Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
 
FACULDADE DE ENGENHARIA 
 
 
 
Departamento de Engenharia Sanitária e 
Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Homero Soares 
 
 
08//2012
 
 
Fonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente (2008.) 
 
 
 
 
 
26/9/2012 07:36 3 
 
 
Fonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente (2011). 
 
 
 
 
 
26/9/2012 07:36 6 
 
ÍNDICE 
 
I – Saneamento Ambiental e Gerência de Resíduos Sólidos _____________________________ 9 
I.1) O que é Saneamento Ambiental? _______________________________________________ 9 
I.2) Atividades do Saneamento Ambiental ___________________________________________ 9 
I.3) Situação do Saneamento no Brasil ______________________________________________ 9 
I.4) O Saneamento e a Legislação _________________________________________________ 24 
I.5) A Gestão dos Serviços de Saneamento __________________________________________ 24 
I.5.1. Breve histórico da Legislação Federal sobre RS. _______________________________ 25 
I.5.2 – Responsabilidades _____________________________________________________ 33 
I.6 - Limpeza Pública ___________________________________________________________ 35 
I.6.1) Normalização __________________________________________________________ 35 
I.6.2) Participação Comunitária ________________________________________________ 35 
I.6.3) Planejamento __________________________________________________________ 35 
I.6.4) Execução _____________________________________________________________ 37 
I.6.5) Estrutura Administrativa _________________________________________________ 37 
I.6.6) Cobrança pelos Serviços _________________________________________________ 37 
I.7) Medidas Restritivas Possíveis de Serem Adotadas ______________________________ 37 
II – Caracterização dos Resíduos Sólidos. 45 
II.1) Definições. ________________________________________________________________ 45 
II.2) A Problemática dos Resíduos Sólidos. _________________________________________ 47 
II.3) Origem e Formação do Lixo. ________________________________________________ 50 
II.4) Classificação dos Resíduos Sólidos: ___________________________________________ 50 
II.4.1 - Objetivos da Classificação dos RS: ________________________________________ 50 
II.4.2 - Tipos de Classificação: _________________________________________________ 50 
II.4.3 - Quanto à Origem: _____________________________________________________ 50 
II.5) Caracterização dos Resíduos Sólidos: _________________________________________ 60 
II.5.1 - Composição Física ou Gravimétrica _______________________________________ 60 
II.5.2 - Peso Específico: (Kgf/m
3
) _______________________________________________ 68 
II.5.4 - Teor de Umidade. _____________________________________________________ 69 
II.5.5 - Grau de Compactação: _________________________________________________ 70 
II.5.6 - Teor de Materiais Combustíveis e Incombustíveis: ___________________________ 70 
II.5.7 - Poder Calorífico: ______________________________________________________ 70 
II.5.8 - Composição Química: __________________________________________________ 70 
II.5.9 - Teor de Matéria Orgânica:_______________________________________________ 70 
II.5.10 - Caracterização Bacteriológica: __________________________________________ 71 
II.6) Como Caracterizar o Lixo: __________________________________________________ 71 
III - Limpeza Pública 74 
III.1) Serviços de Limpeza Pública: _______________________________________________ 74 
III.2) Atividades de Apoio: ______________________________________________________ 74 
IV - Limpeza de Logradouros 75 
IV.1) Varrição_________________________________________________________________ 75 
26/9/2012 07:36 7 
 
IV.2) Capina_______________________________________________________________77 
IV.3) Outros Serviços ___________________________________________________________ 78 
V - Acondicionamento do Lixo 80 
V.1. Acondicionamento dos resíduos domiciliares. ___________________________________ 81 
V.2) Acondicionamento dos Resíduos Públicos ______________________________________ 82 
V.2.1) Para Pequenos Volumes: ________________________________________________ 82 
V.2.2) Para Grandes Volumes: _________________________________________________ 82 
V.3) Acondicionamento de Resíduos de Fontes Especiais. _____________________________ 83 
VI - Coleta do Lixo 86 
VI.1) Sistemas de Trabalho ______________________________________________________ 86 
VI.2) Tipos de Coleta ___________________________________________________________ 86 
VI.3) Freqüência de Coleta ______________________________________________________ 89 
VI.4) Horários de Coleta ________________________________________________________ 89 
VI.5) Setores de Coleta _________________________________________________________ 91 
VI.6) Equipamentos de Coleta ____________________________________________________ 92 
VI.7) Guarnição de Coleta _______________________________________________________ 93 
VI.8) Projeto de Coleta de Lixo ___________________________________________________ 94 
VI.9) Avaliação de Desempenho __________________________________________________ 98 
VII - Transporte e Transbordo 100 
VII.1) Classificação das Estações de Transbordo ___________________________________ 100 
VII.2) Principais Vantagens do Emprego de Estações de Transbordo __________________ 101 
VII.3) Instalação de Estações de Transbordo ______________________________________ 102 
VIII - Tratamento dos Resíduos Sólidos 103 
VIII.1) Reciclagem da Matéria Orgânica - Compostagem ____________________________ 103 
VIII.1.1) Etapas da Compostagem _____________________________________________ 104 
VIII.1.2) Classificação da Compostagem ________________________________________ 105 
VIII.1.3) Fatores a Serem Observados Durante a Compostagem ______________________ 106 
VIII.1.5) Vantagens e Desvantagens da Compostagem _____________________________ 110 
VIII.1.6) Características do “Composto” Orgânico: ________________________________ 110 
VIII.1.7) Observações Finais __________________________________________________ 111 
VIII.2) Incineração ____________________________________________________________ 112 
VIII.2.1) Incineração: Conceitos Básicos _______________________________________ 117 
VIII.2.2) Etapas da Incineração ________________________________________________ 118 
VIII.2.3) Classificação da Incineração __________________________________________ 119 
VIII.2.4) Vantagens da Incineração_____________________________________________ 119 
VIII.2.4) Desvantagens da Incineração __________________________________________ 120 
VIII.2.5) Conclusões ________________________________________________________ 120 
VIII.3) Pirólise _______________________________________________________________ 120 
VIII.3.1) Produtos da Pirólise _________________________________________________ 120 
VIII.3.2) Metodologia: ______________________________________________________ 121 
VIII.3.3) Vantagens e Desvantagens da Pirólise ___________________________________ 122 
26/9/2012 07:36 8 
 
VIII.4) Conversão Biológica do Lixo com Recuperação de Energia_________________122 
IX - Disposição Final 124 
IX.1) Aterro Sanitário: ________________________________________________________ 126 
IX.1.1) Definição: _____________________________________________________________ 126 
IX.1.2) Estudos de Áreas para Instalação de Aterros Sanitários: ______________________ 127 
IX.1.3) Componentes do Projeto de um Aterro Sanitário. ____________________________ 133 
IX.1.4) Instalações de Apoio ____________________________________________________ 147 
IX.2) Aterro Controlado 148 
IX.3) Lixões ou Vazadouros 148 
X - Reciclagem dos Materiais do Lixo 150 
X.1) Histórico ________________________________________________________________ 150 
X.1) Coleta Seletiva do Lixo ____________________________________________________ 152X.2) Componentes Recicláveis __________________________________________________ 156 
X.2.1) Papel ______________________________________________________________ 156 
X.2.2) Plástico: ___________________________________________________________ 158 
X.3) Vantagens e Desvantagens da Reciclagem: ____________________________________ 161 
X.4) Os números no Brasil ______________________________________________________ 161 
X.5) Programa Brasileiro de Reciclagem __________________________________________ 164 
XII - CONSIDERAÇÕES FINAIS 165 
A N E X O 1 169 
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PERIGOSOS. UMA VISÃO GERAL. 170 
A.1) Introdução_______________________________________________________________ 170 
A.2) Definição e Classificação de Resíduos Perigosos. _______________________________ 170 
A) Inflamabilidade _________________________________________________________ 171 
B) Corrosividade ___________________________________________________________ 171 
C) Reatividade _____________________________________________________________ 171 
D) Toxicidade _____________________________________________________________ 171 
A.3) Requisitos para Tratamento, Armazenamento e Disposição ______________________ 172 
A) Tratamento _____________________________________________________________ 172 
B) Armazenamento _________________________________________________________ 173 
C) Disposição Final _________________________________________________________ 173 
A.4) Gestão de Resíduos Perigosos _______________________________________________ 173 
 
26/9/2012 07:36 9 
 
I – Saneamento Ambiental e Gerência de Resíduos Sólidos 
I.1) O que é Saneamento Ambiental? 
 
 Saneamento (OMS): é o controle de todos os fatores do meio físico do homem (água, ar, 
solo) que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o seu bem-estar FÍSICO, MENTAL e 
SOCIAL. 
 Saúde (OMS): Estado de completo bem-estar físico, mental e social; não é só AUSÊNCIA 
DE DOENÇA. 
I.2) Atividades do Saneamento Ambiental 
 Tratamento e Abastecimento de Água (em quantidade e com qualidade compatível com saúde 
humana); 
 Coleta, Tratamento e Disposição adequada e sanitariamente segura de esgotos (domésticos 
industriais, etc.); 
 Coleta, Tratamento e Disposição segura de resíduos sólidos (domésticos, industriais, RSS, 
público); 
 Drenagem de Águas Pluviais; 
 Controle de Poluição Ambiental = Água, Ar, Solo, Visual e Sonora; 
 Saneamento dos Alimentos (leite, carne e outros); 
 Saneamento das edificações, meios de transporte, aeroportos e cemitérios; 
 Saneamento em situações emergenciais (inundações); 
 Controle de vetores de doenças transmissíveis (insetos, roedores, moluscos, etc.). 
 
I.3) Situação do Saneamento no Brasil 
 
 Em 1991 censo do IBGE comprovava: 
Crise sem precedentes implantada no Brasil com relação ao Saneamento Ambiental. 
 
1991: 152,3 milhões de habitante, 77% dos quais, urbanos. 
A seguir são apresentados alguns dados que ajudam compreender as razões da crise. 
 
O Gráfico 1.1 apresenta a variação nos últimos 20 anos, da população brasileira. 
 
 
26/9/2012 07:36 10 
 
 
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1980, 1991 e 2000 e Contagem da População 1996. 
 
Gráfico 1.1. População brasileira nos últimos 20 anos. 
 
Os resultados preliminares do censo IBGE 2010 demonstram que o país possuía em agosto de 2010 
cerca de 190 755 799 habitantes. O crescimento populacional entre o período de 1990 e 2010 foi 
de 29,92% aproximadamente, o que representa uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 
1,32 no período. No período 2000/2010 o país cresceu à taxa anual de 1,17%,o que representa 
cerca de 2095663 brasileiros a mais por ano. 
O Gráfico 1.2 apresenta a evolução da pirâmide etária no Brasil nos últimos 20 anos. 
 
