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@pequenamedicina 4º período @pequenamedicina Cardiopatias adquiridas Definições O que é Se trata de qualquer circunstância em que haja a necessidade de adaptação do coração, posteriores a um aumento da demanda de sua atividade Podem ocorrer em qualquer época da vida do indivíduo Difere das cardiopatias congênitas, já que, são desenvolvidas posteriormente ao nascimento Causas Podem advir de uma HAS Podem surgir posteriores a um infarto, como é o caso da cardiopatia isquêmica Podem ocorrer posteriores a infecções tanto do mio quanto do endocárdio Situações de sobrecarga do coração, como o aumento de peso, por exemplo Envelhecimento, já que ocorre degeneração e calcificação Repovoamento limitado O coração tem mais tendência de se adaptar por meio da hipertrofia, fibrose ou dilatação, do que por meio do aumento da quantidade de células, quando é sobrecarregado A taxa de multiplicação celular no coração é limitada, assim, a regeneração do tecido também é, por isso, há uma tendência – dependendo de qual degeneração esse tecido foi submetido – a ocorrência de cicatrização, mas não de um aumento na quantidade de células, devido a essa limitação Sobrecarga de volume Os miocardiócitos da parede cardíaca que são submetidos a um trabalho maior, se hipertrofiam na tentativa de manter o fluxo e diminuir a tensão Se, após certo tempo, a adaptação não for mais efetiva, ou seja, o miocárdio não conseguir mais ter força para manter o fluxo, ocorrerá uma sobrecarga de volume, fazendo com que seja mais difícil que o sangue saia de determinada câmara cardíaca e, em cada ciclo, o sangue novo se some ao que sobrou, e a câmara precise dilatar Compensação pós-infarto Hipertrofia que se estabelece em regiões próximas de onde ocorreu o infarto @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina Cardiopatia hipertensiva Ocorre por alterações cardíacas devido a hipertensão arterial sistêmica Há aumento da espessura de fibras cardíacas e do número de sarcômeros Hipertrofia concêntrica Toda a circunferência do ventrículo esquerdo espessou devido a necessidade da câmara cardíaca de aumentar sua força por aumento de pressão na pós carga O comprimento da célula não altera muito, mas sim sua espessura A hipertrofia faz com que o ventrículo esquerdo tenha maior demanda de força por meio da hipertrofia concêntrica para manter o débito cardíaco ISQUEMIA Esse tipo de hipertrofia pode fazer com que áreas de isquemia se formem na parede do ventrículo, favorecendo anginas e infarto Isso ocorre porque a medida em que há espessamento e hipertrofia, há mais demanda da célula, já que ela está produzindo mais proteínas e, com isso, ela está gastando mais energia, porém não está recebendo mais sangue com oxigênio e nutrientes, então o tecido está gastando mais sem receber um retorno equivalente a esse gasto Logo, não ocorre isquemia devido a uma obstrução de vasos, mas sim, porque está havendo uma demanda que não está sendo suprida, estabelecendo então, regiões de isquemia Hipertrofia excêntrica As fibras aumentam seus componentes e o espessamento da parede não ocorre Há um aumento da luz, devido ao aumento de volume que fez com que a capacidade volumétrica máxima daquela câmara fosse atingida, tendendo a dilatação para aumentar a passagem disponível para o sangue Hipertrofia compensatória Nessa situação, há uma região que sofreu necrose (região branca), então a região oposta se hipertrofia de forma @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina compensatória, ou seja, hipertrofia para suprir a força da região em que ocorreu morte celular (ocorre pós-infarto) Espessamento da fibra (fica mais larga), os cardiomiócitos começam a mudar a direção (desorganizados), além disso pode ocorrer fibrose no interstício, que ocorre por aumento de proteínas e por essas regiões de isquemia que podem se estabelecer Primeiro se deposita fibrina e depois os fibroblastos produzem colágeno na tentativa de estabilizar o tecido O tecido gasta energia para se adaptar e para aumentar a força. Mas ocorre um consumo energético desproporcional a chegada necessária de sangue para contribuir com essa energia e permitir o bom funcionamento do tecido. Esse gasto sem retorno causa estresse metabólico, e isso ativa a formação de fibras elásticas no interstício, sendo visível a presença de fibrose entre os miocardiócitos Fase compensada Essa fase é a de reação perante a pressão aumentada Se a aorta está com alta pressão, o ventrículo precisa se adaptar hipertrofiando de forma concêntrica para fazer mais força durante a sístole para vencer a pressão e manter o débito cardíaco @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina Fase descompensada Se a pressão continuar alta, o coração chega na capacidade máxima de hipertrofia e o débito cardíaco cai e, quando ocorrer a sístole, o volume residual estará aumentando, tendo sobrecarga de volume diastólico Quando sobrecarrega o volume, há a dilatação excêntrica do ventrículo esquerdo, causando insuficiência cardíaca INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA A medida que o