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PLEURAS PULMONARES MORFOFISIOLOGIA DAS PLEURAS: Os pulmões são revestidos por uma túnica serosa de camada dupla que se chama pleura. 1. PLEURA PARIETAL – camada superficial que reveste a parede da cavidade torácica. 2. PLEURA VISCERAL – camada profunda que recobre os pulmões. As pleuras são revestidas por células mesoteliais. A pleura parietal se divide em três compartimentos: − Mesotelial: células mesoteliais e membrana basal. − Submesotelial: tecido conjuntivo submesotelial, lâmina elástica externa, vasos sanguíneos e linfáticos, e lâmina elástica interna. − Submesotelial de tecido adiposo: tecido adiposo e músculo esquelético. ➢ Os vasos sanguíneos da pleura se originam da artéria brônquica. ➢ Os vasos linfáticos da pleura drenam para os linfonodos mediastinais, intercostais e esternais. Entre as pleuras existe uma cavidade chamada de cavidade pleural que possui uma pequena quantidade de líquido (15mL) lubrificante, claro, incolor, com baixa concentração de proteínas e com 1500 células/µL (monócitos, poucos linfócitos, macrófagos e células mesoteliais, sem hemácias), secretado pelas membranas. Esse líquido possui a função de reduzir o atrito entre as membranas e permitir que elas deslizem facilmente uma sobre a outra durante a respiração. Além disso, o líquido pleural faz com que as pleuras se apoiem uma à outra – tensão superficial. Cada pulmão é revestido por duas pleuras e possui uma cavidade pleural. MECANISMO DE DEFESA DA PLEURA: Imunidade inata da pleura – células mesoteliais reconhecem o organismo agressor e iniciam uma resposta inflamatória e coordenam essa ação que irão depender do agente agressor. A superfície das células mesoteliais é coberta por glicoconjugados (sialomucinas) – moléculas fortemente aniônicas que repulsam a presença de células anormais, partículas e microrganismos, funcionando como uma cobertura mecânica que impede a aderências dos agentes infecciosos. A membrana basal pleurítica secreta enzimas (lisozima, IgG, IgA) que ajudam na função antibacteriana. Além disso, as células mesoteliais produzem fibronectina que inibe a adesão dos microrganismos (Pseudomonas aeruginosa). Por outro lado, as células mesoteliais produzem radicais de oxido nítrico em resposta a estimulação por citocinas, lipopolissacarídeos e pariculados, contribuindo para o controle de infecções no espaço pleural. Quando ocorre uma inflamação na membrana da pleura, pleurite/pleurisia, pode causar dor ao deslizamento da pleura parietal e visceral, e quando não tratada pode se acumular líquido pleural em excesso no espaço pleural – derrame pleural. Por outro lado, as cavidades pleurais podem se encher de ar ou sangue, originando um pneumotórax ou hemotórax. Essas condições podem ser causadas por uma abertura cirúrgica do tórax ou resultado de um ferimento por arma branca ou projetil de arma de fogo. Isso pode fazer com que os pulmões entrem em colapso – atelectasia. OBJETIVOS: 1. Revisar a morfofisiologia das pleuras 2. Compreender a fisiopatologia, etiologia, sinais e sintomas do pneumotórax e do derrame pleural 3. Entender os exames utilizados para o diagnóstico dessas patologias DERRAME PLEURAL O derrame pleural é caracterizado pelo aumento do líquido pleural na cavidade pleurítica pela entrada de muito ou saída de pouco líquido. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA: Os derrames pleurais são classificados em transudatos que pode ser tratado sem avaliação extensiva e exsudato que precisa de maior investigação. 1. DERRAME PLEURAL TRANSUDATO − Baixa densidade − Pequena concentração de proteínas − Ausência de células inflamatórias − O líquido se acumula por distúrbios nos fatores hidrodinâmicos que regulam a formação e absorção do líquido pleural, ou seja, aumento da pressão hidrostática e diminuição da pressão oncótica na circulação pulmonar ou sistêmica − Causas: insuficiência cardíaca, cirrose hepática, distúrbios renais (síndrome nefrótica), hipoalbuminemia, hidronefrose, pericardite constritiva, atelectasia, diálise peritoneal, pulmão encarcerado, síndrome do extravasamento capilar sistêmico e mixedema no hipotireoidismo 2. DERRAME PLEURAL EXSUDATO − Densidade superior a 1020 − Níveis de proteínas maiores que 2 g/dL − Células inflamatórias − O líquido se acumula pelo aumento da permeabilidade capilar sanguínea por obstrução do fluxo linfático ou por diminuição da pressão no espaço pleural o que leva a exsudação de líquido, proteína células e outros constituintes séricos − Causas: inflamações (pneumonias, tuberculose, bronquiectasia), neoplasias primárias da pleura ou metastáticas, embolia pulmonar, infecções virais, cirurgia de revascularização