 
Gráfico 1.2. Composição da população residente total, por sexo e grupo de idade. 
Fonte: IBGE. Censos 1991, 2000 e 2010
26/9/2012 07:36 11 
 
A Tabela 1.1 mostra a distribuição da população brasileira ao longo 20 últimos anos do 
século XX, segundo características específicas. 
 
POPULAÇÃO TOTAL E PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO POR SEXO, GRANDES GRUPOS DE IDADE 
E SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO. 
 
 1980 1990 1996 2000 
 
População total (1) 119.002.706 146.825.475 157.070.163 169.799.170 
 
Por sexo (%) 
Homens 49,68 49,36 49,30 49,22 
Mulheres 50,31 50,63 50,69 50,78 
 
Por grandes grupos de 
idade (%) 
 
0-14 anos 38,20 34,72 31,54 29,60 
15-64 anos 57,68 60,45 62,85 64,55 
65 e mais 4,01 4,83 5,35 5,85 
 
Por situação do domicílio 
(%) 
 
Urbana 67,59 75,59 78,36 81,25 
Rural 32,41 24,41 21,64 18,75 
FONTE: http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/default.htm 
NOTA (1): Inclusive a população com idade ignorada em 1980 e 1996 
 
Tabela 1.1. População total do Brasil e distribuição por grupos. 
 
 
O Gráfico 1.3 mostra a taxa de analfabetismo no Brasil (entre 1998 e 2006) determinada 
a partir do censo demográfico de 2000 realizado pelo IBGE. 
 
Gráfico 1.3. Taxa de analfabetismo. 
FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 
26/9/2012 07:36 12 
 
 
 
 
Gráfico 1.3 - cont. Taxa de analfabetismo. 
 
FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 
 
Considerando-se a taxa de analfabetismo de 10,5% aproximadamente (Gráfico 1.3 – ano 2006), 
então, 19.701.930 de brasileiros não sabem ler nem escrever. SÃO ANALFABETOS. 
 
O Gráfico 1.4 apresenta o total de anos de estudo dos brasileiros, considerando o gênero. 
 
Anos de estudo das pessoas de 10 anos e mais - 2003 
 
 
 
Gráfico 1.4. Total de anos de estudo. 
FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003. 
 
O Gráfico 1.4.a, mostra os dados atualizados até 2008 para o total de anos de estudos para 
brasileiros com mais de 25 anos. A observação do gráfico mencionado permite concluir que, em 
média os brasileiros POSSUEM SOMENTE SETE ANOS DE ESTUDO, período inferior ÀQUELE 
correspondente ao PRIMEIRO GRAU. 
 
 
 
 
26/9/2012 07:36 13 
 
 
Gráfico 1.4a. Média de anos de estudos no Brasil para pessoas com 25 anos ou mais de idade. 
 
Pretende-se DISCUTIR ação e preservação ambiental, ética na política, PLANOS, 
PROGRAMAS E PROJETOS de governo com esse perfil acadêmico de sociedade? Com o pessoal 
egresso de nossas escolas públicas de primeiro grau? Com essas informações, certamente há algo 
que não se ajusta aos objetivos da sustentabilidade ambiental do planeta. 
Dos 187.637.426 de brasileiros que aqui moravam em Setembro de 2008, 28.145.614 têm 
três anos de estudo (segundo o Gráfico 1.4 cerca de 15% dos brasileiros estão aí enquadrados). 
Estão inseridos no grupo dos analfabetos funcionais, definidos como aqueles que têm menos de 
QUATRO anos de estudos. Somando-se os analfabetos, 19.701.930, com os 28.145.614 de 
analfabetos funcionais SOMOS, AO TODO, 47.847.544 de almas. Qual a sua opinião a este 
respeito? Você tinha conhecimento deste número? Qual a relação desse fato com GRS? Você 
pode discutir sustentabilidade ambiental/GRS com esse povo? E o pessoal entre 4 e 7 anos de 
estudos?
1
 
É preciso falar um pouco sobre pobreza. O Banco Mundial define como POBRE o 
indivíduo que ganha ATÉ US$2,00/dia, e, como INDIGENTE, quem ganha ATÉ US$1,00/dia. 
Linha de Pobreza, LP, rendimentos até US2,00/dia e Linha de Indigência, LI, até US$1,00/dia. 
De maneira geral, essas LP e LI no Brasil são definidas respectivamente como 
rendimentos inferiores a 0,5 salário mínimo mensal e 0,25 salário mínimo mensal. Existem várias 
maneiras de se definir pobreza e indigência. Se você se interessa pelos fundamentos destes limites e 
26/9/2012 07:36 14 
 
sobre pobreza no Brasil, veja, por exemplo, o livro: Pobreza no Brasil: Afinal do que se Trata? 
De Sônia Rocha. 
O Gráfico 1.5 apresenta a distribuição dos brasileiros pobres em milhões, entre os anos de 
1990 e 1999. São aqueles com renda inferior a 0,5 salário mínimo mensal. Note-se que neste grupo 
está incluído o total de indigentes, com renda inferiora 0,25 salário mínimo por mês. 
 
61,31 61,61 62,59
49,05
50,94
51,84 51,28
54,44
0
10
20
30
40
50
60
70
1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999
Total de brasileiros pobres (em milhões)
Ano
milhões
 
Gráfico 1.5. Total de brasileiros com renda inferior a 0,5 SM/mês. 
Fonte: Pobreza no Brasil (Sônia Rocha, 2003). 
 
Os Gráficos 1.6a e 1.6b mostram os percentuais de famílias com renda familiar percapita 
(EM SALÁRIOS MÍNIMOS POR MÊS) por estrato de renda ao longo dos anos de 1992 e 2006. 
 
 
 
 
1
 O Gráfico 1.4 mostra que 31% dos brasileiros estudaram entre 4 até 7 anos, ie, 58.167.602 brasileiros 
26/9/2012 07:36 15 
 
0
5
10
15
20
25
30
35
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002
Sem renda Até 0,5 SM 0,5<Renda<1 SM
1<Renda<2SM 2<Renda<3 SM 3<Renda<5SM
Renda > 5SM Sem declaração
 
Gráfico 1.6a. Distribuição percentual de famílias no Brasil por estrato de renda. 
Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – BRASIL 2004 - IBGE. 
 
 
Gráfico 1.6b. Distribuição percentual de famílias no Brasil por estrato de renda. 
Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – BRASIL 2006 - IBGE. 
O que se pode observar no gráfico? 
 Em 2006 cerca de 10% das famílias viviam sem rendimentos (Renda = 0); 
 Somando-se os percentuais relativos às rendas percapita familiares até 0,5 com Mais de 0,5 
a 1 salário mínimo chega-se, em 2006, a aproximadamente 31% (=10%+21%). Se a esse 
percentual acrescentam-se os 11% sem rendimentos, têm-se 42% das famílias brasileiras 
sobrevivendo com ATÉ 1 SALÁRIO MÍNIMO, conforme a fonte indicada. Isso chama a 
sua atenção? 
 
COMO TUDO ISSO SE RELACIONA A Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos? Quais as prioridades da 
sociedade assim caracterizada em relação às questões de resíduos sólidos urbanos? 
26/9/2012 07:36 16 
 
A) Dados Referentes ao Tratamento /Abastecimento de Água: 
 Menos de 70% da população é atendida por sistemas coletivos de abastecimento de água 
(Cias. Estaduais respondem por 79% da população abastecida - 21% operado por 
prefeituras ou convênio com governo federal através da Fundação Nacional de Saúde); 
 Há problemas de não cumprimento dos padrões de potabilidade da água distribuída e 
intermitência na distribuição, comprometimento da quantidade de água fornecida e 
também da qualidade; 
 Elevado índice de perdas (vazamentos, desperdícios, perdas de contabilização da água 
distribuída): Total  50% de perdas. 
 
78,3
88,2
69,3
87,5
65,5
81,3
49,9
75
42,8
66,6 65,8
83,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
SE Sul CO NE NO Brasil
Abastecimento de Água - 1991 (IBGE)
Urbano
Total
 
Gráfico 1.7. Percentuais da população atendida por abastecimento de água – ano 1991. 
Fonte: Censo Demográfico 1991 - IBGE 
 
B) Dados Referentes à Coleta/Tratamento de Esgotos: 
 30% da população do Brasil atendida por Rede Coletora; 
 8% dos municípios com rede de coleta TRATAM PARTE dos esgotos; 
 Eficiência de tratamento: muito reduzida com problemas operacionais freqüentes. 
 
26/9/2012 07:36 17 
 
52,7
59,4
15
28,3
35,2
4
14
18,4
7 7,3
10,9
4
2,2
3,5
2
29,5
37,3
8
0
10
20
30
40
50
60
SE Sul CO NE NO Brasil
Esgotamento Sanitário - 1991 (IBGE)
Urbana
Total
C/ Tratam.
 
Gráfico 1.8. Percentuais da população atendida por coleta de esgotos – ano 1991. 
Fonte: Censo Demográfico 1991 - IBGE 
 
O Gráfico 1.8a mostra algumas características dos domicílios brasileiros levantadas pelo 
IBGE entre 2004 e 2006, relativamente ao saneamento básico – abastecimento de água, coleta de 
esgoto e de lixo – e itens que trazem conforto aos seus moradores. 
 
Características dos Domicílios - 2004-2006 
 
FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
2006. 
 
Gráfico 1.8a – Características dos domicílios brasileiros 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2006/default.shtm
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2006/default.shtm
26/9/2012 07:36 18 
 
O Gráfico 1.9 apresenta os percentuais de municípios, por região geográfica, SEM 
SANEAMENTO, i.e., sem abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e 
drenagem urbana. É importante ressaltar que são 5507 os municípios brasileiros, a população total, 
no ano 2000, perfazia o total de 169.799.170 habitantes, sendo 81,25% urbana. 
 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
NO NE SE Sul CO
% de municípios SEM SANEAMENTO
Água
Esgoto
Lixo
Dren. Urbana
 
Gráfico 1.9. Percentuais de município sem saneamento - ano 2000. 
Fonte: Censo Demográfico 2000 – IBGE 
26/9/2012 07:36 19 
 
O Gráfico 1.9a apresenta os percentuais da população brasileira atendida pelos serviços de 
abastecimento de água entre os anos de 2004 e 2006, por região geográfica. 
 
