mastigação, pela textura e pela temperatura. Além de botões gustativos, há dentro da boca terminais nervosos que detectam estímulos mecânicos provocados pela pressão do alimento com a língua, dentes e as gengivas. Graças essas informações podemos avaliar a maciez ou não de uma carne, a suculência de uma fruta, a cremosidade de um iogurte. Mayra Maisa – Medicina UNIFG Assim como a textura e a temperatura dos alimentos qualificam o alimento, há outra qualidade provocada pelas substancias picantes. A capsaicina é uma substância alcaloide que é o princípio ativo da pimenta vermelha que de tanto ardida, faz a gente lacrimejar, suar e escoar o nariz. Esta substância e outras que têm o mesmo efeito, ativam os receptores sensitivos da dor indicando que é irritante da mucosa. A sensação é de intensa queimação. Trata-se de uma forma de defesa das plantas desse gênero (Capsicum) contra os predadores naturais, mas vários de nós apreciamos a sensação picante dos alimentos. As informações gustativas, olfatórias, térmicas e relacionadas à textura do alimento são integradas em áreas associativas cerebrais. Olfação O órgão da olfação localiza-se dentro do nariz e capta as substâncias químicas voláteis do ar inspirado. Quando um determinado cheiro nos chama a atenção, o investigamos olfatoriamente, aumentando a frequência de inspirações curtas e dilatamos as narinas. o sentido da olfação (o sentido do "cheiro"). Podemos sentir em torno de 2000 a 4000 odores diferentes. Nariz O nariz é uma das estruturas que participa do processo respiratório. É formado pela pirâmide nasal (a parte que se destaca na face) e pelas fossas nasais (as narinas e o espaço que existe no seu interior). https://www2.ibb.unesp.br/nadi/Museu2_qualidade/Museu2_corpo_humano/Museu2_como_funciona/Museu_homem_nervoso/museu2_homem_nervoso_olfacao/Museu2_homem_nervoso_olfacao.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Capsicum http://pt.wikipedia.org/wiki/Capsicum As duas fossas são separadas pelo septo nasal, uma estrutura cartilaginosa. A parede no interior do nariz é úmida graças às secreções mucosas que as células epitélio do trato respiratório produz. O muco forma uma capa de proteção, prendendo a poeira do ar inalado. Os pelos que crescem dentro das narinas exercem a mesma função, servindo de barreira física às partículas maiores no ato da inspiração. Então quando ar entra, é limpado, umedecido e aquecido e junto, do ar inalado estão as partículas voláteis que evocam o sentido do olfato. Ao inspirarmos o ar inalado dirige-se do nariz em direção aos pulmões. As partículas que provocam o cheiro ficam aderidos no epitélio olfatório, dentro da cavidade nasal. Esse epitélio possui células olfatórias ciliadas (em amarelo), células de sustentação, células produtoras de muco e de células basais. Numa superfície de 10cm2 há entre 10 a 20 milhões de células olfatórias, cujas partículas interagem com os cílios e são transformados em sinal nervoso. Como as células olfatórias detectam as substâncias odoríferas? Os cílios das células olfatórias possuem moléculas receptoras especificas para Mayra Maisa – Medicina UNIFG determinadas moléculas odoríferas e quando ambos se encaixam, a célula sensorial gera impulsos elétricos (ou impulso nervoso). O sinal nervoso é enviado para o cérebro, onde, finalmente, a interpretação ocorre. A especificidade entre o receptor e molécula odorífera é tantaque a molécula d- carvona evoca o cheiro da semente de alcaravia (um tipo de cominho árabe) mas se ela for modificada para l-carvona, evocará o cheiro de hortelã!! Como os impulsos nervosos chegam ao cérebro? Os impulsos olfatórios viajam pelo nervo olfatório e chegam ao cérebro através do bulbo olfatório. Mas é no córtex olfatório que as informações odoríferas são interpretadas, identificando o cheiro entrou pelo nariz. As informações sensoriais são armazenadas pelo hipocampo para serem lembradas e também são enviadas ao hipotálamo para a organização de funções viscerais (procurar alimento se for cheiro de comida ou apresentar náuseas (ânsia) e até vomito se for carniça). Assim como toda experiência sensorial, a percepção olfativa desperta experiências emocionais e comportamentais. A experiência olfativa varia de uma pessoa para a outra e da concentração Siclano não sente cheiro nenhum e Beltrano pode ser extremamente sensível a uma grande variedade de odores. O cianido de hidrogênio (gás utilizado na tentativa de Mayra Maisa – Medicina UNIFG exterminação de judeus durante a Segunda Grande Guerra Mundial pelos nazistas) é um poderoso veneno: a cada 10 pessoas uma não consegue senti-lo. Ou seja, há pessoas com anosmia (déficit do sentido olfatório) para um determinado grupo de substâncias como pessoas daltônicas. Além disso, para cada grupo de odorantes a sensibilidade depende da concentração química: para sentir o éter etílico, é necessária uma concentração de 5,8 mg/litro mas para o metil mercaptano bastam apenas 0,5 mg/. Essa substância é adicionada ao gás de cozinha para detectarmos um eventual vazamento! As frutas e as flores produzem ésteres que evocam seus cheiros típicos. Ao