coronariana, sarcoidose, uremia, abscesso infradiafragmático, infecção pelo HIV, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, fármacos (bromocriptina, dantroleno, nitrofurantoína, interleucina- 2), síndrome de hiperestimulação, pancreatite, síndrome da veia cava superior, ruptura esofágica, tumor ovariano e síndrome das unhas amarelas − Para determinar se o derrame é do tipo exsudato, avalia-se a presença de pelo menos um componente: 1. Relação proteínas na pleura/soro maior que 0,5 2. Relação DHL (desidrogenase lática) pleura/soro maior que 0,6 3. Teor de DHL no líquido pleural maior que 2/3 do valor normal máximo de DHL sérica ➢ Síndrome da unha amarela – derrames pleurais exsudativos crônicos, linfedema e unhas amarelas distróficas – consequência da drenagem linfática deficiente. ➢ Derrame quiloso (quilotórax) – derrame branco e leitoso, rico em triglicerídeos. Esse derrame é causado por lesão traumática ou neoplásica (linfomatosa) ao ducto torácico, além da síndrome da veia cava superior. ➢ Derrames quiliformes (colesterol ou pseudoquiloso) – baixo teor de triglicerídeos e alto teor de colesterol. Esses derrames ocorrem pela lise de eritrócitos e neutrófilos em derrames de longa evolução, quando a absorção é bloqueada pela pleura espessada. ➢ Hemotórax – líquido sanguinolento na cavidade pleural por conta de trauma ou coagulopatia ou após ruptura de grandes vasos (aorta e artéria pulmonar). ➢ Empiema – presença de pus no espaço pleural, decorrente de complicação da pneumonia, toracotomia, abscessos pulmonar, hepático e subdiafragmático ou trauma penetrante com infecção secundária. ➢ Encarceramento pulmonar – quando o pulmão é cercado por tecido fibroso, sendo desencadeado por empiema ou tumor. Já que o pulmão não consegue se mover, ocorre uma negatividade da pressão pleural e aumento da transudação de líquidos dos capilares pleurais parietais. O líquido é limítrofe entre o transudato e exsudato. ➢ Derrames iatrogênicos – ocorre pela migração e deslocamento da sonda alimentar para dentro da traqueia ou pela perfuração da VCS por um acesso venoso central o que gera infusão de alimentos ou solução intravenosa para cavidade pleural. SINAIS E SINTOMAS: − Alguns são assintomáticos e descobertos por acidente no exame física ou radiografia de tórax − Dispneia − Dor torácica pleurítica − Desconforto vago ou dor aguda que piora na inspiração – inflamação da pleura parietal − Dor na parte inferior do tórax ou dor abdominal − Dor referida no pescoço ou no ombro − Ausência de frêmito tátil, macicez a percussão e diminuição dos sons respiratórios do lado do derrame – exame físico − Respiração rápida e superficial − Atrito pleural – sons intermitentes, sons desenvolvidos e ásperos, sendo auscultado na inspiração e na expiração DIAGNÓSTICO: 1. Exame físico: • Ausência de frêmito tátil • Macicez a percussão • Diminuição dos sons respiratórios do lado do derrame • Atrito pleural com sons intermitentes que simulam estertores crepitantes e sons desenvolvido, áspero e rangente que são auscultados na respiração (inspiraçãoe expiração) • Sons de atrito adjacentes ao coração (pleuropericárdico) variam com os batimentos cardíacos e podem ser confundidos com atrito pericárdico (melhor auscultado na borda esquerda do esterno, 3° ou 4° espaços intercostais) 2. Radiografia de tórax • Em incidência lateral e posição ortostática – 75 mL de líquido mostram velamento do seio costofrênico posterior. Já o velamento do seio costofrênico lateral requer 175 mL, mas suporta até 500 mL • Derrames em grandes proporções causam opacidade de partes do hemitórax e compressão mediastinal • Derrames superiores a 4L, ocorre opacidade total e desvio do mediastino para o lado contralateral Derrames pequenos. Derrames volumosos. 3. Toracocentese Deve ser realizado em todos os pacientes com líquido pleural e espessura maior ou igual a 10 mm na incidência lateral da radiografia com o intuito de remover o acúmulo de líquido seja para fins diagnóstico ou terapêutico. 4. Análise do líquido pleural Utilizada para diagnosticar a causa do derrame pleural, se iniciando com a inspeção visual: − Distinguir sanguinolento e quiloso de outros derrames − Identificar derrames purulentos fortemente sugestivo de empiema − Identificar líquido viscoso, característico de alguns mesotelioma Em seguida, avalia-se a proteína total, desidrogenase láctica, contagem de células, coloração de Gram e cultura de bactérias aeróbias e anaeróbias. Além disso, pode ser realizado outros exames como glicemia, citologia, marcadores de tuberculose no líquido (adenosina desaminase ou interferom-gama), amilase, culturas e colorações micobacterianas e fúngicas. Essa análise permite a distinção entre transudatos e exsudatos por meio dos critérios de Light. 