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Universidade Católica do Salvador MATEUS MENDES SANTANA TRABALHO DE AVALIAÇÃO UNIDADE: “Resenha crítica: Os sete de Chicago" SALVADOR 2022 MATHEUS MENEZES PEREIRA A FILOSOFIA: ANTÍDOTO CONTRA FAKE NEWS Esta é uma resenha crítica do filme "Os 7 de Chicago”, apresentado à disciplina Direito Penal, do Eixo de Formação Básico da Universidade Católica do Salvador, como requisito parcial de avaliação da disciplina de Direito Penal V. Professor: MARCOS MELO SALVADOR 2022 No filme “Os 7 de Chicago” para além de boas atuações, e uma história muito relevante mesmo ambientada há algumas décadas, se apresenta com uma interessante potência educativa, pois acertadamente coloca em evidência questões como a parcialidade, justiça, racismo estrutural, e um sistema voraz que conduz a sociedade para um determinado lugar onde a punição é reservada, de forma categórica, a todo aquele que não se encaixa em um “padrão”. Julgamentos são antes de tudo em sua maioria: políticos. Não se restringem apenas às áreas penais/criminais ou cíveis. É curioso como esse é o ponto central da trama e leva tempo para ser assimilado pelo próprio personagem que representa o Advogado de defesa, que como muitos de nós, é induzido e criado para acreditar nesse sistema, para acreditar na forma como ele está estruturado e na forma como ele se autorrepresenta. O advogado como a figura que “defende quem quer se seja acusado” custou muito a entender que o julgamento é político, que os réus são muito bem escolhidos, e que existe Justiça no curso desse processo. A história se passa em 1968, mas acontece todos os dias principalmente no Brasil. De muitos modos, as instituições que constituem a nossa sociedade, tal como o Direito, tentam, como uma forma de controle, coercitivamente, educar o pensar, buscando conformar nosso modo de ser e estar no mundo, ajustando-o às normas sociais. Qualquer desvio do padrão instituído é considerado transgressão, e é por esse crime que os personagens do filme são julgados. E podemos visualizar também que se esse crime for cometido por pessoas negras, as retaliações do sistema podem ser ainda mais brutais. Na ocasião do julgamento do filme, Bob, que é o único acusado negro no tribunal, foi violentado de muitos modos pelo juiz, enquanto diversas pessoas assistiam tal violência, que só foi interrompida por um promotor e alguns advogados, que requereram a devida suspensão daquele julgamento, dado à condução inapropriada do juiz, que foi visivelmente racista e desumano em cada um dos seus atos. Quanto à reação do juiz indignado perante a acusação de racismo por parte dos demais advogados, me faz pensar sobre as conexões diretas entre racismo cultural e racismo estrutural e em como ambos se sustentam. Vejamos, os personagens Abbie e Jerry, os dois réus brancos, que não receberam do juiz, nem um terço, do tratamento que Bob. Por que o juiz não torturou os 2 personagens brancos naquele mesmo tribunal, por mais ousados que eles tenham sido? Essa pergunta pode ser feita diversas vezes, quando estamos diante de casos como o que aconteceu em 24 de fevereiro de 2022, onde o jovem congolês, Moise Mugenyi Kabagambe de 24 anos, foi cruelmente assassinado após cobrar pagamento de salário ao dono do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, onde trabalhava como ajudante de cozinha. Existem dúvidas se este é um crime de racismo ou não, poderíamos nos perguntar: se ele fosse branco, teria sido tratado da mesma maneira? Uma questão tão simples, que todos nós podemos e devemos nos colocar, se quisermos melhor compreender como é violenta a desigualdade étnico-racial em qualquer período da nossa história como sociedade. Muitas vezes o ato de pensar, ou simplesmente lutar pelo direito de existir são crimes passíveis de julgamento e condenação no filme; a violência, em suas várias formas, se apresenta de forma brutal, para instaurar uma suposta ordem e têm pesos diferentes. Só é triste, porque essa não é apenas uma história de ficção que se passou apenas em 1968.