Percentual de Domicílios Atendidos por Rede de Abastecimento de Água - 2004-
2006 
 
FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006. 
 
Gráfico 1.9.a. Redes de Abastecimento – Percentual de domicílios atendidos. 
 
O Gráfico 1.10 apresenta os percentuais da população brasileira atendida pelos serviços de 
abastecimento de água e esgotamento sanitário por região geográfica. 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
NO NE SE Sul CO Brasil
Pop. Atendida (%)
Ab. Água
Col. Esgoto
 
Gráfico 1.10. Percentuais da população atendida por abastecimento de água e coleta 
de esgotos - ano 2000. 
Fonte: Censo Demográfico 2000 – IBGE 
 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2006/default.shtm
26/9/2012 07:36 20 
 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
NO NE SE Sul CO Brasil
DPP por tipo de esgotamento (%)
Rede
Fossa Sépt.
Fos. Rudim.
Vala/rio/lago/mar
 
 
Gráfico 1.11. Percentuais de Domicílio Particular Permanente (DPP) distribuídos por tipo de 
esgotamento sanitário - ano 2000. 
Fonte: Censo Demográfico 2000 - IBGE 
26/9/2012 07:36 21 
 
C) Dados Referentes à Coleta/Disposição de Resíduos Sólidos em 1991: 
 Céu aberto: 75%; 
 Área alagada: <1%; 
 Aterro controlado: 10%; 
 Aterro sanitário: 8%; 
 Compostagem/reciclagem: entre 1% e 2%; 
 Incineração: < 0,3%. 
 
 
Gráfico 1.12. Percentuais de RSU por tipo de destinação e regiões geográficas. Ano 1991. 
Fonte: Censo Demográfico 1991 – IBGE. 
26/9/2012 07:36 22 
 
Segundo o IBGE, (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, 2004), a situação de 
RS por regiões brasileiras em termos de Destinação Final está mostrada no Gráfico 1.13. 
 
13,4
86,6
36,6
63,4
42,5
57,5
46,6
53,4
44,4
55,6
40,5
59,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
NO NE SE Sul CO Brasil
Destinação dos RSU (IBGE - 2004)
Adequado
Inadequado
 
Gráfico 1.13. Percentuais RSU por tipo de destinação final - ano 2000. 
Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – IBGE - 2004 
O que se entende por disposição adequada? Aterro sanitário. Lixão, vazadouro, lixo 
queimado, terreno baldio e mesmo aterro controlado, não são formas adequadas de disposição. 
O Gráfico 1.14 apresenta a variação anual em toneladas de Geração de Resíduos Urbanos 
no Brasil entre 2009 e 2010. 
 
Gráfico 1.14: Evolução da Geração de Resíduos Sólidos Urbanos 
Fonte: ABRELPE – Panorama de Resíduos 2010 
 
A variação percentual da coleta de RSU é apresentada no Gráfico 1.15. 
26/9/2012 07:36 23 
 
 
Gráfico 1.15: Evolução dos percentuais de COLETA DE LIXO no Brasil 
Fonte: IBGE – 2010 
 
É importante observar a diferença significativa que existe entre os percentuais de coleta de RSU e 
de Resíduos Sólidos na Zona Rural. 
 
A variação das quantidades de RSU com destinação adequadas entre os anos de 2009 e 2010 são 
apresentadas no Gráfico 1.16. 
 
 
 
Gráfico 1.16:Destinação Final de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil (2009 e 2010) 
Fonte: ABRELPE – Panorama de Resíduos2010
26/9/2012 07:36 24 
 
OBSERVAÇÕES: 
Carências graves são também observadas na área de drenagem urbana, submetendo diversos 
municípios a enchentes e inundações periódicas, além de problemas de saúde pública resultantes do 
escoamento deficiente das águas de chuva. A população não se incomoda de lançar resíduos nas 
bocas de lobo e sarjetas. Apenas reclama quando há enchentes. 
 Na área de controle de vetores, por sua vez, a descontinuidade dos programas e a falta de 
articulação entre as diversas instâncias institucionais têm provocado o ressurgimento ou o 
recrudescimento de endemias como a dengue, as leptospiroses e as leishmanioses. 
Qual é a principal causa de tal situação? Faltam políticas de planejamento urbano. A 
ocupação improvisada e irracional do solo com aglomerados populacionais nas encostas de morros, 
lixo nas ruas e nas sarjetas obstruindo os sistemas de drenagem provocando erosão e assoreamento 
de rios, inundações, etc. Algo típico de país selvagem, periférico, etc., onde a consciência política e o 
exercício da cidadania são demagogicamente proclamados de maneira tal que se mantenha a ignorância. 
Apenas os nobres têm acesso à educação de qualidade. Bolsa-família, bolsa-escola, vale-gás, copa do 
mundo, carnaval, etc., entregues graciosamente aos mais carentes de forma paternalista para manter a 
alienação. 
I.4) O Saneamento e a Legislação 
 
1. Constituição Federal, art. 23 Incisos VI e VII: 
“É competência COMUM da UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS”: 
inc. VI - proteger o MA e combater a poluição em todas as suas formas; 
inc. VII - preservar as florestas, fauna e flora. 
 
2. Constituição Federal: Capítulo VI - DO MEIO AMBIENTE (art. 225) 
“Meio Ambiente é um direito de todos, bem de uso comum ESSENCIAL À 
SADIA QUALIDADE DE VIDA”. 
 
3. Art. 225: “Todos têm direito ao MA ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 
 
Constituições Estaduais desenvolvem mais profundamente o tema Saneamento do que a 
Constituição Federal. 
I.5) A Gestão dos Serviços de Saneamento 
 
Tendo em vista a gravidade do problema de saneamento em geral, e particularmente dos 
resíduos sólidos no Brasil, é interessante apresentar-se o panorama histórico acerca da legislação 
26/9/2012 07:36 25 
 
brasileira que trata do tema, ou seja, apresentar de maneira breve, o cenário legal, os 
instrumentos normativos e reguladores relacionados ao gerenciamento dos resíduos sólidos. 
 
I.5.1. Breve histórico da Legislação Federal sobre RS. 
a) Lei 2.312 de 3 de setembro de 1954 (Código Nacional de Saúde) 
 A lei estabelece normas gerais sobre defesa e proteção da saúde, disciplinando a coleta, 
transporte, e destinação final dos resíduos sólidos, que deverão processar-se em 
condições que não tragam inconvenientes à saúde e ao bem-estar públicos; 
 SAÚDE PÚBLICA X RESÍDUOS SÓLIDOS? Qual a vinculação? 
  O gerenciamento inadequado dos RS (coleta, transporte, tratamento e disposição 
final) causa a proliferação de vetores que afetam a saúde pública. 
b) Decreto 49.974 de 21 de janeiro de 1961 
 O decreto regulamenta a lei anterior sob a denominação de Código Nacional de Saúde; 
 Não introduziu grandes alterações na legislação anterior; 
 Estabeleceu que as indústrias instaladas ou a serem instaladas devessem submeter, nos 
prazos designados, seus planos de gestão de resíduos (líquidos, sólidos e gasosos) à 
autoridade sanitária competente visando a proteção das águas, solo e ar. 
 
c) Lei 5.318 de 26 de setembro de 1967 
 Institui a Política Nacional de Saneamento, criando o Conselho Nacional de Saneamento; 
 Estava em consonância com a Política Nacional de Saúde, compreendendo um conjunto de 
diretrizes que fixavam a ação governamental em relação ao saneamento básico; 
 Artigo 2: A Política nacional de Saneamento abrangerá o controle da poluição, inclusive 
a do lixo. 
d) Portaria 053 de 1o de Março de 1979 (Ministério do Interior) 
 Estabelece que, projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem 
como a fiscalização de sua implantação, operação, manutenção passam a estar sujeitos à 
aprovação de órgão ambiental estadual, devendo ser enviada à antiga SEMA (Secretaria 
Especial de Meio Ambiente - órgão federal extinto e substituído pelo IBAMA através da 
Lei 7.735 de 22/02/89) cópias da autorização concedida; 
 Determina critérios e normas para disposição de lixo in natura, resíduos tóxicos, resíduos 
provenientes de portos, aeroportos e hospitalares; 
 Proibição de lançamento de resíduos sólidos "in natura" em corpos hídricos, 
obrigatoriedade de incineração de resíduos patogênicos (hospitais e congêneres) de portos, 
aeroportos; 
 
OBSERVAÇÃO: 
A resolução CONAMA 05 de 05/08/1993 revogou a obrigatoriedade de incineração de 
resíduos hospitalares, de portos, aeroportos e terminais rodoviários. 
 
26/9/2012 07:36 26 
 
e) Lei 6938 de 31 de agosto de 1981 (Política Nacional de Meio Ambiente) 
 Criação do SISNAMA: Sistema Nacional de MA: Estrutura Institucional organizativa, 
responsável por ações ambientais em todo o país. Fazem parte do SISNAMA: 
CONAMA (órgão consultivo e deliberativo), IBAMA (órgão executor) , Órgãos 
Seccionais Estaduais (COPAM), Órgãos Locais Municipais (COMDEMAS...); 
 Instituição de Instrumentos de gestão ambiental tais como: licenciamento ambiental, 
AIA/EIA, padrões de qualidade ambiental, criação de APA´s, etc. 
f) Resolução CONAMA 05 de 15 de Junho de 1988 (Licenciamento) 
A resolução exige o licenciamento para obras de sistemas de abastecimento de água, 
esgotamento sanitário, sistemas de drenagem e de limpeza urbana. Quanto a esses últimos, a 
resolução especifica a obrigatoriedade de licenciamento ambiental para obras de unidades de 
transferências, tratamento e disposição de resíduos sólidos de origem domiciliar, pública e 
industrial, bem como para atividades de coleta, transporte e disposição final de RESÍDUOS 
SÓLIDOS HOSPITALARES. 
g) Resolução CONAMA 06 de 15 de Junho de 1988 (Resíduos Industriais) 
Estabelece o controle específico de resíduos de atividades industriais no processo de 
LICENCIAMENTO. Define critérios de enquadramento de determinadas indústrias dentro de 
parâmetros de controle para licenciamento ambiental como informações sobre geração de resíduos, 
suas características e destino final (exemplo: indústrias metalúrgicas com mais de 100 funcionários 
ou químicas com mais de 50, deverão prestar as informações constantes da resolução ao órgão 
ambiental estadual). A resolução é conhecida em alguns Estados como Manifesto dos Resíduos 
Sólidos. 
 