ventrículo esquerdo vai sendo alterado, há interferências na pressão do átrio esquerdo, e elas serão projetadas para as veias pulmonares, que projetam para o parênquima do pulmão O pulmão pode estar com congestão devido ao aumento da pressão no átrio e pela dilatação e aumento do volume no ventrículo esquerdo O pulmão congesto dificulta a transferência de sangue das veias pulmonares para o átrio esquerdo, já que ele não é uma bomba propulsora, gerando uma lentidão na saída do sangue e congestão pulmonar (a congestão reflete no paciente com os sintomas de tosse e dispneia) O fluxo lento do sangue devido ao congestionamento das câmaras, aumenta a força superficial na parede do vaso, o que pode favorecer a ocorrência de trombose ou a adaptação do vaso Para que os capilares não se rompam, eles se adaptam aumentando o espaço entre as células por meio do aumento da permeabilidade, isso faz com que componentes do plasma extravasem e se direcionem para o parênquima pulmonar, causando edema pulmonar Como o sangue que sairia do VE iria oxigenar os tecidos, uma falência do lado esquerdo causa diminuição de transferência de sangue do ventrículo para a aorta, e diminuição na chegada de sangue nos tecidos, se estabelecendo uma hipoperfusão Com a hipoperfusão, haverá regiões de isquemia, causando um prejuízo sistêmico grande, podendo ocorrer infarto renal, encefálico, cianose e síncope @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA Por conta do edema pulmonar, uma insuficiência cardíaca esquerda acaba causando uma insuficiência cardíaca direita, já que haverá uma demanda maior do VD para enviar o sangue por meio das artérias pulmonares Se a saída através das vênulas e das veias está lento, e a pressão de saída do sangue no coração está aumentada, isso irá dificultar a chegada do sangue pelas artérias e rede de capilares Com isso, haverá aumento de pressão no ventrículo direito, fazendo com que ele tenha que fazer mais força para enviar o sangue para o pulmão congesto, então precisa hipertrofiar Há um momento em que a alteração da pressão no átrio esquerdo projetada para a veia pulmonar é tão grande, que o ventrículo direito atinge sua capacidade máxima de hipertrofia, tendo a necessidade de dilatar, interferindo no átrio direito Ao interferir no átrio direito, interfere na pressão de retorno do sangue do corpo através das veias cavas Com a lentificação do sangue nas veias, ocorre então uma congestão sistêmica, e os vasos se adaptam para não romper aumentando sua permeabilidade, causando extravasamento de plasma para todo o corpogerando uma anasarca (edema sistêmico) Consequências A adaptação dos átrios e dos ventrículos exigem uma maior demanda de oxigênio, podendo ocorrer uma cardiopatia isquêmica e regiões de micro infartos Isquemia: mesmo que as coronárias não estejam obstruídas, pelo menos um contexto anginoso pode ter, porque está tendo mais demanda mas não está chegando mais O2 e nutrientes, estabelecendo um contexto de isquemia Fibrose: a fibrose que ocorre substituindo as células é um pouco mais grave do que a que ocorre no interstício, porque quando as células morrem e toda a região tem fibrose, não há como propagar o impulso Hipertrofia concêntrica do VE com esbranquiçamento indicando fibrose @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina Cardiopatia reumática Complicação tardia, mediada por anticorpos, após infecção da vias respiratórias superiores por estreptococos beta-hemolítico A Reação imunitária Devido a semelhança das moléculas proteicas das superfícies das bactérias com as células humanas, os anticorpos previamente produzidos contra a bactéria, além de reconhecerem as moléculas da bactéria, reconhecem também as das células Esse reconhecimento faz com que os anticorpos se depositem na superfície das células do coração, ao invés de se depositarem apenas na superfície das bactérias (mimetismo proteico) Os anticorpos então ficam circulantes, e podem se depositar nas superfícies miméticas, ou seja, nas superfícies que tem semelhança química com a superfície da bactéria Isso ativa células de defesa (linfócitos T) que entendem que devem atacar essas estruturas, então as células do corpo vão atacar o próprio corpo, ligando-se no endocárdio e nas válvulas Fase aguda HIPERTROFIA Os anticorpos se ligam na superfície das células (opsonização) e atraem linfócitos e proteínas do complemento, que serão ativadas e vão destruir a célula, desencadeando processo inflamatório Se há inflamação, o ambiente químico muda, e o coração funciona menos devido ao distanciamento das fibras, precisando se adaptar hipertrofiando @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina DILATAÇÃO Como a produção de proteínas para a hipertrofia é limitada, ocorre a dilatação, que causa flacidez e prejudica o bombeamento do sangue GLOBOSO Com a hipertrofia seguida de dilatação, ocorre uma mudança estrutural do coração deixando-o globoso quando se estabelece a cardiomegalia PERICARDITE FIBRINOSA Pericardite: inflamação no pericárdio Na inflamação tem exsudação de fibrina no fluido pericárdico A fibrina se agrega, formando uma malha, e se