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Notas de Aula de Análise Rn I Edson Alex Arrázola Iriarte Fevereiro 2021 1 Sumário 1 O espaço vetorial Rn 3 2 Produto Interno e Norma 3 2.1 Normas em Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 2.2 Conjuntos Convexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 3 Conjuntos abertos 5 3.1 Propriedades dos conjuntos abertos de Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 3.2 Fronteira de um conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 4 Sequências em Rn 6 4.1 Subsequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 4.2 Limite de uma sequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1 O espaço vetorial Rn • Rn é o conjunto de todas as n-uplas ordenadas x = (x1, x2, · · · , xn), onde cada xi ∈ R é chamada i-ésima coordenada de x. • Os elementos de Rn são chamados pontos ou vetores (se n > 1) • Em Rn podemos definir as seguintes operações: Soma x = (x1, · · · , xn) ∈ Rn y = (y1, · · · , yn) ∈ Rn } ⇒ x+ y = (x1 + y1, · · · , xn + yn) ∈ Rn Multiplicação por escalar α ∈ R x = (x1, · · · , xn) ∈ Rn } ⇒ α · x = (αx1, · · · , αxn) ∈ Rn • As operações definidas satisfazem as seguintes propriedades: 1. x+ y = y + x (comutativa) 2. x+ (y + z) = (x+ y) + z (associativa) 3. 0 = (0, 0, · · · , 0) ∈ Rn (vetor nulo) x+ 0 = x e 0 + x = x, ∀x ∈ Rn (existência do neutro) 4. x = (x1, · · · , xn) ∈ Rn −x = (−x1, · · · ,−xn) ∈ Rn (oposto de x) x+ (−x) = 0 e (−x) + x = 0 (existência do oposto) 5. α(x+ y) = α · x+ α · y (distributividade) 6. (α+ β)x = α · x+ β · x (distributividade) 7. α(βx) = (αβ)x (associatividade) 8. 1 · x = x (multiplicação por 1) ∴ (Rn,+, · ) é um espaço vetorial real 2 Produto Interno e Norma Produto Interno Sejam x ∈ Rn, y ∈ Rn, O produto interno ou escalar de x e y é definido por 〈x, y〉 = n∑ i=1 xiyi Observemos que ∀x, y, z ∈ Rn e ∀α ∈ R tem-se que 1. 〈x, y〉 = 〈y, x〉 2. 〈x+ y, z〉 = 〈x, z〉+ 〈y, z〉 3. 〈x, x〉 ≥ 0 e 〈x, x〉 = 0 ⇔ x = 0 4. 〈αx, y〉 = α 〈x, y〉 = 〈x, αy〉 Norma Sea x ∈ Rn. A norma de x é definida por ‖x‖ = √ 〈x, y〉 = √√√√ n∑ i=1 x2i Observemos que ∀x, y ∈ Rn e ∀α ∈ R tem-se que 1. ‖x‖ ≥ 0 e (‖x‖ = 0 ⇔ x = 0) 2. ‖x+ y‖ ≤ ‖x‖+ ‖y‖ (desigualdade triangular) 3. ‖αx‖ = |α| ‖x‖ Desigualdade de Cauchy-Schwarz x ∈ Rn y ∈ Rn ] ⇒ | 〈x, y〉 | ≤ ‖x‖‖y‖ 2.1 Normas em Rn Norma do Máximo: x ∈ Rn ⇒ |x|M = max{ |x1|, · · · |xn| } Norma da Soma: x ∈ Rn ⇒ |x|Σ = |x1|+ · · ·+ |xn| Definição 1 (Normas equivalentes). Duas normas ‖ · ‖1 e ‖ · ‖2 em Rn são equivalentes se ∃ a, b > 0 (constantes) tq a‖x‖1 ≤ ‖x‖2 ≤ b‖x‖1, ∀x ∈ Rn Teorema 1. |x|M ≤ ‖x‖ ≤ |x|Σ ≤ n · |x|M , ∀x ∈ Rn Todas as normas em Rn são equivalentes. Bolas e esferas em Rn Sejam a ∈ Rn e ρ > 0 (i) Bola aberta de centro em a e raio ρ: Bρ(a) = {x ∈ Rn | ‖x− a‖ < ρ } = B(a; ρ) (ii) Bola fechada de centro em a e raio ρ: Bρ(a) = {x ∈ Rn | ‖x− a‖ ≤ ρ } = B[a; ρ] (iii) Esfera de centro em a e raio ρ: Sρ(a) = {x ∈ Rn | ‖x− a‖ = ρ } = S[a, ρ] Caso particular (Bola e esferas unitárias no plano) • Norma Euclideana: ‖(x, y)‖ = √ x2 + y2 B1(0) = { (x, y) ∈ R2 | x2 + y2 ≤ 1 } • Norma do Máximo: ‖(x, y)‖M = max(|x|, |y|) B1(0) = { (x, y) ∈ R2 | |x| ≤ 1 e |y| ≤ 1 } • Norma da Soma: ‖(x, y)‖Σ = |x|+ |y| B1(0) = { (x, y) ∈ R2 | |x|+ |y| ≤ 1 } 2.2 Conjuntos Convexos Definição 2. Sejam a, b ∈ Rn. O segmento de reta de extremos a e b é o conjunto [a, b] = {x ∈ Rn |x = tb+ (1− t)a ; 0 ≤ t ≤ 1 } Definição 3. O conjunto C ⊂ Rn é convexo se para cada par a, b ∈ C tem-se [a, b] ⊂ C. Teorema 2. Toda bola (aberta ou fechada) em Rn é convexa Prova: � Exemplo: Os conjuntos C1 = R2 − {(0, 0)} e C2 = {(x, y) ∈ R2 : y ≤ x2} não são convexos. Definição 4 (Conjuntos limitados). Seja A ⊂ Rn. Dizemos que A é limitado se ∃k > 0 tal que ‖x‖ ≤ k, ∀x ∈ A ou seja, se ∃k > 0 : A ⊂ Bk(0) . Se A for limitado considerando a norma ‖ · ‖, então será limitado considerando a norma ‖ · ‖M ou ‖ · ‖Σ 3 Conjuntos abertos Definição 5 (Ponto interior). Sejam A ⊂ Rn e a ∈ A. Dizemos que a é um ponto interior de A se ∃ρ > 0 tal que Bρ(a) ⊂ A O interior de A, denotado por int(A) = o A, é o conjunto dos pontos interiores de A, ou seja, int(A) = {x ∈ A | x é um ponto interior de A } ⊂ A Definição 6. Seja A ⊂ Rn. Dizemos que A é aberto se todos seus pontos são interiores, isto é, se ∀x ∈ A, ∃ρ > O : Bρ(x) ⊂ A A é aberto ⇔ int(A) = A Exemplo: Toda bola aberta Br(a) ⊂ Rn é um aberto. Prova: Exerćıcio. Observações: 1. int(A) é aberto 2. int(A) é o maior conjunto aberto de A, isto é, ∀B ⊂ A,Baberto ⇒ B ⊂ int(A) 3.1 Propriedades dos conjuntos abertos de Rn 1. Rn e ∅ são abertos 2. Interseção finita de abertos é aberto 3. União de uma famı́lia qualquer de abertos é aberto Observação 1. ∞⋂ k=1 B1/k(0) = {0} (interseção infinita de conjuntos abertos não é aberto) 3.2 Fronteira de um conjunto Dados um conjunto A ⊂ Rn e um ponto x ∈ Rn, temos três possibilidades que se excluem mutuamente “ou x ∈ int(A), ou x ∈ int(Ac) ou então toda bola aberta de centro em x contém pontos de A e pontos do complementar de A ” Definição 7. O conjunto ∂A = {x ∈ Rn | ∀r > 0, Br(x) ∩A 6= ∅ e Br(x) ∩Ac 6= ∅ } é a fronteira de A. Observação 2. A é aberto ⇔ ∂A ∩A = ∅ (A é aberto se, e somente se, nenhum de seus pontos é ponto de fronteira de A) 4 Sequências em Rn Definição 8. Uma sequência em Rn é uma aplicação x : IN → Rn k 7→ x(k) = xk︸ ︷︷ ︸ notação Dizemos que xk é o k-ésimo termo da sequência. Denotaremos uma sequência por (xk)k∈IN, {xk}k∈IN ou simplesmente {x k}. Exemplo 1. A seqüencia {xk} definida por xk = ( 1 k , 1 k+1 ) é uma sequência em R2. Observação 3. Seja {xk} uma sequência em Rn. O k-ésimo termo da sequência é xk = (xk1 , x k 2 , · · · , xkj , · · · , xkn) Então, para cada 1 ≤ j ≤ n temos que {xkj } é uma sequência em R chamada sequência das coordenadas de {xk}. 