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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
EMPRESARIAL
Caracterização do Empresário
Livro Eletrônico
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
Sumário
Apresentação .....................................................................................................................................................................4
Caracterização do Empresário .................................................................................................................................5
O Empresário ......................................................................................................................................................................5
1º Elemento Caracterizador do Empresário: Profissionalismo .............................................................7
2º Elemento Caracterizador do Empresário: Exercício de Atividade Econômica ........................8
3º Elemento Caracterizador do Empresário: Organização.................................................................... 10
4º Elemento Caracterizador do Empresário: Objetivo de Produção ou a Circulação de 
Bens ou de Serviços ......................................................................................................................................................12
Empresário: Diferenças em Relação ao Conceito de Comerciante ....................................................12
Atividades Não Empresariais..................................................................................................................................15
Profissão Intelectual, de Natureza Científica, Literária ou Artística ..............................................15
Sociedades de Advogados ........................................................................................................................................18
Cooperativa .......................................................................................................................................................................19
Prestação de Serviços de Registros Públicos (Cartorário e Notarial) ..........................................20
Empresário Rural: Facultatividade .....................................................................................................................20
A Sociedade Anônima de Futebol (SAF) ..........................................................................................................23
Deveres/Obrigações do Empresário Regular ...............................................................................................23
1ª Obrigação do Empresário: Registro na Junta Comercial ..................................................................23
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins – Lei n. 8.934, de 18 de 
novembro de 1994. ....................................................................................................................................................... 28
2ª Obrigação do Empresário: Escrituração Regular.................................................................................34
3ª Obrigação do Empresário: Levantar Demonstrações Contábeis Periódicas .......................39
Empresário Irregular: Consequências ..............................................................................................................39
Empresário Individual ................................................................................................................................................40
Capacidade Civil Plena ..............................................................................................................................................40
Emancipação do Menor com Mais de Dezesseis Anos Completos pelo Estabelecimento 
Empresarial: Polêmica ...............................................................................................................................................43
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
Impedimentos ao Exercício da Empresa ..........................................................................................................46
Sociedade entre Cônjuges .......................................................................................................................................48
Empresário Individual Casado ...............................................................................................................................49
Responsabilidade Ilimitada do Empresário Individual ............................................................................51
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) ..............................................................53
Institutos Complementares ....................................................................................................................................54
Nome Empresarial ........................................................................................................................................................54
Espécies de Nome Empresarial ............................................................................................................................55
Nome Empresarial e os Tipos Societários......................................................................................................56
Prepostos (Auxiliares e Colaboradores do Empresário) .......................................................................57
Gerente ................................................................................................................................................................................58
Contabilista ......................................................................................................................................................................58
Resumo ................................................................................................................................................................................61
Exercícios ........................................................................................................................................................................... 67
Gabarito .............................................................................................................................................................................. 73
Gabarito Comentado ................................................................................................................................................... 74
Referências .......................................................................................................................................................................92
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
APRESENTAÇÃO
O foco da nossa aula será no empresário, notadamente o empresário individual, focan-
do na sua caracterização, deveres e impedimentos. Também falaremos das peculiaridades 
envolvendo o empresário rural e da possibilidade de associações que exploram a atividade 
futebolística tornarem-se empresária (a denominada Sociedade Anônima de Futebol – SAF), 
entre outros temas.
Pontos do edital:
• O empresário.Conceito e caracterização. Diferenças em relação ao conceito de comer-
ciante. Atividades não empresariais. Empresário individual. Capacidade. Deveres. Impe-
dimentos ao exercício da empresa. O prosseguimento da empresa pelo incapaz.
• Empresário rural. Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Empresa individual de respon-
sabilidade limitada (Extinção).
• Do Registro. Registro público de Empresas Mercantis e atividades afins – Lei n. 8.934, 
de 18 de novembro de 1994. Arquivamento de documentos na Junta Comercial. Escritu-
ração. Livros obrigatórios e facultativos. Força probante.
• Institutos complementares. Nome empresarial e preposto no CC.
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO
O EmprEsáriO
Caríssimo(a) aluno(a), vamos nos dedicar no início desta aula ao protagonista do Direito 
Empresarial: o empresário!
O Código Civil (CC) brasileiro – seguindo a mesma linha do Código Civil italiano de 1942 – 
adotou definitivamente a teoria da empresa, abandonando, de vez, a teoria dos atos de comércio.
No mesmo sentido, optou por conceituar legalmente o empresário (perfil subjetivo) e não 
propriamente a empresa (perfil funcional).
Praticamente copiando a definição prevista na legislação italiana, o empresário é conceitu-
ado pelo art. 966 do CC nos seguintes moldes:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. (destaquei)
Desse conceito, verificamos que, como regra, o CC adotou o critério material para a defini-
ção de empresário, em que a atividade explorada por pessoa natural ou jurídica é que definirá 
a sua natureza empresarial (ou não).
Registro que o critério legal (ou subjetivo), ou seja, quando a caracterização como empre-
sário é determinada por lei também se fará presente em algumas situações, como é o caso por 
exemplo das sociedades por ações que, por força do art. 982, parágrafo único do CC e do art. 
2º, § 1º da Lei n. 6.404 de 1976, sempre serão sociedades empresárias, independentemente do 
objeto social explorado. Em oposição, lembre-se que as sociedades cooperativas nunca serão 
empresárias.
Segundo o jurista italiano Alberto Asquini, quatro seriam os perfis distintos da empresa sob o 
ponto de vista jurídico:
I – perfil funcional, caracterizado como uma “particular força em movimento que é a atividade 
empresarial dirigida a um determinado escopo produtivo”. Nesse perfil, empresa é uma ativi-
dade econômica organizada. Fique atento, caro(a) aluno(a), é pacífico na atualidade que esse 
é o conceito jurídico de empresa;
II – perfil subjetivo, em que se tem a empresa como sinônimo de empresário, ou seja, como 
sujeito de direito (pessoa natural ou jurídica). O conceito de empresário consta expressamente 
no CC, nos termos do citado art. 966;
III – perfil patrimonial e objetivo, considerando a empresa como conjunto de bens destinados 
ao exercício da atividade econômica, sendo conhecido juridicamente sob a nomenclatura de 
estabelecimento empresarial (também chamado de “fundo de comércio” ou “azienda”);
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
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IV – perfil corporativo, em que a empresa seria “um núcleo social organizado em função de 
um fim econômico comum”. Esclarecendo: nesse perfil a empresa não seria considerada a 
partir de um ponto de vista individualista como nos demais, mas sim institucional, como uma 
comunidade laboral em que se reúnem o empresário e o seus empregados (colaboradores). 
Registro que essa acepção está ultrapassada, por conta de somente se sustentar a partir da 
ideologia fascista que vigorava à época da edição do Código Civil italiano.
001. (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/TCU/2015/ADAPTADA) Acerca das 
sociedades empresariais, assinale se a opção está correta.
Conforme o Código Civil, empresa é a pessoa jurídica que atua profissionalmente em atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.
A questão apresenta o conceito de empresário (mais especificamente, de sociedade empre-
sária), nos termos do art. 966 do Código Civil. O conceito de empresa é extraído indiretamente, 
contemplando o perfil funcional enunciado por ASQUINI, significando atividade econômica 
organizada.