cheirar uma banana madura, o seu epitélio olfatório estará decodificando o acetato de isoamila, e se estiver cheirando uma laranja, o éster acetato de octila. A indústria química produz vários flavorizantes (aromas artificiais) que são acrescentados na constituição de alimentos industrializados com a finalidade de estimular o sentido olfatório e gustativo do consumidor. Por que não sentimos o cheiro das coisas quando estamos resfriados? Você já deve ter ficado resfriado com o nariz ‘entupido’ e percebido que não está sentindo direito os cheiros e nem o gosto dos alimentos. Isto acontece porque os odorantes, não alcançam os receptores olfatórios, por causa da intensa secreção mucosa vindo das vias aéreas do trato respiratório. Se não é possível realizar a transformação do estimulo químico em sinal sensorial, a via olfatória não poderá ativar o córtex olfatório. Além disso, quando a comida está dentro da boca, há liberação de partículas voláteis que chegam até o epitélio olfatório, através da comunicação que se dá entre a faringe e a cavidade nasal). Em outras palavras, o gosto do alimento não depende apenas do sentido gustativo, mas também do seu aroma. Quando estamos resfriados, o aroma do alimento não alcança o epitélio olfatório, prejudicando a interpretação gustativa! Língua A língua faz parte do aparelho digestório, e sua função está relacionada à deglutição, ao paladar e à fala. A língua é um órgão constituído de músculo e revestido de mucosa e que está relacionado à deglutição, ao paladar e à fala. Faz parte do aparelho digestório. Está fixada pelos músculos extrínsecos à cartilagem do osso hioide (na frente do pescoço, abaixo do maxilar inferior), à mandíbula e aos processos estiloides do osso temporal. Esses músculos estendem-se para fora da língua e são responsáveis por sua movimentação. São eles: patoglosso, hioglosso, genioglosso e estiloglosso. https://www2.ibb.unesp.br/nadi/Museu5_transmissao/Museu5_hereditariedade/Museu5_genetica_humana_heredi_dalto.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Flavorizante Os músculos que formam a própria língua e estão fixados nela (músculos intrínsecos) são responsáveis por sua forma (podem deixá-la, por exemplo, mais fina ou mais grossa). São eles: longitudinal superior, longitudinal inferior, transverso e vertical. A língua se divide em uma porção oral (dentro da cavidade bucal) e outra faríngea. O sulco terminal da língua, região que lembra um V localizada na parte de trás do órgão, divide as duas porções. Porção oral (2/3 anteriores) É dividida em duas faces, a superior (dorso) e a inferior. A face superior da língua tem três partes principais: • Raiz: parte posterior, por onde se liga ao osso hioide pelos músculos hioglosso e genioglosso; à epiglote, por três pregas de mucosa; ao palato mole; e à faringe, pelos músculos da faringe; • Corpo; • Ápice (a ponta da língua). A face superior também possui uma linha média que contém um sulco, mais ou menos marcado, a depender do indivíduo, e que divide a língua em duas metades simétricas. Mayra Maisa – Medicina UNIFG No corpo da língua encontram-se as papilas gustativas, responsáveis por identificar o sabor dos alimentos, denominadas: • Papilas circunvaladas, mais próximas ao sulco terminal da língua (região mais próxima à parte faríngea). • Papilas folhadas (concentradas nas laterais do corpo da língua). • Papilas fungiformes, mais numerosas no ápice e nas margens laterais. A face inferior repousa sobre o assoalho da boca e está unida a ele por uma prega vertical chama frênulo da língua. Na parte inferior do frênulo e de cada lado da linha média há dois tubérculos onde estão os ductos excretores das glândulas sublinguais. Nessa região também se localiza uma rede venosa intensa que irá se unir e formar a veia sublingual. Porção faríngea (terço posterior) Forma a parede anterior da parte oral da faringe. Não possui papilas gustativas e nela existem nódulos linfoides denominados tonsilas linguais, que produzem anticorpos que ajudam a proteger o organismo. Nariz O nariz é o órgão do aparelho respiratório que fica situado acima do palato duro e no andar médio da face, contendo o órgão periférico do olfato. O nariz carrega importantes aspectos estéticos e funcionais. Sua presença é fundamental para a concepção de uma face normal (podendo ser acometida por enfermidades sistêmicas, como no caso da hanseníase virchowiana, por exemplo) mesmo que se apresente de tamanhos e formatos distintos, baseados em aspectos étnicos e raciais. Função: Além da sua participação fundamental na estética facial, o nariz tem relevantes funções de inspiração e expiração do ar de que necessitamos. https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/epiglote/ https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/faringe/ https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/amidala-lingual/ Esta estrutura apresenta condições anatômicas especiais para desempenhar com maestria as seguintes funções: olfação, respiração, filtração de impurezas e umidificação do ar inspirado, além de recepção e eliminação de secreções dos seios