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Exercícios Política Externa Brasileira - Caio Prado Jr, Paul Singer e Bradford Burns

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Levando em consideração os textos de Caio Prado Jr. e de Paul Singer indicados na
bibliografia básica do curso, discuta como a política externa se relacionou com um projeto
econômico para o país.
De acordo com Paul Singer, mesmo com certo retardo, a expansão capitalista foi
sentida no Brasil, tendo como alavanca a proibição do tráfico de escravos em 1850 devido à
hegemonia inglesa nos mares e a proclamação da República em 1888, levando o Brasil a ter
maior participação na divisão internacional do trabalho, com sua exportação aumentando
significativamente a partir de 1850. A partir de 1870, no entanto, o país tinha considerável
inferioridade frente ao açúcar cubano e ao algodão norte americano (após a Guerra de
Secessão), fato que travou a partir de então o crescimento das exportações brasileiras. O café
passa a ser o principal produto exportado do Brasil (chega a compreender 50% das
exportações do país) em detrimento do açúcar e algodão, que tiveram sua mão de obra
escravista (até 1888, com a abolição) voltada para o café devido à lucrabilidade do produto.
Tal transferência da mão de obra escravista ocorreu devido a competitividade no mercado
interno de escravos dentro do país, pois a importação de escravos passara a ser inviável desde
1850, com a hegemonia inglesa nos mares. Tal fato, junto com a expansão das culturas, levou
à escassez de mão de obra escrava no período. A razão do fracasso brasileiro na produção de
algodão, açúcar e borracha se dá devido à diversificação da economia capitalista. Tornou-se
impossível competir com outros países devido a sua superioridade tecnológica, que barateou
os produtos, à mão de obra disponível (pois outras economias não tinham um produto como o
café para focar sua mão de obra), à distância dos produtores para os mercados
(principalmente dos Estados Unidos para a Europa) e ao elevado preço da extração da
borracha no Brasil.
O capital inglês passou a se integrar no Brasil devido ao acirramento da concorrência
entre potências industriais mais avançadas, pois a América do Sul se tornara um dos
principais centros dessa disputa. O capital britânico veio para financiar o governo e para
iniciativas privadas, sobretudo a construção de ferrovias.
Caio Prado Júnior, por sua vez, seguindo uma linha marxista, foca em analisar as
condições externas (do sistema internacional) e internas (relação colônia-metrópole) que
levaram à liberalização do comércio e afetaram o projeto econômico do Brasil. Sendo assim,
o autor analisa o declínio do pacto colonial e início do livre comércio internacional e discorre
sobre como isso alavancou a aproximação do Brasil com a Inglaterra, que viu no Brasil uma
oportunidade de escoamento de produtos manufaturados. Além disso, é válido ressaltar que a
abertura ampla aos ingleses foi uma decisão tomada, na realidade, pela coroa portuguesa que
ainda detinha poder sobre o Brasil, e não foi pensada a longo prazo, o que se tornou um
padrão para diversas decisões políticas e econômicas do país. Além disso, também destaca-se
o fato de que o Brasil, a partir de 1815, em decorrência do déficit em sua balança comercial,
passou a tomar empréstimos e, consequentemente, tinha suas reservas de ouro minadas a fim
de amortizar os juros dos mesmos, o que fez com que, posteriormente, fosse adotado o papel
moeda no país. Também é válido destacar que, após a liberalização do comércio, a Inglaterra
passou a pressionar o Brasil a abolir a escravidão e a entrar em um embate com as forças
locais.
Tanto no texto de Paul Singer quanto no texto de Bradford Burns, é possível encontrar uma
referência à mudança do eixo diplomático do país no período analisado. Compare a forma
como os dois autores analisam essa mudança.
Paul Singer analisa a mudança de eixo diplomático do Brasil, no período da República
Velha em relação ao período anterior, através dos aspectos da organização econômica. De
acordo com Singer, o ator hegemônico que determinava as decisões do Brasil durante o
período imperial era a Inglaterra, e o mesmo comprova tal fato apresentando dados que
demonstram como as exportações ao mesmo eram enormemente superiores do que a outros
países. Entretanto, após a proclamação da república no Brasil, ainda que não motivado
unicamente por esta, o principal parceiro comercial do país passou a ser os Estados Unidos, já
que a Inglaterra passou a dar preferência ao comércio com suas novas colônias.
As relações do Brasil com os Estados Unidos, segundo Singer, mudaram
drasticamente de um período para outro. Durante o império estas nunca foram tão estreitas e
nem harmoniosas, porém, após a instauração da república no Brasil, os Estados Unidos
passaram a ser seu principal parceiro comercial, bem como centro das decisões diplomáticas.
Além disso, com a alteração do principal parceiro comercial, o principal produto exportado,
bem como a elite detentora do poder no Estado brasileiro, também mudaram: passando do
açúcar, controlado pela elite pernambucana, à elite cafeeira paulista que tinha proximidade
com os Estados Unidos, cujo produto exportado era um item, segundo o autor, "de
sobremesa", ou seja, se destaca pela característica de ser um produto supérfluo e facilmente
substituível, um "produto dependente".
De acordo com Bradford Burns, o eixo diplomático do Brasil deslocou-se de Londres
para Washington devido ao crescimento do investimento norte-americano no país, em
detrimento do investimento britânico, principalmente em decorrência da Primeira Guerra
Mundial. O autor discorre que um dos principais atores da mudança de eixo diplomático fora
José Maria da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio Branco). Na gestão anterior, de Salvador
Mendonça, os países começaram a se aproximar amigavelmente. Os Estados Unidos
inclusive chegaram a receber D. Pedro II em seu território de muito bom grado e apoiou o
governo brasileiro quando foi instaurada a república no país. Barão do Rio Branco criou a
primeira embaixada do Brasil em um país estrangeiro, nos Estados Unidos, e o vizinho do
norte teve sua primeira embaixada na América Latina no Brasil, durante sua gestão. A relação
amistosa americana com o Brasil, selada por Rio Branco, ajudou o governo brasileiro a
delimitar suas fronteiras, pois o Brasil fora apoiado pela arbitragem dos Estados Unidos
diversas vezes.

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