h) Resolução CONAMA 02 de 22 de Agosto de 1991 
Trata do controle, tratamento e da destinação de cargas deterioradas e contaminadas, 
consideradas como fontes potenciais de risco ao MA. 
O art. 4 e seu parágrafo único estabelecem responsabilidades do importador, transportador, 
embarcador ou agente que os represente, pelo monitoramento, controle e gerenciamento destes 
resíduos. 
i) Resolução CONAMA 06 de 19 de Setembro de 1991 
São definidos critérios que desobrigam a incineração, ou qualquer outro tratamento de 
queima de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos. 
Deixa a cargo dos órgãos ambientais estaduais, a responsabilidade de estabelecer normas 
para tratamento especial destes tipos de resíduos gerados em Estados e Municípios que optarem 
pela NÃO INCINERAÇÃO. Tais normas deverão condicionar o licenciamento das atividades de 
coleta, transporte, acondicionamento e disposição final destes resíduos. 
j) Resolução CONAMA 08 de 15 de Setembro de 1991 
Impede a entrada no país de resíduos destinados à incineração ou à destinação final. 
26/9/2012 07:36 27 
 
l) Convenção de Basiléia 
Trata do controle de movimentos transfronteiriços de resíduosperigosos e seu depósito 
final. O texto original aprovado em Basiléia na Suíça em 22 de Março de 1988 foi promulgado no 
Brasil em 19 de Julho de 1993, através do decreto presidencial número 875. 
O texto reconhece a soberania dos países em relação à entrada ou depósito de resíduos em 
seu território. 
Apesar das restrições impostas em relação ao movimento comercial de resíduos, tal prática 
é comum entre alguns países. A Suíça, signatária e anfitriã do evento, exportava 126 mil toneladas 
de resíduos tóxicos para países como Alemanha, Bélgica, Eslovênia e Somália (segundo CEMPRE 
citado em Revista Ecologia & Desenvolvimento, Suplemento Lixo Tóxico: Comércio da Morte, 
Fev. 1994). 
Em 25/03/94, sessenta e quatro países membros da convenção de Basiléia decidiram 
impedir importação/exportação de resíduos perigosos a serem destruídos em países membros da 
OCDE (Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Os resíduos eletrônicos 
foram considerados pela citada convenção como PERIGOSOS SUJEITOS AO BANIMENTO. O 
acordo propõe ainda o banimento de ligas que tenham em sua constituição metais do tipo: Arsênio, 
Cádmio, Chumbo e Mercúrio provenientes de resíduos eletrônicos. 
Ficou estabelecido que após 31/12/97 nenhum país membro da OCDE poderia enviar 
resíduos tóxicos para serem reciclados ou recuperados em outros países. 
A revista VEJA (DEZ/2011), SUSTENTABILIDADE – Edição Especial 2249 – trouxe a 
reportagem “O DRAMA DO ENTULHO ELETRÔNICO” e informa que o Paquistão (dentre 
outros países) recebe resíduos eletrônicos dos USA, Inglaterra, Japão, Austrália, Kwait, Arábia 
Saudita, Singapura, etc, que são encaminhados para “reciclagem” em lixões existentes na capital do 
país no distrito de SHER SHA. Ali trabalham mais de 20000 pessoas que convivem com o maior 
índice de câncer de pulmão e problemas respiratórios devidos à queima e conseqüente inalação de 
gases tóxicos dela provenientes. O quilo do metal extraído, conforme a reportagem alcança a cifra 
de US$1,40. A despeito da Convenção de Basiléia (Suíça, 1989), os fornecedores etiquetam os 
resíduos eletrônicos como “DOAÇÃO” de equipamentos usados, diz a reportagem. 
m) Portaria Normativa No 138 do IBAMA, de 22 de Dezembro de 1992 
Adota os mesmos critérios da convenção de Basiléia, proibindo a importação de resíduos 
em todo o Território Nacional, extinguindo a portaria 1197 de 16 de Julho de 1990, que tratava da 
questão. O texto apresenta uma lista de resíduos passíveis de importação, sujeitos ao controle do 
IBAMA, devendo a empresa que se habilita a processar tais resíduos comprovar tal habilitação. 
A portaria deixa brechas para importação de dejetos que contenham metais pesados como 
chumbo, zinco, cobre, cromo, além de baterias usadas para reciclagem e resíduos provenientes da 
produção de aço. 
n) Portaria Normativa No 40 do IBAMA, de 26 de Março de 1993 
Abre precedente para importação de alguns resíduos desde que seja realizada PRÉVIA 
AVALIAÇÃO DO IBAMA. A importação de determinados resíduos seguirá o caráter de 
excepcionalidade da situação, não gerando direito adquirido. Os dispositivos da portaria 138 
(anterior) permanecem inalterados. 
Em 1992 o IBAMA liberou a importação de 12 mil toneladas de chumbo (matéria prima) 
dos USA, Grã-Bretanha e Peru para atender fabricantes de pilhas, fusíveis e lingotes de metal. 
26/9/2012 07:36 28 
 
o) Resolução CONAMA 05 de 5 de Agosto de 1993 
A resolução define normas mínimas para o gerenciamento de resíduos sólidos provenientes 
de serviços de saúde, portos, aeroportos, terminais rodo-ferroviário, disciplinando as 
responsabilidades destes em relação ao lixo que produzem. 
Estabelece que ao gerador dos resíduos caiba: selecioná-los, embalá-los e definir, 
juntamente com o órgão ambiental estadual, a melhor destinação final que a eles couberem. 
A Resolução classifica os resíduos sólidos provenientes dos locais citados anteriormente 
em quatro tipos: 
Tipo A  são resíduos de natureza biológica que apresentam riscos de contágio, como 
sangue, órgãos, animais mortos, filtros de gás usados e resíduos de 
laboratórios, inclusive materiais cortantes; 
Tipo B  resíduos químicos: alimentos contaminados, resíduos farmacêuticos e perigosos 
como: resíduos tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos; 
Tipo C  resíduos radioativos; 
Tipo D  resíduos domiciliares comuns. 
 
O destino final dos resíduos sólidos originados em portos, aeroportos ou serviços de saúde, 
deverá estar estabelecido em um plano de gerenciamento que deverá ser submetido e aprovado por 
órgão ambiental estadual. Não foram definidas de forma rígida pela resolução as tecnologias a 
serem utilizadas para destinação, em função das dificuldades financeiras dos municípios brasileiros. 
A RDC ANVISA 306/04 redefiniu a classificação de RSS e acrescentou a Classe E, 
perfurocortantes. 
p) Resolução CONAMA 09 de 31 de Agosto de 1993 
Refere-se ao uso de óleos lubrificantes que quando em combustão geram gases nocivos ao 
meio ambiente. O óleo lubrificante é classificado pela NBR 10004, como resíduo perigoso 
(Classe I). 
A resolução estabelece que todo óleo lubrificante deva ser reciclado através do rerrefino. 
 
q) Resolução CONAMA 04 de 09 de Outubro de 1995. 
Dispõe sobre Área de Segurança Aeroportuária – ASA - definidas como as áreas 
abrangidas por um determinado raio a partir do "centro geométrico do aeródromo", de 
acordo com seu tipo de operação. São divididas em 2 (duas) categorias: 
I - raio de 20 km para aeroportos que operam de acordo com as regras de vôo por 
instrumento (IFR) e 
II - raio de 13 km para os demais aeródromos. 
A resolução discrimina em seu artigo 2 que “dentro da ASA não será permitida 
implantação de atividades de natureza perigosa, entendidas como "foco de atração 
de pássaros", como por exemplo, matadouros, curtumes, vazadouros de lixo, 
culturas agrícolas que atraem pássaros, assim como quaisquer outras atividades 
que possam proporcionar riscos semelhantes à navegação aérea”. 
r) Resolução da Diretoria Colegiada (RDC nº 306), de 7 de dezembro de 2004 (ANVISA) 
  Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de 
saúde. 
s) Resolução Nº. 283 de 12 de julho de 2001 Nº 358 de 29 de abril de 2005 
 Dispõem sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde e 
sobre a necessidade de apresentação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de 
26/9/2012 07:36 29 
 
Serviços de Saúde - PGRSS, para análise e aprovação, pelos órgãos de meio 
ambiente e de saúde. 
t) Resolução CONAMA no 404 de 11 de novembro de 2008 
 Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de 
pequeno porte de resíduos sólidos urbanos. 
 A resolução define aterro de pequeno porte aquele que dispõe até 20 toneladas de 
resíduos por dia; 
 O licenciamento ambiental dispensa a realização de EIA/RIMA. Caso o órgão 
ambiental estadual entenda que os impactos são significativos, será necessária a 
realização de ambos. 
u) Resolução CONAMA no 401 de 4 de novembro de 2008 
Estabelece limites máximos de Pb, Cd e Hg para pilhas e baterias comercializadas no país além 
de critérios e padrões para o gerenciamento ambientalmente adequado. 
v) Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS – Lei12305/2010. Decretos 7404/2010 e 
7405/2010 que regulamentam a PNRS 
Estiveram em tramitação no Congresso Nacional alguns projetos de lei relativos à Política 
Nacional de Resíduos Sólidos. O PLS 265 (Projeto de Lei do Senado) de autoria do senador Lúcio 
Alcântara e o PL 3333 de autoria do deputado Fábio Feldman. A idéia surgiu com o empresário e 
ex-deputado federal por São Paulo Emerson Kapaz por volta de 1996. 
 
IBAMA (Junho 1996)  grupo de estudos para estabelecimento de subsídios à formulação 
da PNRS; 
 Maio 1998: Início das discussões com setores da sociedade do anteprojeto de lei sobre 
Política Nacional de Resíduos Sólidos. A partir de 2001: Discussão do projeto de lei no âmbito do CONAMA. A expectativa de 
envio ao Congresso em 2004 foi frustrada. 
 O MMA propôs continuar ouvindo os setores interessados com a justificativa de ampliar o 
alcance das propostas de forma a contemplar todas as sugestões dos segmentos que 
participam dos debates. 
 Ano de 2005: Governo afirma que precisa gastar 5,6 bilhões de reais em 10 anos e que não 
há verba disponível. É absolutamente necessária a participação da iniciativa privada. 
 
 Ano 2010: Agosto: sancionada pelo presidente da república a Lei 12305: POLÍTICA 
NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PNRS. 
 
 Objetivos da PNRS 
1. Preservar a saúde humana; 
2. Proteger e melhorar a qualidade ambiental; 
3. Assegurar a utilização adequada e racional dos recursos naturais; 
4. Disciplinar o gerenciamento integrado dos RS através da articulação entre poder público, 
produtores e demais segmentos da sociedade civil; 
5. Implantar em todas as cidades brasileiras os serviços de gestão ambiental de resíduos; 
6. Gerar benefícios sociais e econômicos. 
 