paranasais e ductos lacrimonasais. Anatomia do nariz: Inclui a parte externa do nariz, o esqueleto e a cavidade nasal, que é dividida em direita e esquerda pelo septo nasal. Parte externa do nariz: A parte externa do nariz é a porção visível externamente do órgão, que se projeta na face. Seu esqueleto estrutural é principalmente cartilaginoso. Como mencionado, as dimensões e o formato dos narizes variam muito, principalmente por causa das diferenças nessas cartilagens. O dorso do nariz estende-se da raiz até o ápice (ou, ponta) do nariz. A face inferior do nariz é perfurada por duas aberturas piriformes, as narinas (aberturas nasais anteriores), que são limitadas lateralmente pelas asas do nariz. A parte óssea superior do nariz, inclusive sua raiz, é coberta por pele fina. A pele sobre a parte cartilaginosa, móvel e macia do nariz é coberta por pele mais espessa, que contém muitas glândulas sebáceas (comum surgir muitas acnes e comedões, inclusive).A pele estende-se até o vestíbulo do nariz (região interna, após as narinas), onde há um número variável de pêlos rígidos (chamados de vibrissas). As vibrissas geralmente estão úmidas, e atuam na filtração de partículas de poeira do ar que adentra a cavidade nasal. A junção da pele e da túnica mucosa está além da área que tem pelos, mais posteriormente. Mayra Maisa – Medicina UNIFG Esqueleto O esqueleto de sustentação do nariz é formado por duas estruturas: osso e cartilagem hialina. A parte óssea do nariz consiste em ossos nasais, processos frontais das maxilas, parte nasal do osso frontal e sua espinha nasal, e partes ósseas do septo nasal. Já a parte cartilaginosa do nariz é formada por cinco cartilagens principais: duas cartilagens laterais (processos laterais das cartilagens do septo), duas cartilagens alares (que formam as asas do nariz) e uma cartilagem do septo. As cartilagens alares, em forma de U, são livres e móveis. Elas dilatam ou estreitam as narinas quando há contração dos músculos que atuam sobre o nariz, sendo comum o surgimento do sinal semiológico “batimento de asa de nariz” quando lactentes e crianças apresentam importante desconforto e esforço respiratório. O septo nasal divide a cavidade nasal em duas partes, região esquerda e região direita. Ele é formado por uma parte óssea e uma parte cartilaginosa móvel flexível. Os principais componentes do septo nasal são a lâmina perpendicular do osso etmoide, o vômer e a cartilagem do septo. A fina lâmina perpendicular do etmoide, que forma a parte superior do septo nasal, desce a partir da lâmina cribriforme. Superiormente a essa lâmina ela se estende como a crista etmoidal. O vômer, um osso fino e plano, forma a parte poster inferior do septo nasal, com alguma contribuição das cristas nasais da maxila e do palatino. A cartilagem do septo tem uma articulação importante com as margens do septo ósseo. Mayra Maisa – Medicina UNIFG Cavidade nasal São as regiões abertas entre cada lado do nariz e o septo, ou seja, são bilaterais (direita e esquerda). A entrada da cavidade nasal é anterior, através das narinas. Posteriormente a cavidade se encerra na parte nasal da faringe, sendo finalizada nos cóanos. Trata-se de uma porção anatômica revestida por túnica mucosa, com exceção do vestíbulo nasal, que é revestido por pele. A túnica mucosa do nariz está firmemente unida ao periósteo e pericôndrio dos ossos e cartilagens que sustentam o nariz. A túnica mucosa é contínua com o revestimento de todas as câmaras com as quais as cavidades nasais se comunicam, como a parte nasal da faringe na parte posterior, os seios paranasais nas regiões superior e lateral, e com o saco lacrimal e a túnica conjuntiva na parte superior. Os dois terços inferiores da túnica mucosa do nariz correspondem à área respiratória e o terço superior é a área olfativa. Fisiologicamente, o ar inspirado pelo nariz passa sobre a área respiratória, onde é aquecido e umedecido antes de atravessar o restante das vias respiratórias superiores até os pulmões. A área olfativa contém o órgão periférico do olfato (região com epitélio especializado, formado por células quimiorreceptoras dotadas de prolongamentos muito sensíveis, cílios). Na inspiração, as narinas captam inúmeras moléculas dispersas no ar e as levam até essa área posterior da cavidade, permitindo contato dessas partículas de odor e fragrância com o receptor, levando a uma resposta sensorial importante e a percepção sensitiva de cheiros e aromas (olfato). Nas cavidades, são encontradas as conchas nasais (superior, média e inferior) que se curvam em sentido inferomedial, pendendo da parede lateral como persianas ou cortinas curtas. As conchas ou cornetos são estruturas muito convolutas, semelhantes a rolos, que oferecem uma grande área de superfície para troca de calor. Tantos seres humanos com conchas nasais simples, semelhantes a lâminas, quanto animais com conchas complexas, têm um recesso ou meato nasal (passagem na cavidade nasal) sob cada formação óssea. Desse modo, a anatomia da cavidade nasal pode ser dividida em cinco passagens: 1. um recesso esfenoetmoidal posterossuperior; 2. três meatos nasais