002. (PUC-PR/TJ-RO/JUIZ/2011/ADAPTADA) Dadas as assertivas abaixo, assinale a úni-
ca correta.
Segundo a Lei (Código Civil), é considerado empresário todo aquele que exerce, de forma profis-
sional, atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.
A questão traz o conceito de empresário previsto no art. 966 do CC.
Fique atento, caro(a) aluno(a)! É muito comum cair literalmente essa definição legal em provas 
objetivas!
Do conceito legal previsto no art. 966 do CC, a doutrina e a jurisprudência identificam 4 
elementos necessários para a caracterização do empresário:
• profissionalismo;
• exercício de atividade econômica;
• organização; e
• objetivo de produção ou a circulação de bens ou de serviços.
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
1º ElEmEntO CaraCtErizadOr dO EmprEsáriO: prOfissiOnalismO
O profissionalismo (exercer “profissionalmente”, na dicção legal) significa que o empresá-
rio deve fazer da exploração da atividade econômica organizada a sua profissão habitual, ou 
seja, ter o intento de lucro e exercer a empresa (atividade econômica organizada) de forma não 
ocasional ou esporádica.
E mais: utilizando as lições do comercialista Fábio Ulhoa Coelho, além da habitualidade, o 
profissionalismo demanda a pessoalidade (exercício da atividade em nome próprio, assumin-
do consequentemente os seus riscos) e, também, o monopólio de informações (conhecimento 
aprofundado sobre as características de seu produto ou serviço, circunstância que denota que 
o empresário tem a experiência necessária para o exercício do seu ofício).
Confira tal lição direto da fonte, caro concurseiro(a):
“Profissionalismo. A noção de exercício de certa atividade é associada, na doutrina, a considerações 
de três ordens. A primeira diz respeito à HABITUALIDADE. Não se considera profissional quem rea-
liza tarefas de modo esporádico. Não será empresário, por conseguinte, aquele que organizar epi-
sodicamente a produção de certa mercadoria, mesmo destinando-se à venda no mercado. Se está 
apenas fazendo um teste, com o objetivo de verificar se tem apreço ou desapreço pela vida empre-
sarial ou para socorrer situação emergencial em suas finanças, e não se torna habitual o exercício 
da atividade, então ele não é empresário. O segundo aspecto do profissionalismo é a PESSOALIDA-
DE. O empresário, no exercício da atividade empresarial, deve contratar empregados. São estes que, 
materialmente falando, produzem ou fazem circular bens ou serviços. O requisito da pessoalidade 
explica por que não é o empregado considerado empresário. Enquantoeste último, na condição de 
profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os empregados, quando produzem ou 
circulam bens ou serviços, fazem-no em nome do empregador. Estes dois pontos normalmente des-
tacados pela doutrina, na discussão do conceito de profissionalismo, não são os mais importantes. 
A decorrência mais relevante da noção está no MONOPÓLIO DAS INFORMAÇÕES que o empresário 
detém sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa. (...) Como o empresário é um profissional, 
as informações sobre os bens ou serviços que oferece ao mercado — especialmente as que dizem 
respeito às suas condições de uso, qualidade, insumos empregados, defeitos de fabricação, riscos 
potenciais à saúde ou vida dos consumidores — costumam ser de seu inteiro conhecimento.”(des-
taques nossos)
Interessante notar que tal elemento impacta e justifica a maior rigidez em relação à revisão 
de contratos empresariais.
Isso porque tais contratos têm como signatárias exatamente pessoas que exercem a sua 
função com profissionalismo, ou seja, com habitualidade no exercício profissional, experiência 
e possuindo informações essenciais da atividade.
Em razão disso, a assunção de riscos nos negócios é ínsita à atividade empresarial, deven-
do ser preservados contratos pactuados livremente e de forma paritária pelos empresários.
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
Nesse sentido, a Lei n. 13.874, de 2019 (Lei da Liberdade Econômica), que exalta a livre 
iniciativa e o livre exercício da atividade econômica, em seu art. 3º, VIII preceitua:
Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o cres-
cimento econômicos do País, observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constituição 
Federal:
(...)
VIII – ter a garantia de que os negócios jurídicos empresariais paritários serão objeto de livre esti-
pulação das partes pactuantes, de forma a aplicar todas as regras de direito empresarial apenas de 
maneira subsidiária ao avençado, exceto normas de ordem pública;
(...)
Confira a respeito o Enunciado 28 da I Jornada de Direito Comercial, que aborda desdobra-
mento do profissionalismo:
Enunciado 28 – Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua 
atividade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na 
inexperiência.
DICA
Lembro, caro(a) aluno(a) que a habitualidade do empresário 
(atividade não ocasional ou eventual) não necessita ser diária 
ou mensal, uma vez que pode ser cíclica ou sazonal.
Como assim, professor?
Explico: por exemplo, determinado empresário pode ter como 
negócio principal a organização de feira de negócios de gran-
de porte, mas que ocorre somente uma vez por ano em um 
mês predeterminado. Nesse caso, a habitualidade estará pre-
sente, vez que anualmente é desenvolvida a atividade, sendo 
chamada de habitualidade cíclica ou sazonal.
2º ElEmEntO CaraCtErizadOr dO EmprEsáriO: ExErCíCiO dE atividadE 
ECOnômiCa
O empresário deve desenvolver uma atividade, ou seja, o seu ofício necessariamente deve 
envolver o desenrolar de atos praticados repetidamente – e não somente um ato isolado e 
sem permanência no tempo.
Além disso, ao se exigir que a atividade exercida pelo empresário tenha natureza econômi-
ca, devemos entender que essa deve produzir riqueza e ser exercida com finalidade lucrativa.
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
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A propósito, o lucro será sempre o fim da atividade empresarial, mesmo que eventualmen-
te o empresário não consiga efetivamente obtê-lo (exemplificando, por questões conjunturais, 
como uma crise econômica, o empresário pode ter prejuízo no ano, mas a intenção dele sem-
pre será obter lucro).
É o que nos ensina Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa:
Mas não se confunda ‘objetivo de lucro’ com ‘realização de lucro’. Frequentemente as empresas ex-
perimentam resultados econômicos negativos – fato que, no limite, pode levá-las à insolvência. Esta 
circunstância não as descaracteriza como tais, e nem faz ausentes elementos da economicidade e 
da produtividade, adiante referidos. (destaquei)
O STJ, em julgado da 1ª Turma (a questão de fundo envolvia Direito Tributário, por isso foi 
julgado por tal turma), decidiu nesse sentido:
JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATU-
REZA – ISS. BASE DE CÁLCULO. TRATAMENTO DIFERENCIADO CONFERIDO AOS PRO-
FISSIONAIS LIBERAIS E ÀS SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS. ARTIGO 9º, §§ 1º E 3º, DO 
DECRETO-LEI N. 406/68. NORMA NÃO REVOGADA PELA LEI COMPLEMENTAR 116/2003. 
PRECEDENTES. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL OU SOCIEDADE EMPRESÁRIA. INAPLICABILI-
DADE. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO. EXERCÍCIO DE PROFISSÃO INTELECTUAL 
COMO ELEMENTO DE EMPRESA. CONFIGURAÇÃO.
(...)
