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BASES-NEUROBIOLÓGICAS-E-PSICOFARMACOLOGIA-DAS-DOENÇAS-DO-ENVELHECIMENTO

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1 
 
 
BASES NEUROBIOLÓGICAS E PSICOFARMACOLOGIA DAS 
DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO 
1 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2 
2. O Envelhecimento............................................................................................... 7 
2.1 A Questão do envelhecimento para quem está envelhecendo ............................................ 8 
2.2 A Saúde e a doença na Terceira Idade ................................................................................10 
3. AS MEDIDAS DE PREVEÇÃO E REABILITAÇÃO SÃO INDISPENSÁBEIS ... 12 
3.1 A Doença de Alzheimer ......................................................................................................13 
3.2 Síndrome do "caderno vazio” ............................................................................................14 
4. envELHECIMENTO CEREBRAL ....................................................................... 17 
Referências .............................................................................................................. 22 
 
 
2 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O envelhecimento possui uma dimensão existencial e se modifica com a 
relação do homem e o tempo com o mundo e sua própria história, revestindo-se não 
só de características biopsíquicas como também sociais e culturais. 
A "velhice" seria a última fase da existência humana, sendo que o "envelhecimento" 
está atrelado às mudanças físicas, psicológicas e sociais. Logo, "amadurecer" e 
"maturidade" significam a sucessão de alterações ocorridas no organismo e a 
obtenção de papéis sociais. (Néri e Freire 2000, p. 13). 
A maneira de pensar e agir é decisiva no processo de envelhecimento, que 
pode se dar ou não com alegria, tranquilidade, amor e principalmente motivação. 
"Motivação" origina-se da palavra "motivo", tendo sentido de causa. O ser humano se 
torna motivado ou estimulado por meio de necessidades internas ou externas que 
podem ser de caráter fisiológico como a fome, o sono, a doença, a fadiga, ou 
psicológico como o desejo de agradar e ser aceito pelas pessoas. 
A motivação não é um produto acabado, é antes um processo que se configura 
a cada momento no fluxo permanente da vida. É uma força, uma energia que nos 
impulsiona na direção de alguma coisa. Ela nos é, absolutamente, intrínseca. As 
pessoas têm a capacidade de nos estimular, incentivar e provocar nossas motivações. 
Um dos principais teóricos do campo da motivação foi Abraham Maslow (KHALSA, 
1997) que postulou sobre a idéia de um ciclo, o Ciclo Motivacional, segundo o qual as 
necessidades humanas estão organizadas e dispostas em cinco níveis (necessidades 
fisiológicas, segurança, sociais, "status" ou de estima, auto-realização), numa 
hierarquia de importância e de influência, através de uma pirâmide, cuja base estão 
as necessidades fisiológicas e no topo as necessidades de auto-realização. As 
necessidades dos seres humanos obedeceriam a uma escala de valores progressivos 
a serem transpostos. (KHALSA, 1997). 
As motivações e emoções constituídas ao longo da vida trazem aspectos 
psíquicos que influenciam parte da personalidade do ser, como os vínculos e os 
mecanismos de defesa. O termo vínculo "Alude a alguma forma de ligação entre as 
partes que estão unidas e inseparadas, embora claramente delimitadas entre si. Trata-
se, portanto, de um estado mental que pode ser expresso por meio de distintos 
modelos e com variados vértices de abordagem". (ZIMERMAN, 2000, pág.124). 
3 
 
 
Ainda, estes são elos de ligação intra, inter e transpessoais que sempre estão 
acompanhados de emoção e fantasias inconscientes. 
O vínculo está sempre acompanhado de um estado emocional e de algum grau 
de fantasia inconsciente. Estes vínculos podem ser conceituados como: vínculo do 
amor, vínculo de ódio, vínculo do conhecimento, vínculo do reconhecimento, vínculo 
depressivo, vínculo hipocondríaco, vínculo histérico, vínculo obsessivo e o vínculo 
paranóico. Podem aparecer isolados ou na forma de duplo vínculo. (ZIMERMAN, 
2000). 
Os mecanismos de defesa (deslocamento, formação reativa, idealização, 
masoquismo, negação, projeção, racionalização, regressão, repressão, sublimação) 
são distintos tipos de operações mentais que têm por finalidade a redução das tensões 
psíquicas internas, ou seja, as ansiedades. São geralmente inconscientes e tendem a 
ser rejeitados pelo ego através de múltiplas formas de negação, podendo ser 
encontrados em indivíduos saudáveis, porém, sua presença excessiva é, via de regra, 
indicação de possíveis sintomas neuróticos. São geralmente evidenciados nas 
compensações: esforço enorme para superar a fraqueza, compensando estas de 
outras maneiras. (ZIMERMAN,2000). 
Ao longo do ciclo da vida o homem vai formando vínculos usando mecanismos 
de defesa para superar aquilo que não lhe agrada e construindo na sociedade papéis 
e funções que desempenha muitas vezes sem se dar conta. Os papéis podem ser 
conceituados como sendo o conjunto das posições imaginárias assumidas pelo 
indivíduo durante sua infância, na relação com os demais, possui raiz imaginária e se 
concretiza na ação, na interação. Quanto mais sadio é um indivíduo, mais 
possibilidade terá de desempenhar diferentes papéis, terá um leque de papéis mais 
amplo, papéis criativos e não repetitivos. A função é efetiva, interna, é quando o 
individuo consegue ser ele mesmo e se arrisca. 
Pode-se entender que os vínculos definem padrões de funcionamento. São 
costumes que aprendemos através da comunicação não verbal. Utilizando um 
heredrograma podemos constatar o padrão de funcionamento a partir da posição que 
o indivíduo ocupa dentro do sistema familiar. 
 Na sociedade o homem muitas vezes deixa de lado as emoções e funções para 
construir papéis, o que pode levar a conflitos internos de emoções, que também 
podem ter sido gerados pela matriz de identidade que é o lugar do nascimento ou 
placenta social, onde se estabelece a comunicação entre a criança e o sistema social 
4 
 
