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DESCRIÇÃO
Estudo da anatomia topográfica da cavidade abdominal, das vísceras digestórias e urogenitais.
Interpretação radiográfica: anatomia comparada para classificar os achados radiográficos.
PROPÓSITO
Compreender a anatomia com base na análise radiográfica e identificar alterações e achados
de suspeita patológica. Para isso, inicialmente, é necessário revisitar a anatomia da cavidade
abdominal para a correta localização das vísceras digestórias e urogenitais. Em seguida, é
preciso entender o aspecto radiográfico normal e classificar os achados anormais como falhas
técnicas ou traços suspeitos de lesões ou patologias específicas.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar, procure nas bibliotecas virtuais de sua universidade livros ou manuais de
Anatomia Humana, para revisar os conceitos gerais e melhorar sua compreensão do conteúdo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a anatomia observada nas radiografias de abdome, e os achados relevantes para
a investigação de doenças e alterações na estrutura digestiva
MÓDULO 2
Listar as estruturas anatômicas apresentadas nas radiografias de abdome para avaliação
urogenital, em comparação aos aspectos normais com sinais típicos de processos patológicos
MÓDULO 1
 Reconhecer a anatomia observada nas radiografias de abdome, e os achados
relevantes para a investigação de doenças e alterações na estrutura digestiva
ANATOMIA DA CAVIDADE ABDOMINAL
O abdome é uma cavidade, localizada abaixo do diafragma. Nele, estão dispostos órgãos
de vários sistemas diferentes:
Digestório
Urinário
Genital
Linfático (baço)
O objetivo deste módulo não é o aprofundamento na anatomia e fisiologia digestória, mas, sim,
orientar o estudante na identificação dessas estruturas nas imagens radiográficas. Para
padronizar o estudo da cavidade abdominal, foi adotado o sistema de quadrantes, no qual a
caixa abdominal é dividida de duas formas: em quatro ou nove partes. A divisão é feita em
quadrante superior esquerdo (QSE) , quadrante superior direito (QSD) , quadrante inferior
esquerdo (QIE) e quadrante inferior direito (QID) .
Veja a ilustração a seguir:
 
Imagem: Jmarchn / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Divisão da cavidade abdominal em quadrantes e as nove regiões.
1. O hipocôndrio direito é formado pela parte lateral do fígado.
2. O epigástrio é formado pela maior parte do fígado, vesícula biliar, estômago e parte
do pâncreas.
3. O hipocôndrio esquerdo é formado pelo fundo gástrico e todo o baço.
4. O flanco direito é formado pelo rim e ureter direito, parte do jejuno, cólon ascendente
e flexura hepática.
5. O mesogástrio é formado pela maior parte do pâncreas, cólon transverso, porção
distal do estômago e porção proximal do intestino delgado (duodeno).
6. O flanco esquerdo é composto pelo rim e ureter esquerdo, a maior parte do
duodeno/jejuno, flexura esplênica e cólon descendente.
7. A região inguinal direita é formada pela porção final do íleo, o ceco e o apêndice
vermiforme, que são estruturas do intestino grosso.
8. O hipogástrio é formado pela bexiga, maior parte do íleo, cólon sigmoide, reto e
ânus.
9. Por fim, a região inguinal esquerda é formada pelo final do cólon descendente e
início do sigmoide.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
ESTUDO RADIOGRÁFICO DO SISTEMA
DIGESTÓRIO
O sistema digestório é um longo tubo, com início na cavidade oral e término na cavidade
anal. O esôfago é um órgão oco, de víscera mole que transporta o alimento da boca ao
estômago. Na radiografia, o esôfago é radiotransparente (Escuro) por ser oco e repleto de ar.
Para uma investigação mais detalhada, é utilizado contraste baritado, uma substância pastosa
ingerida pelo paciente para opacificar (Clarear) as paredes esofágicas na imagem
radiográfica.
O estômago é uma víscera oca, na qual os alimentos são processados. Em conjunto ao
estômago, fígado e pâncreas trabalham na síntese de lipídios (Fígado) e de
glicose (Pâncreas) . Após o processamento e extração dos nutrientes, o bolo alimentar segue
para o intestino delgado. Esse órgão, por sua vez, é um longo tubo, dividido em três partes:
duodeno, jejuno e íleo. Nele é feita a reabsorção de água e o bolo fecal começa a ser formado.
As fezes, ainda pastosas, passam do intestino delgado ao intestino grosso por meio da válvula
ileocecal.
O intestino grosso é formado por ceco, cólon ascendente, flexura hepática, cólon transverso,
flexura esplênica, cólon descendente, sigmoide, reto e ânus. Nesse trajeto, o bolo fecal perde
nutrientes e água; as fezes formadas são expelidas pelo ânus. Dentro dos intestinos, é grande
a produção de gases, que formam bolhas nas alças intestinais. Essas estruturas influenciam na
visualização das estruturas abdominais.
 
Imagem: Mariana Ruiz, Jmarchn / Wikimedia Commons / Domínio Público
 Estruturas digestivas integrantes da cavidade abdominal. Vale frisar a presença do esôfago,
não destacado na figura.
EXAMES RADIOGRÁFICOS PARA
AVALIAÇÃO DO ABDOME
O exame padrão para avaliação do abdome é a projeção AP (Anteroposterior) em decúbito
dorsal (Deitado) . O exame em ortostase (Em pé) é complementar, pois evidencia melhor os
níveis hidroaéreos. Em geral, os exames são realizados sem uso de contraste e na suspeita de
indícios que requeiram seu uso. Os exames contrastados são feitos de forma complementar.
O exame AP em decúbito dorsal deve mostrar toda a cavidade abdominal. Para isso, o
tecnólogo deve observar do 10º par costal até a articulação coxofemoral. Como recomenda a
literatura técnica, o ideal é usar a placa de imagem 35 x 43cm, em sentido longitudinal
(Retrato) para mostrar todas as estruturas. Nessa posição, as vísceras aparecem
espalhadas, o que facilita a visualização da anatomia. No entanto, níveis hidroaéreos não são
bem-vistos.
 
Imagem: Cristobal Carrasco / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Esquema vetorial da cavidade abdominal com as delimitações ósseas.
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia do abdome, projeção AP com o paciente deitado.
O exame com projeção em AP na posição ortostática, embora utilize os mesmos padrões
para posicionamento da placa de imagem, já apresenta um aspecto diferenciado. Com o
paciente em pé, as vísceras aparecem arriadas. No entanto, essa projeção é útil para avaliar
níveis líquidos e presença de gases peritoneais ou nas vísceras ocas, favorecendo a
localização de lesões locais.
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia do abdome, projeção AP, posição ortostática.
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia do abdome, projeção AP. Observe o contraste bem definido para avaliar as
vísceras.
PATOLOGIAS E LESÕES ASSOCIADAS AO
SISTEMA DIGESTÓRIO SEM CONTRASTE
São inúmeras as patologias que acometem os órgãos do sistema digestório. Podem ser
visualizados desde corpos estranhos ingeridos pelo paciente até lesões no tecido e formação
de massas internas. A correta visualização depende da densidade e espessura da lesão.
Quando são lesões de alta densidade (calcificações, objetos metálicos, por exemplo), é
possível visualizar em radiografias simples sem dificuldades. No entanto, quando as lesões são
muito pequenas ou radiotransparentes, podem ser necessários exames complexos, como
cintilografias, TC (Tomografia Computadorizada) ou RM (Ressonância Magnética) .
Selecionamos aqui três lesões associadas ao sistema digestório, bem visualizadas sem uso
de contraste. Veja a seguir a definição e os casos correlacionados à ascite, ao pneumoperitônio
e ao volvo. Veja estas radiografias com corpos estranhos, possivelmente engolidos pelos
pacientes:
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia do abdome, projeção AP, com tampa de caneta na região estomacal.
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia do abdome, projeção AP, com clipe de papel na região estomacal.
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons/ CC BY-SA 3.0
 Radiografia do abdome, projeção AP, com prego metálico na região duodenal.
Clinicamente, ascite é o acúmulo anormal de líquido intraperitoneal. Essa condição pode
causar distensão abdominal, vômitos, dispneia e edema periférico. Quando o líquido é
exsudativo, pode causar inflamações. Além disso, a ascite pode ser uma consequência de
doenças primárias, como cirrose hepática, pancreatite, hepatite causada por alcoolismo,
problemas renais ou obstruções mecânicas do intestino delgado.
Veja os casos nas imagens a seguir:
 
