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Bioquimica Clinica I - Resumo

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Natalia Petry
Bioquímica Clínica I 
A bioquímica clínica quantifica biomarcadores (moléculas biológicas utilizadas para fins de diagnóstico) e busca relacioná-los com processos patológicos. Ensaios laboratoriais podem ser aplicados para diagnósticos (patologias, fatores de risco) e gerenciamento (monitorização e prognóstico). 
Um exame de laboratório tem pelo menos três fases importantes: fase pré-analítica (coleta e transporte da amostra), fase analítica (processamento laboratorial) e o pós-analítica (laudo para uso clínico). Nos estudos que analisam erros no laboratório a fase pré-analítica predomina (˜70%), seguido pela fase pós-analítica (˜20%). 
Na fase pré-analítica os erros mais comuns são: nome do paciente, erro na especificação da unidade hospitalar, amostra coletada em rota de infusão. A grande maioria dos erros do laboratório oferecem o resultado final dentro da referência, não afetando a interpretação dos resultados, e aproximadamente 12,5% dos erros podem afetar a saúde do paciente. Na fase pós-analítica pode ocorrer perda do resultado, interpretação incorreta, erro na transcrição e demora na entrega do laudo.
Existem dois tipos de testes para detecção de substâncias nos líquidos biológicos: testes sim/ não, e testes que diferenciam concentrações de substâncias (grande maioria). 
Interpretando resultados em Bioquímica Clínica
	Os exames laboratoriais são comparados a um intervalo de referência antes de os profissionais de saúde fazerem avaliações fisiológicas, diagnósticos médicos ou tomarem decisões de manejo. Consiste basicamente no confronto dos resultados de um analito de um paciente especifico com o intervalo de resultados para este analito obtido de um grupo de indivíduos aparentemente saudáveis. Tanto os limites de referência saudáveis quanto os limites de referência associados à doença são importantes para a interpretação clinica dos resultados dos exames laboratoriais e variam de um laboratório para outro. É difícil definir limites de decisão para classificar de modo ótimo os pacientes como “saudáveis” ou “doentes”. A maioria das doenças não se distribui de maneira homogênea, apresentando um continuum de formas leves a graves.
As diretrizes para tomada de decisão clínica utilizam um intervalo de referência padrão de 95%. Ao definir o intervalo de referência saudável de modo a incluir os 95% centrais de indivíduos saudáveis comparáveis, isso faz com que haja uma chance menor que 1 em 20 de um valor fora do intervalo de referência ser encontrado em um individuo saudável comparável. Por convenção, um limite de aceitabilidade comum fundamentase na média dos dados da população ± 2 desvio-padrão (DP), porque isto engloba aproximadamente 95% das observações consideradas “normais”. É preciso lembrar que se deve esperar que 5% (geralmente 2,5% no lado baixo e 2,5% no lado alto) dos resultados fiquem fora do limite de ± 2 DP, mesmo na população saudável “normal”. Isso é mais bem ilustrado no uso de perfis bioquímicos múltiplos para rastreamento de pessoas sabidamente sem doenças. A probabilidade de um determinado exame ser anormal é de aproximadamente 2 a 5%, e a probabilidade de doença, se um exame de rastreamento for anormal, é, em geral, baixa (0 a 15%). 
A principal utilidade dos intervalos de referência saudáveis para os profissionais de saúde é proporcionar uma avaliação aproximada da possibilidade de que um determinado resultado de exame em um paciente especifico não corresponda aos valores normalmente encontrados em indivíduos saudáveis semelhantes. Vários fatores afetam o intervalo de referência, principalmente a etnia, sexo e idade.
· Sensibilidade: A sensibilidade de um teste diagnóstico corresponde ao percentual de resultados positivos dentre as pessoas que tem uma determinada doença ou condição clínica. O aumento da sensibilidade e diminuição da especificidade pode aumentar a quantidade de falsos-positivos.
· Especificidade: A especificidade é a capacidade do mesmo teste ser negativo nos indivíduos que não apresentam a doença que está sendo investigada, ou seja, a proporção de pacientes sem a doença que apresentam teste positivo. O aumento da especificidade e diminuição da sensibilidade aumenta o número de falsos-negativos. 
Se um resultado falso­positivo resultar em um desfecho mais deletério, os limites de decisão devem ser movidos no sentido que minimize os diagnósticos falso­positivos. Da mesma maneira, se um diagnóstico falso­negativo for mais perigoso, os limites de decisão devem ser deslocados para minimizar os diagnósticos falso­negativos. Embora os limites de decisão sejam melhores ferramentas que os valores de referência para obter valor diagnóstico dos exames laboratoriais, existem alguns inconvenientes. Um resultado de exame discretamente acima do limite será́ considerado positivo do mesmo modo que um resultado muito acima do limite de decisão, e um resultado discretamente abaixo do limite de decisão será relatado como negativo.
	Algumas patologias ao invés de utilizar os intervalos de referência possuem valores de corte (cut off values) para identificar os processos patológicos e fatores de risco (valores desejáveis).
Espectrometria
	O princípio da espectrofotometria é empregado no funcionamento dos analisadores bioquímicos, estes poderão ser manuais (cubeta externa), semiautomáticos (cubeta interna) e automáticos (cubeta interna e aceita maior número de amostras). Os analisadores bioquímicos podem utilizar a chamada química líquida ou química seca. 
· Química líquida: emprego de reagentes líquidos e amostras de urina, soro ou plasma. 
· Química seca: a única parte liquida que entra no equipamento é a amostra do paciente, os reagentes empregados serão impregnados nos chamados slides. Cada slide é composto com 6 camadas com os reagentes impregnados na forma seca. Necessitam menor volume de amostra do paciente (aproximadamente 10uM), e não geram tanto resíduo.
A compra de um analisador bioquímico deve levar em conta o custo, a funcionalidade, os tipos de componentes e o número de testes que serão feitos. Podem ser comprados equipamentos com sistema aberto ou com sistema fechado (não aceitam reagentes de outras marcas).
Espectrofotômetro
· Fonte de luz: o equipamento deve possuir uma fonte luminosa que emite luz em todos os comprimentos de onda. A maioria dos métodos bioquímicos empregam comprimentos de onda da faixa do visível e ultravioleta próximo, ou seja, a maioria das soluções possuem cor para quantificar. A lâmpada mais empregada nos equipamentos modernos é a de tungstênio-halogênio com cápsula de quartzo, pois alcança os menores comprimentos de onda da região do UV. 
Tipo de fontes luminosas
	