 
da mãe, incluindo aos poucos os que dela são mais próximos. É o local onde a criança 
se insere desde o nascimento, relacionando-se com objetos e pessoas dentro de um 
determinado clima. A forma como uma criança percorre sua matriz de identidade é um 
parâmetro de como será sua vida adulta. Isto se refere não só à relação didática mãe-
filho, mas à resultante emocional de todas as relações envolvidas nesse núcleo, ou 
seja, a rede de relações familiares, aos fatores biológicos, psicológicos e sócios-
culturais. (BARROS, 1991). 
O amor, respeito e auto-estima que um indivíduo sente por si mesmo, espelha 
por seu turno, como foram suas primeiras relações estruturadoras e prognóstica, em 
última instância, como serão suas relações com o mundo. E ao longo do seu ciclo de 
vida as mudanças vão se expressando como crescimento, transformações, 
aperfeiçoamento, declínio. Os ciclos são diferentes e particulares variando de pessoa 
para pessoa. Cada evento de um ciclo predispõe a existência do ciclo seguinte e estes 
são divididos em fase que podem ser: de 0-10 anos fase do "eu obedeço", 10-20 anos 
fase do "eu devo", 20-30 anos fase "eu quero", 30-40 anos "eu preciso", 40-50 anos 
"eu escolho", 50-60 anos "eu compreendo", 60-70 anos "eu aceito". Nesta última fase 
citada podemos inserir o conceito de idoso que se inicia com a idade de 60 anos, no 
entanto, é difícil caracterizar uma pessoa como idosa utilizando como único critério a 
idade. 
Todos esses aspectos psíquicos e biológicos citados acima se bem vividos e 
bem estruturados proporcionarão às pessoas uma melhor qualidade de vida na 
velhice. 
O tema "envelhecimento do ser humano" ganhou papel de destaque na 
sociedade com o aumento da expectativa de vida. Kalache assinalou que o 
envelhecimento populacional, colocado como uma das conquistas do século XX, 
acabou se transformandonum grande desafio. Assegurar um envelhecimento 
saudável, com garantias de atendimento às necessidades básicas do idoso e, 
portanto, de qualidade de vida, exige não só políticas de saúde, mas também de 
educação, de meio ambiente e programas sociais. 
A terceira idade representa um grupo com potencial específico de pessoas 
ativas e expressivas em sua individualidade que, não raro, são vítimas da perda de 
autonomia proveniente das limitações físicas e mentais, da pouca ou nenhuma 
assistência familiar e insuficiência financeira. Assim, muitas famílias acabam por 
lançar mão das tradicionais instituições para idosos, popularmente conhecidas como 
5 
 
 
asilos. Estas, por sua vez, devem se adaptar às novas medidas preventivas e 
mudanças que visam atender de forma digna a seus clientes. Considerando a extrema 
fragilização dessa população idosa, conclui-se que merece não apenas cuidados 
básicos, mas cuidados que lhe possibilitem a obtenção da qualidade de vida. 
(SKINNER & VAUGHAN 1985). 
Podemos exemplificar esse presente trabalho com a pesquisa realizada no 
Asilo São Vicente de Paula pela aluna Luanna Papaspyrou Ferreira. 
A análise de dados a seguir é baseada na entrevista realizada no Asilo São 
Vicente de Paula no dia 18 de abril de 2006, com o idoso Pedro Ferreira da Silva, 
nascido em 15/01/1926, asilado a aproximadamente 6 anos, portador de Alzheimer e 
Depressão. Como informação complementar é importante citar que no dia da 
entrevista o idoso se encontrava em estado de extremo nervosismo por se negar a 
tomar banho, (segundo informações fornecidas por Sebastiana Lima Silva enfermeira 
do local há dez anos). Durante a entrevista, foram feitas cinco perguntas para o idoso 
Pedro Ferreira, em três delas a resposta adquirida foi a repetida afirmação: "Eu sou 
Pedro Ferreira da Silva" indagado sobre as atividades que possivelmente ele gostaria 
de estar desenvolvendo dentro do Asilo, ele rapidamente disse: "Queria fazer nada 
não, Tadeu não deixa eu sair daqui". 
Baseando nas teorias estudadas, pude verificar a grande influência da doença 
de Alzheimer sobre atitudes e respostas do idoso. Doença esta que afeta geralmente 
indivíduos com mais de 60 anos, onde as células de certas áreas do cérebro começam 
a morrer, formando cicatrizes em forma de estruturas microscópicas chamadas Placas 
Senis. Na medida em que as células morrem e são formadas as Placas Senis, o 
cérebro não consegue mais funcionar como deveria. No início, o paciente com Doença 
de Alzheimer mostra apenas uma leve perda de memória que não chega a atrapalhar 
o pensamento. Depois pode surgir uma fase com desorientação, dificuldade para 
tomar decisões ou mesmo para conversar. Daí para frente os sintomas se agravam 
dificultando não só a memória mas também julgamentos, competência, tomada de 
decisões e afeto. Observa-se, na maioria dos casos, grande irritabilidade e retraimento 
social, perda de interesses pessoais e hobbies que são abandonados, podendo haver 
negligência com a higiene e cuidados pessoais. (BALLONE, 2006). 
As respostas obtidas demonstram também a necessidade de auto-afirmação, 
que pode ser fruto de alguma experiência vivida no passado do idoso e desconhecida 
durante o curto período da entrevista. Sua irritabilidade com o banho e constantes 
6 
 