laterais (superior, médio e inferior); 3. um meato nasal comum medial, no qual se abrem as quatro passagens laterais. A concha nasal inferior é a mais longa e mais larga sendo formada por um osso independente (de mesmo nome, concha nasal inferior) coberto por uma túnica mucosa que contém grandes espaços vasculares que aumentam afetando o calibre da cavidade nasal. Já as conchas nasais média e superior são processos mediais do osso etmoide. A infecção ou irritação da túnica mucosa pode ocasionar o rápido surgimento de edema, com obstrução de uma ou mais vias nasais daquele lado, gerando obstrução nasal e dificuldade para respirar, como na rinite alérgica. Quanto aos limites das cavidades nasais, infere-se que elas possuem teto, assoalho e paredes medial e lateral, bem definidas: Teto: curvo e estreito, com exceção da extremidade posterior, onde o corpo do esfenoide, que é oco, forma o teto. É dividido em três partes (frontonasal, etmoidal e esfenoidal), nomeadas de acordo com os ossos que formam cada parte. Assoalho: é mais largo do que o teto e é formado pelos processos palatinos da maxila e pelas lâminas horizontais do palatino. Parede medial: é formada pelo septo nasal Paredes laterais: são irregulares por causa de três lâminas ósseas, as conchas nasais, que se projetam inferiormente, como persianas. Vascularização do nariz A irrigação arterial das paredes medial e lateral da cavidade nasal tem cinco origens: 1. Artéria etmoidal anterior (da artéria oftálmica); 2. Artéria etmoidal posterior (da artéria oftálmica); 3. Artéria esfenopalatina (da artéria maxilar); 4. Artéria palatina maior (da artéria maxilar); 5. Ramo septal da artéria labial superior (da artéria facial). A parte anterior do septo nasal é a sede de um plexo arterial anastomótico do qual participam todas as cinco artérias que vascularizam o septo (área de Kiesselbach). A drenagem venosa fica sob responsabilidade de um rico plexo venoso submucoso situado profundamente à túnica mucosa do nariz e proporciona escoamento sanguíneio por meio das veias esfenopalatina, facial e oftálmica. O plexo venoso é uma parte importante do sistema termorregulador do corpo, trocando calor e aquecendo o ar antes de entrar nos pulmões. O sangue venoso do nariz drena principalmente para a veia facial através das veias angular e nasal lateral. Cabe lembrar que a vascularização nasal está localizada no “triângulo perigoso” da face em razão das comunicações com o seio cavernoso. Em relação à inervação do nariz, sabe-se que a inervação da região posteroinferior da túnica mucosa do nariz é feita principalmente pelo nervo maxilar, através do nervo nasopalatino para o septo nasal, e os ramos nasal lateral superior posterior e nasal lateral inferior do nervo palatino maior até a parede lateral. A inervação da parte anterossuperior provém do nervo oftálmico (NC V, em seu primeiro ramo) através dos nervos etmoidais anterior e posterior, ramos do nervo nasociliar. A maior área da parte externa do nariz (dorso e ápice) também é suprida pelo NC V. Os nervos olfatórios, associados ao olfato, originam-se de células no epitélio olfatório na parte superior das paredes lateral e septal da cavidade nasal. Os processos centrais dessas células (que formam o nervo olfatório) atravessam a lâmina cribriforme e terminam Mayra Maisa – Medicina UNIFG no bulbo olfatório, a expansão rostral do trato olfatório, no sistema nervoso central. Sensibilidade é a capacidade que tem o sistema nervoso (SN) de identificar um estímulo em nível consciente ou inconsciente, vindo de qualquer modalidade somatosensitiva ou de suas submodalidadescomo dor, tato, temperatura e pressão. Os sistemas sensoriais são encarregados de recolher informações do meio que nos rodeia e do interior do organismo. Por meio de células especializadas transmitem as informações ao sistema nervoso central (SNC) para seu processamento e análise. Essa função tem sua expressão mais primitiva em uma simples irritabilidade nos organismos unicelulares, mas à medida que houve ascensão na escala zoológica, constitui-se um sistema cada vez mais complexo. A informação do meio externo é utilizada para: 1) as sensações e as percepções; 2) a regulação da função dos órgãos internos; 3) a manutenção da vigília; 4) o controle dos movimentos. RECEPTORES SENSORIAIS Os receptores sensoriais que captam estímulos do meio (exteroceptores) podem ser classificados de diferentes formas, sendo a mais comum a classificação de acordo com o estímulo ao qual responde. Levando em consideração essa forma de classificação, os principais receptores existentes são os: • Quimiorreceptores: Percebem estímulos químicos. Córtex sensitivo Olfato: córtex olfatório (direto). SISTEMA NERVOSO SENSORIAL Receptores sensoriais: TIPO DE RECEPTOR SENSORIAL QUIMIORECEPTORES: Olfato e Paladar TRANSDUÇÃO: Energia = Potencial de ação Estímulo específico sobre os receptores Abertura canais iônicos Influxo de sódio para o receptor DESPOLARIZAÇÃO Estímulo elétrico pelo neurônio aferente Os sentidos do olfato e paladar constituem um senso químico comum ou trigeminal que envolveria a ativação de