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Gestação Ectópica A gestação ectópica é definida como a implantação do óvulo fecundado fora da superfície endometrial. Sua incidência é de cerca de 1% das gestações, sendo uma das maiores causas de morte materna no 1º trimestre de gestação. A maior parte delas (98,3%) ocorre nas tubas, onde a porção ampular é mais frequente (79,6%), A etiologia dessa ocorrência consiste na presença de qualquer fator que dificulte ou impeça o trânsito do ovo para o útero ou antecipe sua capacidade de implantação. Entre as principais, cita-se as infecções, principalmente por clamídia e gonococo, uso de DIU, cirurgias tubárias prévias e técnicas de fertilização assistida. Vale ressaltar que o antecedente pessoal de gestação ectópica apresenta um risco 6 a 8 vezes maior de desenvolver uma nova gestação ectópica. Outros fatores de risco de menor importância são: falha na contracepção de emergência, início da atividade sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais, tabagismo, entre ouros. O quadro clínico varia desde o assintomático até o grave, com hemorragia e instabilidade hemodinâmica. Entre os principais sintomas, cita-se a dor abdominal, sangramento vaginal e o atraso menstrual, formando uma tríade clássica, embora não esteja presente simultaneamente na maioria dos casos. Entre eles, a dor abdominal é o sintoma mais comum, presente em 95 a 100% das pacientes, a qual é referida como dor lancinante ou em cólica. Outros sintomas que podem ocorrer são náuseas, vômitos, aumento do volume e sensibilidade das mamas, entre outros. Ao exame físico, é possível verificar irritação peritoneal, gerando dor à palpação, descompressão brusca dolorosa e diminuição ou ausência dos ruídos hidroaéreos. No exame ginecológico, pode haver presença de sangramento vaginal, amolecimento do colo uterino e presença de massa anexial dolorosa, a qual pode ter tamanho variado. Também pode ocorrer acúmulo de sangue intraperitoneal, o qual tem sua localização mais comum o fundo de saco de Douglas, o qual pode ser percebido ao toque com sinal de “grito de Douglas” e confirmado pela culdocentese. O diagnóstico padrão-ouro é o uso combinado da dosagem de beta-hCG e a ultrassonografia transvaginal. O beta-hCG costuma ter uma concentração sérica menor do que de gestações habituais e pode ser utilizada como auxiliar para o diagnóstico. Em uma gestação habitual, seus níveis duplicam, em média, a cada 48 horas. Desse modo, caso a dosagem consecutiva desse hormônio tenha uma elevação menor que 54%, há uma grande chance de ser gestação ectópica. Porém, o diagnóstico de certeza só é firmado na laparoscopia. O tratamento depende do estado hemodinâmico da paciente, da integridade tubária e do desejo de gestar da paciente. Dessa forma, o tratamento pode ser clínico, cirúrgico ou conservador. O tratamento cirúrgico é voltado para as pacientes com instabilidade hemodinâmica, a salpingectomia por laparotomia é o tratamento de escolha. Havendo desejo reprodutivo futuro, a via laparoscópica deve ser o método de escolha, uma vez que diminui as chances de aderências e maiores danos aos órgãos pélvicos. O tratamento clínico consiste na utilização do metotrexato (MTX), a qual pode ser administrada por via intramuscular ou injetada diretamente no saco gestacional. Para tal, são indicações de uso: • Gestação com até 4 cm no seu maior diâmetro. • Estabilidade hemodinâmica. • Desejo de procriação. • Beta-hCG < 5.000 mUI/ml. • Líquido livre restrito à pelve. A presença de batimentos cardíacos embrionários contraindica o uso de metotrexato. Após sua utilização, uma queda maior que 15% no valor do beta-hCG no 4 e 5º dia após a aplicação demonstra bom prognóstico. Do contrário, caso ocorra uma queda inferior a 15%, deve-se administrar uma nova dose da droga. Sua monitorização deve ser feita até a negativação dos títulos. Caso não ocorra diminuição das dosagens ou na presença de rotura tubária, o tratamento cirúrgico deve ser instituído. Por fim, o tratamento expectante pode ser optado nos casos onde ocorre diminuição progressiva dos valores do beta-hCG (< 5.000 mUI/ml) e ausência de batimentos cardíacos fetais à ultrassonografia.
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