26/9/2012 07:36 30 
 
SÍNTESE DOS OBJETIVOS PRINCIPAIS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: 
 
Princípios da PNRS: 
1. A não geração de resíduos; 4. A reciclagem (Logística Reversa) 
2. A minimização dos resíduos; 5. O tratamento. 
3. A reutilização; 
 
Logística: Área da Gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para 
execução de todas as atividades da empresa. 
 
 
Figura 1.1. Logística Tradicional. 
Fonte: Fundação Israel Pinheiro – Seminário Gestão Aterro Sanitário Dias Tavares (Maio2011) 
 
LOGÍSITICA REVERSA: Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por 
um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos 
resíduos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, 
ou outra destinação final ambientalmente adequada (PNRS – Lei 12305/2010). 
A PNRS considera resíduos reversos os seguintes itens: pilhas e baterias, óleo lubrificante, 
agrotóxicos, seus resíduos e suas embalagens, pneus, lâmpadas fluorescentes e produtos eletro-
eletrônicos. 
26/9/2012 07:36 31 
 
 
 
Figura 1.2. Logística Reversa 
Fonte: Fundação Israel Pinheiro – Seminário Gestão Aterro Sanitário Dias Tavares (Maio2011) 
 
1.5.1.1) Normas Técnicas da ABNT 
 
A ABNT fundada em 1940, membro fundador da ISO - International Organization for 
Standadization, é reconhecida pelo governo Brasileiro como o Fórum Nacional de Normatização. 
A norma é um tipo de regulamento que se adere voluntariamente, seu descumprimento não 
provoca sanções de quaisquer tipos. Entretanto, em função de sua consagração e generalização de 
uso, parece sensato adotá-las. 
Os regulamentos técnicos, por outro lado, estabelecem regras de caráter obrigatório, e são 
adotados por autoridades, além de serem emitidos por diversos órgãos de governo, devidamente 
habilitados para tal. 
É importante ressaltar que a ABNT atua na normalização de procedimentos, terminologias, 
classificações e simbologia sobre resíduos sólidos. Cabe destacar: 
 NBR 10004: Classificação de Resíduos Sólidos; 
 NBR 10005: Lixiviação de resíduos; 
 NBR 10006: Solubilização de Resíduos; 
 NBR 10007: Amostragem de Resíduos; 
 NBR 10703: Terminologia da Degradação do Solo. 
 
As normas acima mencionadas são de caráter genérico. Em seguida, está apresentada uma 
lista de normas mais específicas da ABNT/NBR. 
 
ATERROS SANITÁRIOS INDUSTRIAIS 
 
NBR 8.418  Apresentação de projetos de Aterros Industriais Perigosos; 
NBR 8.419  Apresentação de projetos de Aterros Sanitários e Resíduos Sólidos Urbanos; 
NBR10.157  Aterros de Resíduos Perigosos - Critérios para projeto, construção e 
operação; 
 
 
ARMAZENAMENTO / TRANSPORTE 
 
NBR 7.500  Transporte de carga perigosa - Simbologia; 
NBR 7.501  Transporte de carga perigosa - Terminologia; 
NBR 7.501  Transporte de carga perigosa - Classificação; 
NBR 7.503  Ficha de emergência para transporte de cargas perigosas; 
NBR 7.504  Envelope para transporte de carga perigosa - Dimensões e Utilização; 
26/9/2012 07:36 32 
 
NBR 7.505  Armazenamento de petróleo e seus derivados. 
NBR 12.807  Define termos relacionados aos resíduos dos serviços de saúde; 
NBR 12.808  Classifica os resíduos de saúde quanto aos riscos potenciais ao meio 
ambiente e à saúde pública; 
NBR 12.809  Define procedimentos que garantam condições de segurança no processo 
interno de manipulação de resíduos infectantes, especiais e comuns nos 
serviços de saúde; 
NBR 12.810  Define procedimentos adequados para coleta interna e externa dos 
resíduos dos serviços de saúde, em condições seguras; 
NBR 12.980  Define termos utilizados na coleta, varrição e acondicionamento de 
resíduos sólidos urbanos; 
 
É importante ressaltar as discussões que existem acerca do gerenciamento diferenciado 
dos RSS. Epidemiologistas, médicos sanitaristas e outros profissionais de saúde consideram 
absolutamente desnecessários e caros tal diferenciação na gestão daqueles resíduos. Argumentam 
que é totalmente inadequada e desprovida de cientificidade considerações acerca do potencial 
infectante dos RSS baseada exclusivamente na presença de microrganismos patogênicos. Alegam, 
ainda, que existem nos resíduos sólidos domiciliares componentes igualmente infecciosos além dos 
perigosos (pilhas, baterias, lâmpadas, etc.). São as seguintes as principais argumentações acerca do 
assunto (Eigenheer, E., 2000): 
As Resoluções CONAMA e Normatizações da ABNT referentes aos RSS são preconceituosas 
 e carecem de cientificidade; 
 No cenário epidemiológico atual, a doença infecciosa é um fenômeno 
MULTIFATORIAL, resultante da interação simultânea da presença de um AGENTE 
INFECCIOSO EM NÚMERO SUFICIENTE, de UMA VIA de TRANSMISSÃO 
ADEQUADA, de UMA PORTA DE ENTRADA e de um HOSPEDEIRO 
SUSCETÍVEL; 
 O risco infeccioso não pode ser definido exclusivamente pela presença do agente, 
sendo necessário considerar fatores que só podem ser avaliados epidemiologicamente; 
 A teoria microbiana (ou doutrina Pasteuriana) não explica a presença de 
microrganismos patogênicos em hospedeiros que não apresentam a doença. Por outro 
lado, a mesma doutrina não explica as infecções provocadas por bactérias 
classificadas como não patogênicas; 
 A teoria atual de origem das doenças é denominada teoria ecológica a qual considera 
as complexas relações recíprocas entre os seres vivos e o ambiente; 
 Apenas os patógenos primários, (normalmente muito virulentos), podem provocar 
doenças parasitárias e infecciosas em hospedeiros saudáveis (HIV, Plasmodium 
falciparum – malária, Salmonella typhi – Febre Tifóide, Mycobacterium tuberculosis, 
Neisseria meningitidis, Corynebacterium diphtheriae); 
 Os patógenos oportunistas não possuem por si só capacidade para iniciar processo 
infeccioso em hospedeiro hígido; 
 Segundo Hospital Epidemiology and Infections Control (Reinhardt et al., 1996), “a 
falta de evidências epidemiológicas dos riscos dos resíduos infecciosos à saúde 
pública se contrapõe às medidas muito rígidas de controle de tais resíduos”; 
 Segundo a Environmental Protection Agency (EPA, 2002), o potencial de causar 
danos dos RSS é maior no local da geração, perdendo força naturalmente após esse 
ponto e representando, assim, muito mais uma PREOCUPAÇÃO OCUPACIONAL do 
que ambiental. O risco para a população em geral, de doenças causadas pela 
exposição dos RSS é, provavelmente, muito menor do que o risco ocupacional dos 
indivíduos a eles expostos nos locais de trabalho; 
26/9/2012 07:36 33 
 
 Alguns pesquisadores da área de RSS compararam sua composição gravimétrica 
com a dos resíduos domiciliares e encontraram mais microrganismos patogênicos 
nesses últimos do que nos primeiros. 
 
I.5.2 – Responsabilidades 
 
Competências: 
1) Executiva ou Material: 
Competência de ordemadministrativa. Pode ser privativa de da União ou Comum a 
Estados e Municípios. Por exemplo: zelar pela Constituição Federal e proteção ao meio 
ambiente. 
 
2) Legislativa: 
a) Privativa: compete a União: legislar sobre atividades nucleares, moeda e 
desapropriações; 
b) Concorrente: Compete à União, Estados e DF: legislar sobre MA, controle de poluição; 
c) Suplementar: Cabe TAMBÉM aos Municípios suplementar legislação federal, estadual. 
 
 
 
Interesse Local: 
 
 Constituição Federal: art. 30 - Compete aos municípios: 
Inc. I  “legislar sobre assunto de interesse local”  transporte, RS, esgotamento sanitário, 
iluminação pública,... (IPT – CEMPRE: Lixo Municipal – MGI, pp. 319, 2000) 
Inc. II  “suplementar a legislação federal e estadual no que couber”; 
Inc. V  “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os 
serviços públicos de interesse local, inclusive o de transporte coletivo que tem 
caráter essencial”. 
 
Regime de Concessão: 
 
 Delegação contratual através da qual o poder público concede a empresa ou a particular, 
mediante certos encargos ou obrigações, o direito, prerrogativas e vantagens de executar 
e explorar, em seu nome e por conta própria, obra ou serviço de utilidade pública ou da 
coletividade; 
 Autorização legislativa prévia que regulará a concessão; 
 Regularização da concessão: forma e prorrogação de contrato, caducidade, punições, 
fiscalização e rescisão, direito dos usuários, política tarifária, obrigações da 
concessionária. 
 Exemplo: Coleta de lixo, varrição de ruas, transporte coletivo,... 
 
Regime de Permissão: 
 É concedida por outorga por tempo determinado/indeterminado pelo executivo 
municipal; 
 Características de precariedade, isto é, pode ser retirada a qualquer tempo a critério do 
executivo; 
 Direitos e obrigações dos participantes (município e permissionário) conforme previsto 
em lei. 
26/9/2012 07:36 34 
 
 
Consórcios Intermunicipais: 
 Acordo entre municípios, de forma a garantir a efetiva implementação dos serviços de 
Saneamento; 
 Executa os serviços de limpeza urbana dos municípios consorciados; 
 Compartilhamento de recursos humanos, técnicos, financeiros, etc.; 
 A participação do município será autorizada pelo legislativo condicionada à lei orgânica 
municipal; 
 Permite a gestão ambiental mais global e integrada com objetivo de realizar interesses e 
objetivos comuns. 
 
Disposição de lixo, produção de água, controle de enchentes. Em geral, a organização dos 
consórcios obedece a regionalização das bacias hidrográficas, o que torna mais eficaz a visão da 
proteção ambiental. 
 
 
CONCLUSÃO  Compete ao município a gestão dos serviços de Saneamento. Estados e União 
não estão excluídos de atuar no setor estabelecendo diretrizes, legislações ou 
assistência técnica. 
 