Imagem: Cancer Research UK / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Ilustração mostrando pulmões, fígado, estômago, espaço peritoneal e os órgãos pélvicos.
Atente para as membranas peritoneais irritadas (vermelho) e a efusão peritoneal (azul),
caracterizando o quadro de ascite.
 
Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Corte tomográfico do abdome superior, evidenciando mancha com escala de cinza mais
baixa periférica à cavidade abdominal. Esse caso revela um quadro de ascite decorrente de
cirrose hepática.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Radiografia simples do abdome, projeção AP em ortostase, mostrando o aumento difuso da
opacidade na cavidade abdominal com os cólons intestinais ao centro. Esse caso revela um
quadro de ascite decorrente de obstrução intestinal.
 VOCÊ SABIA
Em radiografias simples, o líquido intraperitoneal só é detectado em concentração mínima de
500mL. Nesses casos, os achados radiográficos podem se apresentar como uma densidade
difusamente aumentada do abdome, falta de nitidez das partes moles, como os músculos
psoas, fígado e baço. Além disso, pode provocar o deslocamento medial dos intestinos. Em
exames tomográficos, como na imagem anterior, a ascite é apresentada de forma periférica à
cavidade abdominal, comprimindo os órgãos para o centro.
Diferentemente da ascite, o pneumoperitônio é caracterizado pelo acúmulo de gás dentro da
cavidade peritoneal. Embora existam causas variadas, o motivo mais comum é a perfuração de
vísceras ocas provocada por úlcera péptica, obstrução intestinal, apendicite, diverticulite,
traumas, colonoscopia malsucedida ou gás intraperitoneal livre pós-operatório.
A detecção da lesão requer rotina para abdome agudo (RAA): sequência composta por uma
radiografia do tórax em PA (Posteroanterior) (ortostase), uma radiografia abdominal em AP
(ortostase) e outra radiografia abdominal em AP (decúbito dorsal). Na radiografia do tórax, o
pneumoperitônio geralmente fica sobreposto à base pulmonar, distorcendo o aspecto aerado e
a trama pulmonar normal. O acúmulo de gases também ocorre na região subdiafragmática.
Nesses casos, a lesão é caracterizada pelo sinal de cúpula.
Veja nas imagens a seguir:
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia do tórax em PA, mostrando linha opaca (setas verdes) acima da linha do
diafragma (setas vermelhas).
 
Imagem: Carlos Melgoza / Wikimedia Commons / Domínio Público
 Radiografia do tórax em PA, mostrando a mesma linha opaca mais alta, formando um
domo, que dá nome ao sinal de cúpula, típico em quadros mais avançados de
pneumoperitôneo.
Na radiografia abdominal, o pneumoperitônio é visto como grandes manchas radiolucentes e
bem delimitadas. Diferentemente das alças intestinais, o pneumoperitônio é uniforme, como
uma grande bolha escura sobre parte da cavidade abdominal.
A RADIOGRAFIA EM ORTOSTASE DEVE SER
FEITA PRIMEIRAMENTE, LOGO APÓS O EXAME
DO TÓRAX, POIS OS GASES LIVRES TENDEM A
SE ACUMULAR NOS QUADRANTES
SUPERIORES DO ABDOME.
Quando a sombra dos cólons ou do estômago aparece definida e bem contornada à frente dos
gases extraluminais, temos o sinal de Rigler.
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia abdominal, projeção AP em decúbito lateral, evidenciando nível aéreo
aprisionado (setas azuis e verdes) próximo à borda lateral do fígado (setas vermelhas), típico
em pneumoperitônio causado por perfuração de vísceras ocas.
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Radiografia abdominal, projeção AP em decúbito lateral, evidenciando nível aéreo amplo
causado por perfuração do colón sigmoide. Veja o quanto a massa de ar aprisionado comprime
as demais vísceras da cavidade abdominal.
 
Imagem: Craterib /Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Radiografia abdominal, projeção AP em ortostase, evidenciando grande volume de gás
extraluminal comprimindo as bordas do fígado, estômago e baço, típico em casos graves de
pneumoperitônio por perfuração intestinal.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Radiografia abdominal, projeção AP em ortostase, evidenciando o sinal de Rigler. Perceba
que não há gás aprisionado dentro dos cólons. Na verdade, o gás está posicionado
posteriormente, o que realça o contorno e enegrece todas as alças e cólons.
VOLVO OU VÓLVULO
Volvo ou vólvulo é um termo mais amplo e relacionado à torção do intestino em torno do
mesentério e região vascular abdominal. A torção provoca distensão dos vasos e do intestino,
provocando uma estrutura denominada megacólon. Na imagem radiográfica, volvos são
visualizados como grandes áreas radiolucentes com contornos bem definidos. Um dos
aspectos importantes é o sinal de grão de café, quando ocorreu um vólvulo no colón sigmoide.
 
Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia abdominal em AP, com alças do intestino grosso dilatadas e ponto de torção
(seta), o que indica obstrução mecânica causada por vólvulo.
 
Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia abdominal em AP, com alças do intestino grosso e delgado dilatadas.
 
Imagem: Mont4nha / Wikimedia Commons / CC0 1.0
 Radiografia abdominal em AP com volvo sigmoide, formação de megacólon e sinal do grão
de café.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Fotografia de grãos de café, para comparação com o sinal radiográfico. Veja a semelhança
com o volvo sigmoide.
PATOLOGIAS E LESÕES ASSOCIADAS AO
SISTEMA DIGESTÓRIO COM CONTRASTE
BARITADO
Alguns processos patológicos são muito pequenos ou transparentes em radiografias simples.
Por isso, para avaliar o trânsito gastrintestinal inferior é recomendado o uso de contraste. O
bário (56Ba137) é um elemento natural pesado, insolúvel em água, preparado em formato
pastoso (coloidal) para administração por via oral. Por ser um composto denso, o bário
opacifica vísceras ocas, quando é necessário avaliar as paredes desses órgãos. Na avaliação
intestinal, o bário pode ser utilizado puro ou com solução efervescente misturada (duplo
contraste). Vamos estudar três patologias visualizadas por contraste baritado simples: acalasia,
hérnia hiatal e doença de Crohn.
ACALASIA
A acalasia é uma falha da peristalse esofágica que, em razão de um relaxamento diminuído do
esfíncter esofágico inferior, produz estágios de estenose distal e de acentuada dilatação
superior do esôfago. A acalasia raramente é vista no segmento abdominal do esôfago. Por
isso, a patologia será demonstrada por radiografias de tórax.
 
Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Radiografias de tórax, projeções PA e lateral, mostrando distensão do esôfago, com
aumento da opacidade mediastinal. Na radiografia lateral, a área é mais próxima à coluna. O
aspecto radiográfico sugere acalasia.
Na radiografia simples, os achados são caracterizados por opacidade convexa sobreposta ao
mediastino direito, bolha gástrica pequena ou ausente e deslocamento anterior e arqueamento
da traqueia na vista lateral. No estudo contrastado, é possível visualizar a estenose do esôfago
distal, que produz o sinal do bico de pássaro. A dilatação superior é chamada de
megaesôfago.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Diagrama ilustrativo de um esôfago normal e do processo de acalasia.
 
Imagem: Farnoosh Farrokhi, Michael F. Vaezi., Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY 2.0 /
CC BY-SA 3.0
 Radiografiasbaritadas do esôfago, projeção oblíqua, com enchimento e esvaziamento
esofágico. As imagens mostram megaesôfago com estenose severa na porção distal. O sinal
de bico de pássaro é formado justamente pela porção mais afunilada, similar ao bico de um
pássaro.
HÉRNIAS DE HIATO
As hérnias de hiato ocorrem quando há herniação (deslizamento) do conteúdo abdominal
através do hiato diafragmático para a cavidade torácica. A maioria dos pacientes é
assintomática e a lesão é um achado acidental em exames de rotina. Porém, o paciente pode
apresentar dor epigástrica ou torácica, dispneia, náusea e vômito. Às vezes, as hérnias de
hiato podem ser indícios ou estágio avançado da doença do refluxo gastroesofágico
(DRGE).
Alguns casos podem ser identificados até mesmo sem o uso de contraste, apenas pelo nível
hidroaéreo sobreposto à margem cardíaca, como pode ser visto nas imagens a seguir:
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia do tórax, projeção PA evidenciando nível hidroaéreo sobreposto ao mediastino.
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia do tórax, projeção lateral, confirmando a presença de uma porção estomacal
na cavidade torácica, posterior à margem cardíaca (seta vermelha).
 ATENÇÃO
Nas radiografias simples, é possível observar opacidade retrocardíaca com níveis aéreos,
que seriam bolhas radiolucentes. Em casos mais graves, pode haver a formação de uma
grande zona radiopaca no hemitórax direito, com deslocamento da traqueia e esôfago para o
mesmo lado.
Nos exames baritados, são visualizadas numerosas dobras gástricas grossas dentro da bolsa
supra-hiatal. Veja nas imagens a seguir:
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia contrastada, projeção oblíqua, mostrando enchimento gástrico com bário.
Embora já exista contraste no duodeno, uma grande concentração permanece no antro e na
porção superior herniada, acima do diafragma.
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia contrastada, projeção AP, mostrando corpo gástrico retorcido, estenose
esofágica e herniação da cárdia gástrica para a parte superior do diafragma, o que caracteriza
um quadro de hernia hiatal.
DOENÇA DE CROHN
A doença de Crohn, ou enterite regional, é uma patologia inflamatória idiopática e não
infecciosa do intestino, caracterizada por inflamação generalizada do trato gastrintestinal. O
íleo terminal e o cólon proximal são os mais afetados. Com o tempo, a inflamação leva à
alteração fibrótica crônica e à formação de estenoses.
Radiografias simples são pouco sensíveis para avaliar ulcerações enterais, uma vez que a
ulceração continuada destrói a parede interna do órgão. Um dos sinais comuns visualizados é
o sinal de corda: um estreitamento tubular que mostra as alças intestinais mais
próximas, similar a uma corda naval. Como se trata de um processo crônico, o uso de duplo
contraste fica a critério médico, para melhor caracterizar a doença.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Ilustração mostrando a irritação do tecido interno dos cólons e o aspecto estriado devido ao
processo inflamatório.
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia contrastada, mostrando o aspecto estriado (sinal de corda) e uma estenose
mais transparente no centro da imagem. Essa área representa a região mais inflamada, e a
parte anterior à inflamação está obstruída (veja o excesso de radiopacidade), com retenção de
contraste.
 COMENTÁRIO
É comum entre os estudantes confundir doença de Crohn e colite ulcerativa. Essa patologia
acomete segmentos maiores do intestino grosso, deixando-os totalmente lisos, sem alças.
Além disso, a colite ulcerativa costuma acometer a porção terminal do intestino grosso, a partir
do cólon descendente.
Veja a comparação nas imagens a seguir:
 
Imagem: RicHard-59 / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Doença de Crohn (à esquerda): pequenos trechos, principalmente a conexão ileocecal. Na
colite ulcerativa (à direita), temos o acometimento de todo o segmento descendente e
retossigmoide do intestino grosso.
 
Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons /CC BY-SA 3.0
 Nessas duas radiografias abdominais, veja o padrão mais liso e transparente do intestino
grosso. Na primeira imagem, o estreitamento da luz intestinal indica inflamação aguda do
tecido. Na segunda, veja o padrão no colón descendente: afinado, liso e estreito. Ambas as
radiografias sugerem quadro de colite ulcerativa.
PATOLOGIAS E LESÕES ASSOCIADAS AO
SISTEMA DIGESTÓRIO COM CONTRASTE
IODADO
Algumas patologias do sistema digestivo são visualizadas com meios de contraste iodado. O
elemento químico iodo (53I126) é radiodenso, hidrossolúvel, aplicado por via endovenosa para
avaliação de vísceras internas e do sistema vascular. O estudo hepático é realizado por meio
de contraste iodado, assim, falaremos um pouco sobre as lesões na vesícula e ductos biliares.
VESÍCULA
A vesícula é uma estrutura anexa ao fígado e aos ductos biliares, cuja função é armazenar a
bile produzida pelo fígado. O líquido é coletado pelos ramos hepáticos, conduzido à vesícula
pelo ducto cístico e encaminhado ao pâncreas e duodeno pelo ducto colédoco. A conexão com
o duodeno é feita pela ampola de Vater e, pelo ducto pancreático, atravessa todo o corpo do
pâncreas.
Veja a ilustração a seguir e observe o nome de cada estrutura na legenda:
 
Imagem: Jmarchn / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Esquema ilustrativo dos ductos biliares por todo o sistema digestório. (1) ductos biliares: (2)
ductos biliares intra-hepáticos, 
(3) ductos hepáticos esquerdo e direito, (4) ducto hepático comum, (5) ducto cístico, (6) ducto
colédoco, (7) ampola de Vater, 
(8) papila duodenal principal. (9) vesícula biliar, (10-11) lobos direito e esquerdo do fígado, (12)
baço, (13) esôfago, 
(14) estômago, (15) pâncreas: (16) ducto pancreático acessório, (17) ducto pancreático. (18)
intestino delgado: 
(19) duodeno, (20) jejuno. (21) rim direito, (22) rim esquerdo.
VESÍCULA BILIAR
A vesícula biliar pode sofrer lesões secundárias a outros distúrbios digestórios. Excesso de
gordura no fígado (esteatose) pode causar acúmulo de gordura dentro da vesícula. Esse
acúmulo causa o espessamento das paredes ou a obstrução do ducto, causando a colecistite
(inflamação).
A compactação da gordura pode gerar prolongamentos internos, denominados pólipos.
Esses pólipos, dependendo da causa, podem desencadear processos neoplásicos ou até
mesmo necrose do tecido, sendo necessária a colecistectomia (remoção cirúrgica da
vesícula). O acúmulo de colesterol e cálcio na bile causa empedramentos chamados de
colelitíase ou cálculos vesiculares (calculose). Vamos falar desses dois casos.
Na colecistite observa-se o volume aumentado da vesícula biliar, tanto nas imagens
radiográficas quanto nos cortes tomográficos. Um quadro crônico da doença pode produzir
calcificação da parede vesicular, o que produz o sinal da vesícula em porcelana.
 
