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Aula 2 O Normal e O Patológico em Psicopatologia

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PSICOPATOLOGIA GERAL – Prof. Ueslei Solaterrar da Silva Carneiro 
UNIDADE I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO E DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS 
Aula 2 – O Normal e O Patológico em Psicopatologia 
O QUE É SER NORMAL PARA VOCÊ? 
O Que É Ser Normal? 
• O conceito de normalidade em psicopatologia também implica a própria definição do que é saúde e doença/transtorno mental. Os 
próprios termos levantam discussão. No século XIX, usava-se o termo “alienação”, oriundo do direito; no século XX, passou-se a usar o 
termo “doença mental”; e, nas últimas décadas, com os sistemas diagnósticos Classificação internacional de doenças e problemas 
relacionados à saúde (CID) e Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM) ganhando protagonismo, passou-se a usar o 
termo “transtorno mental” (DALGALARRONDO, 2019); 
• O Normal e o Patológico (1966) - Canguilhem (1904-1995, médico e filósofo francês): 
• Ideia de normatividade: o normal tem a ver com as normas de funcionamento vigentes em dada sociedade e a distribuição 
estatisticamente normal de comportamentos observáveis. Ou seja, a definição de normal vem sempre a partir de um valor e não de um 
fato. 
• A discussão propõe que o normal e o patológico façam parte da mesma essência do ser humano, sendo reações do corpo e da 
personalidade. Valorizar o normal individual para cada sujeito e não apenas uma norma que visa atingir um ideal de saúde comum a 
todos; 
• Canguilhem valoriza uma atitude terapêutica em detrimento de uma atitude que apenas quer restaurar para a norma; 
• Há vários e distintos critérios de normalidade e anormalidade em medicina e psicopatologia. A adoção de um ou outro depende, entre 
outras coisas, de opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas do profissional ou da instituição em que ocorre a atenção à saúde 
(Canguilhem, 1978). 
 
Definições de Anormalidade 
• Critérios de Normalidade: 
➢ Como ausência de doença (“a saúde é a vida no silêncio dos órgãos” 0Leriche, 1936); 
➢ Normalidade ideal (utopia, arbitrariamente define-se norma ideal); 
➢ Normalidade estatística (maior frequência, fenômenos quantitativos- como peso, altura, tensão arterial, horas de sono, quantidade 
de sintomas ansiosos, etc.. E o que dizer das cáries dentárias, a presbiopia, os sintomas ansiosos e depressivos leves, o uso pesado de 
álcool, por exemplo?); 
➢ Normalidade como bem-estar (OMS, 1946); 
➢ Normalidade funcional; 
➢ Normalidade subjetiva (percepção subjetiva do próprio indivíduo); 
➢ Normalidade como liberdade (a doença mental como perda da liberdade existencial, constrangimento do ser, é fechamento, 
fossilização das possibilidades existenciais); 
➢ Normalidade Operacional (critério assumidamente arbitrário, com finalidades pragmáticas explícitas. Ex.: DSM E CID); 
 
Medicalização, Psiquiatrização, Psicologização 
• Os múltiplos (e, às vezes, confusos) sentidos do termo “medicalização” na atualidade (Zorzanelli et al., 2014); 
• Por medicalização entende-se “o processo pelo qual problemas não médicos passam a ser definidos e tratados como problemas médicos, 
frequentemente em termos de doenças ou transtornos” (Conrad, 2007); 
• No campo da psicopatologia, medicalização é um conceito que se refere mais especificamente à transformação de comportamentos 
desviantes em doenças ou transtornos mentais, implicando geralmente a ação do controle e poder médico sobre as condições 
transformadas em entidades médicas (DALGALARRONDO, 2019); 
• Assim, o termo “medicalização” teve, no início do uso desse construto, um sentido de denúncia sobre o chamado “poder médico”. Os 
termos “psiquiatrização” (transformação de problemas não psiquiátricos em psiquiátricos) e “psicologização” (transformação de 
problemas não psicológicos em psicológicos), embora menos empregados, teriam um sentido análogo ao de “medicalização”. 
• Em diversos países e no Brasil, em particular, há o paradoxo de muitas pessoas com transtornos mentais graves (como esquizofrenia, 
transtorno bipolar, autismo, depressão grave, etc.) não terem acesso a cuidados de saúde mental adequados, enquanto em outros 
grupos, socioeconomicamente mais privilegiados, há medicalização e psiquiatrização de condições não médicas (p. ex., a tristeza comum, 
decorrente de conflitos e/ou infelicidade conjugal, sendo medicalizada como “depressão” e tratada com psicofármacos, ou o fracasso 
escolar devido a inadequações pedagógicas sendo psiquiatrizado como TDAH) (DALGALARRONDO, 2019) 
 
NO NORMAL CABE MUITA COISA: DE PERTO NINGUÉM É NORMAL.... 
 
PARA SEGUIRMOS REFLETINDO... Qual a sua loucura? 
Referências Bibliográficas 
• CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1978. 
• DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2º Edição. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Cap. 04-A questão da 
normalidade e da medicalização). 
• Café Filosófico: A história da psicopatologia no Brasil -- Benilton Bezerra. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=r-
XJtS0A1WQ. 
• O que é transtorno mental? | Mario Eduardo Costa Pereira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=I_UDIZnQQlM. 
• Nascimentos da psicologia: Normal ou patológico? | Christian Dunker | Falando daquilo 31. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=X570ChG5Nas.

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