 
26/9/2012 07:36 35 
 
I.6 - Limpeza Pública 
Serviços de limpeza pública são de competência municipal. Porém pelo fato de suas 
características estarem associadas à saúde pública e poluição ambiental, tais serviços são 
disciplinados por legislação federal e estadual. 
I.6.1) Normalização 
 Ao município cabe padronizar (normatizar), organizar e disciplinar - de forma a definir 
responsabilidades de cada cidadão (melhor acondicionamento do lixo) e coletiva; Entidades e 
Governo, objetivando níveis adequados de higiene individual e coletiva. 
I.6.2) Participação Comunitária 
 “A tarefa de fiscalizar é mais ampla do que a simples penalização dos infratores”. 
“É fundamental a participação da comunidade local população, colaborando com as
 ações de limpeza de forma a facilitar os serviços”. 
 
“Divulgação da legislação municipal sobre Resíduos Sólidos”. 
I.6.3) Planejamento 
Instrumentos de planejamento municipal: 
1) Plano Diretor: é considerado como elemento básico da política de desenvolvimento e do 
meio ambiente e de expansão urbana; 
2) Código de Obras: disciplina edificações objetivando preservar as condições de higiene; 
3) Código de Posturas: regula a utilização do espaço público ou de uso coletivo; 
4) Código Tributário: possibilita a previsão de incentivos tributários (isenção, anistia) para 
comportamentos menos prejudiciais ao MA; 
5) Lei de Uso e Ocupação do solo: regula zonas residenciais, industriais e comerciais; 
6) Lei de parcelamento do solo urbano: regula a dimensão dos lotes urbanos; 
7) Lei orçamentária: dispõe sobre quanto, como e onde o dinheiro público deverá ser 
aplicado. 
 
 Diagnóstico da situação do município: disponibilidades financeiras, administrativas, 
caracterização dos resíduos sólidos, tipo de disposição final, viabilidade de áreas para este 
fim. 
 
DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO: 
 
 Deve prever um programa baseado na realidade local: estrutura administrativa 
municipal, seu funcionamento, recursos financeiros, legislação pertinente. 
 
Deve contemplar aspectos técnicos: quantidades e tipologia dos resíduos municipais, 
tipos de coleta e destinação final. 
 
 
 
 
26/9/2012 07:36 36 
 
 
PROBLEMAS COMUNS 
A produção de lixo nas cidades brasileiras é um fenômeno inevitável. Ocorre diariamente 
em quantidades e composições que dependem do tamanho da população e do seu desenvolvimento 
econômico. 
Objetivos do Sistema de Limpeza Urbana: Afastar o lixo das populações (coleta e transporte), 
tratamento e destino final ambiental e sanitariamente adequado. 
 
Problemas para implementação da GRS nos municípios: 
 Inexistência de política nacional de limpeza pública; 
 Limitação financeira: orçamentos inadequados, fluxo de caixa desequilibrado, 
tarifas desatualizadas, arrecadação insuficiente e inexistência de linhas de 
crédito; 
 Falta de capacitação técnica e profissional; 
 Descontinuidade política e administrativa; 
 Base dos problemas: FALTA PLANEJAMENTO URBANO DE MÉDIO E 
LONGO PRAZOS. 
Conseqüências: deslizamentos, enchentes, poluição das águas superficiais e 
subterrâneas e poluição do ar, vetores de doença  DEGRADAÇÃO 
AMBIENTAL. 
 
 
AÇÕES OBRIGATÓRIAS: 
 
SERVIÇO DE LIMPEZA PÚBLICA METAS 
Limpeza  Acondicionamento, 
Coleta e Transporte. 
Coletar e transportar todo o lixo pelo qual a 
prefeitura é responsável. 
 
Destinação 
 Lixão ou 
 Aterro Controlado 
Remediar lixão. 
Implantar aterro sanitário. 
final do lixo  Aterro Sanitário Assegurar que a operação atenda padrões técnicos e 
ambientais, o que inclui a reutilização da área no 
futuro. 
 
AÇÕES RECOMENDÁVEIS: 
 
 Triagem de 
Materiais 
 Buscar soluções compatíveis com a realidade Recicláveis 
Tratamento  do município, considerando as condicionantes Compostagem de 
  econômicas e ambientais atuais e futuras do Matéria Orgânica 
 município. Incineração 
 
 
 
 
Cada município deve buscar o seu próprio modelo de gerenciamento, sabendo que: 
a quantidade e qualidade de lixo gerada por um município é função, principalmente, de sua 
população, economia e grau de urbanização. 
26/9/2012 07:36 37 
 
I.6.4) Execução 
 A prefeitura deve definir clara e formalmente pela limpeza urbana. 
 Pode executar diretamente os serviços ou concedê-los parcial ou totalmente a firmas 
particulares, fiscalizando e controlando a implementação dos serviços. 
 
I.6.5) Estrutura Administrativa 
 
 O diagnóstico indica a formulação do programa de limpeza urbana e a definição da estrutura 
administrativa adequada à sua execução, mostrando as necessidades de recursos. 
 Escolha, dimensionamento, utilização programada e controle de equipamentos, observadas 
as condições locais, garantem a correta execução dos serviços. 
 Serviços de Limpeza Urbana exigem altos investimentos com pessoal, equipamentos, 
instalações, materiais. 
 A disposição adequada encarece os serviços, os gastos para recuperação de áreas 
degradadas são superiores. 
 
 
I.6.6) Cobrança pelos Serviços 
 Os Serviços de Limpeza Urbana podem ser remunerados através de cobrança detributos 
(imposto, contribuição de melhoria e taxa) ou tarifas. 
 
 Recomenda-se a adoção de cobrança de taxas com alíquotas diferenciadas para o caso de 
resíduos especiais (volumes excessivos ou que apresentam riscos de contaminação). 
 
 Taxa só pode ser criada ou alterada através de lei aprovada pelo legislativo. 
 É importante a correta contabilização dos recursos despendidos na execução dos SLU 
(pessoal, material, depreciação de equipamentos, manutenção de veículos, máquinas, 
etc.). 
 Tarifas são cobradas para serviços especiais. Exemplo: retirada de entulho, de material 
de desaterro, etc. 
 Como será visto adiante, os países desenvolvidos têm implementado políticas de redução 
de consumo de certos tipos de materiais com a utilização de instrumentos de comando e 
controle. 
 
I.7) Medidas Restritivas Possíveis de Serem Adotadas 
 
Em relação às embalagens, podem-se citar como exemplo, algumas medidas restritivas: 
1. Acordos voluntários: adoção de proposta comum entre setores da indústria e do Governo 
(Holanda, Bélgica e Inglaterra) 
2. Reciclagem obrigatória: legislação específica acerca da obrigatoriedade de reciclagem de 
certas embalagens; 
3. Taxas e impostos: tributo incidente sobre determinado produto, visando reduzir seu 
consumo e consequentemente o descarte de sua embalagem. Na Itália, por exemplo, todos 
os sacos para compras deverão ser biodegradáveis ou pagar taxa de 100 liras por saco. O 
objetivo da medida é a redução do uso de sacos plásticos não biodegradáveis. 
Normalmente, este tipo de medida aumenta a demanda por produtos não taxados 
(Finlândia, Islândia e Noruega); 
26/9/2012 07:36 38 
 
 4. Caução financeira: é uma garantia pecuniária para o cumprimento de determinada 
obrigação. Na Coréia, a legislação exige o depósito de certa quantia das indústrias para 
garantia de que estas cumpram com obrigação de coletar e reciclar diversos materiais; 
5. Depósitos: cobrança de uma quantia a ser devolvida quando da entrega de certas 
embalagens vazias. Na Alemanha exige-se depósito de 50 pfenings (centavos de dólar) para 
cada embalagem de bebida, detergentes e produtos de limpeza domiciliar. A devolução da 
embalagem vazia garante a devolução do depósito realizado pelo consumidor. É uma forma 
de estimular a participação da população no processo de recuperação e reciclagem de 
embalagens. 
6. Índices de reciclagem: consiste no estabelecimento de metas de reciclagem a serem 
atingidos em certo período de tempo. Algumas diretivas da CEE apontam para um índice de 
reciclagem de embalagens de 70% até o ano 2000. 
7. Proibição de material: refere-se à proibição de determinado tipo de material (alumínio, 
plástico, lata) para determinado produto. Na Suíça a utilização de PVC em embalagens está 
proibida. 
 
OBSERVAÇÃO: A PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS NA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS 
RELACIONADOS AOS RSU É FUNDAMENTAL. QUALQUER INVESTIMENTO 
FINANCEIRO DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS NO SETOR DEVE SER REALIZADO 
CONTANDO COM A COLABORAÇÃO DE TODA A SOCIEDADE. A PNRS SÓ PRODUZIRÁ 
EFETIVAS MUDANÇAS NO QUADRO DE TODA A GRSU se cada um de nós estiver engajado 
na busca da solução. A separação do lixo seco e úmido pelos cidadãos nas residências é o primeiro 
passo para uma coleta seletiva eficiente e que produz resultados. A sociedade como um todo 
precisa priorizar ações de redução, reuso e reciclagem de resíduos. 
 
26/9/2012 07:36 
 
39 
QUADRO DE GERENCIAMENTO 
ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO 
 
 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
 
COMO FAZER 
 
O QUE FAZER 
 
 
 
1
a
 Fase 
 
 
2
a
 Fase 
 
Serviços de Limpeza 
 
 
 
Fase Independente 
 
Diagnóstico 
 
de 
 
 
3
a
 Fase 
 
Disposição Final 
 
 
Resíduos dos 
 
Serviços de 
Administração 
 
 
 
 
4
a
 Fase 
 
Tratamento 
 
Saúde e Hospitalar 
 
 O quadro de gerenciamento apresenta-se em dois grandes campos: "COMO FAZER?" e "O QUE FAZER"? As subdivisões são detalhadas a seguir. 
 
 As etapas de implantação, numeradas de 1 a 10, permitem estabelecer as escalas de tempo entre as diversas ações. 
 
 
 
26/9/2012 07:36 
 
40 
QUADRO DE GERENCIAMENTO 
 
COMO FAZER? 
Planejamento 
1a Fase - Diagnóstico de administração 
Etapas de Implantação 
 
1 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Administração descentralizada envolve a contratação de entidades públicas ou empresas privadas; 
 Na escolha da forma de administrar os serviços de limpeza pública, deve-se considerar a alternativa de Consórcios Intermunicipais 
 
 
ATENÇÃO: 
O planejamento deverá ser global e 
reavaliado periodicamente, prevendo-se as 
ações para os serviços de limpeza, 
disposição final e tratamento de forma 
integrada. 
 