Imagem: Shutterstock.com, acima / Mikael Häggström / Wikimedia Commons / CC0 1.0, abaixo
 No primeiro corte tomográfico, veja o tamanho normal da vesícula, em cinza mais escuro ao
lado direito. No segundo corte, veja o volume mais dilatado e as paredes mais espessas.
 
Imagem: Herbert L. Fred, MD, Hendrik A. van Dijk / Wikimedia commons / CC BY 2.0
 Radiografia abdominal, projeção AP, mostrando vesícula aumentada no canto superior
esquerdo da imagem. As bordas radiopacas sugerem sinal da vesícula de porcelana, o que
indica quadro severo de inflamação.
O acúmulo de colesterol no interior da vesícula pode favorecer a formação de
empedramentos, conhecidos como cálculos vesiculares ou colelitíase. Uma vez que a
composição é basicamente de gordura, essas lesões não são bem visualizadas por
radiografias simples, salvo se realizada colecistografia (contraste oral) ou colangiografia
(contraste iodado endovenoso). Quando os cálculos são formados parcialmente por cálcio, é
possívelvisualizar marcações múltiplas e radiopacas abaixo do 10º arco costal direito, o que
representa a sombra opaca deles.
 
Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Radiografia simples, projeção AP, mostrando múltiplos cálculos radiopacos no topo do
flanco direito.
 
Imagem: Rebekah M. Padilla, Paul C. Hulsberg, Erik Soule, Taylor S. Harmo , Erik Eadie,
Preston Hood, Michael Shabandi, Jerry Matteo/ Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Colangiografia por dreno (seta amarela), realizada com angiografia (imagem em negativo)
mostrando cálculos opacos na vesícula pelo defeito de preenchimento do contraste (vermelha).
Existem evidências de cálculos no ducto cístico (azul), dilatação do ducto colédoco (verde). O
encaixe da papila duodenal (seta branca) aparece estreito e o contraste segue pelo duodeno
(laranja) normalmente.
De modo geral, os melhores métodos de diagnóstico são exames de ultrassom (US) do
abdome (cálculos de até 2mm) e de tomografia computadorizada (TC), sensível para cálculos
menores, de até 0,5mm. Veja a seguir as imagens de TC e US:
 
Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Imagem de TC, corte na altura de T12, mostrando vesícula com paredes espessas e
cálculo impactado no ducto cístico.
 
Imagem: Nevit Dilmen /Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Imagem de US, corte longitudinal, mostrando lesão hiperecoica (branca) dentro da vesícula
anecoica (escura), com sombra acústica posterior, o que caracteriza a presença de cálculo
biliar.
 
Foto: Shutterstock.com
 Dissecção de vesícula removida por cirurgia, mostrando quatro cálculos de grandes
proporções.
O especialista Raphael Santos vai abordar como o sulfato de bário contribui para a
visualização das vísceras digestivas e como deve ser o modo de preparo para a correta
administração ao paciente.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ALGUMAS PATOLOGIAS ABDOMINAIS PROVOCAM AUMENTO DA
CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL. SÃO QUADROS CLÍNICOS
GERALMENTE ASSOCIADOS À INTOXICAÇÃO ALIMENTAR OU
RETENÇÃO DE LÍQUIDOS. NO ENTANTO, ALGUNS PROCESSOS
INFLAMATÓRIOS OU EVENTOS TRAUMÁTICOS TAMBÉM PODEM
CAUSAR EDEMAS E DISTENSÃO DA CAVIDADE ABDOMINAL. COM
RELAÇÃO A ESSE ASSUNTO, LEIA AS AFIRMAÇÕES A SEGUIR: 
 
I - A PERFURAÇÃO DAS VÍSCERAS ABDOMINAIS É A PRINCIPAL CAUSA
DA ASCITE. 
II - PNEUMOPERITÔNIO É O ACÚMULO DE GÁS NA CAVIDADE
ABDOMINAL. 
III - ASCITE É O ACÚMULO DE LÍQUIDO NA CAVIDADE ABDOMINAL. 
 
MARQUE A OPÇÃO QUE CONTENHA APENAS AFIRMAÇÕES CORRETAS:
A) I apenas
B) II apenas
C) I e II apenas
D) II e III apenas
E) I e III apenas
2. NO ESTUDO CONTRASTADO DO TRATO DIGESTIVO, OS SINAIS DE
CORDA, GRÃO DE CAFÉ E BICO DE PÁSSARO ESTÃO ASSOCIADOS A
QUAIS DOENÇAS? MARQUE A OPÇÃO QUE CONTENHA AS TRÊS
PATOLOGIAS, NA SEQUÊNCIA CORRETA:
A) Doença de Crohn, volvo e acalasia
B) Colite ulcerativa, volvo e hérnia de hiato
C) Hérnia de hiato, colecistite e colite ulcerativa
D) Acalasia, doença de Crohn e estenose duodenal
E) Doença de Crohn, esofagite e estenose duodenal
GABARITO
1. Algumas patologias abdominais provocam aumento da circunferência abdominal. São
quadros clínicos geralmente associados à intoxicação alimentar ou retenção de líquidos.
No entanto, alguns processos inflamatórios ou eventos traumáticos também podem
causar edemas e distensão da cavidade abdominal. Com relação a esse assunto, leia as
afirmações a seguir: 
 
I - A perfuração das vísceras abdominais é a principal causa da ascite. 
II - Pneumoperitônio é o acúmulo de gás na cavidade abdominal. 
III - Ascite é o acúmulo de líquido na cavidade abdominal.
 
Marque a opção que contenha apenas afirmações corretas:
A alternativa "D " está correta.
 
As principais causas da ascite são as doenças hepáticas e do pâncreas, tais como pancreatite,
cirrose hepática e hepatite causada por alcoolismo. Logo, apenas (I) está incorreta.
2. No estudo contrastado do trato digestivo, os sinais de corda, grão de café e bico de
pássaro estão associados a quais doenças? Marque a opção que contenha as três
patologias, na sequência correta:
A alternativa "A " está correta.
 