múltiplas terminações nervosas em diferentes níveis, especialmente aqueles localizados nas membranas mucosas nasais, orofaringe, etc. Ambos são sistemas quimiossensíveis, assim chamados porque são estímulos químicos que ativam seus receptores. O olfato e o paladar estão intimamente relacionados. As papilas gustativas da mucosa da orofaringe são responsáveis pelo sentido do paladar e o nervo olfativo identifica os odores. Ambas sensações são transmitidas ao cérebro para reconhecer os sabores. Enquanto alguns sabores podem ser identificados sem a intervenção do olfato (o sabor salgado, amargo, doce ou azedo), outros mais complexos (decorrentes das combinações dos primários) exigem a Mayra Maisa – Medicina UNIFG ambos os sentidos, olfato e paladar, para identificá-los. Os sentidos gustativos (gosto) e olfativo (odor) dependem de estímulos químicos que estão presentes na comida e na bebida ou no ar. Gustação e olfato têm uma tarefa similar: detectar substâncias químicas do ambiente. De fato, apenas pelo uso de ambos esses sentidos o SNC percebe o sabor. Gustação e olfato têm uma conexão forte e direta com as nossas mais básicas necessidades internas, incluindo sede, fome, emoção, sexo e certas formas de memória. Entretanto, os sistemas de gustação e olfato são separados e diferentes, desde as estruturas e os mecanismos de seus receptores químicos até a organização de suas conexões centrais e seus efeitos sobre o comportamento. As informações neurais de cada sistema são processadas em paralelo e mescladas posteriormente em níveis superiores, no córtex cerebral. As partículas, quando deglutidas, são impulsionadas pela faringe até a cavidade nasal e, desse modo, as vias sensoriais para a gustação e a olfação podem ser acionadas ao mesmo tempo. Isso promove uma integração importante entre os dois sentidos e acaba auxiliando na percepção do sabor. Os receptores olfatórios apresentam proteínas variadas, que são ativadas por diferentes moléculas odoríferas, promovendo, então, estímulos nervosos que auxiliam a distinguir os diferentes tipos de cheiro e sabor. Como o olfato é muito mais sensível do que o paladar, uma dada concentração de substância alimentar pode estimular o sistema olfatório centenas de vezes mais intensamente do que ela estimula o sistema gustatório. Quando você está gripado ou sofrendo por alergia e não consegue sentir o sabor do seu alimento, na realidade é o olfato que está bloqueado e não o paladar. Os botões gustatórios presentes na boca nos permitem sentir o sabor de cinco gostos básicos. Já o olfato nos ajuda a sentir o cheiro de milhões de estímulos diferentes. O olfato tem papel primordial no comportamento alimentar, influenciando no apetite, na escolha e na ingestão dos alimentos. O sabor que percebemos quando comemos ou bebemos algo é proveniente de uma combinação entre o olfato e a gustação, denominado olfato retro nasal. Na olfação retro nasal, o fluxo de moléculas de odor proveniente da cavidade oral e da faringe entram pela parte de trás do nariz, através das estruturas chamadas coanas. Essas moléculas atingem o epitélio olfatório no momento em que há a movimentação da língua e da faringe durante a mastigação e a deglutição. Quando somos expostos ao cheiro de uma banana, por exemplo, é desencadeado o apetite pelo alimento, mas também por outros alimentos. O odor provoca uma resposta fisiológica em diferentes órgãos e sistemas que são responsáveis pela liberação de saliva, hormônios e enzimas digestivas. A relação intima entre os dois sentidos justifica a alteração gustatória (disgeusia) concomitante a uma hiposmia e anosmia. O olfato e o paladar são sentidos químicos. Os sistemas neurais que intermedeiam estas sensações, os sistemas gustatório e olfatório, estão entre aqueles filogeneticamente mais antigos do encéfalo e ao perceberem substâncias químicas na cavidade oral e nasal trabalham conjuntamente. A importância do paladar reside no fato de que ele permite a um indivíduo selecionar substâncias específicas de acordo com os seus desejos e, frequentemente, de acordo com as necessidades metabólicas dos tecidos corpóreos. A olfação, mais ainda que a gustação, tem a qualidade afetiva de ser agradável ou desagradável. Por isso, a olfação é, provavelmente, mais importante do que a gustação para a seleção de alimentos. Aproximadamente 80% dos distúrbios do paladar são, na verdade, distúrbios do olfato. Sabe-se que a gustação é sobretudo uma função dos corpúsculos gustativos da boca, mas é experiência comum que o sentido do olfato contribui fortemente para a percepção do gosto. É imprescindível ressaltar a sua relação com a gustação, pois sem o olfato não se sente de forma adequada o sabor dos alimentos perdendo assim o apetite e o prazer com a alimentação. Os botões gustativos diminuem com a idade e as papilas gustativas, que atingem seu clímax de desenvolvimento na puberdade, começam a atrofiar na mulher entre 40 -45 anos e no homem aos 50 anos. Mayra Maisa – Medicina UNIFG Quanto à olfação, o declínio da sensibilidade olfativa com a idade pode ser resultante de degeneração de células centrais e ser