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PERGUNTAS PARA SABER SE É UMA LESÃO 1. É uma alteração? 2. É um artefato? (Ou seja, será que a pessoa produziu aquilo? Será que o processamento/técnica de exame levou ao desenvolvimento daquela alteração? Por exemplo, está sendo realizado uma necropsia, onde vai ter uma abertura do corpo utilizando uma faca e, essa faca bate de encontro a outro lugar não planejado. Assim, dará origem a uma ruptura hepática, só que essa ruptura foi provocada pela própria pessoa em seu manuseio). 3. É uma alteração ante mortem ou uma alteração post mortem? (Bem relevante ao ponto de vista diagnóstico). Se for uma alteração ante mortem, então, tem a presença de uma lesão. REVISÃO Esse sistema é responsável por fornecer oxigênio e nutrientes ao SNC. Significando que, se a bomba (coração) não estiver funcionando adequadamente, pode-se ter alterações clínicas em fases agudas, dando problemas. A insuficiência cardíaca é uma ocorrência grave, pois vai impedir a distribuição do oxigênio suficiente para o SNC, o animal pode ter um quadro de sincope (onde ele vai desmaiar frente algum estímulo/estresse/processo de excitação). Isso acontece porque o animal tem o aumento da demanda fisiológica de oxigênio na musculatura estriada esquelética, consequentemente tendo o aumento da frequência cardíaca, e como a distribuição de oxigênio está descompensada devido ao quadro de insuficiência, na hora que o sangue arterial sai pela aorta, ele é distribuído para a circulação sistêmica em conjunto com o encéfalo, mas a quantidade de oxigênio não é suficiente, então o animal apaga. AD e VD: Tem-se o sangue venoso, vindo de veia por veia em direção ao coração. O sangue entra via veia cava no AD. Além disso, vem também o retorno venoso para a veia cava, depois para o VD, depois para a artéria pulmonar e depois para o pulmão. E o pulmão vai ser irrigado por um sangue rico em CO² e pobre em O². AE e VE: Acontece um processo de hematose e o sangue retorna via veia pulmonar para o AE. Do AE para o VE e do VE para a aorta, aquele sangue arterial oxigenado será distribuído para diferentes órgãos. Sendo distribuídos para a artéria coronária (responsável pelo suprimento sanguíneo cardíaco). Se tem também uma ramificação responsável pela irrigação do SN. • Um quadro grave de arritmia pode gerar uma grande ausência de o2 no SNC. FACE INTERNA: Tem-se o Endocárdio (Constituído por tecido conjuntivo frouxo. Reveste toda a face interna cardíaca e, também forma as valvas); Miocárdio (Há os cardiomiócitos. Tem o sistema de condução elétrico (passando pelo miocárdio) e também se tem alguns vasos responsáveis pela irrigação dessa musculatura); Epicárdio (É como se fosse uma capa, é uma camada visceral do pericárdio, enquanto tem-se uma camada serosa que constitui o saco pericárdio que envolve o coração). • No espaço pericárdico pode ser encontrar líquido, no entanto se encontrado liquido em excesso (recebendo o nome de hemopericárdio/hidropericárdio/quilopericárdio - dependendo do tipo de liquido que extravasa) dificulta a diástole. • Pode acontecer pequenos casos de hemorragia subendocárdica – no endocárdio (visto frequentemente em grandes animais (Equinos principalmente) após o procedimento de eutanásia). ANÁLISE DO CORAÇÃO Tem 2 formas gerais de analisar os órgãos: I. MONOBLOCO Situação em que a pessoa retira todos os órgãos de uma vez só, até o reto (uma das piores formas de análise de órgãos). II. ANALISE DOS CONJUNTOS Tira-se um conjunto de órgãos para análise posterior. O primeiro conjunto é quando retira a língua, faringe, traqueia, laringe, esôfago, brônquio, pulmão e o coração junto do saco pericárdio. Tira os órgãos de forma ordenada. Processo mais regrado e organizado. A primeira coisa que se faz é abrir o saco pericárdico e observar suas características, ver se tem algum líquido (qual a consistência e cor desse líquido). Mas, é esperado ter liquido dentro desse saco, pois precisa-se desse líquido para que aconteça o deslizamento dos folhetos uns sobre os outros. Agora, caso tenha um processo inflamatório formando um exsudato fibrinoso, pode