O sinal de corda está associado à doença de Crohn, que produz inúmeras contrações das
paredes internas dos cólons. O grão de café é oval com uma fenda no meio e, por isso, está
associado à torção entre dois segmentos do intestino grosso, o que sugere volvo
retossigmoide. Por fim, o bico de pássaro é formado pela estenose do segmento inferior do
esôfago com dilatação do segmento acima da estenose, sinal comum na acalasia.
MÓDULO 2
 Listar as estruturas anatômicas apresentadas nas radiografias de abdome para
avaliação urogenital, em comparação aos aspectos normais com sinais típicos de
processos patológicos
Neste módulo, você irá conhecer os exames realizados para a avaliação dos sistemas
urogenitais masculino e feminino com e sem contraste, bem como as rotinas básicas mais
recorrentes em ambiente ambulatorial. É fundamental que o estudante revise a anatomia para
compreender a imagem radiográfica, reconhecer estruturas anatômicas típicas e atípicas em
radiografias com aspecto normal e identificar os padrões radiográficos das lesões mais
recorrentes.
ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO
O trato urinário é um dos sistemas no qual se realizam mais exames contrastados na
radiologia. Consiste em dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra. Tem como função
primária a produção de urina e sua eliminação. Os dois rins juntamente com os dois ureteres
estão situados no espaço retroperitoneal.
OS RINS SÃO RESPONSÁVEIS PELA
FILTRAÇÃO DOS RESÍDUOS NITROGENADOS
(UREIA E CREATININA), ALÉM DE REGULAR OS
NÍVEIS DE ÁGUA E EQUILIBRAR OS NÍVEIS DE
ELETRÓLITOS NO SANGUE.
1. Seu formato é similar a um caroço de feijão, e são encontrados nas laterais da coluna
vertebral.
2. O rim direito é topograficamente mais inferior que o esquerdo em razão do volume
hepático.
3. Acima de cada rim estão localizadas as glândulas adrenais (sistema endócrino).
4. Os rins conectam-se à bexiga pelos ureteres, que são dois tubos estreitos que
conduzem a urina.
5. A bexiga é uma espécie de saco, serve como reservatório temporário da urina até que
ela possa ser expelida pela uretra.
6. A bexiga e a uretra, por serem encontradas abaixo do saco peritoneal, são
denominadas estruturas infraperitoneais.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Entenda melhor o sistema com a ilustração a seguir:
 
Imagem: Jordi March i Nogué / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 (1) Cavidade abdominal e localização dos órgãos do sistema urinário, (2) sistema urinário,
rins, 
(3) pelve renal, (4) ureteres, (5) bexiga e (6) uretra. Para completar as legendas, veja as 
(7) glândulas adrenais, (8) artérias e veias renais, (9) veia cava inferior, (10) aorta abdominal, 
(11) artéria e veia ilíaca comum, (12) fígado, (13) intestino grosso e a (14) pelve óssea.
ESTUDO RADIOLÓGICO DO SISTEMA
URINÁRIO
A urografia excretora intravenosa (UIV) é o exame radiológico mais realizado. Tem por
objetivo mostrar a porção coletora e avaliar a capacidade funcional e possíveis anomalias
patológicas ou anatômicas dos órgãos que compõem o sistema urinário. Para a avaliação de
vasos e ductos, utilizamos os contrastes iodados, pois o iodo (53I127) tem alto número
atômico, absorve os raios X e produz a opacificação dos ductos na imagem. Embora não seja
objeto deste módulo, vale frisar que o contraste iodado pode causar reações alérgicas que
variam para cada paciente.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Urografia excretora intravenosa padrão. Veja os cálices renais, 
ureteres e bexiga com fluxo natural de contraste.
Para começar o estudo radiográfico, é realizada uma radiografia simples antes da injeção do
contraste (topograma) cujo objetivo é verificar se a posição do paciente e do receptor estão
adequadas e se os fatores de exposição estão de acordo com o biotipo do paciente. Nesta
imagem, geralmente não temos alto contraste entre as estruturas e delimitaçõesde borda dos
órgãos, uma vez que os órgãos são estruturas radiolucentes, ou seja, possuem densidades
baixas.
 
Imagem: James Heilman, MD , Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY 3.0
 Radiografias abdominais realizadas como topograma. 
Na primeira, observe constipações e fecalomas (zonas opacas com contorno transparente) na
flexura esplênica e na região retossigmoide. 
Na segunda imagem, o preparo intestinal já foi mais efetivo, com poucos gases intestinais na
região sigmoide. 
A terceira imagem representa uma radiografia padrão, pois mostra a silhueta do fígado, rins e
músculo psoas sem manchas transparentes.
Após a injeção intravenosa (IV) do iodo, são realizadas projeções em sequência de minutos
(seriadas).
Na primeira e segunda imagens, é possível visualizar as estruturas renais e ureteres sendo
preenchidos pelo contraste.
Na terceira imagem, a porção pielocalicial (pelve e cálices renais) ainda tem contraste e o
ureter distal e a bexiga começam a ser preenchidos.
Nas últimas imagens, vemos a bexiga em processo de repleção com rins e ureteres já
transparentes. Geralmente, os exames são realizados após 5, 15 e 30 minutos, a depender da
solicitação médica.
Veja o exemplo a seguir, que mostra uma análise mais minuciosa, com cinco radiografias:
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY 3.0
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY 3.0
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY 3.0
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY 3.0
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY 3.0
 Urografia excretora seriada em 5, 15, 30, 60 (1h) e 120 minutos (2h). Veja no rim esquerdo,
na parte superior, uma massa sólida correspondente a cálculo coraliforme.
Uma segunda forma de realizar a urografia é por via anterógrada. No centro cirúrgico, é
introduzido um cateter para a injeção direta do contraste no ureter ou na pelve renal, estudando
possíveis obstruções e estenoses ureterais ou nos rins. Esse procedimento é conhecido como
pielografia anterógrada.
A GRANDE DIFERENÇA PARA A UIV É QUE O
CONTRASTE NÃO É METABOLIZADO PELOS
RINS, MAS INJETADO DIRETAMENTE NA PELVE
RENAL.
Esse procedimento é mais seguro para pacientes com insuficiência renal crônica ou qualquer
outro mau comportamento da fisiologia renal.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Imagem radiográfica sem contraste, com o cateter pigtail (rabo de porco, por ser enrolado)
na região pielocalicial.
 
Imagem: Erkan Efe, Murat Bakacak, Salih Serin, Eyüp Kolus, Önder Ercan, and Sefa Resim /
Wikimedia Commons / CC BY 4.0
 Pielografia anterógrada por cateterização do rim esquerdo, evidenciando severa distensão
no ureter e da região pielocalicial em decorrência de obstrução por cálculo impactado na
entrada da bexiga. Essa condição é conhecida como refluxo vesicoureteral. Veja também um
cálculo solitário no rim direito.
Outra forma de realizar o estudo urinário é por via retrógrada. Nesse caso, o procedimento é
realizado por cateterização da uretra e/ou ureter, sendo denominado urografia retrógrada.
Diferentemente da pielografia anterógrada, o contraste segue pelo sentido oposto ao fluxo
natural (rins – ureteres – bexiga).
Veja as imagens a seguir:
 
Imagem: Marchiori & Santos (2015, p. 132)
 Radiografia abdominal com cateter no ureter direito, na urografia retrógrada. A imagem
aparece com (B) e sem contraste (A).
 
Imagem: Bernd Brägelmann Braegel Mit freundlicher Genehmigung von Dr. Erika Kim /
Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Urografia excretora realizada por fluoroscopia (imagem em negativo). Veja a distensão
ureteral esquerda.
O estudo radiográfico da bexiga e da uretra é realizado com a uretrocistografia. Realizado
com administração do contraste iodado pela uretra (via retrógrada), o exame tem como
principal indicação a avaliação de obstrução uretral e lesões vesicais.
Quando o exame é feito em homens, três etapas são realizadas após a radiografia simples do
abdome.
Primeiro, realiza-se a uretrocistografia, em que o contraste iodado preencherá toda a uretra
em uma imagem oblíqua.