 
mudanças de humor, além de serem explicadas pela doença de Alzheimer podem ser 
reflexos da depressão que tem por características ocasionar mudanças constantes de 
humor e desinteresse por realizar quaisquer atividades. 
A ausência de familiares ou mesmo de pessoas conhecidas ocasionam 
sentimentos de carência que podem complementar o quadro da depressão, uma vez 
que a família tem entre a suas funções, segundo Osório, permitir o crescimento 
individual e facilitar os processos de individuação e diferenciação em seu seio, 
ensejando com isso a adequação de seus membros às exigências da realidade 
vivencial e o preenchimento das condições mínimas requeridas para um satisfatório 
convívio social. Portanto a ênfase na fisiologia das motivações e emoções associada 
a aspectos psicossociais. (OSORIO, 1996). 
A baixa qualidade de vida dentro da instituição colabora de maneira decisiva 
para o agravamento das situações acima, uma vez que a manutenção da capacidade 
funcional do idoso deveria ser trabalhada para desenvolver um ser atuante, 
participante, predisposto internamente a novas atitudes, crítico e potencializado para 
a criação. Seria importante criar condições e espaços para que experiências sensíveis 
e processos criativos motivacionais fossem expressos em vivências significativas, 
acrescentando vida aos anos. Daí a necessidade de reflexão e planejamento de ações 
que propiciem mais qualidade de vida para os idosos a fim de que sejam aproveitadas 
as suas potencialidades, experiências e sabedoria. (NERI & FREIRE, 2000). 
Conclui-se que falar de envelhecimento é discorrer sobre a idéia de vida. 
Envelhecemos, com ou sem atividades, independentemente da idade, contudo, 
podemos exercer influência sobre o modo como envelhecer, contribuindo para um 
significativo bem estar, com qualidade de capacitação em nossas 
atividades/movimentos e relacionamento social, geralmente encontrado através de 
programações ricas, que explorem diferentes áreas do conhecimento e atividades 
com uma metodologia adequada ao ritmo de sua faixa etária e satisfação de suas 
necessidades. 
É importante criar condições e espaços para que experiências sensíveis e 
processos criativos sejam expressos em vivências significativas, acrescentando vida 
aos anos. Daí a necessidade de reflexão e planejamento de ações que propiciem mais 
qualidade de vida para os idosos a fim de que sejam aproveitadas as suas 
potencialidades, experiências e sabedoria. (NERI & FREIRE, 2000). 
 
7 
 
 
A velhice é uma fase de transformações na qual o idoso necessita de cuidados 
especiais. 
As diversas sociedades constroem diferentes representações. 
 Sobre a velhice, a posição dos idosos na comunidade e na família e o 
tratamento que lhes deve ser indispensável. 
 
2. O ENVELHECIMENTO 
 
Figura 1 - Envelhecimento 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
 O envelhecimento não é um processo veloz nem radical, isto é, ele não chega 
de uma só vez nem de repente. 
Ele chega lentamente, para todas as pessoas, no processo natural da vida. 
Desde que nascemos nosso organismo vai progressivamente se modificando. As 
células de nosso corpo envelhecem, morrem e são ou não substituídas por outras. 
Ninguém envelhece da mesma maneira nem no mesmo ritmo. Isso significa 
que as experiências do envelhecimento não são iguais para todos. As diferenças 
genéticas socioeconômicas, culturais, espirituais resultam em diferentes experiências 
do envelhecimento. 
A velhice tem seu marco por volta dos 60-65 anos, porém o envelhecimento 
ocorre desde os primeiros momentos de vida intra-uterina. Precisamos lembrar que 
desde esta época já perdemos células, tecidos, experiências, entes queridos e que, 
"trabalhar as perdas", sejam elas físicas ou emocionais, vai nos levar a um 
envelhecimento saudável. Junto com os cuidados com a alimentação, com a 
8 
 
 
prevenção/tratamento das doenças que vão surgindo ao longo da vida, a busca do 
equilíbrio interior, dosando o inevitável estresse, prática de atividade física, 
manutenção de vínculos (família, amigos,...). 
 