2. Segundo o artigo 966 do Código Civil, considera-se empresário aquele que exerce ati-
vidade econômica (com finalidade lucrativa) e organizada (com o concurso de mão-de-
-obra, matéria-prima, capital e tecnologia) para a produção ou circulação de bens ou de 
serviços, não configurando atividade empresarial o exercício de profissão intelectual de 
natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou cola-
boradores, que não constitua elemento de empresa. (destaquei) [STJ, REsp 1028086/RO, 
1ª T, rel. min. Teori Zavascki, DJ 20-10-2011]
003. (CESPE/JUIZ/TJ-PB/2015/ADAPTADA) No que se refere ao direito de empresa, assinale 
a opção correta.
Conforme entendimento dominante do STJ, a finalidade lucrativa não é requisito para que de-
terminada atividade seja considerada empresária.
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
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A posição dominante não só do STJ, como da doutrina é no sentido que a finalidade lucrativa 
é requisito para que determinada atividade seja considerada empresária, uma vez que essa 
caracteriza-se como “econômica”.
3º ElEmEntO CaraCtErizadOr dO EmprEsáriO: OrganizaçãO
À semelhança do maestro em uma orquestra, caberá ao empresário reger os meios de pro-
dução envolvidos na atividade econômica.
Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência reconhecem a necessidade de articulação de 
4 fatores de produção por parte do empresário:
• capital: recursos financeiros e materiais investidos e mobilizados;
• mão de obra (trabalho): recursos humanos que devem ser utilizados na atividade empre-
sarial. Detalhe importante: hoje tal fator também contempla a automatização (“mão de 
obra” automatizada: computadores, robôs, máquinas etc. que realizam o trabalho antes 
feito por humanos);
• insumos (matéria-prima/bens naturais): substrato necessário para a produção/circula-
ção de bens ou serviços;
• tecnologia: engloba o conjunto de procedimentos utilizados na produção e circulação 
de bens ou serviços.
Tradicionalmente, os doutrinadores exigiam a articulação cumulativa desses quatro fato-
res de produção para a caracterizaçãode alguém como empresário.
Contudo, entendo bem oportuna a ponderação de André Santa Cruz, no sentido de que com 
a evolução dos negócios, sobretudo dos ‘negócios virtuais’, é necessário um abrandamento 
em relação à abrangência do elemento ‘organização’:
Fábio Ulhoa Coelho, ao analisar o requisito da organização para a caracterização da empresa, che-
ga a afirmar que não se deve considerar como empresário aquele que não organiza nenhum dos 
fatores de produção. Parece-nos que essa ideia fechada de que a organização dos fatores de pro-
dução é absolutamente imprescindível para a caracterização do empresário vem perdendo força no 
atual contexto da economia capitalista. Com efeito, basta citar o caso dos microempresários, os 
quais, não raro, exercem atividade empresarial única ou preponderantemente com trabalho próprio. 
Pode-se citar também o caso dos empresários virtuais, que muitas vezes atuam completamente 
sozinhos, resumindo-se sua atividade à intermediação de produtos ou serviços por meio da internet.
Ainda em relação ao elemento “organização”, diversos autores entendem que a formação 
e a manutenção de estabelecimento empresarial (“todo complexo de bens organizado, para 
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
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exercício da empresa”, nos termos do art. 1.142 do CC – perfil patrimonial da empresa) é es-
sencial para a configuração de tal elemento.
Nesse sentido, confira-se a lição de Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa:
Ainda, segundo Ascarelli, a referência ao fato de a atividade dever ser organizada implica que o em-
presário deve utilizar-se necessariamente de um estabelecimento (azienda) – ou seja, um complexo 
de bens organizados para o exercício da empresa. (...) desde o pipoqueiro ambulante até a indústria 
multinacional – sempre será necessário dispor de um determinado complexo de bens para o exercí-
cio da atividade empresarial. (destaquei).
Reproduzo novamente julgado do STJ, agora com enfoque na organização:
JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATU-
REZA – ISS. BASE DE CÁLCULO. TRATAMENTO DIFERENCIADO CONFERIDO AOS PRO-
FISSIONAIS LIBERAIS E ÀS SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS. ARTIGO 9º, §§ 1º E 3º, DO 
DECRETO-LEI N. 406/68. NORMA NÃO REVOGADA PELA LEI COMPLEMENTAR 116/2003. 
PRECEDENTES. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL OU SOCIEDADE EMPRESÁRIA. INAPLICABILI-
DADE. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO. EXERCÍCIO DE PROFISSÃO INTELECTUAL 
COMO ELEMENTO DE EMPRESA. CONFIGURAÇÃO.
(...)
2. Segundo o artigo 966 do Código Civil, considera-se empresário aquele que exerce ati-
vidade econômica (com finalidade lucrativa) e organizada (com o concurso de mão-de-
-obra, matéria-prima, capital e tecnologia) para a produção ou circulação de bens ou de 
serviços, não configurando atividade empresarial o exercício de profissão intelectual de 
natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou cola-
boradores, que não constitua elemento de empresa. (destaquei) [STJ, REsp 1028086/RO, 
1ª T, rel. min. Teori Zavascki, DJ 20-10-2011]
004. (CESPE/JUIZ/TJ-MA/2013/ADAPTADA) Assinale a opção correta referente ao direito 
de empresa.
De acordo com o Código Civil, considera-se empresário quem exerce profissionalmente ativi-
dade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Segundo 
a doutrina, organização é entendida como a cumulação necessária de capital, mão de obra, 
insumos e tecnologia.
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Caracterização do Empresário
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A questão apresenta o conceito legal de empresário constante no art. 966 do Código Civil. No 
que diz respeito ao elemento “organização”, está correta a afirmativa de que essa se caracteri-
za pela articulação dos 4 fatores de produção, a saber, capital, mão de obra (trabalho), insumos 
(natureza/matéria prima) e tecnologia.
4º ElEmEntO CaraCtErizadOr dO EmprEsáriO: ObjEtivO dE prOduçãO 
Ou a CirCulaçãO dE bEns Ou dE sErviçOs
Por fim, temos que a atividade econômica organizada do empresário deve ser direcionada 
para a produção (criação/confecção de produtos para colocar no mercado) ou a circulação 
(distribuição/comercialização de produtos ou prestação generalizada de serviços) de bens 
ou serviços.
Muito importante, concurseiro(a): essa produção e/ou circulação de bens ou serviços neces-
sariamente devem ser destinadas para atender ao mercado, NÃO devendo ser somente para o 
consumo próprio do excercente da atividade.
EmprEsáriO: difErEnças Em rElaçãO aO COnCEitO dE COmErCiantE
Conforme destacado por André Santa Cruz, é fundamental perceber a abrangência da teo-
ria da empresa (em contraponto à antiga – e restritiva – teoria dos atos de comércio), uma vez 
que, a princípio, qualquer atividade econômica pode se enquadrar nesse conceito e, portanto, 
potencialmente se sujeitará ao regime jurídico empresarial.
Contudo, consoante veremos um pouco mais à frente, nem toda atividade econômica se 
enquadrará como empresarial...
De qualquer forma, fato é que o conceito de empresário é bem mais amplo do que o de 
comerciante.