4.1 Subsequência Seja N1 = {k1 < k2 < · · · < kj < · · · } ⊂ IN Uma subsequência da sequência {xk} é a restrição de x a N1, isto é x|N1 = x ◦ i, onde i : N1 ↪→ IN kj 7→ kj Notação: {xkj} é uma subsequência da sequência {xk} Definição 9 (Sequência Limitada). Dizemos que a sequência {xk} é limitada se ∃M > 0 : ‖xk‖ ≤M, ∀k ∈ IN ou seja ∃M > 0 : xk ∈ BM (0), ∀k ∈ IN Observação 4. {xk} é limitada ⇔ para cada 1 ≤ j ≤ n, {xkj } é limitada em R 4.2 Limite de uma sequência Seja {xk} uma sequência em Rn. Dizemos que a ∈ Rn é o limite de {xk} se ∀� > 0,∃k0 ∈ IN : k ≥ k0 ⇒ ‖xk − a‖ < � ou ∀� > 0,∃k0 ∈ IN : k ≥ k0 ⇒ xk ∈ B�(a) Nesse caso, dizemos que {xk} converge para a ∈ Rn, e escrevemos lim k→∞ xk = a, limxk = a, ou xk → a Observação 5. Se @a ∈ Rn tal que limxk = a dizemos que a sequência {xk} é divergente Note que limxk = a ⇔ lim ‖xk − a‖ = 0 ↑ ↑ convergência emRn convergência emR Consequências imediatas da definição: 1. Se limxk = a então o limite é único 2. Se limxk = a então limxkj = a, para toda subsequência {xkj} de {xk} 3. limxk = a ⇔ toda subsequência de {xk} possui uma subsequência que converge para a Prova: Provaremos a primeira afirmação, as outras ficam como exerćıcio. Se xk → a e xk → b, usando que ‖a− b‖ ≤ ‖xk − a‖+ ‖xk − b‖ temos que a = b. Teorema 3. Toda sequência convergente é limitada Observação 6. A rećıproca do Teorema é falsa. De fato, seja xk = { e1, se k é par e2, se k é ı́mpar A sequência é tal que ‖xk‖ ≤ 1, ∀k ∈ IN. No entanto {xk} é divergente. Teorema 4. Seja {xk} uma sequência em Rn, onde xk = (xk1 , · · · , xkj , · · · , xkn). Seja a = (a1, · · · , aj , · · · , an) ∈ Rn. Então xk → a ⇔ xkj → aj , para cada 1 ≤ j ≤ n Prova: (Idéia) Propriedades dos limites Sejam as sequências: • limxk = a• lim yk = b • limαk = α (sequência em R) Então 1. lim(xk ± yk) = a± b 2. limαk · xk = α · a 3. lim 〈 xk, yk 〉 = 〈a, b〉 4. lim ‖xk‖ = ‖a‖ Prova: (Idéia) Teorema 5 (Bolzano-Weierstrass). Toda sequência limitada em Rn possui uma subsequência convergente Definição 10 (Valor de Aderência). a ∈ Rn é valor de aderência de uma sequência {xk} ⊂ Rn, se a é o limite de alguma subsequência de {xk}. Observações: 1. Se {xk} é limitada, pelo Teorema de Bolzano Weierstrass, o conjunto de valores de aderência é 6= ∅ 2. Se {xk} é convergente, então possui um único valor de aderência (Lembre que xk → a ⇒ xkj → a, ∀{xkj} ⊂ {xk}) A rećıproca desta afirmação não é verdadeira. De fato, a sequência de números reais 1, 2, 1, 3, 1, 4, 1, 5, · · · , 1, n, 1, n+ 1, · · · possui um único valor de aderência, a = 1, no entanto, ela não converge. Teorema 6. Seja {xk} uma sequência limitada em Rn. Então {xk} é convergente ⇔ {xk} possui um único valor de aderência Seqüencia de Cauchy A sequência {xk} ⊂ Rn é uma sequência de Cauchy se ∀� > 0,∃k0 ∈ IN : k, k′ ≥ k0 ⇒ ‖xk − xk ′ ‖ < � Observações: 1. {xk} é de Cauchy em Rn ⇔ {xkj } é de Cauchy em R, para cada 1 ≤ j ≤ n (Lembre que {xkj } é a sequência das j-ésimas coordenadas de cada xk ) 2. {xk} é de Cauchy ⇔ {xk} é convergente 3. ou seja, toda sequência de Cauchy é convergente. O espaço vetorial Rn Produto Interno e Norma Normas em Rn Conjuntos Convexos Conjuntos abertos Propriedades dos conjuntos abertos de Rn Fronteira de um conjunto Sequências em Rn Subsequência Limite de uma sequência
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