 
1.1 A Questão do envelhecimento para quem está envelhecendo 
 
Figura 2 - Questão do envelhecimento 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
 Nossa aparência física pode influir imensamente sobre a maneira como nos 
sentimos a respeito de nós mesmos. Ela está constantemente mudando e vamos nos 
tornando cada vez mais velhos. As mudanças na aparência dos últimos anos podem 
se converter numa fonte de frustração para algumas pessoas se elas as associarem 
a uma perda de atração, perda de possibilidades. 
Muitas mudanças físicas que ocorremcom a idade afetam a aparência. Ganho 
de gordura generalizado, perda dos músculos, perda da estatura, má postura, pele 
seca, renovação mais lenta das células lubrificantes, pele pálida devido à perda de 
pigmentos da pele, manchas na pele muito expostas ao sol, os vasos sanguíneos se 
tornam mais evidentes devido ao afinamento da pele e outras no sistema psicológico 
e funcional. 
Especialistas do envelhecimento se preocupam em recuperar a capacidade 
funcional orgânica para assim, melhorar os hábitos diários, a qualidade de vida e 
adquirir o bem-estar. A perda de capacidade resulta na diminuição do bem-estar do 
geronte. 
9 
 
 
A idade avançada não indica o fim da vida de uma pessoa. Apenas a 
intensidade nas atividades do dia-a-dia é que diminuem. Porém os sabores da vida 
passam a ser mais bem degustados. 
O período de transição entre a vida ativa e a aposentadoria, quando não 
planejada, poderá trazer ao geronte o sentimento de perda, se planejada, um 
momento de nova conquista. Mas como saber a hora de planejar? Sempre é hora de 
planejar! Todos estamos cada dia mais velhos. A conquista ou a perda dependerá do 
perfil do geronte, dos planos para o futuro, dos programas para a terceira idade que 
ele fizer parte e da sociedade que lhe propiciar melhor nível de qualidade cultural, 
profissional, de saúde e de socialização. 
O estresse compromete o bem-estar do envelhecente. Um estresse pode 
geralmente provocar problemas físicos tais como tensões, dores de cabeça ou 
ataques cardíacos. A primeira coisa que o geronte deve fazer é identificar os eventos 
em sua vida que o conduzam à sensação de estresse e gradativamente substituindo 
por eventos de prazerosidade. 
É certo que não se pode evitar o envelhecimento. No entanto, podemos exercer 
influência sobre a maneira de como envelhecer, contribuindo para um significativo 
bem estar com qualidade de capacitação em nossas atividades/movimentos e 
relacionamento social. 
Envelhecer não significa necessariamente redução de capacidade e diminuição 
de atividades. Envelhecer pode significar enriquecimento espiritual e uma vida 
aprazível, a partir do momento que a Educação Física Gerontológica se disponibilizar 
em prol das pessoas que envelhecem, contribuindo para a aceitação de todos que, 
estão passando pela vida e construindo uma história. E não simplesmente, deixando 
a vida passar... 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
1.2 A Saúde e a doença na Terceira Idade 
 
Figura 3 - Saúde na Terceira Idade 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
Em qualquer idade as pessoas podem adoecer. A maioria dos idosos 
considera-se saudáveis, mesmo tendo um o outro pequeno problema. 
 Necessitam apenas de cuidados primários, ou seja, de vacinação, 
acompanhamento e educação em saúde para a promoção, prevenção e descoberta 
precoce de doenças não-transmissíveis, como diabetes, pressão alta, hipotireoidismo 
subclínico, osteoporose e outras. 
Em seu acompanhamento necessitam também de avaliação precoce dos 
danos auditivos e visuais e avaliação da saúde bucal, para evitar as perdas dentárias 
e as afecções periodontais. 
Outros idosos têm uma doença estabelecida, porém estável, como pressão 
alta, diabetes, asma brônquica, e necessitam de acompanhamento médico da equipe 
de saúde e do cuidador, visando ao tratamento medicamentoso e à orientação para a 
prevenção das conseqüências das doenças. 
Um pequeno grupo de idosos tem múltiplas doenças e vários outros problemas 
psicológicos e sociais associados. São idosos de alto risco que, por isso, precisam de 
acompanhamento individualizado, tanto do médico e da equipe de saúde como do 
cuidador e da família. 
A família e o cuiador devem estar constantemente alertas e participar 
ativamente das atividades de recuperação e reabilitação desses idosos, isto é, avaliar 
11 
 