Preceituado no Código Comercial de 1850 (art. 4º) e aclarado pelo art. 19 do Regulamento 
737, de 1850, o conceito de comerciante era objetivo, uma vez que decorria da atividade por ele 
desenvolvida: a prática da mercancia (“atos de comércio”) de forma habitual, como profissão.
Quanto à caracterização de “atos de comércio”, lembremos a doutrina do jurista italiano Al-
fredo Rocco (considerada predominante), segundo a qual a característica comum de tais atos 
é a “função de intermediação na efetivação de troca”, seja realizando diretamente essa função 
(atos de comércio por natureza, fundamental ou constitutivo), seja facilitando essa execução 
(atos de comércio acessório ou por conexão).
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
Notemos, amigo(a) concurseiro(a), a abrangência limitada do conceito de atos de comércio, 
sobretudo em relação ao enquadramento (ou não) de atividades econômicas clássicas (ex., re-
lativas ao mercado imobiliário e a agropecuária) e também de novas atividades (vg., prestação 
de serviços), mesmo que exercidas com habitualidade, profissionalismo e organização.
Tal conceito foi evoluindo ao longo do tempo, inclusive sob a influência da teoria da empresa.
Com a promulgação do Código Civil de 2002 – e a consequente implementação definitiva 
da teoria da empresa -, a teoria dos atos de comércio ficou para trás.
De qualquer forma, como destaca Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro, é possível dizer 
que “todo comerciante será um empresário, empresário que tem como objeto de trabalho atos 
de interposição de troca de mercadorias”. E vão além:
O empresário nada mais é senão o comerciante dos dias atuais, não existindo qualquer motivo para 
se fazer distinção entre essas duas figuras, que, na verdade, representam o sujeito com o qual se 
ocupa o direto comercial, ou, numanomenclatura mais atualizada, o direito empresarial.
Podemos sintetizar o conceito de empresário e os seus elementos da seguinte forma:
Empresário (art. 966 do CC):
“Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços.”
4 elementos da caracterização do empresário:
1) Profissionalismo:
A exploração da atividade econômica organizada como 
profissão habitual.
Deve haver:
i) habitualidade: deve perdurar no tempo, não 
podendo ser eventual;
ii) pessoalidade: a atividade empresarial é desenvolvida 
em nome do empresário, que é quem assume os 
riscos; e
iii) monopólio das informações: conhecimento 
aprofundado sobre as características de seu produto 
ou serviço, que indica que o empresário tem 
experiência no ramo.
2)Atividade econômica:
i) atividade: desenrolar de atos praticados ao longo do 
tempo;
ii) econômica: finalidade lucrativa.
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3) Organizada:
Articulação dos 4 fatores de produção pelo 
empresário:
i) capital: recursos financeiros e materiais investidos e 
mobilizados;
ii) mão de obra (trabalho): recursos humanos que 
devem ser utilizados na atividade empresarial. Abarca 
também a automatização;
iii) insumos (matéria-prima/bens naturais): substrato 
necessário para a produção/circulação de bens ou 
serviços;
iv) tecnologia: engloba o conjunto de procedimentos 
utilizados na produção e circulação de bens ou 
serviços.
4) Produção e/ou circulação 
de bens ou serviços:
Criação/confecção de produtos para colocar no 
mercado e/ou distribuição/ comercialização de 
produtos ou prestação generalizada de serviços.
Deve ser dirigida a atender ao mercado e não ao 
consumo próprio do exercente da atividade.
005. (VUNESP/JUIZ/TJ-RS/2018) O artigo 966 do Código Civil define como empresário aque-
le que exerce:
a) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção ou circulação de 
bens ou de serviços.
b) atividade eventual econômica, organizada com a finalidade de circulação de bens ou serviços.
c) atividade profissional organizada com a finalidade de produção ou circulação de bens ou 
de serviços.
d) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção e circulação de 
bens ou de serviços.
e) atividade eventual econômica não organizada com a finalidade de produção e circulação de 
bens ou de serviços.
O empresário é definido no art. 966, do CC nos seguintes termos:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Assim, deve desenvolver atividade econômica, com profissionalismo e de forma organizada, 
com a finalidade de produção ou circulação de bens ou de serviços.
Letra a.
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atividadEs nãO EmprEsariais
prOfissãO intElECtual, dE naturEza CiEntífiCa, litErária Ou artístiCa
Embora seja, a princípio, abrangente a definição de empresário prevista no art. 966 do CC, 
extraímos do próprio parágrafo único desse dispositivo que a situação não é bem assim:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cientí-
fica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício 
da profissão constituir elemento de empresa. (destaquei)
Dessa maneira, em regra estão excluídos do conceito de empresários os denominados 
profissionais liberais, isto é, aqueles que exercem profissões:
i) intelectual: atividade centrada na mente do profissional ou com esforço criador (arquite-
to, advogado, etc.);
ii) de natureza científica: relacionada à pesquisa ou à ciência, detendo conhecimentos sis-
têmicos (professor/pesquisador, químico, médico etc.);
iii) literária: profissão com expressão da linguagem, ideias e símbolos (escritor, composi-
tor, poeta, jornalista etc.);
iv) artística: atuação no ramo da arte, produção de algo diferenciado em razão da habilida-
de do autor, com a expressão de sentidos e símbolos (ator, cantor, escritor de novela, fotógrafo, 
desenhista, dançarino etc.).
Note, caro(a) concurseiro(a), que um traço comum nessas profissões é que todas envolvem, 
em regra, atividades personalíssimas, ou seja, a figura do profissional em si é fator determi-
nante da atividade, bem como da própria escolha do serviço ou produto por parte dos clientes.
Dessa forma, mesmo que o exercente dessas atividades tenham finalidade lucrativa e 
eventualmente contrate funcionário(s) para auxiliá-lo, tal pessoa, a princípio, não será empre-
sária, uma vez que nessas profissões “o essencial é a atividade pessoal do agente econômico”, 
conforme destaca André Santa Cruz.
Ou seja, a atividade econômica não se mostra “organizada”, na medida em que a articula-
ção dos fatores de produção – essencial para a caracterização do empresário – será colocada 
em segundo plano, já que o destaque é a própria pessoa do profissional liberal (responsável 
inclusive por atrair a clientela).
Contudo, o próprio dispositivo legal faz uma ressalva: o profissional liberal não será empre-
sário, “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
Como é que é, professor, o que significa “se o exercício da profissão constituir elemento 
da empresa?
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Pois é, caro(a) aluno(a), entenda essa ressalva da seguinte forma: se for verificada na 
atividade econômica que a organização dos fatores de produção passa a ser mais importante 
que a atividade pessoal desenvolvida pelo(s) profissional(is) liberal(is) envolvido(s), quem for 
responsável por essa organização será considerado empresário.
DICA
Um dos indicativos de que a profissão passou a constituir “ele-
mento de empresa” é a contratação de terceiros para o de-
sempenho da atividade-fim.
EXEMPLOSituação 1 – Paulo e Márcio alugam imóvel para instalar uma clínica médica, com a 
finalidade de ganhar dinheiro com a sua profissão de médico. Contratam secretária e auxiliares 
para prestarem apoio nos procedimentos médicos, sendo que todas as despesas são divididas 
entre os dois (aluguel, funcionários etc.). Os clientes, ao marcarem consulta, procuram especi-
ficamente Paulo, que é renomado professor de ortopedia na principal universidade da cidade, 
bem como Márcio, por conta da sua expertise na matéria.