Fazer o diagnóstico da situação atual e 
futura do município. Planejar as ações 
para os serviços de limpeza pública 
 
Forma de 
Administração 
dos serviços de 
Limpeza Pública 
 
 
CENTRALIZADA: 
Serviço executado pela 
prefeitura 
 
DESCENTRALIZADA: 
Serviços terceirizados 
(concedidos) 
26/9/2012 07:36 
 
41 
QUADRO DE GERENCIAMENTO 
 
O QUE FAZER? 
2
a
 Fase - Serviço de Limpeza. 
 
ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO 
3 4 5 6 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SIM 
 
 
Estudar Frota, Itinerário, 
Geração Total de lixo do 
município entre outros 
fatores, visando 
implantação/expansão dos 
serviços 
 
Implantar/expandir 
a coleta e 
transporte do lixo 
municipal 
Implantar/Expandir os 
serviços especiais de 
coleta e transporte: 
entulho, poda, limpeza de 
logradouros, etc. 
Avaliar 
periodicamente o 
desempenho dos 
serviços. 
 
O lixo municipal é todo 
COLETADO E 
TRANSPORTADO 
Seu município 
COLETA e 
TRANSPORTA 
100% dos Resíduos 
 Sólidos? 
26/9/2012 07:36 
 
42 
QUADRO DE GERENCIAMENTO 
 
O QUE FAZER? 
3
a
 Fase - Disposição Final 
 
ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO 
4 5 6 7 8 
 
 
NÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SIM 
 
 
 
 
 
 
 
 Outros materiais que deverão ser depositados no Aterro Sanitário: 
 Resíduos dos serviços de saúde e hospitalar (célula especial); 
 Cinzas de usina de incineração; 
 Materiais sem valor econômico e rejeitos de Usina de Triagem. 
Como é feita a 
disposição final dos 
RS municipais? 
 
Aterro Sanitário 
 
Lixão ou Aterro 
Controlado 
 
Há restrição quanto à 
vida útil, localização, 
legislação, etc. ou pressão 
política da comunidade? 
Fazer remediação do 
local para 
transformação em 
Aterro Sanitário 
Desenvolver ações mitigadoras para 
encerramento destas atividades no local. 
Avaliar e selecionar áreas a partir de 
condicionantes econômicas e ambientais 
no próprio município ou em outros para 
implantação de Aterro Sanitário 
Avaliar 
periodicamente 
operação com 
monitoramento. 
26/9/2012 07:36 
 
43 
QUADRO DE GERENCIAMENTO 
O QUE FAZER? 
4
a
 Fase - Tratamento 
 
ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO
2
 
 
5 6 7 8 9 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Rejeitos 
Não Sim 
 
 
 
 
 
 
Não Cinzas 
Sim 
Sim 
 
 
 
 
 
2
 Os materiais sem escoamento, os rejeitos da usina de triagem, e as cinzas da usina de incineração deverão ser depositadas no Aterro Sanitário. 
 
Existe tratamento 
dos resíduos 
municipais 
Custos e fatores ambientais 
apontam ou impõem a necessidade 
de redução do lixo (volume / 
composição) para a disposição? 
O tratamento atende aos objetivos 
e necessidades municipais? 
Fazer estudo mercadológico sobre a 
possível venda ou doação de 
materiais como: papel, vidro, metal, 
plástico, composto, etc. 
Avaliar 
periodicamente 
a situação 
Avaliar 
periodicamente o 
desempenho. 
Avaliar quantidade e opção 
de tratamento 
(incineração?) ou destino 
final (aterro) para materiais 
sem escoamento. 
Implantar/Adequar (ampliar 
ou reduzir) segregação de 
materiais que possam ser 
vendidos ou doados. 
 
Operação de coleta 
seletivaEscolher forma de 
triagem 
Material sem 
mercado 
Estudar 
implantação de 
usina de 
incineração. 
Avaliar 
periodicamente o 
desempenho 
Operação de 
usina de 
triagem 
Comercialização dos 
materiais 
Operar usina de 
incineração do 
lixo municipal 
Avaliar periodicamente a 
operação com 
monitoramento 
26/9/2012 07:36 
 
44 
QUADRO DE GERENCIAMENTO 
O QUE FAZER? 
 
Fase Independente - Lixo dos Serviços de Saúde e Hospitalar 
 
 
 
 
 
SIM 
NÃO 
 
 
 
 
NÃO 
 
SIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  O gerenciamento dos RSS é considerado como uma fase independente por não ser de responsabilidade direta do poder municipal. 
 
 
Estudos em 
conjunto com 
geradores para 
implantação. 
 
Disposição final: 
 
CÉLULA 
ESPECIAL DE 
ATERRO. 
 
Existe 
 coleta 
diferenciada? 
 
PGRSS/Existe 
Usina de 
Incineração? 
Enviar resíduos para 
incineração. 
Implantar PGRSS. 
Estudar a viabilidade de implantação 
de usina de incineração em conjunto 
com geradores e outros municípios. 
Implantar/operar usina de 
incineração de resíduos dos 
serviços de saúde e hospitalar. 
26/9/2012 07:36 
 
45 
II – Caracterização dos Resíduos Sólidos. 
 
Parece óbvio imaginar que, nas atuais conjunturas sociais, econômicas, tecnológica 
mundial e nacional, vêm ocorrendo mudanças nas características dos RS urbanos em geral. Essa 
mudança tem incorporado novos materiais inexistentes na composição dos resíduos urbanos no 
passado. Compostos que agregam substâncias perigosas, tóxicas, e que, em função das quantidades 
utilizadas, podem causar danos irreparáveis. Assim sendo, pode-se afirmar que há riscos à saúde 
pública e ao meio ambiente associados à produção e manuseio daqueles resíduos. 
Saber a dimensão desses riscos e seus impactos depende do conhecimento dos resíduos, 
de seus componentes, de estimativas de produção, de sua trajetória desde a geração ao destino 
final, das formas de manuseio e tratamento que permeiam essa trajetória. É função também do 
conhecimento que se tem do processo de trabalho a que estão submetidos todos os envolvidos com 
os resíduos desde sua produção/coleta até o destino final. Podem-se citar, igualmente, como 
variáveis importantes do processo: a tendência de crescimento econômico, a disponibilidade de 
áreas para disposição final, a possibilidade de se programarem consórcios intermunicipais, etc. 
 
O exemplo da Tabela 2.1 mostra a evolução das características dos resíduos sólidos em 
São Paulo. 
 
Tabela 2.1. Variação da composição dos resíduos urbanos na cidade de São Paulo. 
 
Composição Gravimétrica dos RSU – São Paulo (%) 
Tipo de Ano 
Material 1927 1947 1965 1969 1972 1989 1990 1993 1998 
Papel e papelão 13,4 16,7 16,8 29,2 25,9 17,0 29,6 14,4 18,8 
Trapo e couro 1,5 2,7 3,1 3,8 4,3 - 3,0 4,5 3,0 
Plástico - - - 1,9 4,3 7,5 9,0 12,0 29,9 
Vidro 0,9 1,4 1,5 2,6 2,1 1,5 4,2 1,1 1,5 
Metais e latas 1,7 2,2 2,2 7,8 4,2 3,25 5,3 3,2 3,0 
Matéria orgânica 82,5 76,0 76,0 52,2 47,6 55,0 47,4 64,4 69,5 
 
A determinação das características físico-químicas e microbiológicas dos resíduos, da sua 
composição qualitativa e quantitativa é o ponto de partida para o projeto de sistemas adequados de 
gerenciamento dos RSU. A determinação dessas características de maneira representativa não é 
tarefa trivial e depende de um bom PROGRAMA DE AMOSTRAGEM e da CORRETA 
PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS. 
II.1) Definições. 
 
1 – Resíduos Sólidos: segundo ABNT - NBR 10.004/2004 
 “São resíduos nos estados SÓLIDO e SEMI-SÓLIDO que resultam de atividades da 
comunidade. Pode ter origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de 
serviços e de varrição”. 
 Estão aí incluídos: lodos provenientes de sistemas de tratamento de água/esgoto e 
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como 
determinados líquidos (efluentes industriais) cujas características não permitem seu 
lançamento na rede de esgoto ou corpos receptores (óleos lubrificantes), e exigem para 
isso soluções técnicas e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia disponível. 
 
26/9/2012 07:36 
 
46 
2 – Periculosidade: é a característica apresentada por um resíduo que, em função de suas 
propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar: 
 
 Risco à saúde pública provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento 
da mortalidade ou incidência de doenças e/ou 
 Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma 
inadequada. 
 
QUALQUER RS DEVE SER CONSIDERADO PERIGOSO? 
Num pensar abrangente (lato sensu), SIM. A disposição inadequada causa riscos ao MA e à saúde 
pública. Considerando-se, todavia, apenas a letra da definição existiria gradações de riscos em 
função de características físicas, químicas e infecto-contagiosas. A NBR 10004 define resíduo 
perigoso. 
 
NOTA: Os resíduos sólidos, antigamente designados apenas por lixo, vêm assumindo uma outra conotação, 
especialmente devido à consciência em relação ao problema. O LIXO REPRODUZ OS VALORES DE UM 
GRUPO SOCIAL, SENDO O REFLEXO DE SUAS ATIVIDADES COTIDIANAS, 
DEMONSTRANDO, EM SUA COMPOSIÇÃO, O GRAU DE DESENVOLVIMENTO DO 
GRUPO. 
 
3 – Lixo: “é todo material sólido resultante das atividades domiciliares, comerciais e públicas de 
ZONAS URBANAS e não mais reutilizável”. 
 
4 – Resíduos: “concepção abrangente que designa dejetos SÓLIDOS, LÍQUIDOS E GASOSOS”. 
 
5 – Gerência de Resíduos Sólidos: “É toda atividade relacionada com os resíduos sólidos dos 
centros urbanos”. 
 
É importante definir ainda alguns conceitos básicos relacionados ao meio ambiente, impacto 
ambiental e externalidades, apresentadas a seguir: 
 
6 – Meio Ambiente: segundo o dicionário Webster, meio ambiente é o conjunto de condições, 
influências ou forças que envolvem, influem ou modificam o complexo de fatores climáticos, 
edáficos e bióticos que atuam sobre o organismo vivo ou uma comunidade biológica e acaba 
por determinar sua forma, e sua sobrevivência. 
Ressalta-se nessa definição a questão da interação de fatores físicos e biológicos conformando 
permanentemente o meio ambiente. Assim poder-se-ia afirmar que, o meio ambiente é o 
conjunto de todas as interações (ações e reações) físicas, químicas e bioquímicas, biológicas, 
antrópicas, sociais, econômicas, jurídicas, políticas, etc., em contínuo desenvolvimento e que 
podem estabilizar ou tornar instável a sustentabilidade da vida no planeta. 
 