acontecer a aderência do saco pericárdico ao coração e, consequentemente o processo de contração fica prejudicado. Essa analise se inicia pela abertura seguindo o fluxo sanguíneo. A incisão é iniciada na veia cava e vai seguindo em direção ao AD. Uma vez aberta a aurícula e o AD, se desce fazendo uma incisão paralela ao septo intraventricular e se faz a volta no ápice subindo parcialmente o corte junto do septo interventricular. Com isso, rebate a face interna do coração, tendo a possibilidade de visualizar toda a extensão da valva atrioventricular, olhando a cor e a consistência, então posiciona-se objetos para ver se tem transparência ou não (Caso apresente uma coloração mais opaca pode indicar uma endocardiose ou degeneração valvar mixomatosa, por exemplo, que é um processo degenerativo valvar (uma insuficiência cardíaca)). Terminando o lado direito, vai para o lado esquerdo. E faz-se o mesmo processo de abertura. ANALISE CARDÍACA EM GRANDES ANIMAIS A análise se inicia com a amputação do Apex (ápice), pois quando se amputa o ápice surge a possibilidade de avaliar a espessura do miocárdio e determinar se há um processo de cardiomiopatia hipertrófica ou dilatada. Então, pega-se um paquímetro e mede a espessura, fazendo a relação de uma coisa com a outra, pois é esperado que tenha uma relação VD:VE igual ou aproximadamente 3:1, ou seja, se tem um VE medindo 1cm é esperado que o VD tenha aproximadamente 0,33cm (1 dividido por 3). Depois realiza- se uma abertura no AD, no septo interventricular seguindo em direção a artéria pulmonar, abrindo em seguida o AE, o septo interventricular esquerdo e se observa todas as estruturas. Para determinar se o coração está com os limites aumentados ou não, basta analisar quantos espaços intercostais o coração ocupa (O normal e esperado é que ocupe de 3-5 espaços). FISIOPATOLOGIA Funções anormais ou patológicas dos vários órgãos e aparelhos do organismo. Disritmia: As respostas do miocárdio a agressões podem se manifestar como alterações funcionais na formação, no ritmo ou na condução dos impulsos elétricos. • Pode ocorrer uma redução da capacidade contrátil da fibra muscular. • Pequenas lesões localizadas em áreas responsáveis pelo sistema de condução podem ser fatais. • Processos inflamatórios (miocardite) extensos podem ser assintomáticos. CAUSAS DAS LESÕES INTRÍNSECAS É quando o problema é no próprio funcionamento cardíaco (coração). - Questões de organização ou sincronização do sistema elétrico de condução cardíaco; - Lesões ou insuficiências que levam a alterações valvares (Por exemplo, estenose valvar (correspondendo ao estreitamento da valva, ou seja, vai impedir que a valva se abra completamente, reduzindo o fluxo de sangue para o corpo e dificultando o funcionamento do coração)); - Lesões miocárdicas degenerativas ou inflamatórias (Por exemplo, hipertrofia cardíaca (cardiomiopatia hipertrófica) ou dilatação cardíaca (cardiomiopatia dilatada)). EXTRÍNSECAS É decorrente de um problema externo. Uma alteração na circulação sistêmica ou até mesmo pulmonar é o suficiente para levar uma alteração no ciclo cardíaco. Então, se o sangue não está sendo bombeado da forma correta (não está retornando para o coração) o coração pode tentar compensar entrando em uma frequência de contração, levando a uma hipertrofia, processo de alteração cardíaca. - Cardiomiócitos não se regeneram, se a lesão ocasionar em danos em cardiomiócitos, o esperado é que aconteça um processo cicatricial - Formação de fibrose (processo cicatricial cardíaco), desencadeando um processo de cardiomiopatia restritiva e a desordem é diastólica, ou seja, o coração terá dificuldade em expandir.