Nesse caso, verificamos que tais profissionais liberais não serão considerados empresários, 
na medida em que ambos são responsáveis pela atividade-fim, sendo procurados de forma 
personalíssima.
Situação 2 – Orlando, médico, aluga prédio de 3 andares e mobília 13 consultórios, inaugu-
rando o empreendimento com o nome de“Clínica Ando Bem”. Mediante processo seletivo 
aberto ao público, contrata médicos especializados em ortopedia e fisioterapeutas. Orlando 
arca com todas as despesas do empreendimento e paga salário fixo aos médicos e fisiotera-
peutas, acrescido de percentual por atendimento. Orlando faz convênio com diversos planos 
de saúde e clubes desportivos, disponibilizando o serviço médico de ortopedia. Os clientes, ao 
marcarem consulta, não sabem especificamente o nome dos profissionais, preocupando-se na 
marcação mais com a disponibilidade de agenda.
Nessa hipótese, Orlando, mesmo que eventualmente também faça atendimento médico, será 
considerado empresário, uma vez que organizou os fatores de produção da atividade econô-
mica, sendo que a atividade intelectual médica foi absorvida como um desses fatores (ou seja, 
tornou-se “elemento de empresa”) da atividade empresarial. Note que os clientes demandam 
os serviços da Clínica Ando Bem por conta do convênio médico, sendo que na maior parte das 
vezes não têm qualquer conhecimento do profissional que os irá atender. Perceba, também, 
que houve a contratação de terceiros para a realização da atividade fim.
Transcrevo abaixo outros exemplos citados por Mônica Gusmão:
Assim, v.g.:
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1) um dentista será considerado um profissional liberal enquanto exercer individualmente 
sua atividade mesmo com o concurso de auxiliares ou colaboradores, se inseridos na ativida-
de-meio (ex.: secretária). Hipótese diversa seria se contratasse um protético ou um técnico em 
RX. Estaríamos, aí, diante da figura do empresário individual.
2) um engenheiro poderá ser considerado empresário individual se exercer atividade eco-
nômica organizada, ou seja, se o auxílio ou a colaboração de terceiros integrar a sua atividade-
-fim (por exemplo, a contratação de topógrafo, técnico em cálculos estruturais, especialista em 
hidráulica etc.), descentralizando-a e retirando a pessoalidade de quem a exerce.
3) é sociedade simples o empreendimento em que dois médicos se associam e contratam 
uma secretária para os auxiliar. Nessa hipótese, não existe organização da atividade econômi-
ca por eles exercida. A atividade-fim só depende dos sócios. Os colaboradores inserem-se na 
atividade-meio.
4) a sociedade formada por dois médicos que se associam e contratam outros médicos 
para os auxiliar será empresária se nesse consórcio se fizer presente o elemento de empresa, 
isto é, se a atividade-fim do negócio depender, também, de um ou de mais de um dos profissio-
nais contratados, ou seja, se houver a descentralização da atividade-fim; caso contrário, se a 
atividade desenvolvida, ainda que com o concurso de colaboradores, centralizar-se nos sócios, 
a sociedade será simples.
5) um hospital que se constitui a partir da associação de médicos que independentemen-
te do exercício pessoal de suas atividades intelectual e científica será necessariamente uma 
sociedade empresária porque é imprescindível a contratação de outros profissionais para o 
exercício da sua atividade-fim (técnicos, anestesistas, instrumentadores cirúrgicos, corpo de 
enfermagem etc.). (...).
Confira os Enunciados 193, 194 e 195 da III Jornada de Direito Civil:
JURISPRUDÊNCIA
Enunciado 193 – Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está 
excluído do conceito de empresa.
JURISPRUDÊNCIA
Enunciado 194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, 
salvo se a organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pes-
soal desenvolvida.
JURISPRUDÊNCIA
Enunciado 195 – Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação 
econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresa-
rial.
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006. (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/TCU/2015/ADAPTADA) Acerca das 
sociedades empresariais, assinale se a opção está correta.
Profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores 
de produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
Nos termos da ressalva contida no parágrafo único do art. 966 do CC, o profissional liberal po-
derá ser considerado empresário “se o exercício da profissão constituir elemento da empresa”. 
Ou seja, se houver efetiva organização dos fatores de produção pelo profissional liberal, nota-
damente com a contratação de terceiros para o exercício da atividade-fim.
Note que a questão reproduziu o Enunciado 194 da III Jornada de Direito Civil:
JURISPRUDÊNCIA
Enunciado 194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, 
salvo se a organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pes-
soal desenvolvida.
sOCiEdadEs dE advOgadOs
Embora o Código Civil não faça menção específica sobre o exercício da advocacia, é impor-
tante saber, caro(a) concurseiro(a), que o Estatuto da Ordem dos Advogados (Lei n. 8.906, de 
1994) estabelece em seus artigos 15 e 16 que o exercício da advocacia será sempre civil (as 
sociedades serão sempre simples, na dicção da lei), não podendo apresentar forma ou carac-
terísticas de sociedade empresária.
Confira o caput de tais artigos:
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advo-
cacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regula-
mento geral.
(...)
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de 
advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem deno-
minação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou 
titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente 
proibida de advogar.
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Nesse sentido, por força legal, a despeito de haver escritórios de advocacia que adotam 
estrutura sofisticada e com ampla contratação de terceiros para a realização da atividade-fim, 
o exercício da advocacia será sempre de natureza civil.
COOpErativa
As cooperativas também, a despeito do objeto, nunca serão consideradas sociedades em-
presárias, devendo necessariamente ser sociedades simples.
É o que preceitua o parágrafo único do art. 982 do CC:
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto 
o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro ( art. 967 ); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; 
e, simples, a cooperativa. (destaquei)
Uma das explicações para essa exclusão é o fato de as sociedades cooperativas serem 
constituídaspara atender os interesses dos seus cooperados (consumo próprio), faltando, a 
princípio, o direcionamento dos bens ou serviços para o mercado.
Conforme já dissemos, o critério adotado como regra geral para definir empresário é o ma-
terial, ou seja, que demanda a análise do objeto explorado pelo sujeito.
No entanto, no caso das cooperativas (nunca serão empresárias) e das sociedades por 
ações (sempre serão empresárias), verificamos que excepcionalmente foi adotado o cri-
tério legal.
007. (CESPE/JUIZ/TJ-PR/2019) Conforme o Código Civil, equipara-se à condição de pessoa 
empresária.
Um grupo de pessoas que pretenda constituir uma cooperativa para intermediar a venda de 
produtos fabricados em determinada comunidade.
Nos termos do parágrafo único do art. 982, as cooperativas serão sempre sociedades simples, 
ou seja, não empresárias.
008. (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/TCU/2015/ADAPTADA) Acerca das 
sociedades empresariais, assinale se a opção está correta.