	Tungstênio
	Deutério (métodos não-colorimétricos)
	Tungstênio-halogênio
	Xenônio
	Aplicação
	Visível infravermelho
	Ultra-violeta
	Ultravioleta
Visível
Infra-vermelho
	Visível 
Ultravioleta
	Faixa
	350-3500nm
	160-375nm
	340-2500nm
	250-1000nm
	Custo
	Baixo 
	Alto
	-
	Alto
	Tempo de uso
	Longo
	Baixo
	-
	Baixo
· Selector Espectral ou Seletor de Comprimento de onda: Quanto mais estreita for a largura da banda efetiva, menor a faixa de comprimentos de onda, e mais efetivo é o selector (mais especificidade para o comprimento de onda). Existem seletores de filtro colorido, filtro de interferência e monocromadores(grade de difração e prisma), os primeiros sendo os menos seletivos e os mais baratos. O filtro colorido possuem uma eficiência em torno de 20% e uma largura de banda entre 30 e 250nm. O filtro de interferência se baseia na leitura de interferências construtivas e destrutivas, possui uma banda efetiva de 10 a 20nm. A rede de difração do monocromador possibilita a resolução de faixa espectral mais ampla, menor perda de poder radiante e a dispersão da radiação de modo linear no plano focal. Os monocromadores com prisma tem caído em desuso pois é mais caro que a rede de difração. 
· Cubetas: Podem ser de quartzo, vidro ou plástico. É o receptáculo da amostra. A função do material da cubeta é não absorver o comprimentoque atinja a cubeta, pois este comprimento deve ser absorvido pela amostra. O quartzo não tem absorbância e é o melhor material. O vidro e o plástico não são recomendados para fazer leitura na região UV, pois absorvem essas luzes. É recomendado que as cubetas de plástico sejam descartadas depois das leituras. 
	
	Transparência
	Aplicabilidade
	Quartzo
	1500-3000nm 
	UV, visível
	Vidro óptico
	375-2000nm
	Visível
	Plástico
	380-800nm
	Visível
· Detector: possui função de converter energia luminosa (transmitância) em energia elétrica. Quanto mais luz chega no material fotoemissívo, mais elétrons são projetados e mais corrente é formada. O fototubo multiplicador é mais sensível que o fototubo, pois consegue realizar a medição de soluções mais concentradas sem ser necessário diluir a amostra.
Lei de Beer
Quanto mais luz absorvida, maior será a concentração do analito de interesse. 
· Lei de Lambert: A proporção de energia radiante é absorvida por uma substância é independente da intensidade da radiação incidente.
· Lei de beer: A absorção de energia radiante é proporcional ao número total de moléculas que absorvem no caminho da luz (espessura da cubeta). 
	
P0= potência da luz incidente/ P1 = Potência da luz incindida.
	O software do equipamento converte a transmitância para absorbância automaticamente, pois para chegar na concentração do paciente será necessário a absorbância. É possível calcular a concentração quando se sabe o coeficiente de absortividade molar, a espessura da cubeta e o valor de absorbância a partir da seguinte fórmula:
Absorbância= a.b.c
a= coeficiente de absortividade molar do composto (constante)
b= espessura da cubeta (caminho óptico)
c= concentração
A absorbância é diretamente proporcional a concentraçõo
· Tubo branco reacional: tubo com somente o reagente, é lida como absorbância = 0.00. Evita interferentes da coloração do reagente.

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