• Por exemplo, falha congestiva na circulação periférica, pois ocorre a manutenção do sangue na circulação sistêmica e não há o retorno venoso com eficiência para o VD, por via veia cava, ocorrendo uma tentativa de compensação cardíaca que leva a um desequilíbrio. PATOFISIOLOGIA DAS LESÕES Tipos de alterações que levam a lesões: - Distúrbios na formação e condução do impulso; - Força contrátil miocárdica reduzida, então se não tem força de contração não tem ejeção do sangue; - Fluxo sanguíneo impedido por um processo embólico/trombo; - Fluxo sanguíneo regurgitante em processo que tem uma alteração valvar e em vez do sangue ter um fluxo unidirecional ele retorna - Então, em vez do sangue do ventrículo seguir pela aorta ele vai para AD/AE; - Padrão anormal do fluxo sanguíneo (shunt - persistência de um canal de comunicação e uma mistura entre sangue arterial e venoso), esse shunt também pode ocorrer em alguns outros órgãos (fígado - lesão hepática que culmina em processo de fibrose, ou seja, cirrose); - Restrição no preenchimento atrial/ventricular. FALHA CARDÍACA E DOENÇA Acarretará em uma doença cardíaca mesmo sendo uma doença clínica ou não clínica. A doença cardíaca pode desenvolver uma falha cardíaca, podendo ser: - Aguda: Por exemplo, o episódio do cão que corre para latir e acaba desmaiando, pois tem um colapso. Ou seja, isso se desenvolve rapidamente. - Congestiva: É o acúmulo de sangue/líquido devido ao aumento de pressão no sistema cardiovascular, levando a uma alteração que acarretará em um extravasamento de plasma (formação de um ultrafiltrado) gerando um edema. ESPERADO NO EXAME NECROSCÓPICO VE É encontrado vazio, pois expulsou todo o sangue. Apresentar uma musculatura muito desenvolvida, justamente para essa ejeção. O VE ejeta o sangue completamente para a aorta e entra em rigor mortis - interrupção do fluxo sanguíneo, fazendo uma contração muscular (ambas musculaturas – esquelética e cardíaca), por isso não deve ser identificado coágulos. • Caso seja encontrado coágulos no VE é indicativo de insuficiência cardíaca (exceto em casos de eutanásia, pois vai ter interferência medicamentosa) e em necropsias feitas logo após a morte, pois ainda não vai ter ocorrido o rigor mortis. Ou seja, cóagulos no VE é indicativo de rigor mortis incompleto, degeneração ou necrose do miocárdio ou alguma outra alteração que pode levar a um quadro de insuficiência cardíaca. VD Pode-se ver coágulos, pois o VD não ejeta o sangue totalmente, já que a musculatura é mais delgada, então é mais comumente identificado coágulos. CLORETO DE POTASSIO NA EUTANASIA: Induz a parada cardíaca POR QUE A NECROSE/DEGENERAÇÃO DO MIOCÁRDIO PODE LEVAR A UMA MANUTENÇÃO DE SANGUE NO VE? R- Porque não vai ter força de contração para a realização do rigor mortis (que se estabelece garantindo uma integridade da célula). EFEITOS HEMODINÂMICOS DE ANORMALIDADES VALVARES Possui 3 tipos: Musculatura lisa do digestório não depende de processos de despolarização igual a musculatura cardíaca, funciona independemente de uma estimulação do SNC, por isso, se fizer a necropsia em um animal após a morte num intervalo curto, o intestino ainda estará se movimentando. CLORETO DE POTASSIO NA EUTANASIA: Induz a parada cardíaca. - Quadros de estenose semilunar, supra/sub valvular e estenose valvular: Levam a um aumento da pós-carga ventricular, resultando em uma hipertrofia concêntrica (Aumento de massa ventricular decorrente de aumento da espessura da parede e redução dos diâmetros cavitários); - Insuficiência valvar (atrioventricular e semilunar): Leva a um aumento de pré-carga ventricular (Quantidade de sangue que chega a esse ventrículo) fazendo com que o coração precise de uma maior força de contração proporcional ao estiramento da fibra muscular. Então, quando o coração se dilata muito pode existir uma tendência de contração, levando a uma hipertrofia excêntrica (resultando em uma dilatação e espessamento no ventrículo, o lúmen não diminui por conta da quantidade de sangue que o ventrículo tem que comportar); - Estenose atrioventricular: Leva a uma diminuição da pré-carga ventricular, consequentemente sendo necessário o aumento da FC e da força de contração. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Ocorre quando o sangue que retorna ao coração não pode ser bombeado com velocidade compatível com as demandas metabólicas do organismo. E nessa tentativa, pode ocorrer uma/um: - Dilatação cardíaca: Quando há um aumento de pré-carga; - Aumento da resistência periférica: Quando há uma grande quantidade de sangue a ser bombeado na circulação sistêmica, devido a algum problema de IC, a tendência é forçar cada vez mais esse líquido por entre os vasos levando ao processo de resistência; - Aumento da volemia; - Redistribuição do fluxo sanguíneo aos órgãos com prioridade metabólica (exercício físico) - Pois quando se realiza exercícios a demanda fisiológica de O² aumenta para a musculatura estriada esquelética, aumentando também a FC. CLASSIFICAÇÃO DAS CARDIOMIOPATIAS PRIMÁRIAS São desordens que ocorrem no coração, que envolve o músculo. Sendo eles: - Cardiomiopatia hipertrófica: Se refere ao processo de hipertrofia, levando a uma desordem diastólica. O problema é uma cardiomiopatia hipertrófica concêntrica, tendo uma musculatura muito bem desenvolvida, um volume ventricular pequeno ou próximo ao normal. E também tem uma base genética; - Cardiomiopatia dilatada (congestiva): Não necessariamente leva a um processo hipertrófico. O coração consegue contrair o suficiente para que seja ejetado todo o sangue presente na câmara ventricular, aumentando o resíduo no final do ciclo sistólico. Gera uma dilatação ventricular com manutenção da disfunção da sístole evidente. Tem uma base genética, pois algumas raças são propensas. - Cardiomiopatia restritiva (infiltrada): Causa uma desordem diastólica. Uma restrição do preenchimento ventricular (necrose do miocárdio com processo de fibrose) e fibrose grave do miocárdio. DILATAÇÃO CARDÍACA Está relacionada com o aumento do trabalho cardíaco, podendo ser fisiológico ou patológico (mais comumente é esse caso). Fenômeno de Frank Starling: É a regulação heterométrica, que conforme a fibra muscular se estende, ela tende a realizar um processo contrátil proporcional ao estiramento, só que chega um ponto que ultrapassa esse limite de contração e não consegue mais retornar a fase normal de contração. Perde a força contrátil depois de se estirar demais. É comum o volume diastólico estar aumentado, levando a um acúmulo de sangue dentro da câmara ventricular trazendo um distúrbio na sístole, relacionado com insuficiência em valva atrioventricular e valva semilunar. Macroscopicamente o coração se encontra globoso (fica arredondado, parecendo uma bola), flácido (porque não tem como acontecer o esvaziamento ventricular devido ao rigor mortis), paredes finas, diâmetro longitudinal menor ou igual ao transversal, hipertrófico. HIPERTROFIA CARDÍACA Ocorre um aumento do tamanho da fibra muscular sem diminuir o número de fibras. Há uma resposta compensatória do músculo cardíaco por conta do aumento da sobrecarga crônica sistólica (contração) ou diastólica (relaxamento). Tem-se dois tipos de hipertrofia, a concêntrica e a excêntrica (dilatação crônica). HIPERTROFIA CONCÊNTRICA Tem um aumento da massa ventricular sem aumento do volume diastólico final. Ocorre no aumento de carga sistólica, sendo o aumento da força de contração de uma ou ambas as câmaras. Na macroscopia se nota um aumento na espessura da parede ventricular e diminuição da câmara. As causas que podem levar a isso são: estenose valvular; Doenças pulmonares que conferem resistência ao fluxo sanguíneo; Persistência do ductoarterioso; Tamponamento cardíaco (dificuldade do coração de entrar em diástole). HIPERTROFIA EXCÊNTRICA Leva a um aumento da carga diastólica, ou seja, aumenta o volume sanguíneo recebido em uma ou ambas as câmaras. Na macroscopia se nota o aumento das câmaras, as paredes ficam com uma espessura normal ou mais fina. As principais causas podem ser: Insuficiência das valvas semilunares ou atrioventriculares; e Defeitos no septo interventricular (que leva a mistura do sangue de algumas câmaras). • Concêntrica: Miocárdio espesso. MODIFICAÇÕES NO DÉBITO CARDÍACO (DC) FALHA CARDÍACA CONGESTIVA • Significa que o animal está com dificuldade na ejeção, com problema na fase sistólica do coração, então não consegue mandar todo o sangue para o pulmão. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA NO VE Na macroscopia nota-se um edema pulmonar (o animal demonstra problemas respiratórios, tosse muito e etc.). • O sangue não está sendo ejetado pela aorta corretamente em direção a circulação sistêmica. O sangue sai, vai para a circulação sistêmica (em pequena quantidade), deixando com um aumento de trabalho a veia pulmonar, aumentando a pressão pulmonar, gerando edema pulmonar e congestão pulmonar Forma-se transudato pulmonar, o pulmão vai aumentar de tamanho, ficar mais pesado, cheio de liquido, na traqueia há um liquido espumoso. Na microscopia tem a presença dos sideromacrófagos (que são macrófagos pulmonares - fagocitam as hemácias e acumulam hemossiderina (ferro dentro do macrófago)). INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA NO VD Na macroscopia nota-se por causa de um acúmulo de liquido, edema subcutâneo, ascite, hidrotórax, hidropericárdio. O fígado fica aumentado e congesto. Na microscopia se vê o exsudato sendo formado e uma congestão crônica em algum desses órgãos. • Dificuldade em ejetar o sangue (sístole), consequentemente o sangue se acumula na circulação sistêmica, levando a edema, ascite, hidrotórax, hepatomegalia, esplenomegalia, hidroperitônio. Prejudica o retorno venoso e o coração tenta compensar com a resposta ventricular - Vê-se transudado e congestão de diferentes órgãos (baço e fígado como dois grandes exemplos). ALTERAÇÕES CONGÊNITAS CARDÍACAS São frequentes. A gravidade vai depender do grau da lesão. • Pode levar a um rápido óbito ou persistir até a idade adulta. É geneticamente determinada, ou seja, é em raças especificas. É feito um exame in situ (que está em seu lugar natural ou normal), pois é difícil de verificar depois de retirar o órgão. PERICÁRDIO Alteração de conteúdo: HIDROPERICÁRDIO (AGUDO E CRÔNICO) É uma alteração chamada de Derrame Pericárdio. Ocorre um acúmulo de líquido entre o pericárdio e o coração. Dependendo do grau de derrame pericárdio, este líquido que naturalmente não pode aparecer, pode atrapalhar a diástole. Derrame pericárdio importante pode causar um fenômeno chamado tamponamento cardíaco. Existem várias causas: Pericardite é uma delas. HEMOPERICÁRDIO (ESPONTÂNEA, IATROGÊNICA, NEOPLÁSICA) É um acúmulo de sangue entre as duas camadas do pericárdio. Essa condição associa-se a uma inflamação aguda do pericárdio (pericardite aguda), lesões traumáticas, iatrogênicas (causadas por procedimentos médicos) ou em pacientes que usam anticoagulantes (medicamentos que inibem a atuação dos fatores de coagulação do sangue). Um hemopericárdio volumoso poderá levar a um tamponamento cardíaco, um quadro clínico grave, que prejudica o funcionamento do coração. • Tamponamento cardíaco é o acúmulo de sangue no pericárdio com volume e pressão suficientes para prejudicar o enchimento cardíaco. Os pacientes geralmente têm hipotensão, hipofonese de bulhas e distensão da veia jugular. PNEUMOPERICÁRDIO É uma condição médica, onde o ar entra na cavidade pericárdica. Esta é uma complicação grave, que se não tratada pode levar a tamponamento cardíaco e morte. Pneumomediastino, que é a ocorrência de ar no mediastino, pode imitar e também coexistir com pneumopericárdio. Pode ser congênita ou introduzidos por uma ferida. PIOPERICÁRDIO Acumulação de pus entre o saco pericárdico e o coração. PERICARDITE FIBRINOSA É o tipo mais comum de inflamação do pericárdio em animais, usualmente é causada por infecção hematógena. Macroscopicamente, as superfícies pericárdicas estão cobertas por depósitos de fibrina amarelada que resultam em aderência entre os folhetos parietal e visceral. Quando o saco pericárdico é aberto na necropsia, essas aderências fibrinosas são rompidas (assumindo o aspecto conhecido como coração em pão com manteiga). O desenlace da pericardite fibrinosa varia. Morte nas fases iniciais é frequente porque muitas dessas lesões resultam de infecções por bactérias altamente virulentas com septicemia. Em alguns casos, a sobrevivência é prolongada e há formação de aderências fibrinosas entre os folhetos pericárdicos em consequência da organização do exsudato fibrinoso. • Em bovinos, há carbúnculo sintomático (causado pelo Clostridium chauvoei), pasteurelose. • Em suínos, ocorre a doença de Glasser (causado pelo Haemophilus parasuis), pasteurelose, salmonelose. • Em equinos, tem a presença do