Se uma cooperativa exercer atividade própria de empresário, essa cooperativa será considera-
da sociedade empresária e ficará sujeita a registro na junta comercial.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
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Independentemente do objeto, as cooperativas serão sempre sociedades simples, ou seja, não 
empresárias, nos termos do parágrafo único do art. 982.
prEstaçãO dE sErviçOs dE rEgistrOs públiCOs (CartOráriO E nOtarial)
É interessante saber, concurseiro(a), que tanto o STF (plenário) como o STJ (REsp. 
1.328.384/RS, 1ª Sessão, rel. p/ acórdão min. Mauro Campbell Marques, DJ 29-5-2013) afas-
taram a natureza personalíssima da prestação de serviços de registros públicos pelo notário e 
registrador, reconhecendo que eles desenvolvem atividade econômica “análoga” à empresária, 
“assemelhando-se ao próprio conceito de empresa”.
Atente-se, portanto, que tal atividade é análoga à empresarial, sendo que o STF consignou 
expressamente que tal atividade se sujeita a regime próprio de direito público:
JURISPRUDÊNCIA
“CONSTITUCIONAL. DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE. ATIVIDADE NOTARIAL. 
NATUREZA. LEI N. 9.534/97. REGISTROS PÚBLICOS. ATOS RELACIONADOS AO EXER-
CÍCIO DA CIDADANIA. GRATUIDADE. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. VIOLAÇÃO 
NÃO OBSERVADA. PRECEDENTES. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
I – A atividade desenvolvida pelos titulares das serventias de notas e registros, embora 
seja análoga à atividade empresarial, sujeita-se a um regime de direito público. (...).”
[STF, ADC 5, Tribunal Pleno, rel. min. Nelson Jobim, relator(a) p/ acórdão: min. Ricardo 
Lewandowski, DJ 11-06-2007]
EmprEsáriO rural: faCultatividadE
O CC reservou tratamento especial ao exercente da atividade rural, na medida em que lhe 
facultou ser ou não empresário.
Como assim, professor? O exercente de atividade rural é ou não empresário?
Então, nobre aluno(a), o exercente da atividade rural somente será empresário se optar 
(lembre-se, é uma faculdade) por se registrar na Junta Comercial.
Confira o disposto no art. 971 do CC:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as 
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de 
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DIREITO EMPRESARIAL
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Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para 
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro
Nesse caso, ao contrário da regra geral em que o registro na Junta Comercial é meramente 
declaratório (ou seja, como regra a definição de empresário leva em conta a atividade por ele 
exercida, sendo o registro somente uma obrigação legal), para o empresário rural tal registro é 
constitutivo.
Confira a esse respeito o Enunciado 202 da III Jornada de Direito Civil:
JURISPRUDÊNCIA
Enunciado 202 – O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natu-
reza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou 
sociedade rural que não exercer tal opção.
Como desdobramento, o exercente de atividade rural somente poderá se valer das prer-
rogativas conferidas ao empresário – exemplo, requerimento de recuperação judicial -, caso 
esteja devidamente registrado na Junta Comercial.
Nesse sentido, transcrevo decisão do STJ, que inclusive reconheceu efeitos ex tunc (abar-
car situações anteriores) ao registro do empresário rural que, por ser facultativo e ter trata-
mento favorecido, possibilita retroagir a condição de empresário rural desde o início do efetivo 
exercício da atividade rural (e não a partir do registro):
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E EMPRESARIAL. EMPRESÁRIO RURAL E RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL. REGULARIDADE DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL ANTERIOR AO REGIS-
TRO DO EMPREENDEDOR (CÓDIGO CIVIL, ARTS. 966, 967, 968, 970 E 971). EFEITOS EX 
TUNC DA INSCRIÇÃO DO PRODUTOR RURAL. PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI 
N. 11.101/2005, ART. 48). CÔMPUTO DO PERÍODO DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL 
ANTERIOR AO REGISTRO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. O produtor rural, por não ser empresário sujeito a registro, está em situação regular, 
mesmo ao exercer atividade econômica agrícola antes de sua inscrição, por ser esta 
para ele facultativa.
2. Conforme os arts. 966, 967, 968, 970 e 971 do Código Civil, com a inscrição, fica o pro-
dutor rural equiparado ao empresário comum, mas com direito a “tratamento favorecido, 
diferenciado e simplificado (...), quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes”.
3. Assim, os efeitos decorrentes da inscrição são distintos para as duas espécies de 
empresário: o sujeito a registro e o não sujeito a registro. Para o empreendedor rural, o 
registro, por ser facultativo, apenas o transfere do regime do Código Civil para o regime 
empresarial, com o efeito constitutivo de “equipará-lo, para todos os efeitos, ao empre-
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Caracterização do Empresário
DIREITO EMPRESARIAL
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sário sujeito a registro”, sendo tal efeito constitutivo apto a retroagir (ex tunc), pois a 
condição regular de empresário já existia antes mesmo do registro. Já para o empresá-
rio comum, o registro, por ser obrigatório, somente pode operar efeitos prospectivos, ex 
nunc, pois apenas com o registro é que ingressa na regularidade e se constitui efetiva-
mente, validamente, empresário.
4. Após obter o registro e passar ao regime empresarial, fazendo jus a tratamento dife-
renciado, simplificado e favorecido quanto à inscrição e aos efeitos desta decorrentes 
(CC, arts. 970 e 971), adquire o produtor rural a condição de procedibilidade para reque-
rer recuperação judicial, com base no art. 48 da Lei n. 11.101/2005 (LRF), bastando que 
comprove, no momento do pedido, que explora regularmente a atividade rural há mais de 
2 (dois) anos. Pode, portanto, para perfazero tempo exigido por lei, computar aquele 
período anterior ao registro, pois tratava-se, mesmo então, de exercício regular da ativi-
dade empresarial.
5. Pelas mesmas razões, não se pode distinguir o regime jurídico aplicável às obrigações 
anteriores ou posteriores à inscrição do empresário rural que vem a pedir recuperação 
judicial, ficando também abrangidas na recuperação aquelas obrigações e dívidas ante-
riormente contraídas e ainda não adimplidas.
6. Recurso especial provido, com deferimento do processamento da recuperação judicial 
dos recorrentes.
[STJ, REsp 1800032, 4ª T, rel. min. Marco Buzzi, DJ 05-11-2019]
Essa decisão do STJ também destaca uma questão importante: o fato de o art. 970 do CC 
ter assegurado tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao 
pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes:
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e 
ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. (negritei)
009. (FCC/JUIZ/TJ-PE/2011) É correto afirmar que
A lei assegurará tratamento isonômico ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à 
inscrição empresarial e aos efeitos dela decorrentes.
Nos termos do art. 970 do CC, é assegurado tratamento favorecido, diferenciado e simplificado 
ao empresário rural e ao pequeno empresário.
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a sOCiEdadE anônima dE futEbOl (saf)
A Lei n. 14.193, de 2021, instituiu a Sociedade Anônima de Futebol (SAF), tratando-se de 
“companhia cuja atividade principal consiste na prática do futebol, feminino e masculino, em 
competição profissional.”
Nos termos do art. 2º de tal lei, a SAF poderá ser constituída:
• pela transformação do clube ou pessoa jurídica original em Sociedade Anônima do Fu-
tebol;
• pela cisão do departamento de futebol do clube ou pessoa jurídica original e transferên-
cia do seu patrimônio relacionado à atividade futebol;
• pela iniciativa de pessoa natural ou jurídica ou de fundo de investimento.