Em seguida, é feita uma cistografia, uma vez que a bexiga aparece cheia de contraste.

A última parte é o estudo da micção, com a uretrocistografia miccional. Nesse procedimento,
realiza-se uma projeção oblíqua durante a micção, devendo o pênis estar totalmente estendido
para não gerar sobreposição na imagem.
 
Imagem: Marchiori & Santos (2015, p. 136-137)
 Procedimento de uretrocistografia, evidenciando estenose severa durante todo o trajeto
uretral. 
A segunda imagem foi realizada no momento miccional (veja a bexiga repleta de contraste).
Para o estudo exclusivo da bexiga, a cistografia retrógrada é indicada em casos de infecções
urinárias recorrentes, incontinência urinária ou pesquisa de fístulas. A bexiga pós-cateterização
uretral recebe o contraste de forma direta. Estando em total repleção, é feita uma imagem da
pelve e outra no final da micção, variando o protocolo de acordo com a indicação clínica.
 
Imagem: Lucien Monfils / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 
Imagem: Lucien Monfils / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 
Imagem: Lucien Monfils / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 A primeira imagem mostra a bexiga em processo de enchimento normal. A sombra circular
radiotransparente é o balão do cateter (evitar refluxo do contraste). A segunda imagem mostra
estrutura cristalina de formação opaca, irregular e espiculada no assoalho vesical, podendo
corresponder a litíase. A terceira imagem também mostra cálculos vesicais, no entanto o
aspecto é mais circunscrito e homogêneo.
PATOLOGIAS E LESÕES ASSOCIADAS AO
SISTEMA URINÁRIO
Os procedimentos são classificados em função do método de aplicação do meio de contraste,
que pode ser introduzido no sistema circulatório ou diretamente na estrutura a ser estudada. A
patologia mais comum do sistema urinário são as urolitíases (calculoses renais), por serem
estruturas radiopacas, vistas até mesmo sem o uso do contraste. Porém, quando não
visualizadas em radiografias simples, pode ser necessária a realização de exames mais
complexos, como a tomografia. Vamos estudar as lesões mais comuns e bem visualizadas em
exames radiográficos.
LITÍASES OU CÁLCULOS
Litíases ou cálculos são calcificações que ocorrem na parede luminal do trato urinário ou no
parênquima renal. As causas não são exatas, mas é provável que pacientes que tenham urina
com pH alto (pH 5-6) e níveis de cálcio elevados tenham maior probabilidade de desenvolver
cálculos renais.
Muito embora o exame de urografia seja capaz de identificá-las, é comum que o diagnóstico
inicial seja dado por uma ultrassonografia de abdome total e, quando necessário, o exame
tomográfico pode ser solicitado. Em radiografias simples, geralmente, esses são achados
acidentais. Na imagem, são visualizadas como massas radiopacas de variadas formas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Imagem de peça renal dissecada em corte sagital (sistema pielocalicial aberto à esquerda), 
mostrando cálculos impactados nas paredes dos cálices renais.
As litíases podem ser esféricas ou formar estruturas cristalinas irregulares e pontiagudas. O
tipo e o tamanho dos cálculos determinam o encaminhamento terapêutico a ser adotado.
Quando as litíases são de pequeno porte, apenas exames de TC conseguem identificá-las.
Quando são maiores, radiografias ou ultrassonografias são capazes de localizá-las. Exames
contrastados são úteis para avaliar a possibilidade de obstrução do fluxo urinário.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Tipos de cálculos de acordo com minerais envolvidos: oxalato, urato, fosfato, cistina,
xantina e estruvita. As pedras podem ser 
esféricas, porosas, irregulares ou espiculadas. Oxalato, fosfato e estruvita são mais opacos,
por serem formados 
por fósforo e cálcio. Já as pedras de cistina, xantina e urato são radiotransparentes.
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Imagem radiográfica destacada, mostrando cálculocoraliforme próximo à coluna. Quando toda a estrutura 
interna dos cálices renais é calcificada, forma estruturas 
similares a corais marinhos (daí o nome da estrutura).
CÁLCULOS URETERAIS
Os cálculos ureterais podem ocorrer no terço superior, médio ou inferior do ureter. Quando
ocorrem na parte superior, pode haver dilatação da pelve renal. Quando ocorrem na porção
média ou inferior, observamos os ureteres distendidos e irregulares em razão da sobrecarga de
líquido retido.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Diagrama com os três estágios de obstrução ureteral: terço superior, médio e inferior.
Na imagem a seguir, quando o cálculo não é muito volumoso ou é formado por urato, o uso de
contraste iodado ajuda a definir o ponto de obstrução, visualizado por meio da interrupção da
passagem do contraste com dilatação da região ureteral.
Veja que há uma redução do volume vesical em razão da obstrução ureteral causada por
cálculos localizados na porção superior direita (parte transparente) e na parte inferior esquerda
(mancha circular, transparente, na junção ureterovesical).
 
Imagem: SCiardullo / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Urografia excretora intravenosa seriada. Duas imagens, com intervalo de 15min entre elas,
mostrando 
preenchimento deficiente da bexiga e transparência ureteral direita. No ureter esquerdo, veja
uma mancha 
transparente, oval, na porção inferior, podendo corresponder a cálculo ureterovesical.
Na ocorrência desse tipo de obstrução na porção média ou superior do ureter, com o cálculo
tamponando totalmente a passagem da urina, ocorre uma condição patológica denominada
hidronefrose. Nesse quadro, os rins aparecem mais dilatados, assim como todo o córtex e os
cálices renais, em razão da retenção de líquido, podendo piorar o quadro quando a retenção
deflagra processos inflamatórios ou infecciosos nos rins. Veja a imagem a seguir:
 
Imagem: Shutterstcok.com
 Diagrama com os quadros de hidronefrose. Da esquerda para a direita: rim normal, grau
leve, grau moderado e grau severo.
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Radiografia contrastada, evidenciando hidronefrose em 
ambos os rins. Veja o tamanho aumentado e a estrutura 
calicinal totalmente deformada, caracterizando provável 
grau severo de hidronefrose.
ESTENOSE URETRAL
Estenose uretral é um acometimento que ocorre principalmente em homens adultos, em
decorrência de traumas ou infecções. A estenosa uretral é uma cicatriz fibrosa, resultante da
proliferação de colágeno e fibroblastos. A lesão provoca a redução do fluxo urinário, podendo
vir acompanhado de hipertrofia e trabeculação da bexiga em casos severos. As radiografias
auxiliam a definir a localização, o comprimento e o grau da estenose.
Veja as imagens a seguir:
 
Imagem: Marchiori & Santos (2015, p. 136-137), à esquerda / Tomograph / Wikimedia
Commons / CC BY-SA 3.0, à direita
 Avaliação fluoroscópica da bexiga e uretra. Veja a estenose após a região prostática e na
saída da bexiga. 
Na segunda imagem, a estenose uretral ocorre na região posterior do segmento 
peniano, mais próximo da próstata.
ESTUDO RADIOLÓGICO DO SISTEMA
GENITAL HUMANO
O sistema genital feminino é composto por um par de ovários (gônadas), um par de tubas
uterinas (trompas de Falópio) e a vagina. Há uma relação próxima entre a uretra e a bexiga, e
o útero e a vagina. A uretra está localizada na parede anterossuperior da vagina. Ou seja, as
vias sexual e urinária são diferentes nas mulheres, ao passo que os homens utilizam o mesmo
meio para excreção de sêmen e urina. Na região do períneo feminino existem três aberturas:
anal (posterior), uretral (anterior) e a abertura vaginal (no meio). Veja a ilustração a seguir:
 
Imagem: Tsaitgaist / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Localização dos órgãos do sistema reprodutor feminino.
 