Streptococcus equi, podendo ter-se também poliartrite, Rhodococcus equi. RETICULOPERICARDITE TRAUMÁTICA Ocorre com a perfuração da parede do reticulo por um corpo estranho pontiagudo. A maior parte dos casos é devido à ingestão de corpos estranhos no alimento preparado. Esses corpos estranhos podem perfurar o reticulo e o diafragma chegando na cavidade torácica e perfurando o saco pericárdio, causando assim, a retículo pericardite traumática. PERICARDITE FIBRINO-PURULENTA São encontradas bactérias piogênicas. Em bovinos, é comum ter recorrência de retículoperitonite traumática por corpos estranhos (como pregos, arames) Em cães e cavalos, está associado a empiema (acúmulo de pus em uma cavidade qualquer do organismo). Na macroscopia observa-se uma grande quantidade de exsudato purulento, podendo conter fibrina e ter um odor desagradável. A coloração vai depender do tipo de bactéria. A consequência é quando ocorre uma aderência, podendo evoluir para uma hipertrofia concêntrica. O óbito pode ser por toxemia (intoxicação resultante do acúmulo excessivo de toxinas endógenas ou exógenas no sangue, em virtude de insuficiência relativa ou absoluta dos órgãos excretores (rins, fígado etc.) ou ICC. ENDOCÁRDIO Pode ocorrer alterações inflamatórias, como a endocardite valvular e mural (extensão da lesão valvular). ENDOCARDITE VALVULAR Quando se localiza nas válvulas do coração. É a mais comum. ENDOCARDITES MURAIS OU PARIETAIS Quando se localiza nas paredes das cavidades do coração. Os murais não possuem ou não são de ocorrência comum e a frequência relativa de envolvimento das válvulas com endocardite em animais é mitral > aórtica > tricúspide > pulmonar. Tem como patogenia uma tendência para as lesões ocorrerem nas linhas de aposição das superfícies valvulares expostas ao fluxo sanguíneo. As bactérias acabam sendo constantes e recorrentes. ENDOCARDITE O endotélio lesionado propicia a colonização bacteriana. Na macroscopia é possível visualizar pequenas ulcerações (indicando o início da inflamação). A progressão da lesão tem presença de nódulos ou massas de coloração amarelada (com vermelho ou cinza). As estruturas friáveis (que se fragmentam facilmente) se rompem com facilidade, podendo deixar áreas com erosão. ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS Endocardiose valvular É frequente em cães. É um processo de degeneração valvular mucoide, transformação mixomatosadas valvas atrioventriculares ou doença do cão velho. Degenera o colágeno das valvas. Na macroscopia encontra-se um espessamento nodular, firme, com coloração que varia de esbranquiçada a amarelada. Pode levar à hipertrofia excêntrica do VE. Pode ter uma degeneração hidrópica (acúmulo de água no meio intracelular), degeneração gordurosa, lipofuscinose (atrofia parda em animais mais velhos, com doenças caquetizantes e má nutrição), degeneração de Zenker – hipovitaminose E em suínos (doença do músculo branco). MIOCÁRDIO CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA É mais comum em gatos, machos adultos, jovens a meia-idade. Pode ser hereditária nas raças Maine Conn, Ragdool e pelo curto inglês. A ICC pode estar junto com edema pulmonar e efusão pleural. Os óbitos podem não apresentar sinais clínicos. CARDIOMIOPATIA DILATADA Os cães de raças grandes são hereditários. Os gatos podem apresentar uma deficiência de taurina, intoxicação. Como é uma doença progressiva, os gatos geralmente apresentam sinais quando mais velhos, quando atingem a meia idade. Pode estar associada às dietas inadequadas, mas também pode ocorrer quando a flora bacteriana entérica degrada taurina em excesso, ou seja, a deficiência ocorre quando o animal perde mais taurina do que ingere - A taurina é encontrada em alimentos de origem animal e as rações comerciais atualmente produzidas possuem quantidades adequadas de taurina. MIOCARDITE É uma infecção hematogênica, mas dificilmente primária. Causada por infecções sistêmicas (virais ou bacterianas), extensões de endocardites e pericardites e doenças parasitárias. Se for necrosante tem a presença do Toxoplasma gondii (em cães e gatos). Se for hemorrágica tem a