No caso de transformação, consoante prevê o parágrafo único do art. 971 do CC – introdu-
zido pela Lei n. 14.193, de 2021 – (à semelhança do que ocorre com o empresário rural – art. 
971, caput do CC), bastará à associação que desenvolva atividade futebolística em caráter habi-
tual e profissional requerer a inscrição na Junta Comercial, com a sua transformação em SAF, 
para ser considerada empresária, para todos os efeitos.
Registro que a pessoa jurídica constituída originalmente como SAF será necessariamente 
empresária, por força do art. 982, parágrafo único do CC, por se tratar de sociedade anônima, 
embora especial (a Lei n. 6.404, de 1976, aplica-se subsidiariamente à Lei n. 14.193, de 2021).
dEvErEs/ObrigaçõEs dO EmprEsáriO rEgular
O empresário (empresário individual ou sociedade empresária) para ser considerado regu-
lar devem cumprir determinados deveres legais.
Nesse sentido, Fábio Ulhoa Coelho enuncia as seguintes obrigações:
i) promover a inscrição na Junta Comercial antes do início das suas atividades (art. 
967 do CC);
ii) manter escrituração regular dos seus negócios (art. 1.179 e seguintes do CC);
iii) levantar demonstrações contábeis periódicas (arts. 1.179, parte final, 1.188 e 
1.189 do CC).
1ª ObrigaçãO dO EmprEsáriO: rEgistrO na junta COmErCial
O art. 967 do CC determina:
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, antes do início de sua atividade. (negritei)
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Primeiramente, é importante esclarecer que sempre que o CC utilizar a expressão “Registro 
Público de Empresas Mercantis” está se referindo a registro a cargo das Juntas Comerciais 
dos Estados (que tem funções executora e administradora dos serviços de registro), sobre as 
quais falaremos um pouco mais adiante.
Outro ponto a se destacar é que apesar de ser obrigatório o registro, já vimos que o critério 
geral adotado no Brasil para a configuração do empresário é o efetivo exercício da atividade 
empresarial (critério material). Assim, como regra, o registro é meramente declaratório.
010. (FGV/JUIZ/TJ-AP/2022/ADAPTADA) No Livro II da Parte Especial do Código Civil estão 
dispostas regras quanto à caracterização e à capacidade do empresário individual. Com base 
nas prescrições legais, analise as afirmativas a seguir.
Considera-se empresário a pessoa natural, com firma inscrita na Junta Comercial, que exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens 
ou de serviços.
Embora, nos termos do art. 967 do CC, seja obrigatória a inscrição da firma na Junta Comercial 
(se não houver estaremos diante de um empresário irregular), o Código Civil adotou como re-
gra geral o critério material, ou seja, a pessoa será empresária se exercer a ‘empresa’ (ativida-
de econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços), consoante 
disposto no art. 966 do CC:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
(...)
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Errado.
Não fazendo o registro, a consequência é que o empresário será considerado irregular, 
embora necessariamente seja submetido ao regime jurídico empresarial (exemplo, poderá ser 
requerida a sua falência).
E mais: no caso de sociedade empresária, a realização do registro tem efeito importantís-
simo, que é a constituição de personalidade jurídica diversa da(s) pessoa(s) dos sócios ou do 
titular, com a consequente limitação de responsabilidade caso cabível (v.g., sociedade limita-
da, sociedade anônima).
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DICA
Mesmo havendo a formalização dos atos constitutivos (con-
trato/estatuto social), a sociedade empresária somente adqui-
re a personalidade jurídica com a efetiva inscrição na Junta 
Comercial. Enquanto isso não ocorre, a entidade que se pre-
tende criar é regulada pelos arts. 986 a 990 do CC (Livro II – Do 
Direito de Empresa; Titulo II – Da Sociedade; Capítulo I – Da 
sociedade em comum), sendo que os sócios (sociedade em-
presária) respondem solidária e ilimitadamente pelas obriga-
ções sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 
1.024, aquele que contratou pela sociedade (art. 990 do CC).
Nesse sentido, transcrevo os Enunciados 198 e 199 aprovados na III Jornada de Direito Civil:
JURISPRUDÊNCIA
Enunciado 198. Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito 
para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O 
empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-seàs normas do Código 
Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua con-
dição ou diante de expressa disposição em contrário.
JURISPRUDÊNCIA
Enunciado 199. Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito 
delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização.
A única exceção é o caso do empresário rural, em que o registro é constitutivo (isso porque 
lhe é conferida a faculdade de ser ou não empresário).
A inscrição do empresário deverá ser feita na Junta Comercial do lugar onde se encontra 
localizada a sua sede, devendo o requerimento, nos termos do art. 968 do CC, conter:
i) o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
ii) a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatu-
ra autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade 
(no caso da microempresa ou empresa de pequeno porte essa exigência pode ser dispensada);
iii) o capital; e
iv) o objeto e a sede da empresa.
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011. (TRT-2/JUIZ DO TRABALHO/TRT-2ª REGIÃO/2016/ADAPTADA) Sobre as pessoas jurí-
dicas e o empresário, à luz da legislação vigente, julgue o(s) item(ns) a seguir:
A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha o seu nome, naciona-
lidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; a firma, com a respectiva assina-
tura autógrafa ou por certificação digital; o capital; e o objeto e a sede da empresa.
A questão reproduz o art. 968, caput, do CC:
A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:
I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
II – a firma, com a respectiva assinatura autógrafa;
III – o capital;
IV – o objeto e a sede da empresa.
Registro que o empresário individual terá o prazo de 30 dias para apresentar a documenta-
ção necessária, contado da lavratura do ato respectivo (art. 1.151, § 1º do CC).
Já em relação à sociedade empresária, nos trinta dias subsequentes à sua constituição, 
ou seja, a partir da assinatura do contrato/estatuto social, essa deverá requerer a inscrição do 
contrato social na Junta Comercial. Caso não seja observado tal prazo, os efeitos (incluindo a 
constituição de personalidade jurídica autônoma e a limitação de responsabilidade) somente 
produzirão efeitos a partir da data da sua concessão (art. 998 c/c art. 1.151, §§ 1º e 2º do CC).
Em relação às microempresas ou empresas de pequeno porte, por conta do tratamento cons-
titucionalmente favorecido (art. 170, IX da CF/88), o art. 4º, § 1º, I da LC 123, de 2006 estabe-
lece que o processo de abertura, registro, alteração e baixa de tais entes deverão ter trâmite 
especial e simplificado, podendo ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura 
autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas ao estado civil 
e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo Comitê 
para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e 
Negócios – CGSIM.
Caso o empresário institua filiais, sucursais ou agências em locais sujeitos à jurisdição de 
outra Junta Comercial, é importante ficar atento, pois o art. 969 do CC preceitua as seguintes 
obrigações:
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i) o empresário deverá inscrever (registrar) a filial, sucursal ou agência na Junta Comercial 
do local da sua instalação, com a prova da inscrição originária;
ii) o empresário também deverá averbar a constituição do estabelecimento secundário na 
Junta Comercial da respectiva sede.