Imagem: Tsaitgaist / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Localização dos órgãos do sistema reprodutor masculino.
Já o sistema genital masculino é composto pelos testículos (gônadas), vesículas seminais
(posterior à bexiga), próstata (abaixo da bexiga), ductos deferente e ejaculatório, pênis e saco
escrotal, onde os testículos estão armazenados. A uretra masculina tem um comprimento entre
17-20cm, estendendo-se da bexiga ao meio externo e tem dupla função: excreção da urina
armazenada na bexiga e do sêmen, na ejaculação, ao meio externo.
PATOLOGIAS E LESÕES ASSOCIADAS AO
SISTEMA GENITAL
A maioria das lesões que acometem o sistema genital feminino e masculino estão localizadas
em tecidos moles, como a endometriose, os miomas e as alterações na próstata, por exemplo.
Radiografias simples são pouco sensíveis para mostrar essas lesões. Por outro lado, exames
contrastados iodados conferem maior grau de risco ao paciente, em razão das reações
alérgicas adversas. No caso das mulheres, a histerossalpingografia (HSG), além de utilizar
contraste iodado, é extremamente invasiva e causa muitos incômodos nos momentos pré e
pós-exame.
 SAIBA MAIS
No diagnóstico genital, é muito comum o emprego inicial do exame de ultrassonografia (USG),
que não é objeto de estudo deste módulo. Avaliação ultrassonográfica dos testículos, do útero,
bem como a transvaginal e transretal são exemplos de técnicas de alta sensibilidade e maior
segurança para os pacientes. Neste módulo, abordaremos dois tipos de lesões ainda comuns
no diagnóstico radiográfico: aspectos da infertilidade feminina e estudo da próstata.
O estudo da infertilidade feminina, por complexidade, é iniciado com uma ultrassonografia
pélvica, que pode ser complementada com um estudo transvaginal chamado
histerossonografia. Ambos mostram somente a cavidade vaginal e uterina. Caso não sejam
identificados achados relevantes, o médico pode solicitar uma histeroscopia (exame
endoscópico por via endovaginal). No entanto, o alcance da histeroscopia é limitado ao início
das trompas. Em último caso, a histerossalpingografia é feita, pois é o único exame que mostra
todo o sistema genital: cavidade vaginal, útero, trompas e fímbrias, com dispersão do contraste
na cavidade peritoneal.
 
Imagem: Hic et nunc, Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 
Imagem: Hic et nunc, Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 
Imagem: Hic et nunc, Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Três procedimentos iniciais para o estudo genital feminino. Primeiro, uma USG pélvica,
corte longitudinal, mostrando a bexiga (escura) e o ovário na região posterior. A segunda
imagem é uma USG transvaginal (histerossonografia), mostrando o mesmo ovário. Por fim,
uma histeroscopia da parede uterina, evidenciando um mioma submucoso.
 RECOMENDAÇÃO
A histerossalpingografia é contraindicada em casos de gravidez confirmada, doença
inflamatória pélvica e sangramento uterino abundante. O exame deve ser realizado entre o 7º e
o 10º dia após o início da menstruação. Isso é um dos complicadores na hora da marcação,
pois o ciclo menstrual varia para cada mulher. É feito um preparo prévio ao exame, com
laxantes e antiespasmódico, que visa reduzir as cólicas após o procedimento. A paciente é
colocada em posição ginecológica (litotomia) e os utensílios para o exame são introduzidos no
canal vaginal.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Paciente feminina em posição de litotomia na mesa ginecológica.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Procedimento para a introdução do cateter balão. É feita a abertura vaginal com o
espéculo, a pinça pressiona o óstio externo do colo uterino para facilitar a entrada do cateter.
Dentro do cérvix, o balão é inflado com uma das seringas e o contraste é instilado com a outra
seringa (ou bomba infusora, a depender da estrutura hospitalar disponível).
ESPÉCULO
O espéculo é instrumento utilizado para examinar o interior de uma cavidade corporal, através
do orifício do instrumento.
A injeção de contraste iodado deve preencher todo o útero, chegando às tubas uterinas, como
um pequeno filete de contraste, bem sutil.Nessa etapa do exame, obtemos a Prova de Cottè:
positivo, quando o contraste avança e extravasa para a região peritoneal; ou negativo,
quando o contraste não avança, caracterizando obstrução tubária. Essa é uma das causas de
infertilidade.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Procedimento para histerossalpingografia: seringa conectada a um cateter balão,
introduzido pelo colo uterino. 
Nessa imagem, temos uma obstrução na trompa esquerda, o que caracteriza Prova de Cottè
negativa.
A seguir, temos radiografias seriadas no procedimento de histerossalpingografia. A região
opaca inferior é a sombra da pinça pressionando o óstio externo do colo uterino, para a
introdução do cateter.
VEJA QUE O CONTRASTE PREENCHE TODO O
CÉRVIX, CORPO E FUNDO UTERINO,
PASSANDO PARA AS TROMPAS (UM PEQUENO
FILETE OPACO) E DISPERSANDO PELAS
FÍMBRIAS NO PERITÔNIO.
A segunda imagem é um histerossalpingograma realizado por fluoroscopia, com imagem
congelada do teste positivo para a Prova de Cottè: útero totalmente preenchido, com trompas
e fímbrias pérvias e contraste dispersando no peritônio. Nesta imagem, as áreas brancas
representam a sombra do espéculo, pinça e balão. Toda área contrastada aparece escura (em
modo negativo).
 
Imagem: Shuttestock.com
 Radiografia seriada no procedimento de histerossalpingografia.
 
Imagem: jemsweb / Wikimedia Commons / CC BY-SA 2.0
 Histerossalpingograma realizado por fluoroscopia, com Prova de Cottè positiva.
A hiperplasia benigna da próstata é uma condição clínica que acomete homens,
principalmente após os 60 anos de idade. A predominância em pacientes de 60 anos é de
50%, ao passo que em pacientes de 90 anos, a ocorrência pode ultrapassar a média de 90%.
Apresentações clínicas mais comuns ocorrem no sistema urinário, como fluxo fraco de urina,
noctúria (micção noturna) e esvaziamento incompleto da bexiga (incontinência urinária).
 
Imagem: Shutterstock.com, à esquerda / Basquetteur / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0, à
direita
 Ilustrações sobre a hiperplasia prostática benigna (HPB). Na primeira, o corte coronal
mostra a próstata normal (à direita) e aumentada (à esquerda). Veja que o aumento do volume
prostático deforma o assoalho vesical. Na segunda imagem, o corte sagital mostra como a
próstata aumentada obstrui a passagem da urina da bexiga para a uretra.
A seguir, veja algumas imagens que apresentam a relação bexiga e próstata em aspectos
clínicos normais. Na primeira, temos a fase de enchimento vesical na urografia excretora
intravenosa.
PERCEBA O CONTORNO DA PAREDE VESICAL
BEM DEFINIDO E O ENCHIMENTO HOMOGÊNEO
DO CONTRASTE.
Para uma avaliação normal da próstata (sem dilatação), consideramos o assoalho vesical
como marco topográfico.
ASSOALHO ESFÉRICO OU RETILÍNEO INDICA
PRÓSTATA SEM AUMENTO.
No ultrassom, essa diferenciação é mais fácil, uma vez que a próstata e a bexiga têm
ecogenicidades diferentes. A bexiga, por gerar pouco sinal (anecoica) no transdutor, produz
tom escuro. A próstata já gera uma pequena quantidade de eco (hipoecogênica), produzindo
um tom cinza escuro. As imagens representam a posição coronal (de frente) e sagital (lateral)
da pelve, mostrando a relação normal entre bexiga e próstata.
 