5. Angiografia por TC Utilizado quando o diagnóstico é incerto mesmo com a análise do líquido pleural para identificação de embolia pulmonar, infiltrados pulmonares ou lesões mediastinais. PNEUMOTÓRAX ETIOLOGIA: O pneumotórax se caracteriza pelo acúmulo de ar ou gás na cavidade pleural, podendo ser espontâneo ou secundário a traumatismos (costela quebrada) ou manipulação torácica. Normalmente, está associado a doenças pulmonares como enfisema, asma ou tuberculose. O pneumotórax exige aspiração por cateter ou torascotomia com dreno. 1. Pneumotórax espontâneo idiopático – pessoas jovens e longilíneas, homens e tabagistas. Esse tipo resulta da ruptura de bolhas subpleurais apicais e alterações na porosidade do mesotélio da pleura visceral secundárias a inflamação na camada elastofibrótica. 2. Pneumotórax secundário – ocorre pela ruptura de alvéolos na cavidade pleural por conta de enfisema pulmonar, fibrose cística, tuberculose, câncer broncopulmonar e linfangioleiomatose e histiocitose de células de Langerhans, além de tumores (mesotelioma) ou catamenial (associado a menstruação e endometriose – pneumotórax catamenial). 3. Pneumotórax hipertensivo – condição grave que ocorre quando se forma um mecanismo valvar em que o ar entra no espaço pleural durante a inspiração, porém não consegue sair o que aumenta a pressão interna na cavidade pleural que pode comprimir e colapsar os pulmões e estruturas mediastinais, além de deslocar o mediastino. 4. Pneumotórax traumático – complicação comum de contusões e lesões torácica penetrantes como a fratura de costela. 5. Pneumotórax iatrogênico – provocado por intervenções médicas como aspiração transtorácica com agulha, toracocentese, instalação de acesso venoso central, ventilação mecânica e reanimação cardiopulmonar. Consequência do pneumotórax – atelectasia por compressão (colapso pulmonar); deslocamento do mediastino por vazamento de válvulas esférica e diferença de pressão; comprometimento da circulação pulmonar; perda da capacidade expansiva pulmonar por conta da cicatrização da pleura. FISIOPATOLOGIA: Normalmente, a pressão intrapleural é negativa por conta do recuo da parede pulmonar para dentro e da parede torácica para fora. Quando ocorre o pneumotórax, o ar de fora do tórax ou do pulmão entra no espaço pleural através dos planos do tecido mediastinal ou da perfuração pleural direta, aumentando a pressão intrapleural e diminuindo o volume pulmonar. SINAIS E SINTOMAS: − O pneumotórax de pequeno porte pode ser assintomático − Dispneia – início súbito ou gradual − Dor pleurítica – pode simular pericardite, pneumonia, pleurisia, embolia pulmonar, lesão musculoesquelética ou processo intra-abdominal com dor referida no ombro e abdome − Grande pneumotórax pode ocorrer aumento do lado comprometido, traqueia visível desviada para o lado oposto − Hipotensão – pneumotórax de tensão DIAGNÓSTICO: 1. Exame físico • Ausência de frêmito tátil • Hipersonoridade à percussão • Diminuição dos sons respiratórios do lado com pneumotórax 2. Radiografia de tórax • Radiografia inspiratória em posição ortostática – ar radiotransparente e ausência de imagens pulmonares justapostas entre o lobo ou o pulmão retraído e a pleura parietal • Deslocamento traqueal e desvio do mediastino Pneumotórax hipertensivo. Pneumotórax maciço. REFERÊNCIAS: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. KUMAR, V.; ABBAS, A.; ASTER, J. Robbins: Patologia Básica. 9° edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. FILHO, G. Bogliolo Patologia. 9° edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. LIGHT, Richard. Derrame pleural. Manual MSD, julho, 2019. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/d ist%C3%BArbios- pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e- pleurais/derrame-pleural#v922606_pt. LIGHT, Richard. Pneumotórax. Manual MSD, julho, 2019. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/dist%C3%BArbios- pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e- pleurais/pneumot%C3%B3rax. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/derrame-pleural#v922606_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/derrame-pleural#v922606_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/derrame-pleural#v922606_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/derrame-pleural#v922606_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/pneumot%C3%B3rax https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/pneumot%C3%B3rax https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/pneumot%C3%B3rax https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/pneumot%C3%B3rax
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