independente de modificações periféricas do aparelho olfativo. Porém, a capacidade regenerativa do epitélio olfatório declina com a idade. A qualidade e intensidade da percepção olfatória dependem do estado anatômico e funcional do epitélio nasal e dos sistemas nervosos central e periférico. Rinites e resfriados prolongados podem causar hiposmia (perda moderada da sensibilidade olfativa). Diversas entidades nosológicas cursam com alterações olfatórias e gustativas, podendo ser congênitas ou adquiridas, sendo as mais citadas na literatura: doença nasal e sinusal obstrutiva, infecções de vias aéreas superiores, traumatismo cranioencefálico, envelhecimento, causa congênita, exposição a tóxicos, algumas medicações, neoplasias nasais ou intracranianas, alterações psiquiátricas, doenças neurológicas, iatrogenia e idiopática. As anormalidades do paladar e do olfato comprovaram ser um tema bem mais complexo do que se reconhecia anteriormente e também estão presentes em situaçõescomo deficiência de vitaminas (B6, B12, A) e de zinco ou de cobre, tabagismo, gravidez, anestesia geral, traumas dentários, arrinencefalia e desvios do septo nasal. A obstrução é a causa mais comum de distúrbio olfatório. Se a obstrução é total, o indivíduo apresenta anosmia (moléculas odoríferas não atingem o epitélio olfatório), liberando a obstrução a habilidade olfatória retorna. A porção ântero-medial da parte inferior do corneto médio funciona como reguladora do fluxo aéreo para a região olfatória. Obstrução nesta área crítica por edema da mucosa, pólipos, tumores, deformidades ósseas, cirurgias entre corneto médio e septo nasal ou trauma podem diminuir ou eliminar a habilidade olfatória. Isto pode acontecer mesmo quando a cavidade inferior parecer normal. Podem ocorrer em qualquer faixa etária, com predominância em mulheres. Os pacientes geralmente referem perda progressiva e gradual da olfação, flutuante, podendo ocorrer perdas agudas com infecções agudas e exposição a alérgenos. As infecções de vias aéreas superiores também constituem uma das principais causas de perda olfatória. A maioria em indivíduos entre 40 e 60 anos de idade, dos quais 70-80% são mulheres, geralmente por obstrução do fluxo aéreo e se resolve em um período de um a três dias. Em alguns poucos casos a olfação não retorna ao normal. À biópsia, pode haver metaplasia, com diminuição ou ausência de receptores olfatórios e com substituição por epitélio respiratório em alguns casos. A perda olfatória é proporcional à perda neuronal e o prognóstico é pobre. Um terço recupera-se espontaneamente com ou sem tratamento, ocorrendo mais frequentemente hiposmia que anosmia. Raramente ocorre fantosmia (percepção de um odor que não é real.) Traumatismos cranioencefálicos podem ocasionar danos aos nervos olfativos na lâmina cribiforme devido as forças de golpe ou contragolpe. Em adultos a perda da olfação é de 5-10%, já em crianças é de 1,3-3,2%. É mais prevalente no sexo masculino, com cerca de 60% dos casos. Em geral o grau de perda está associado à severidade do trauma, o que não significa dizer que um trauma mínimo não possa estar associado à anosmia. O início da perda geralmente é imediato, mas alguns pacientes só percebem após alguns meses. Parosmias são comuns. Amnésia nas primeiras 24 horas está associada à anosmia permanente em mais de 90% dos casos. Quando há preservação parcial da olfação tem-se observado diminuição da discriminação dos odores. A causa exata ainda não foi estabelecida. A teoria mais popular presume uma lesão dos nervos quando estes deixam o topo da lâmina cribiforme. A lesão pode ser no córtex frontal, pois alguns pacientes além de anosmia pós TCE também apresentam alterações psicossociais. A tomografia computadorizada é geralmente normal, podendo em alguns casos revelar fratura Mayra Maisa – Medicina UNIFG da lâmina cribiforme. A hiposmia ocorre mais em lesão frontal; a anosmia em lesão occipital, cinco vezes mais frequente. Cerca de 8 a 39% dos pacientes recuperam a função, dos quais 75% nos três primeiros meses (17). O limiar olfatório diminui com a idade (1% ao ano), sendo esse efeito menor nas mulheres que nos homens. Os idosos têm uma taxa maior de declínio da olfação para uns odores do que para outros, com diminuição da habilidade para discriminar o sabor na comida do cotidiano. Esta diminuição olfatória se deve ao processo fisiológico de envelhecimento (presbiosmia), ocorrendo na sexta ou sétima década, ou às doenças de Alzheimer e Parkinson. A disfunção olfatória é um dos sinais mais prevalentes na Doença de Parkinson. Observam-se alterações de discriminação, identificação e limiar olfatório. A hiposmia é um dos sinais que pode anteceder os sintomas motores da patologia. Em uma pesquisa recente foi encontrado que 80% dos pacientes com esta patologia apresentaram anormalidade da identificação olfatória, comparados aos controles. Na anosmia congênita, a possível fisiopatologia seria a degeneração ou atrofia do epitélio e/ou bulbo olfatório no processo de desenvolvimento. Geralmente é um achado isolado, mas há anosmia familiar associada a calvície prematura