Imagem: Der Reisende / Wikimedia Commons/ CC BY-SA 3.0
 Urografia excretora com enchimento vesical normal. Bordas e contornos definidos e
assoalho sem deformações.
 
Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
 Ultrassonografia pélvica, imagens longitudinais em corte coronal e sagital. Veja a bexiga
totalmente anecoica (escura), com bordas definidas e a próstata logo abaixo, mais cinza.
Apesar de os exames tomográficos não serem usados para avaliação da próstata, é possível
encontrar a lesão de forma acidental.
Em radiografias simples, pode ocorrer um leve aumento de opacidade na regiao inferior da
bexiga. Em urografias excretoras ou uretrocistografias, é possível identificar a lesão pela
deformação do contorno inferior da bexiga.
Anatomicamente, toda bexiga é esférica. Na presença de uma próstata aumentada, o assoalho
vesical pode ser comprimido e alterar sua conformação na imagem.
LOCALIZE A LESÃO NAS IMAGENS A SEGUIR:
 
Imagem: Imagem: DAFFNER, 2003, p.324.
 Urografia excretora em fase de enchimento vesical. Veja a deformação do assoalho da
bexiga, causando a dobra do ureter na junção ureterovesical. Na imagem é utilizado o sinal
radiográfico em anzol, devido ao formato do ureter nesse caso. O abaulamento inferior nesse
caso é supostamente causado por hiperplasia benigna da próstata.
 
Imagem: Shutterstock.com
 TC pélvica em corte coronal, mostrando a bexiga (cinza mais escuro) e a próstata (cinza
mais claro, mesmo tom do tecido muscular). Veja a bexiga com o assoalho abaulado, côncavo,
em razão do aumento de volume da próstata.
O especialista Raphael Santos vai abordar a composição química do contraste iodado,
explicando o que causa as reações alérgicas, os tipos de reações e os tipos de contrastes que
podem ser utilizados.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL É O NOME DO EXAME UROGRÁFICO QUE MOSTRA O FLUXO
URINÁRIO EM SENTIDO NATURAL?
A) Urografia anterógrada
B) Pielografia retrógrada
C) Urografia excretora
D) Uretrocistografia
E) Uretrocistografia retrógrad
2. A TERMINOLOGIA MÉDICA É COMPLEXA E, EM SUA MAIORIA, É
FORMADA POR TERMOS ORIUNDOS DO GREGO E DO LATIM.
CONSIDERANDO OS PREFIXOS GREGOS SÁLPIGKS (TROMBETA),
HYSTERA (ÚTERO), GRÁPHOS (IMAGEM) E SKÓPIA (OLHAR), AVALIE AS
AFIRMAÇÕES A SEGUIR: 
 
I – A HISTEROSSONOGRAFIA MOSTRA A CAVIDADE INTERNA DAS
TROMPAS DE FALÓPIO. 
II – A HISTEROSCOPIA É UM EXAME RADIOGRÁFICO PARA MOSTRAR
TODA A CAVIDADE UTERINA. 
III – O EXAME QUE MOSTRA O SISTEMA GENITAL FEMININO COMPLETO
É A HISTEROSSALPINGOGRAFIA. 
 
MARQUE A OPÇÃO QUE CONTENHA APENAS AFIRMAÇÕES CORRETAS:
A) Apenas I
B) Apenas II
C) Apenas III
D) Apenas I e II
E) Apenas I e III
GABARITO
1. Qual é o nome do exame urográfico que mostra o fluxo urinário em sentido natural?
A alternativa "C " está correta.
 
O fluxo natural é rins - ureteres - bexiga - uretra. Portanto, podemos descartar os exames
retrógrados e anterógrados. Na uretrocistografia, observa-se o contraste em fluxo uretra-
bexiga. Logo, também se trata de um exame retrógrado.
2. A terminologia médica é complexa e, em sua maioria, é formada por termos oriundos
do grego e do latim. Considerando os prefixos gregos sálpigks (trombeta), hystera
(útero), gráphos (imagem) e skópia (olhar), avalie as afirmações a seguir: 
 
I – A histerossonografia mostra a cavidade interna das trompas de Falópio. 
II – A histeroscopia é um exame radiográfico para mostrar toda a cavidade uterina. 
III – O exame que mostra o sistema genital feminino completo é a histerossalpingografia. 
 
Marque a opção que contenha apenas afirmações corretas:
A alternativa "C " está correta.
 
Histeroscopia não é um exame radiográfico, pois utiliza técnica endoscópica para a
visualização interna do útero. A histerossonografia não mostra as trompas por serem muito
finas e não produzirem eco suficiente. Portanto, essa técnica tem a capacidade de mostrar
apenas a cavidade uterina. Logo, apenas a afirmativa (III) está correta.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo abdominal para avaliação digestiva e urogenital é de extrema importância para a
clínica médica, pois permite a localização e caracterização dos possíveis achados radiológicos.
Embora a maioria das análises possa ser previamente realizada por ultrassonografia, os
exames contrastados ainda merecem a atenção do estudante. Radiografias com uso de meios
de contraste podem ser realizadas com o próprio equipamento de raios X convencional, o que
facilita o acesso da população ao recurso. Além disso, algumas técnicas ainda são definitivas
em estudos mais delicados, como é o caso da pesquisa sobre infertilidade feminina. Aqui, você
aprendeu que a histerossalpingografia é o único exame que mostra a estrutura genital feminina
completa. No entanto, precisamos consideraros efeitos adversos, os meios de contrastes
iodados e o incômodo causado à paciente durante a realização do exame. As urografias
podem ser feitas com poucos recursos e mostrar lesões importantes para compor o diagnóstico
clínico de doenças no trato urinário. Logo, considere rever este material, caso ainda tenha
ficado alguma dúvida ou dificuldade com algum dos tópicos abordados neste módulo.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
DAFFNER, R.H. Radiologia Clínica Básica. 3. ed. São Paulo: Manole, 2003.
LEWER, M.H.M. (org). Tecnologia Radiológica. Rio de Janeiro: MedBook, 2019.
MARCHIORI, E; SANTOS, M. L. Introdução à Radiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2015.
MORAES, A; SIQUEIRA, A. Posicionamento radiográfico. Rio de Janeiro : Guanabara
Koogan, 2017.
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humana. O site tem conteúdos sobre imaginologia, história da anatomia e um canal no
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caneta”.
Radiopaedia: é uma enciclopédia médica com vasto material sobre Radiologia, Anatomia e
Patologia. Além disso, você encontrará muitos casos clínicos para estudar. Procure na internet
com os termos “radiopaedia”.
CONTEUDISTA
Raphael de Oliveira Santos
 CURRÍCULO LATTES
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