 
dia após dia suas habilidades funcionais, tais como comer, andar, vestir-se, cuidar da 
sua higiene, calçar os sapatos e muitas outras. 
Os sintomas das doenças nos idosos em relação às outras idades são 
diferentes. Dizemos que seus sintomas são pobres. Isso significa que pequenos 
sintomas podem revelar grandes problemas. 
Os três sintomas de problemas recentes e agudos na pessoa idosa são a 
confusão, o delírio e a desorientação. Por causa disso, dizemos que sintomatologia 
no idoso é atípica, isto é, fora do comum. Por exemplo: o idoso pode ter uma 
pneumonia sem febre, sem dor e sem tosse. 
No idoso, um mesmo sinal, por exemplo, uma confusão mental, pode significar 
a existência de uma infecção urinária ou de um infarto. 
A fase aguda de uma doença no idoso, ao contrário de no jovem, pode ter uma 
longa duração. Por essa razão, vamos estar atentos, avaliando o seu equilíbrio 
biológico, psicológico e social, sem nos esquecer de que, mesmo fisicamente doentes, 
eles podem ter dificuldades pessoais, familiares, financeiras e sociais. Muitas vezes, 
os seus problemas têm a ver com a sexualidade, com a impotência, com os 
aborrecimentos da vida cotidiana, com a solidão e muitos outros fatores. São 
problemas complexos, densos e, muitas vezes, acompanhados do sentimento de 
incapacidade para lidar com eles. 
Em geral, tendemos a procurar causas e efeitos no mesmo dia, em poucas 
horas. Mas, às vezes, os processos fisiológicos têm relação de causa e efeito bem 
mais longos. 
Lembrar de emoções como tristezas, perdas, decepções, ansiedades, temores 
e preocupações na vida dos idosos, relacionando-as com as somatizações no corpo, 
insônia, diarréias, dores de cabeça e outras, e as emoções boas, como visitas, as 
cartas, as fotos, os almoços, as festas e os casamentos, com bem estar e vitalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
3. AS MEDIDAS DE PREVEÇÃO E REABILITAÇÃO SÃO INDISPENSÁBEIS 
 
Figura 4 - Reabilitação 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
A prevenção é muito importante para o idoso aprender o seu potencial e a 
continuar a se desenvolver e a crescer. Alcançar a saúde e o bem estar passa pela 
integração das dimensões: responsabilidade do próprio idoso, nutrição, atividade 
física, controle do estresse e organização do ambiente. 
A prevenção das doenças e das incapacidades ou das conseqüências das 
doenças é responsabilidade individual e coletiva. 
A prevenção individual visa reduzir riscos físicos, como as quedas; os riscos 
biológicos ou as infecções como as gripes e as pneumonias; os riscos químicos ou as 
iatrogenias, isto é, as conseqüências do uso abusivo de medicamentos; os riscos 
psicológicos como estresse, a ansiedade a depressão. 
A prevenção coletiva procura encorajar e reforçar o suporte social e outros 
fatores do meio que constituem proteção para o idoso, como a assistência à saúde, 
assistência educacional, cultural, religiosa, previdenciária e outras.Sem uma rede 
suporte social satisfatória, pode haver o aumento do impacto dos estresses 
ambientais e, como conseqüência, o aumento dos problemas psicológicos do idoso. 
Em nosso país, as precárias condições de vida de uma grande parcela de 
nossa população sem uma renda mínima que lhes assegure a satisfação de suas 
necessidades básicas, ainda mais agravadas na velhice, têm imposssibilitado a 
conquista de uma vida saudável para todos. 
13 
 
 
1.3 A Doença de Alzheimer 
 
Figura 5 - Alzheimer 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
Existem poucas doenças tão devastadoras quanto o Mal de Alzheimer, 
caracterizada pela perda progressiva de memória que se agrava à medida que a 
pessoa envelhece. Ainda sem cura, o Alzheimer atinge 10% da população acima dos 
65 anos e 50% dos idosos com mais de 85. 
É preciso procurar um médico ao primeiro sinal de falta de memória. Ao 
contrário do que a maioria das pessoas acredita, a perda de memória e os 
esquecimentos constantes não são conseqüência natural da idade. Geralmente, 
sinalizam algum problema no organismo e, em alguns casos, podem ser resolvidos 
com a troca de medicamentos e mudanças de hábitos. 
Entre os sintomascaracterísticos da doença estão a perda de memória 
causada pela morte dos neurônios, confusão e desorientação, agitação excessiva, 
ansiedade, alterações de personalidade, perda do senso crítico, desconfiança, 
dificuldades de fala e comunicação, inapetência e distúrbios de sono. A velocidade 
com que a doença progride varia de pessoa a pessoa, mas há medicamentos que 
conseguem retardar o avanço dos sintomas. 
Ainda não se sabe a causa da doença e, por isso, não existe como preveni-la. 
Há 20 anos, o Alzheimer não tinha nenhuma solução. Hoje, há quatro tipos de 
medicamentos que retardam a evolução da doença. Além disso, médico, paciente e 
familiares podem trabalhar juntos para melhorar a qualidade da vida do doente de 
Alzheimer. 
O geriatra aconselha que a família preste atenção redobrada ao 
comportamento do idoso em caso de suspeita de Alzheimer. 
14 
 