e cefaleia vascular, sendo hereditária, dominante, com penetrância variável. A Síndrome de Kallmann é a causa mais comum de disfunção olfatória congênita, 1/10000-50000), com anosmia (agenesia do bulbo olfatório) e hipogonadismo hipogonadotrófico, além de anormalidades renais, criptorquidismo, surdez, deformidades médio-faciais e diabetes. É causada por um defeito na migração dos neurônios que produzem o hormônio de liberação de gonadotrofinas (GnRH) e dos neurônios que formam os nervos olfatórios. A anosmia está relacionada à deficiência de GnRH porque a migração e diferenciação dos neurônios secretores de GnRH dependem da formação do bulbo olfatório. Os indivíduos acometidos não entendem o conceito de odor, portanto não sentem a sua falta. Pelo fato de geralmente ainda persistirem alguns quimiorreceptores intactos, odores acres, irritantes e gustação podem ser detectados normalmente. Quando há exposição do sistema olfatório a substâncias tóxicas, a perda olfatória pode ocorrer em dias ou anos, podendo ser reversível ou permanente. O grau de lesão parece estar relacionado ao tempo de exposição e à concentração e toxicidade do agente, comumente associado ao tabaco. São exemplos de drogas que afetam a olfação: anfetaminas, antibióticos (aminoglicosídeos, tetraciclina), cocaína, derivados de petróleo, dióxido sulfúrico, etanol, formaldeído, metais pesados, metanol, monóxido de carbono, nicotina, solventes orgânicos, sulfato de zinco (tópico) e tetracloreto de carbono. Os medicamentos costumam afetar mais a gustação que a olfação. Na maior parte das vezes a olfação retorna com a suspensão da medicação, mas existem relatos de lesão permanente. Drogas que afetam a composição do muco podem alterar a olfação, como os beta- adrenérgicos, colinérgicos e agentes peptidérgicos. Os processos neoplásicos também merecem atenção, destacando-se os de localização intranasal, como pólipos nasais, papiloma, carcinoma epi dermoide, adenoma, estesioneuroblastoma (tumor neuro olfativo raro), pois bloqueiam o fluxo aéreo para fenda olfatória ou por destruição local do aparelho olfatório. As neoplasias intracranianas que envolvem a superfície orbital do cérebro podem causar anosmia unilateral. Meningiomas da crista esfenoidal ou do sulco olfatório e gliomas do lobo frontal podem lesar os bulbos ou os tratos olfatórios. Anosmia pode também ocorrer em associação a outros tumores do lobo frontal e a lesões parasselares e hipofisárias. Em meningismos do sulco olfatório ou da área da lâmina cribriforme, anosmia unilateral ocorre precocemente, evoluindo para anosmia bilateral, acompanhada com frequência de neuropatia óptica. A síndrome de Foster Kennedy consiste em anosmia acompanhada de atrofia óptica ipsilateral Mayra Maisa – Medicina UNIFG unilateral e papiledema contralateral, oriunda classicamente de um grande tumor envolvendo a região orbito frontal. Certas patologias psiquiátricas cursam com distúrbios da olfação. A esquizofrenia pode cursar com alucinações olfatórias em 15% a 30% das vezes. Pacientes com depressão maior podem apresentar mesmo sintoma, mas geralmente possui habilidade olfatória preservada. A fantosmia pode se apresentar como aura em pacientes com epilepsia do lobo temporal. A iatrogenia não pode deixar de ser mencionada como fator etiológico relevante. Em procedimentos cirúrgicos pode ocorrer dano neural e estreitamento do fluxo nasal por alterações anatômicas ou tecido cicatricial. Alterações no olfato e no paladar ocorrem após laringectómica total, pois o paciente passa a respirar diretamente pela traqueia e o ar não passa através do nariz para os órgãos olfativos terminais. Como o olfato e o paladar estão intimamente ligados, as sensaçõesde paladar são alteradas. Mas, com o passar do tempo, o paciente comumente se acomoda a este problema, o que pode justificar o fato de nem todos os pacientes referirem alteração olfatória. Em cirurgias da fossa anterior e pós neurocirurgia trans esfenoidal pode ocorrer lesão de lâmina cribriforme. A radioterapia também está inclusa no conjunto de condições que levam a disfunções do olfato e paladar, assim como as de causas idiopáticas, geralmente em adultos jovens, na meia idade e saudáveis. Na Hanseníase, as alterações de olfato podem ser encontradas em qualquer forma clínica da doença. Além disso, é uma queixa muito comum nessa patologia e pode ser encontrada mais frequentemente na forma lepromatosa, sendo referido que este acometimento estivesse relacionado com a severidade das alterações clínicas na mucosa nasal. Em estudo realizado em 2005, os achados de alterações de olfato foram encontrados em quatro formas diferentes de hanseníase, porém em pacientes em estágio avançado ou em reação. Encontrou-se hiposmia em 7,5% dos pacientes, cacosmia em 2,3% e anosmia em 0,6%. Poucos casos de distúrbio do olfato têm origem neurológica. Esclerose múltipla pode causar alterações do olfato devido a envolvimento das vias olfatórias. Condições neurológicas diversas que causam anosmia incluem hidrocefalia, acometimento da artéria cerebral anterior próximo à sua origem, meningite basilar, abscessos