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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA MACAÉ Página 1 de 5 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUÍZO CÍVEL DA COMARCA XXXX DO ESTADO DE XXXXXXX JOÃO, nacionalidade, estado civil, profissão, Carteira de Identidade nº..., CPF nº..., residente na Rua..., bairro..., cidade..., endereço eletrônico..., por seu advogado infra-assinado, com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., devidamente constituído, conforme procuração em anexo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, LXIX, da CRFB/88, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO ALFA, agente público, com endereço funcional XXX, vinculado ao MUNICÍPIO ALFA, no endereço XXX, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos: 1. DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE DO MANDAMUS O mandado de segurança é o remédio constitucional cabível para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sendo claro o ato ilegal praticado pela autoridade coatora, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO ALFA. O impetrante tem direito líquido e certo ao devido ao indeferimento de requerimento pela autoridade coatora, que, conforme se verá ao longo da presente exordial, padece de graves vícios de legalidade. Saliente-se que o prazo decadencial previsto está observado, visto que entre a publicação da demissão e a impetração do presente há menos de 120 dias. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA MACAÉ Página 2 de 5 2. DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS O impetrante é JOÃO, cidadão politicamente atuante e plenamente consciente dos deveres a serem cumpridos pelos poderes constituídos em suas relações com a população, decidiu fiscalizar a forma de distribuição dos recursos aplicados na área de educação no Município Alfa, sede da Comarca X e vizinho àquele em que residia, considerando as dificuldades enfrentadas pelos moradores do local. Para tanto, compareceu à respectiva Secretaria Municipal de Educação e requereu o fornecimento de informações detalhadas a respeito das despesas com educação no exercício anterior, a discriminação dos valores gastos com pessoal e custeio em geral e os montantes direcionados a cada unidade escolar, já que as contratações eram descentralizadas. Ocorre que, o requerimento formulado foi indeferido por escrito, pelo Secretário Municipal de Educação, sob o argumento de que João não residia no Município Alfa; os gastos com pessoal eram sigilosos, por dizerem respeito à intimidade dos servidores; as demais informações seriam disponibilizadas para o requerente e para o público em geral, via Internet, quando estivesse concluída a estruturação do “portal da transparência”, o que estava previsto para ocorrer em 2 (dois) anos. Diante do ocorrido, inconformado com o indeferimento do requerimento, o impetrante buscou os serviços de um advogado. Vale destacar que a legitimidade ativa do Impetrante, JOÃO, decorre do fato de ter o direito de acesso à informação, sendo titular do direito que postula. E quanto a legitimidade passiva do impetrado, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO ALFA, decorre do fato de ser o responsável pelo indeferimento do requerimento formulado, nos termos do artigo 6º da Lei 12.016/09, e do Município Alfa por ser a autoridade vinculada, artigo 7º, inciso I, Lei 12.016/09. O presente mandado de segurança repressivo visa coibir o ato ilegal exercido pelo IMPETRADO na recusa do requerimento, sob o argumento de que é assegurado a todos o acesso à informação, nos temos do artigo 5º, inciso XIV, da CRFB/88. Como também, o direito de receber dos órgãos públicos as UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA MACAÉ Página 3 de 5 informações de interesse coletivo ou geral, conforme dispõe o artigo 5º, inciso XXXIII, da CRFB/88. Ademais, os usuários têm assegurado o acesso a registros e informações sobre atos de governo, nos termos do artigo 37, § 3º, inciso II, da CRFB/88. As informações relativas aos gastos com pessoal não dizem respeito à intimidade dos servidores, pois refletem a maneira de gasto do dinheiro público, apresentando indiscutível interesse público. Por fim, destaca-se ainda que, os entes federados não podem criar distinções entre brasileiros, nos termos do artigo 19, inciso III, da CRFB/88. Logo, é irrelevante o IMPETRANTE não residir no Município Alfa. A doutrina, assim leciona: o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito constitucional. 7.ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.153.) Em relação à jurisprudência, o entendimento é: REEXAME NECESSÁRIO. DIREITO CONSTITUCIONAL. PUBLICIDADE DOS ATOS E NEGÓCIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. DEVER DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. REMESSA NECESSÁRIA RECONHECIDA E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Pelo princípio da publicidade, inserto no caput do art. 37, Lex Magna, os atos da administração pública devem ser de acesso geral a todos que assim o desejem, ressalvado o direito à intimidade a vida privada, bem como, informações que envolvam segurança de estado, de modo assegurar o acesso às informações dos atos de governo. 2. A transparência na publicidade dos atos públicos permite a sociedade verificar a legalidade eficiência das ações administrativas, de modo que possibilite a fiscalização, controle e legitimidade da conduta dos agentes públicos. 3. Reexame necessário em provido. (TJ-AM 062007530201780440001 AM 0620075-30.2017.8.04.0001, Relator: Maria do Perpétuo Socorro guedes Moura, Data de Julgamento: 25/07/2018, Câmaras Reunidas) UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA MACAÉ Página 4 de 5 3. DA CONCESSÃO DA LIMINAR A concessão de medida liminar em mandado de segurança deve observar o disposto no art. 7º, III, da Lei 12.016/2009, que assim dispõe: Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. A situação em tela não deixa dúvidas acerca do direito líquido e certo da impetrante, ora violado, presente, portanto, o “fumus boni iuris”. Ressalte-se que, conforme prova nos autos, a impetrante foi afastada das suas funções, tendo os seus vencimentos suspensos, por decisão da comissão processante e da autoridade coatora, o que vem lhe causando sérios riscos à sua vida digna, suprindo suas condições de subsistência, restando evidente o “periculum in mora”. Assim, presentes os requisitos para a concessão da liminar, requer-se, seja determinada a imediata entrega dos dados solicitados pelo IMPETRANTE. 4. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer a Vossa Excelência: 1) a concessão da medida liminar, com a expedição de ofício à autoridade coatora determinando que forneça os dados solicitados pelo Impetrante, nos termos do artigo 7º, inciso III, Lei. 12.016/09 2) Notificação da autoridade responsável pelo ato ilegal, para prestar informações, no prazo de 10 dias; 3) A ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo-lhe ser enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no feito. 4) Intimação do Ministério Público; 5) Que ao final, seja a ação judicial julgada procedente no .mérito e concedida a segurança em definitivo, reconhecendo a ilegalidade do ato do Impetrante na UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITONÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA MACAÉ Página 5 de 5 recusa das informações solicitadas e o fornecimento dos dados públicos solicitado 6) Condenação dos impetrados nas custas judiciais. 7. DAS PROVAS Requer a juntada de documentos. DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ XXXXXXX, para fins de distribuição. Nestes termos, pede deferimento. Local..., data Advogado... OAB/UF n.º..
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