 
É muito raro a própria pessoa acreditar que está com Alzheimer. Quem vai 
perceber isso é a família. Por isso, é importante estar atento às mudanças de 
comportamento dos mais velhos e encaminhá-los ao especialista quando achar 
necessário. 
Não há um exame específico que identifique se a pessoa é portadora do 
Alzheimer. O que vai definir a existência da doença é uma série de testes no 
consultório médico, assim como aconversa entre o especialista e o paciente. 
Para retardar a progressão da doença, médicos sugerem medicamentos 
específicos, mudanças na estrutura de cuidados com o idoso, reabilitação e controle 
comportamental para deixar o doente mais tranqüilo. 
-Exame em fase de testes pode identificar doença 
Nos Estados Unidos, cientistas desenvolveram um exame de sangue que 
poderá ser usado para diagnosticar com pelo menos seis anos de antecedência o Mal 
de Alzheimer. O teste foi desenvolvido por pesquisadores da University School of 
Medicine, na Califórnia, e divulgado na revista "Nature Medicine". Os médicos afirmam 
que ele é eficaz em 100% dos casos e poderá ser útil no diagnóstico e no tratamento 
da doença. O exame permite identificar transformações de um grupo de proteínas no 
sangue responsáveis por transporte de mensagens cerebrais. Não há previsão da 
chegada do exame no Brasil. 
1.4 Síndrome do "caderno vazio” 
 
"Há 20 anos, o Alzheimer não tinha nenhuma solução. Hoje, há quatro tipos de 
medicamentos que retardam a evolução da doença". 
Um dos grandes problemas causados pelo Alzheimer e a desagregação 
familiar. Os cuidados com o doente são, na maioria dos casos, difíceis e cansativos 
para toda a família, que começa a se distanciar e a ressentir o parente portador da 
doença. Quando alguém da família é diagnosticado com Alzheimer, é muito 
importante mudar a rotina para proteger o núcleo familiar e evitar o acúmulo do 
estresse. 
Na maioria dos casos, quem cuida do doente é alguém da família e essa pessoa 
vai ficando cada vez mais isolada socialmente, deixa de sair, perde os amigos. É uma 
situação muito difícil que tem que ser trabalhada com cuidado para evitar que o 
cuidador acabe deprimido. 
15 
 
 
O Alzheimer é responsável por 60% dos casos da perda progressiva de 
memória em idosos, mas o esquecimento e a confusão mental podem ter outras 
causas, entre elas o derrame, que representa 20% dos casos, e medicamentos como 
antidepressivos. 
Nem toda perda de memória é causada pelo Alzheimer. Por isso, é muito 
importante procurar um médico ao primeiro sinal de confusão mental. Esquecimentos 
constantes não são normais e não devem ser considerados "coisa da idade". 
 
O Cuidado familiar e a atenção aos Idosos: Aspectos Sociais e Políticos 
 
Figura 6 - Atenção ao Idoso 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
 É características de todo os países do mundo que o cuidado com os idosos seja 
feito por um suporte informal. Esse sistema inclui família, amigos, vizinhos e membros 
da comunidade. Geralmente, é uma atividade prestada voluntariamente, sem 
remuneração. A família predomina como alternativa no sistema de suporte informal. 
 Existem muitas explicações para o cuidado familiar do idoso. Certamente a 
influência da tradição histórica é importante. Se na sociedade a responsabilidade tem 
sido da família, então o idoso já traz essa expectativa e a família não a questiona. 
Nesse contexto tradicional, o cuidado familiar faz parte da cultura. Quando não 
cumpre essa função adequadamente, a família sofre sanções sociais, pois é 
considerada negligente e/ou irresponsável. 
Adicionalmente aos imperativos culturais, existem os preceitos religiosos. 
Muitas religiões no mundo, se não todas, sustentam a noção de responsabilidade da 
16 
 
 
família pelos idosos (assim como por outros membros dependentes).As religiões 
orientais, por exemplo, enfatizam a norma da piedade filial, as religiões judaico-cristãs 
instruem seus seguidores a honrar seus pais e suas mães. 
As mulheres da família tem sido a maioria entre os cuidadores de idosos. Isso 
vem sendo constatado na maioria dos países. Parte da explicação deste fato está na 
tradição. No passado, as mulheres permaneciam dentro de casa, o que as tornava 
disponíveis para a atividade. 
Embora o relacionamento entre idosos e suas famílias varie de uma cultura 
para a outra, a maioria das sociedades valoriza a interação entre as gerações como 
uma das bases da construção da cultura. 
Com o tempo os padrões tradicionais parecem estar desmontando diante das 
transformações sociais, econômicas e demográficas. Como consequências mudam 
os valores culturais em relação aos idosos em geral e ao cuidado familiar do idoso em 
particular. 
Para acompanhar o fluxo de tais mudanças, são imprescindíveis programas e 
serviços para idosos. Tais recursos são urgentemente necessários, pois muitos idosos 
isolados, dependentes e abandonados necessitam de alternativas á assistência 
familiar de que não dispõem. 
Embora se constate, em muitos países, uma apreensão quanto à possibilidade 
de, ao oferecerem alternativas públicas, contribuírem para legitimar e encorajar o 
abandono das responsabilidades pela família é preciso considerar que uma forma de 
o Estado garantir aos cidadãos de qualquer idade o seus direitos sociais e reconhecer 
a necessidade de implantar estruturas de apoio aos idosos e suas famílias por meio 
de uma parceria entre governo, comunidade local, vizinhança, ONG’s, setor privado e 
organizações religiosas. 
A situação dos idosos necessita de uma prática que leve em consideração a 
quebra de preconceitos, no qual estes contribuem para uma visão negativa e 
homogeneizadora do envelhecimento. Objetivando iniciativas que posam beneficiar 
pessoas idosas e facilitando a sua melhor inserção na sociedade. 
 
