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Henri Wallon contribuições para a educação A gênese da inteligência para Wallon é biológica e social. Segundo este autor a estruturação orgânica supõe a intervenção da cultura. Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento humano para Wallon é centrada na pessoa completa. Pressupostos teóricos Wallon considera o desenvolvimento da pessoa completa integrada ao meio em que está imersa com seus aspectos afetivo, cognitivo e motor. “Jamais pude dissociar o biológico e o social, não porque o creia redutíveis entre si, mas porque, eles me parecem tão estreitamente complementares, desde o nascimento, que a vida psíquica só pode ser encarada tendo em vista suas relações recíprocas.” (Wallon citado por WEREBE; NADEL-BRULFERT, 1986, p. 8). Seu método de pesquisa denomina-se análise genética comparativa multidimensional, o qual consiste em compreender o desenvolvimento da criança a partir da análise comparativa entre o comportamento de crianças de distintas épocas e culturas, indivíduos normais e patológicos, assim como entre crianças e animais. O referencial teórico utilizado por Wallon basea-se epistemologicamente na filosofia marxista e, mais especificamente no materialismo dialético. Isso confere devida importância das bases biológicas, sem se efatizar uma mecânica organicista. A fim de abranger o estudo integrado do ser humano o autor formula a noção de campos funcionais (movimento, inteligência, emoção e pessoa) os quais abarcam as dimensões motoras, afetivas e cognitivas que constituem a realidade psíquica do sujeito. Os Campos Funcionais e o desenvolvimento psicológico da criança Há quatro fatores para explicar o desenvolvimento psicológico da criança: Emoção; A pessoa O movimento (de ação e atividade); A inteligência. A EMOÇÃO A emoção é altamente orgânica, altera a respiração os batimentos cardíacos e até o tônus muscular tem momentos de tensão e distensão que ajudam o ser humano a se conhecer. Emoção X Afetividade A afetividade, de acordo com Wallon (1968), envolve várias manifestações, abrangendo os sentimentos (ordem psicológica) e as emoções (ordem biológica). O primeiro – a emoção – refere-se a manifestações afetivas de estados subjetivos, agregados a componentes orgânicos, como os sentimentos e os desejos. 7 Então, o que é afetividade? A afetividade – tem, de acordo com o autor, uma concepção mais ampla que envolve uma gama maior de manifestações, englobando as dimensões psicológica e biológica, ou seja, os sentimentos e as próprias emoções. “As emoções consistem essencialmente em sistemas de atitudes que correspondem, cada uma, a uma determinada espécie de situação. Atitudes e situação correspondente implicam-se mutuamente, constituindo uma maneira global de reagir de tipo arcaico, frequente na criança. (...) Daqui resulta que, muitas vezes, é a emoção que dá o tom ao real”. (Wallon, 1968, p. 140). Para Wallon (1971) a dimensão afetiva ocupa lugar central tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto na construção do conhecimento. O autor relaciona a psicogênese e a história do indivíduo, demonstrando, assim, a estreita relação entre as interações humanas e a constituição da pessoa, propondo um estudo integrado do desenvolvimento humano, definindo seu projeto teórico como uma elaboração da psicogênese da pessoa completa. O EU E O OUTRO (A PESSOA) A construção do eu depende essencialmente do outro. “A dinâmica funcional da pessoa pode ser entendida a partir da compreensão da integração funcional dos conjuntos, segundo a qual várias funções classificadas nos domínios do ato motor, afetividade e conhecimento participam de forma conjunta no exercício das atividades da pessoa não simplesmente justapostas, mas combinadas de forma a permitir o aparecimento de outras funções mais complexas” (Almeida e Mahoney, 2004, p. 31). MOVIMENTO A motricidade tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação. Ele acreditava que as escolas deveriam quebrar a rigidez e a mobilidade adaptando a sala de aula para que as crianças possam se movimentar mais. “o movimento é tudo que pode dar testemunho da vida psíquica e traduzi-la completamente, pelo menos até o momento em que aparece a palavra. Antes disso, a criança, para se fazer entender apenas possui gestos, ou seja, movimentos relacionados com as suas necessidades, ou o seu humor, assim, como com as situações e que sejam susceptíveis de as exprimir” (Wallon, 1975, p. 75). INTELIGÊNCIA A proposta Walloniana coloca o desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais humanizada. Os elementos como: afetividade movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano. “O desenvolvimento da inteligência, em grande parte, é função do meio social. Para que ele possa transportar o nível da experiência ou da invenção imediata e concreta, tornam-se necessários os instrumentos de origem social, como a linguagem e os diferentes sistemas de símbolos surgidos nesse meio”. (Wallon, 1971, p. 14). 12 Para Wallon é por meio da emoção que o ser biológico se converte em ser social. Tentativa de ver a criança de um modo mais integrado, levando em consideração os domínios cognitivo, afetivo e motor. Não dissociar campos que são indissociáveis (afetividade e inteligência). Estudo do desenvolvimento humano a partir do desenvolvimento psíquico da criança. Desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e conflitos, retrocessos e reviravoltas. A passagem dos estádios de desenvolvimento não se dá linearmente. A LEI DE ALTERNÂNCIA FUNCIONAL É a principal lei que regula o desenvolvimento psicológico da criança. Sugere que as atividades da criança, algumas vezes podem ser destinadas a construir a sua individualidade e outras vezes, para estabelecer relações com os outros, alternando a orientação progressivamente em cada estádio. A LEI DA PREPONDERÂNCIA E INTEGRAÇÃO FUNCIONAL Consiste em que não existe nem ruptura, nem continuidade funcional na transição de um estádio a outro. Deste modo, as funções antigas não desaparecem, mas se integram com as novas. Estádios do Desenvolvimento da Criança 1) Impulsivo-emocional ocorre no primeiro ano de vida: 0 – 1 anos Principais Funções: A emoção pode construir uma simbiose emocional com o ambiente. Orientação: Para o interior - voltado para a construção do indivíduo. expressões/reações generalizadas e indiferenciadas de bem estar/mal estar; predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas; as emoções são o primeiro recurso de interação do bebê com o meio social; Emoções são extremamente contagiosas entre os indivíduos. Estádios do Desenvolvimento da Criança 2) Sensório-motor e projetivo inicia-se por volta de um ano e se estende até os três anos de idade. Função dominante: atividade sensório-motora tem dois objetivos básicos: o primeiro é a manipulação de objetos e o segundo é a imitação; Orientação: Para o exterior - relações orientadas para com os outros e objetos: externamente. caracteriza-se pela investigação e exploração da realidade exterior; o andar e a linguagem darão oportunidade à criança de ingressar em um novo mundo, o dos símbolos; Linguagem estrutura o pensamento; Importância de se afinar o olhar para o movimento. Estádios do Desenvolvimento da Criança 3) Personalismo Por volta dos três aos seis anos. Principais Funções: Consciência e afirmação da personalidade na construção de si mesmo. Orientação: para o interior: necessidade de afirmação. Subperíodos: -> (Entre 2 e 3 anos) a oposição, tenta reivindicar, a insistência sobre a propriedade dos objetos; -> (Entre 3-4 anos) Idade da graça nas habilidades expressivas e motoras. Procura a aceitação e admiração dos outros. Período narcisista; -> (Pouco tempo antes dos 5 anos) Representação de papéis. Imitação. Enriquecimento do eu e a construção da personalidade;Oposição ao outro busca de afirmação de si; Sedução a criança tem necessidade de ser admirada, para se admirar também; Imitação personagens são criados a partir das pessoas que a criança admira; Inteligência se apóia fortemente na atividade motora; Sincretismo não separa a qualidade da coisa em si. Estádios do Desenvolvimento da Criança 4) Pensamento Categorial Entre os 6 e 11 anos. Função principal: Conquistar e conhecer o mundo exterior. Orientação: para o exterior - interesse especial por alguns objetos. Subperíodos: (6-9) Pensamento sincrético: global e impreciso, misturá o objetivo com o subjetivo; (De 9 a 11 anos) pensamento categorial. Comece a agrupar categorias de acordo com seu uso, características ou atributos. Estádios do Desenvolvimento da Criança 5) Puberdade e Adolescência Idade: a partir dos 15 anos Função dominante: Contradição entre o conhecido e entre o que se deseja conhecer; Orientação: para o exterior – dirigida para a afirmação do eu. A crise pubertária rompe a “tranquilidade” afetiva que caracterizou o estágio categorial e impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Oposição sistemática ao adulto. Busca diferenciar-se do adulto. Marca a diferenciação entre o eu e o mundo exterior, em que a criança aprende a perceber o que é de si e o que é do outro. Pensa a realidade a partir de categorias. Emergência de uma capacidade nova para a criança: a atenção. É fundamental a interação do indivíduo com a cultura. Tentativa de ver a criança de um modo mais integrado, levando em consideração os domínios cognitivo, afetivo e motor. Não dissociar campos que são indissociáveis (afetividade e inteligência). Estudo do desenvolvimento humano a partir do desenvolvimento psíquico da criança. Desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e conflitos, retrocessos e reviravoltas. A passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente. Wallon e a Educação Estado de indiferenciação início do desenvolvimento. À medida que a afetividade se desenvolve, interfere na inteligência e vice-versa. Afetividade e inteligência são interdependentes. Invenções e criações momentos de sincretismo surgem novas categorias. Currículo escolar valorizar ciências e igualmente a arte. O professor sente-se incomodado com a oposição. A criança não é resultado linear do meio em que vive. Vive em vários meios: familiar/escolar. Meios não concretos: valores (família/escola/comunidade). Essa diversificação é importante para o enriquecimento das crianças. Escola oferece lugares diferentes para a criança ocupar. Escola é um lugar onde se educa, mas, principalmente, onde se deve estudar a personalidade da criança. Organização do espaço e do tempo. 29 Educação não deve excluir as crianças com dificuldades escolares ou com comportamentos inadequados. Ressalta a importância da atenção e do interesse das crianças nas atividades escolares. O professor precisa ter conhecimento dos problemas sociais de sua época. Incentivar a coletividade e a cooperação. Relação mantida em sala deve ser cultivada com sentimentos positivos. O professor deve criar um clima de igualdade de expressão e evitar tratamentos desiguais. A perspectiva teórica de Wallon traz ainda uma preocupação bastante atual: como construir uma educação para todos, independente de sua condição social, origem ou raça, e, ao mesmo tempo, uma educação para cada um, que contemple a complexidade do indivíduo em todas as suas dimensões.
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