do lobo frontal e doença de Refsum. Lobectomias temporais que incluam o córtex piriforme podem causar déficits na identificação de odores. A hiperosmia geralmente é funcional, mas pode ocorrer em certos tipos de abuso de drogas e enxaqueca. Alucinações olfativas se devem mais frequentemente a psicose, mas podem decorrer de uma lesão do sistema olfativo central, geralmente neoplásica ou vascular, ou como manifestação de crise convulsiva. As assim chamadas crises uncinadas são crises parciais complexas ou do lobo temporal precedidas de uma aura olfativa ou gustativa, geralmente desagradável, e frequentemente acompanhadas, enquanto o paciente perde a consciência, de movimentos de estalar os lábios e ou de mastigação. Esses ataques são tipicamente oriundos de um foco convulsivo envolvendo estruturas do lobo temporal medial. O paladar pode ser afetado em casos de lesões do nervo facial proximais à saída da corda timpânica. Já no caso de distúrbios gustativos permanentes, estes podem sobrevir após paralisia facial de Bell. Disfunções do paladar e do olfato frequentemente ocorrem juntas, pois as anormalidades do paladar se devem geralmente a disfunção olfativa. Disgeusia pode ser um efeito direto ou indireto de condições malignas. Hipergeusia e parageusias podem ocorrer em psicoses e no transtorno de conversão. Alucinações gustativas podem ocorrer em crises parciais complexas e nos tumores envolvendo o uncus ou o opérculo parietal e frequentemente ocorrem em conjunto com as alucinações olfatórias. Pacientes idosos desenvolvem por vezes disgeusia de origem obscura que pode ocasionar anorexia e perda de peso. A sensibilidade gustativa aumentada ocorre em pacientes Mayra Maisa – Medicina UNIFG com doença de Addison, deficiência da hipófise e fibrose cística. Lesões do nervo lingual podem causar perda do paladar juntamente com perda da sensação exteroceptiva do lado da língua afetado. O estudo evidencia que alterações no olfato e no paladar em pessoas sintomáticas estão associadas com maiores níveis de estresse, comparando com aqueles sem alterações nesses sentidos da percepção. Ansiedade e depressão são respostas frequentes, que estão mais associadas a perda do paladar e tendem a persistir por mais tempo. No entanto, risco de reinfecção, excesso de trabalho, frustração, equipamentos de proteção inadequados, isolamento, exaustão, etc., também influenciam a situação emocional dos trabalhadores da saúde. A coexistência com sintomas da COVID-19 intensifica a reação. Mesmo as pessoas curadas continuam a experimentar estresse, devido ao medo de reinfecção. Essa condição aponta a necessidade de intervenção psicológica. A ansiedade é maior nos pacientes com perda de ambos os sentidos, olfativo e gustativo, enquanto a depressão é mais evidente na perda do paladar. A despeito deste resultado, 29% dos entrevistados precisam de intervenção psicológica clínica, segundo os dados obtidos. O estudo evidencia que alterações no olfato e no paladar em pessoas sintomáticas estão associadas com maiores níveis de estresse, comparando com aqueles sem alterações nesses sentidos da percepção. Ansiedade e depressão são respostas frequentes, que estão mais associadas a perda do paladar e tendem a persistir por mais tempo. No entanto, risco de reinfecção, excesso de trabalho, frustração, equipamentos de proteção inadequados, isolamento, exaustão, etc., também influenciam a situação emocional dos trabalhadores da saúde. A coexistência com sintomas da COVID-19 intensifica a reação. Mesmo as pessoas curadas continuam a experimentar estresse, devido ao medo de reinfecção. Essa condição aponta a necessidade de intervenção psicológica. Bioeletrogênese é que a capacidade celular de gerar potenciais elétricos pela membrana plasmática. Essa é a estrutura responsável por gerar esses potenciais através da entrada e saída de íons. Em outras palavras, é a propriedade de algumas células de gerar e alternar a diferença de potencial elétrico da membrana. Esses processos modificam a diferença de potencial elétrico da membrana. Ou seja, a diferença da carga elétrica entre os meios intra e extracelular, possibilitando a passagem dos sinais elétricos. Potenciais em bioeletrogênese Os potenciais elétricos basicamente se dividem em potencial de repouso e potencial de ação. O potencial de repouso é a diferença de potencial elétrico, em Volts (V) gerada a partir de um gradiente eletroquímico através da membrana plasmática, que é semipermeável. Assim, ele se refere às diferenças de concentração de íons entre o meio intracelular e o meio extracelular quando a célula não está despolarizada. Ou seja, quando está em repouso. O potencial de ação, por outro lado, refere-se às variações rápidas do potencial de repouso das células excitáveis. Elas variam de voltagens negativas a positivas, retornando a valores negativos após a despolarização. Ou seja, ao potencial de repouso, que possui valor negativo. Todo esse processo é importante para que as células transmitam são sinais e realizem suas funções. Mayra Maisa – Medicina UNIFG
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