 
 
17 
 
 
4. ENVELHECIMENTO CEREBRAL 
 
Figura 7 - Envelhecimento Cerebral 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
O processo de envelhecimento é extremamente complexo e multifatorial e, pela 
sua natureza multidisciplinar, o estudo das bases moleculares desse fenômeno tem 
gerado um grande número de teorias e uma vasta literatura (por ex.,Iampolskii e 
Galimov, 2005; Krause, 2007; Ishii e cols. 2007; Harman, 1955; Verzár, 1957; Szilard, 
1959; Orgell, 1963; Sheineider, 1987; Beckman e Ames, 1998; Peinado e cols. 2000; 
Kowald, 2001). 
Nesse campo se destacam as teorias estocásticas, baseadas no acúmulo 
aleatório de moléculas com alterações estruturais ou funcionais, e as teorias não-
estocásticas relacionadas com mecanismos programados no genoma de cada 
organismo (Lukiw, 2007; Lee e cols. 2006). Dentre as teorias estocásticas incluem-se 
as seguintes: radicais livres, lesão mitocondrial, alteração do colágeno, lesão de 
membrana, mutação genética e “erro catastrófico” na síntese de proteínas, e as 
teorias neuroendócrina e imunológica (Letiembre e cols. 2007). Com relação às não–
estocásticas podemos mencionar a teoria da senescência programada, proposta por 
Hayflic (1968), que se baseia na deterioração do programa genético que regula o 
desenvolvimentocelular. 
Durante o processo de envelhecimento ocorrem diversas alterações macro e 
microscópicas no encéfalo que incluem o peso e o volume do órgão, o aspecto dos 
18 
 
 
giros e sulcos, o volume dos ventrículos, o tamanho e o número dos neurônios. A 
extensão da ramificação dendrítica, o número de espinhos e de sinapses, o acúmulo 
de pigmento de lipofuscina nos neurônios e células gliais, e o aparecimento de 
modificações microscópicas características, quais sejam, as placas senis, os 
enovelamentos ou emaranhados neurofibrilares, a degeneração grânulo-vacuolar, os 
corpos de Hirano e a angiopatia amilóide cerebral (Martin, 2006; Mattson, 2007; 
Scahill e cols. 2003). 
Figura 8 - Envelhecimento 
 
 
Existe uma proposição de que os diversos fatores que produzem 
neurodegeneração o fazem através de processos diferentes, que culminam em uma 
via comum de cascata de sinalização que resulta na morte celular. Essas perdas 
celulares no sistema nervoso central (SNC) podem se manifestar como disfunções 
comportamentais, como por exemplo, déficits cognitivos. 
Portanto, o estudo dos mecanismos responsáveis pela neurodegeneração e a 
identificação precoce de alterações moleculares, tem sido cada vez mais importante 
para a compreensão das bases biológicas relacionadas com as alterações 
comportamentais normalmente associadas com o envelhecimento e/ou com as 
diversas neuropatogias. Alterações celulares e fisiológicas que acompanham o 
processo de envelhecimento parecem ter efeitos pronunciados sobre doenças 
neurodegenerativas. 
19 
 
 
Existe uma proposta de que alterações celulares, provocadas por fatores 
ambientais e ou genéticos, as quais acontecem ao longo do envelhecimento, aceleram 
a progressão de processos neurodegenerativos com disfunções cognitivas, 
associadas ou não com sintomas de demência (Troulinaki e Tavernarakis, 2005). 
Vários fatores externos, como o consumo crônico de etanol, podem ser responsáveis 
por danos celulares relacionados com o envelhecimento (Pfefferbaum e cols. 2006). 
Tem sido reconhecido que algumas alterações neuropatológicas observadas devido 
ao consumo crônico de etanol são comuns àquelas encontradas no processo de 
envelhecimento (Borges e cols. 1986). 
Por outro lado, Krazem e cols. (2003), mostraram que, animais idosos, 
consumindo etanol cronicamente tiveram melhoras em déficits cognitivos 
normalmente associados com o envelhecimento, enquanto que, os efeitos crônicos 
do etanol foram prejudiciais para animais adultos avaliados em tarefas de aprendizado 
e memória. Existem também evidências de que o consumo crônico de etanol induz a 
produção de radicais livres, causando danos celulares oxidativos (Vallett e cols. 1997). 
Alguns estudos têm mostrado que os radicais livres contribuem para a ação do etanol 
no SNC, principalmente em indivíduos idosos (Calapai e cols. 1996). 
O papel do estresse oxidativo na neurotoxicidade induzida pelo etanol também 
é reforçado por resultados que mostram um efeito benéfico de terapias anti-oxidantes 
durante a exposição ao álcool (Baydas e Tuzcu, 2005). Por outro lado, a restrição 
alimentar parece proteger o SNC dos efeitos relacionados com o envelhecimento (por 
ex., Eckles-Smith e cols. 2000; Mattson e cols. 2003; Prolla e Mattson, 2001). Apesar 
das controvérsias, alguns estudos sugerem que uma diminuição da taxa de produção 
de espécies reativas de oxigênio é um dos efeitos responsáveis pelo papel protetor 
da restrição alimentar. 
A restrição alimentar parece diminuir o estado oxidativo e danos em lipídios, 
proteínas e especialmente no DNA mitocondrial, podendo também diminuir mutações 
no DNA e, portanto, apresentar um efeito benéfico durante o envelhecimento (Barja, 
2004a; Barja, 2004b; Gredilla e Barja, 2005). Existem evidências de que os sistemas 
de regulação celular do íon Ca+2 estão comprometidos nos indivíduos idosos sendo 
responsáveis por disfunções sinápticas, prejuízos na plasticidade celular e 
degeneração neuronal (por ex., Raza e cols. 2007). 
Os efeitos adversos da idade na regulação neuronal de Ca+2 estão sujeitos a 
modificações genéticas (p.ex. mutações em presenilinas, alfa sinucleinas, huntingtina, 
20 
 