presença do Clostridium chavoei (em bovinos), podendo causar carbúnculo sintomático (manqueira). Na macroscopia visualiza-se uma coloração vermelha-escura ou enegrecida. As lesões são semelhantes às do musculo esquelético. Se for linfocítica pode ocorrer febre aftosa (em bezerros) e parvovirose (em filhotes de cães). Na macroscopia nota-se focos de coloração branco- acinzentada. O aspecto que o coração se encontra recebe o nome de coração tigrado (por causa do parvovírus canino). Se for caseosa tem a presença do Corynebacterium pseudotuberculosis (em ovinos e caprinos). Na macroscopia nota-se massas caseosas esbranquiçadas, concêntricas e camadas semelhantes às da cebola. • Corynebacterium pseudotuberculosis: Causa: Pericardite, caseonecrótica e fibrosante, difusa, grave, crônica, com mineralização e bacilos extra e intra histiocíticos. NEOPLASIAS Metástases são frequentes. Neoplasias primárias: Hemangiossarcoma; quemodectoma/paraganglioma (quimiorreceptores - corpo carotídeo e corpo aórtico). ARTÉRIAS ANEURISMA É uma dilatação em área enfraquecida e delgada da parede vascular. Causado por lesões inflamatórias, degenerativas, deficiência de cobre (que é essencial ao colágeno), presença de Spirocerca lupi na aorta, presença de Strongylus vulgaris na artéria mesentérica em equinos, etc. Resulta em rupturas fatais na maioria das vezes em artérias de grande calibre. E também, pode-se ter a formação de trombos e obstruções. ARTERIOSCLEROSE É um espessamento da parede das artérias, com perda da elasticidade e proliferação de tecido conjuntivo na camada intima. É frequente ter poucas alterações clínicas. Na macroscopia se visualiza placas brancas e firmes. ATEROSCLEROSE É um acúmulo de depósitos de lipídeos, tecido fibroso e cálcio (ateroma) na parede muscular e elástica, com eventual estenose. Os suínos, coelhos e galinhas são mais susceptíveis. Os cães, gatos, vacas, cabras e ratos são mais resistentes. Os cães podem ter hipotireoidismo (hipercolesterolemia - elevação patológica da taxa de colesterol no sangue). Na macroscopia se visualiza vasos espessos, firmes, com coloração branco- amarelada. ARTERITE É a inflamação das paredes das artérias, geralmente como resultado de uma infecção ou resposta autoimune. Pode ser causada pela Dirofilaria immitis (se estiver nas artérias pulmonares); Strongylus vulgaris (se estiver na artéria mesentérica cranial); Arterite viral equina; Lúpus eritematoso sistêmico; Extensões de lesões próximas às artérias e etc. VEIAS As veias podem sofrer uma dilatação generalizada, chamado de flebectasia. As varizes são as dilatações locais das veias. A teleangectasia é a dilatação dos capilares sinusóides hepáticos. FLEBITE É toda inflamação da parede de uma veia. Pode ocorrer em qualquer veia do corpo, de médio ou de grande calibre, mas afeta principalmente as veias varicosas das pernas (do sistema venoso menos profundas). TROMBOFLEBITE É uma inflamação de uma ou mais veias causadas por um coágulo sanguíneo, que geralmente acontece nas pernas ou em outras partes inferiores do corpo. A causa é um coágulo de sangue que leva à inflamação de um ou mais vasos sanguíneos. Os coágulos podem ser causados por inúmeras razões distintas, basicamente por qualquer motivo que faça com que o sangue não circule corretamente. Sendo: Lesão a uma veia ou artéria; Distúrbio de coagulação do sangue; Permanecer imóvel por longos períodos de tempo, como durante uma internação hospitalar. ONFALOFLEBITE É uma inflamação da veia umbilical (bezerros), pois é gerada por uma contaminação bacteriana do umbigo no pós-parto. Resulta em Septicemia (sepse - caracterizado por um estado infeccioso generalizado devido à presença de microrganismos patogênicos e suas toxinas na corrente sanguínea, ocorre quando substâncias químicas liberadas na corrente sanguínea para combater uma infecção desencadeiam uma inflamação em todo o corpo); Poliartrite (qualquer tipo de artrite que envolve cinco ou mais articulações, geralmente causada por doenças autoimunes); Abscedação hepática (Formação de abscessos hepáticos) e etc.
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