No que diz respeito ao conceito jurídico de filial, sucursal ou agência, reproduzo doutrina 
de André Santa Cruz:
Pode-se definir filial, juridicamente, como a sociedade empresária que atua sob a direção 
e administração de outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o seu 
patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. Agência, por sua 
vez, pode ser conceituada como empresa especializada em prestação de serviços que atua 
especificamente como intermediária. E sucursal, por fim, é o ponto de negócio acessório e 
distinto do ponto principal, responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado ad-
ministrativamente.
012. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-3/2011) Considere que determinada empresa, constituída 
no estado de São Paulo e em fase de franca expansão, decida abrir estabelecimento em muni-
cípio do estado do Paraná. Nessa situação, a instituição da filial no Paraná, no que se refere à 
formalização no registro público de empresas mercantis, deve ser
a) registrada necessariamente em ambos os estados.
b) registrada em São Paulo ou no Paraná, a critério da empresa.
c) apenas averbada em São Paulo.
d) apenas registrada no estado do Paraná.
e) registrada no Paraná e averbada em São Paulo.
Nos termos do art. 969 do CC, a filial deverá ser registrada no Estado do Paraná (local da sua 
instalação), mas também deverá ser feita averbação da instituição na Junta Comercial de São 
Paulo (local da sede):
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro 
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscri-
ção originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser aver-
bada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.
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rEgistrO públiCO dE EmprEsas mErCantis E atividadEs afins – lEi n. 
8.934, dE 18 dE nOvEmbrO dE 1994.
Antes de abordar propriamente pontos importantes da Lei n. 8.934, de 1994, que dispõe so-
bre o Registro Público de Empresas Mercantis, é importante saber que o CC também disciplina 
alguns aspectos relacionados ao registro empresarial, sobretudo nos arts. 1.150 a 1.154 (Livro 
II – Do Direito de Empresa; Título IV – Institutos Complementares; Capítulo I – Do registro).
No âmbito da legislação especial – Lei n. 8.934, de 1994, depreendemos do art. 1º que o 
Registro Público de Empresas Mercantis tem por finalidade:
i) dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das em-
presas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei;
ii) cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter 
atualizadas as informações pertinentes;
iii) proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento.
Consoante o art. 3º, os serviços de Registro Público de Empresas Mercantis são exercidos 
em todo o país de maneira uniforme, harmônica e interdependente pelo Sistema Nacional de 
Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes órgãos:
i) DepartamentoNacional de Registro Empresarial e Integração (DREI) – antigo Depar-
tamento Nacional de Registro do Comércio: órgão central do Sinrem (nível federal), tendo as 
funções supervisora, orientadora, coordenadora, na área técnica, e supletiva, na área admi-
nistrativa;
ii) Juntas Comerciais (nível estadual): órgãos locais, com funções executora e administra-
dora dos serviços de registro.
No entanto, a despeito de o Registro Público de Empresas Mercantis ser exercido por esses 
dois órgãos, quem efetivamente “põem a mão na massa” são as Juntas Comerciais, uma vez 
que cabe a elas a função executiva
Antes de mais nada, consigno que a existência das Juntas Comerciais é bem antiga, tendo 
sido criadas pelo Decreto 738, no ano de 1850.
Dada a capilaridade que a função executiva exige, saiba, caro(a) aluno(a), que por força 
legal deverá haver uma Junta Comercial em cada unidade federativa (art. 5º da Lei n. 8.934, 
de 1994), sendo que tal órgão possui subordinação hierárquica híbrida, uma vez que estão 
subordinadas, “administrativamente, ao governo do respectivo ente federativo e, tecnicamente, 
ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração” (art. 6º).
Registro que anteriormente, como exceção, o parágrafo único do art. 6º preceituava que a Jun-
ta Comercial do Distrito Federal estaria não só técnica como administrativamente subordinada 
ao DREI, órgão federal. Contudo, tal dispositivo foi revogado expressamente pela Lei n. 13.833, 
de 2019, o que nos leva a afirmar que tal Junta Comercial passou a seguir o regramento geral, 
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no sentido de estar vinculado administrativamente ao governo do Distrito Federal e somente 
no aspecto técnico ao DREI.
013. (CESPE/DEFENSOR/DP-DF/2001) (INÉDITA) Os antigos tribunais do comércio, além do 
exercício da jurisdição sobre as causas mercantis, detinham competências para o registro pú-
blico do comércio. Com a extinção desses tribunais, a jurisdição civil e comercial foi unificada 
nos tribunais civis, e o registro comercial foi atribuído a órgãos do Poder Executivo. Acerca do 
registro público das empresas mercantis, julgue os itens abaixo.
As juntas comerciais são unidades subordinadas administrativamente aos governos estaduais 
— salvo a junta comercial do Distrito Federa (DF), que é órgão da União — e exercem as funções 
executora e administradora dos serviços de registro do comércio.
Art. 6º da Lei n. 8.934, de 1994, que dispõe sobre o Registro Público de Atividades Mercantis 
e afins (antes da alteração promovida pela Lei n. 13.833, de 2019, essa questão estaria certa):
Art. 6º As juntas comerciais subordinam-se, administrativamente, ao governo do respectivo ente 
federativo e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, nos 
termos desta Lei. (Redação dada pela Lei n. 13.833,de 2019)
Essa subordinação hierárquica híbrida da Junta Comercial reflete na competência (federal 
ou estadual) para julgamento de causas em que tal órgão seja parte.
Nesse sentido, o STJ tem entendido que a competência será da:
i) justiça federal: somente quando se discutir a lisura do ato praticado pela Junta Comer-
cial do Estado, bem como nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por 
aplicação do art. 109, VIII da CF, em razão de sua atuação delegada. Ou seja, somente quando 
a Junta Comercial estiver agindo no exercício de delegação de função pública federal, em que 
haja discussão sobre o serviço por ela prestada e suas consequências (atividade fim);
ii) justiça estadual: demais casos, ainda que esteja sendo discutido ato ou registro da Jun-
ta Comercial, sobretudo se envolver questões particulares.
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. LITÍGIO ENTRE SÓCIOS. ANULAÇÃO DE REGISTRO PERANTE A 
JUNTA COMERCIAL. CONTRATO SOCIAL. INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL. 
INEXISTÊNCIA. AÇÃO DE PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
ESTADUAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO.
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1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça tem decidido pela competência da 
Justiça Federal, nos processos em que figuram como parte a Junta Comercial do Estado, 
somente nos casos em que se discute a lisura do ato praticado pelo órgão, bem como 
nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por aplicação do artigo 
109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada.
2. Em casos em que particulares litigam acerca de registros de alterações societá-
rias perante a Junta Comercial, esta Corte vem reconhecendo a competência da jus-
tiça comum estadual, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros 
societários, almejada pelos sócios litigantes, produziria apenas efeitos secundários para 
a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente não revela questão afeta à validade do 
ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração e, consequen-
temente, a competência da Justiça Federal para julgamento da causa.
Precedentes. Recurso especial não conhecido. (destaquei)
[STJ, REsp 678.405, 3ª T, rel. min. Castro Filho, DJ 16-03-2006]
Tal entendimento reflete também quando se discute a competência no âmbito da justi-
ça criminal, na hipótese de haver a utilização de documentação falsificada perante a Junta 
Comercial:
JURISPRUDