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ARTES Editora Exato 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DAS IMAGENS 1. CONCEITO DE ARTE Assim como o mito e a ciência são formas de organização da experiência humana – o mito baseado na emoção e a ciência na razão – também a arte exis- te no mundo como forma de organização humana, como modo de transformar a experiência vivida em objeto de conhecimento. O entendimento do mundo, no caso da arte, não se dá somente por meio de conceitos logicamente organizados, que, pelo fato de serem abstrações gené- ricas, estão longe do dado sensorial, do momento vi- vido. Esse entendimento também pode se dar através da intuição, do conhecimento imediato da forma con- creta e individual, que não fala à razão, mas ao sen- timento e à imaginação. A arte é um caso privilegiado de entendimento intuitivo do mundo, tanto para o artista que cria obras concretas e singulares quanto para o observador que se entrega a elas para penetrar-lhes o sentido. A razão de ser da arte nunca permanece intei- ramente a mesma. A razão de ser da arte numa socie- dade em que a luta de classes seja forte, difere, em muitos aspectos, da razão original da arte. No entan- to, apesar das situações sociais diferentes, a arte ex- pressa uma verdade permanente. E é isso que nos dá a possibilidade de nos co-mover com pinturas pré- históricas das cavernas ou com antigas can-ções. 2. FUNÇÕES DA ARTE As obras de arte, desde a Antigüidade até hoje, nem sempre tiveram a mesma função. Ora serviram para contar uma história, ora para rememorar um a- contecimento importante, ora para despertar o senti- mento religioso ou cívico. Dependendo do propósito e do tipo de interes- se com que alguém se aproxima de uma obra de arte, podemos distinguir as seguintes funções para a arte: a) Função pragmática ou utilitária A arte serve ou é útil para se alcançar um fim não-artístico, isto é, ela não é valorizada por si mes- ma, mas só como meio de se alcançar uma outra fina- lidade. Essas finalidades a serviço das quais a arte pode estar podem ser: pedagógicas, religiosas, políti- cas ou sociais. Nessa perspectiva, a avaliação de uma obra de arte obedece a critérios definidos: o critério moral do valor da finalidade a que serve (se a finali- dade for boa, a obra é boa); e o critério de eficácia da obra em relação à finalidade (se o fim for atingido, a obra é boa). b) Função Naturalista Refere-se aos interesses pelo conteúdo da obra, ou seja, pelo que a obra retrata, independente da sua forma ou modo de apresentação. Os critérios de avaliação de uma obra de arte do ponto de vista da função naturalista são: a corre- ção da representação (se é o assunto que nos interes- sa, deve ser representado corretamente para que possamos identificá-lo); a inteireza, ou seja, a quali- dade de ser inteiro, íntegro (o assunto deve ser repre- sentado por inteiro); e o vigor, que confere um poder de persuasão (especialmente se a situação representa- da for imaginária). Essa atitude perante a arte surge bastante cedo. Ela aparece na Grécia, no século V a.C., nas escultu- ras e pinturas que “imitam” ou “copiam” a realidade. Essa tendência caracterizou a arte ocidental até mea- dos do séc. XIX, quando surgiu a fotografia. A partir de então, a função da arte, especialmente da pintura, teve de ser repensada e houve uma ruptura do natura- lismo. c) Função Formalista Essa função contribui decisivamente para o significado da obra de arte. Este, portanto, é o único dos interesses que se ocupa da arte enquanto tal e por motivos que não são estranhos ao campo artístico. Essa função busca, em cada obra, os princípios que regem sua organização interna: que elementos entra- ram em sua composição e qual relação existe entre eles. Não importa o tipo de obra analisado: pictórico, escultórico, arquitetônico, musical, teatral, cinemato- gráfico etc. Todos comportam uma estruturação in- terna de símbolos selecionados a partir de um código específico. O critério através do qual uma obra de arte será avaliada, dentro da perspectiva formalista, é sua ca- pacidade de sustentar a atenção de um público cuja sensibilidade seja educada e madura, isto é, que co- nheça vários códigos e esteja disponível para encon- trar na própria obra suas regras de organização. Nesse caso, é a reação do público que determina o valor da obra. 3. CONCEITO DE DESENHO Desenhar é representar, com traços, objetos sobre uma superfície plana, de acordo com o ponto de vista de quem executa o desenho. Todo desenho, antes de ser uma atividade artística, é a interpretação pessoal da realidade, a expressão de um mundo fan- tástico e a representação analítica e sintética da reali- dade. O desenho tem função estética, documental, social, crítica e educativa.
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