no fluido pericárdico, vai agir como uma cola no pericárdio, limitando o deslizamento das estruturas e atrapalhando a complacência do coração NÓDULOS DE ASCHOFF Formados pela reação autoimune É um sinal patognômico, ou seja, sempre que estiverem presentes, indicam um quadro de cardiopatia reumática Fase crônica VALVULITE Ocorrem devido a presença de anticorpos na válvula, gerando inflamação crônica ESPESSAMENTO DAS VALVAS Se as cordas tendíneas aumentam, a valva não consegue abrir corretamente (fusão de comissuras), causando estenose ENCURTAMENTO DAS VALVAS Se a corda tendínea encurta, a valva não fecha direito, então quando tiver sístole, voltará sangue para o átrio (regurgitação – insuficiência da valva) NEOVASCULARIZAÇÃO Pela inflamação, o ambiente estressante ativa células do interstício a liberarem fator de crescimento do endotélio O fator de crescimento ativa as células do endotélio dos vasos que estão próximos para que se multipliquem, e elas são usadas pra formar neovasos FIBROSE Anticorpo na válvula gera inflamação crônica que evolui para fibrose, que causa estenose, como a valva está tendo dificuldade de abrir, acumula sangue no átrio, dilatando-o ainda mais FIBRILAÇÃO ATRIAL Ocorre por dificuldade de despolarização por conta da inflamação @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina Marcadores bioquímicos Faz-se uma determinação bioquímica da presença do aumento da concentração do anticorpo estreptolisina O, que é a principal proteína que tem na superfície dessas bactérias ‘’Boca de peixe’’: depósito de microrganismo que forma lesões vegetativas por conta da colônia da bactéria, que fica em estado latente Cordoalhas: inserção das cordas tendíneas nas válvulas Tecido de granulação: infiltrado inflamatório celular e acelular com formação de novos vasos para tentar melhoras a irrigação dessa região para as perdas teciduais serem menores @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina Onde houve o acúmulo de macrófagos, é o que se chama de nódulo de Aschoff. Nesse tipo de cardiopatia, os macrófagos chamados de gigantócitos são chamados de célula gigante de Aschoff, já que estão presentes no nódulo de Aschoff. É um gigantócito pois é multinucleado Miocardite Presença de infiltrado inflamatório (celular ou acelular) no miocárdio A ocorrência de infiltrado inflamatório entre as fibras irá distanciá-las, dificultando o trabalho cardíaco (por isso é considerada uma lesão ou agressão) Sem isquemia (critério de Dallas) Sinais clínicos: febre com IC ou arritmias Alterações laboratoriais apontam um aumento das enzimas cardíacas Biópsia endomiocárdica (padrão ouro) Por Chagas Taquicardia (prejuízo na função muscular) Pulso fino e rápido Hipotensão arterial: quem mantem a pressão arterial é a rede de capilares, só que quem garante que o sangue faça pressão na parede do vaso, é o coração, e como está inflamado, vai se estabelecer uma diminuição de sangue que é transferido para as artérias Hipertrofia das câmaras cardíacas para aumentar a força devido ao processo inflamatório Derrame pericárdico: o aumento do fluido entre os folhetos pericárdicos, @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina aumenta a pressão na parede do coração de fora para dentro, interferindo na pressão da caixa torácica, interferindo nos vasos da base, hilo pulmonar, artérias e veias pulmonares Pericardite (pode ser fibrinosa) Cardiomegalia: para que tenha ICC, a capacidade de hipertrofia já chegou ao máximo, ocorrendo a dilatação, deixando o coração globoso Insuficiência das valvas AV: a valva não está conseguindo fechar direito devido ao estiramento das cordas tendíneas, causando regurgitação do sangue Hidropericárdio: fluido nas estruturas pericáridas (é um derrame mais específico) ECG: diminuição de QRS, alterações em ST e onda T (semelhante à IAM) Afilamento da parede miocárdica, em particular, a ponta cardíaca do ventrículo esquerdo – pode desenvolver aneurismas apicais e causar o desaparecimento total ou parcial do miocárdio @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina AGUDA CRÔNICA Endocardite infecciosa Infecção grave das superfícies internas do coração Colonização nas valvas cardíacas e endocárdio mural, degenerando a valva Vegetações volumosas e friáveis (fica duro) com destruição dos tecidos cardíacos @pequenamedicina 4º período @pequenamedicina Aguda Comum em pacientes que fazem uso de drogas injetáveis ou pacientes debilitados Início rápido Pacientes com valvas cardíacas normais Febre e taquicardia são os sintomas comuns ECG: arritmia Ainda não há degeneração da valva, mas já tem prejuízo no seu funcionamento Subaguda-crônica Evoluem (fibrose e degenerações) ao longo de alguns meses em pacientes com válvulas cardíacas anormais Valvopatia Doenças que acometem primariamente as valvas cardíacas Estenose Se as cordas tendíneas aumentam, a valva não consegue abrir corretamente Insuficiência Se a corda tendínea encurta, a valva não fecha direito, então quando tiver sístole, voltará sangue para o átrio(regurgitação) Dupla lesão Estenose e insuficiência
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