7 - Impacto Ambiental: segundo a resolução CONAMA 01/86, impacto ambiental é definido como 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por 
qualquer forma de matéria e energia resultante das atividades humanas que direta ou 
indiretamente afetem a saúde, segurança e o bem estar das populações, as atividades sociais , a 
biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos 
ambientais. 
 
26/9/2012 07:36 
 
47 
 
II.2) A Problemática dos Resíduos Sólidos. 
Os Resíduos Sólidos constituem hoje uma das grandes preocupações ambientais do mundo 
moderno. A problemática do lixo no meio urbano abrange alguns aspectos relacionados com a 
atividade do homem em sociedade. 
 
 Aumento populacional e intensidade de industrialização  aumento do consumo de bens 
em geral; 
 Avanço tecnológico  necessidades adquiridas  maior utilização dos recursos naturais 
para satisfação dessas necessidades  maior complexidade dos resíduos gerados; 
 Vida útil curta dos bens  lixo em quantidades crescentes  inesgotabilidade da produção 
de lixo; 
 Os resíduos são produtos inevitáveis dos processos sócio-econômicos da humanidade. 
 
O Gráfico 2.1 apresenta a evolução da produção de resíduos nos Estados Unidos (Fonte 
EPA - FACTBOOK - 2002) 
 
 Evolução da geração de RS nos USA entre 1960 - 2000
Ano (milhões de
(t/ano)
1960 88.1
1970 121
1980 151.6
1990196.9
1995 208
2000 221.7
0
50
100
150
200
250
1950 1960 1970 1980 1990 2000
(Ano)
(m
il
h
õ
es
 t
/a
n
o
)
 
Gráfico 2.1: Evolução da geração de RSU entre 1950 e 2000 nos EUA. 
 
26/9/2012 07:36 
 
48 
Observe as figuras abaixo e REFLITA sobre a produção percapita em alguns países, os 
períodos tempos de degradação e presença de resíduos perigosos no lixo comum. 
 
 
 
Figura 2.1. Produção percapita e tempo de decomposição de alguns produtos na natureza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26/9/2012 07:36 
 
49 
Semelhança entre processos de geração de resíduos num organismo vivo e na sociedade. 
 
METABOLISMO DOS SERES VIVOS 
 
MATÉRIA 
+ 
ENERGIA 
 
 
 
ORGANISMOS 
 
 
 
SÍNTESE CELULAR 
 
 TRABALHO 
ENTRADAS  
 Reciclagem Excreções 
----------- ------- (suor, urina, fezes, gases) 
 
PROCESSO DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS NUMA SOCIEDADE 
 
MATÉRIA 
+ 
ENERGIA 
(INSUMOS) 
 
 
 
 
 
SOCIEDADES 
 
 
 
BENS 
 e 
SERVIÇOS 
ENTRADAS  
 
 
Reciclagem 
 
Resíduos 
----------- ------- (sólidos, líquidos e gasosos) 
 
 Soluções inadequadas para o problema do lixo podem causar efeitos indesejáveis: 
 
Ponto de vista  Contaminação do solo, do ar e da água; 
Sanitário,  Proliferação de vetores e de doenças; 
Ambiental e Social  Catação. 
 
Diagrama das vias de acesso de agentes patogênicos oriundos do lixo: 
 
 Via direta Homem 
  
Lixo Ar, solo, água 
 Vírus, bactérias. 
 Vias indiretas Moscas, mosquitos. 
 Baratas. Fontes primárias 
 Roedores. 
 Suínos, cães, gatos e aves. 
 
Ponto de Vista  Consumo exagerado dos recursos naturais (que não são inesgotáveis); 
Econômico  Desperdício de matéria e de energia; 
  Riscos para a saúde e para o Meio Ambiente. 
 
NOTA: 
  IBGE/2000 – cerca de 70% do lixo brasileiro é lançado em lixões a céu aberto. 
  “É imprescindível a definição de políticas públicas de aplicação continuada referentes à 
GRS. A PNRS está parada no Congresso Nacional há anos. A sociedade brasileira precisa 
demonstrar sua vontade e determinação para priorizar a sustentabilidade ambiental, social e 
econômica ”. 
 
 
26/9/2012 07:36 
 
50 
II.3) Origem e Formação do Lixo. 
Fatores que influenciam a origem e produção de lixo: 
 
 Número de habitantes do local; 
 Área relativa de produção; 
 Variações sazonais; 
 Condições climáticas; 
 Hábitos/costumes da população; 
 Nível educacional; 
 Poder aquisitivo; 
 Freqüência de coleta; 
 Segregação na origem: separação entre seco e úmido; 
 Sistematização da origem: separação nos diversos componentes recicláveis; 
 Disciplina e controle de pontos produtores; 
 Leis e regulamentações específicas. 
 
 Cidades turísticas  período de férias escolares  maiores quantidades de lixo. 
 Variações na economia  aquecimento econômico  incremento da produção/consumo de 
bens. 
II.4) Classificação dos Resíduos Sólidos: 
II.4.1 - Objetivos da Classificação dos RS: 
 Comparar situações para possibilitar a sua gestão eficiente. 
 
II.4.2 - Tipos de Classificação: 
 
 Quanto à natureza física: Secos; 
 Úmidos; 
 
 Quanto à composição química: Orgânicos; 
Inorgânicos; 
 
 Quanto ao risco potencial: Classe I - perigosos; 
 (NBR 10.004/1987) Classe II - não inertes; 
 Classe III - inertes. 
 
II.4.3 - Quanto à Origem: 
A – Doméstico ou Residencial 
 Resíduos produzidos nos domicílios. 
 
 Lixo domiciliar  sobras de alimentos, invólucros, papéis, vidros, trapos; 
 Alguns resíduos tóxicos  tintas, solventes, vernizes (produtos de pintura em geral), 
metais pesados; 
 Outros itens perigosos: pilhas, frascos de aerossóis, lâmpadas fluorescentes. 
 
ATENÇÃO: onde encontrar: 
 Hg  pilhas, lâmpadas fluorescentes, interruptores, baterias, amaciantes, tintas, termômetros; 
 Cd  baterias/pilhas, plásticos, pigmentos, galvanoplastia; 
 Pb  pilhas, cerâmicas, vidros, inseticidas, embalagens, tintas. 
 
Mesmo em pequenas concentrações tais resíduos têm efeitos deletérios sobre a saúde e o 
meio ambiente. Os metais pesados são cumulativos, já que, quando ingeridos não são eliminados, 
26/9/2012 07:36 
 
51 
sendo responsáveis, no corpo humano, por doenças como saturnismo, distúrbios do sistema 
nervoso. 
Nos Estados Unidos estima-se que algo entre 0,3 a 0,5% dos resíduos domiciliares é 
constituído de resíduos perigosos, o que resulta em uma estimativa de 100.000 toneladas anuais 
existentes no lixo domiciliar. 
 
A tabela abaixo apresenta uma estimativa das quantidades de resíduos perigosos no 
condado de King, USA. 
 
Itens Quantidade (t/ano) 
 Produtos de limpeza ~ 440,0 
Solventes 975,0 
Tintas 3.165,8 
Óleos ~ 618 
Ácidos 25,2 
Pesticidas 114,3 
Remédios 37,6 
Cosméticos 11,7 
Mercúrio ~ 2 
 
Outro aspecto relativo à caracterização dos resíduos domiciliares, refere-se à presença de 
microrganismos que causam riscos à saúde humana pela transmissão de doenças infecciosas. A 
origem de resíduos infecciosos no lixo domiciliar está ligada à presença de doentes em casa, lenços 
de papel, curativos, fraldas descartáveis, papel higiênico, agulhas e seringas descartáveis, etc. 
"A presença de agentes microbiológicos patogênicos ao homem nos resíduos domiciliares 
é bem documentada. Sabe-se que organismos potencialmente infecciosos são encontrados em 
substâncias do corpo humano como fezes, urina, secreções de lenços de papel e de feridas, 
absorventes higiênicos, preservativos, curativos, etc.”. 
B - Lixo Comercial 
 Oriundos de estabelecimentos comerciais: lojas, lanchonetes, escritórios, hotéis, bancos,... 
 Principais componentes: papéis, papelões, plásticos, restos de alimentos, embalagens de 
madeira,... 
 
C - Lixo Público 
  São aqueles originados dos serviços de: 
 Limpeza pública urbana, incluindo todos os resíduos de varrição de vias públicas, 
limpeza de praias, galerias, de córregos e terrenos, restos de podas de árvores, etc. 
 Limpeza de áreas de feiras livres, constituídos por restos vegetais diversos, embalagens, 
etc. 
 
D – Resíduos dos Serviços de Saúde 
 
Os resíduos dos serviços de saúde (RSS) são aqueles gerados em hospitais, clínicas 
odontológicas e veterinárias, laboratórios de análise clínicas e médicas, farmácias e demais serviços 
de saúde. São divididos em classes conforme estabelecido na resolução CONAMA 358 de 29 de 
abril de 2005, resumidamente listados abaixo: 
 Grupo ou classe A: Resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente 
devido à presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência, 
podem apresentar risco de infecção. Esses resíduos são subdivididos nos subgrupos A1, 
26/9/2012 07:36 
 
52 
A2, A3, A4 e A5. Inóculo, mistura de microrganismos e meios de cultura inoculados 
provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa, resíduos provenientes de laboratórios 
de análises clínicas, vacinas vencidas ou inutilizadas; filtros de ar e gases aspirados da 
área contaminada, membrana filtrante de equipamento médico hospitalar e de pesquisa, 
entre outros similares; bolsas transfusionais vazias ou contendo sangue ou 
hemocomponentes, resíduos que tenham entrado em contato com estes; tecidos, órgãos, 
fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes, fluidos orgânicos;... 
 Grupo ou Classe B: Resíduos contendo substâncias QUÍMICAS que podem apresentar 
risco à saúde pública e ao meio ambiente dependendo de suas características de 
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade (NBR1004). Produtos hormonais e 
antimicrobianos, imunossupressores, anti-retrovirais quando descartados por serviços de 
saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos. Drogas 
quimioterápicas e outros produtos que possam causar mutagenicidade e genotoxicidade e 
os materiais por elas contaminados; medicamentos vencidos, parcialmente interditados, 
não utilizados, alterados