 
Cu/Zn superóxido dismutase e isoformas da apolipoproteína E) e também a fatores 
ambientais (dieta alimentar, exercícios, exposição a toxinas, drogas, etc.) os quais 
podem causar ou afetar o risco de doenças neurodegenerativas (Mattson, 2007). 
Dados obtidos por vários autores apontam para diferentes tipos de disfunções 
sinápticas causadas pelo envelhecimento, entre essas disfunções destacam-se as 
alterações na neurotransmissão e em componentes de sistemas de tradução de 
sinais, como por exemplo, proteínas cinases (por ex., Smith e cols. 2007; Williams e 
cols. 2007; Lee e cols. 2006). 
Vários sistemas neurotransmissores são afetados pelo envelhecimento, como 
por exemplo, serotoninérgico, glutamatérgico, aminérgico e colinérgico (Ossowska, 
1993; Stong, 1998; Barili e cols. 1998; Francis e cols. 1999; Stemmelin e cols. 2000). 
Sabe-se que, existe uma interação entre o sistema colinérgico e serotoninérgico, 
indicando uma modulação conjunta em processos de aprendizado e memória 
(Richter-Levin e Segal, 1993; Little e cols. 1995; Steckler e Sahgal, 1995). Alguns 
autores observaram que o nível de serotonina cerebral está alterado no 
envelhecimento, tanto em seres humanos como em animais de laboratório (Luine e 
Hearns, 1990; Steinbusch e cols. 1990; Meltzer e cols. 1998). 
Estudos com animais têm demonstrado um envolvimento do sistema 
serotoninérgico nas disfunções cognitivas relacionadas com o envelhecimento (Luine 
e Hearns, 1990; Normile e Altman, 1992; Gottfries, 1993; Flood e cols. 1993; Fontana 
e cols. 1995; Levkovitz e cols. 1994; Little e cols. 1995) e com o consumo crônico de 
etanol (Martin e cols. 1995). 
 
SISTEMAS NEUROTRANSMISSORES COM ENFOQUE NO SISTEMA 
SEROTONÉRGICO E DISFUNÇÃO COGNITIVA E ENVELHECIMENTO 
Trabalhos apontam para diferentes tipos de alterações em sistemas 
neurotransmissores durante o processo de envelhecimento, como alterações em 
parâmetros serotoninérgico, glutamatérgico, aminérgico e colinérgico (Ossowska, 
1993; Strong, 1998; Barili e cols. 1998; Francis e cols. 1999; Stemmelin e cols. 2000). 
Um dos sistemas mais bem estudados com relação ao processo de envelhecimento 
é o colinérgico (Decker, 1987; Muller e cols. 1991). 
Embora exista controvérsia sobre quais neurotransmissores desempenham 
papel importante nas funções cognitivas (Mason e Fibiger, 1979; Arendt e cols. 1983), 
21 
 
 
alguns pesquisadores consideram o sistema colinérgico, pois, uma hipofunção desse 
sistema é comumente encontrada no idoso com alterações cognitivas (Hodges e cols. 
1995). Sabe-se também que existe interação entre o sistema colinérgico e 
serotoninérgico, indicando uma possível modulação conjunta em processos de 
aprendizado e memória (RichterLevin e Segal, 1993; Little e cols. 1995). 
Utilizando métodos de lesões especificas do sistema serotoninérgico, Barnes e 
Sharp (Barnes e Sharp, 1999), mostraram que esse sistema parece estar envolvido 
com processos de aprendizado e memória. 
Existem também evidencias de que alterações na liberação de serotonina (5-
HT) resultam em disfunções cognitivas em ratos (Santucci e cols. 1996). No entanto, 
comparado ao sistema colinérgico, relativamente poucos estudos têm focado o 
sistema serotoninérgico e sua possível relação com aspectos de disfunções cognitivas 
normalmente encontradas no idoso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
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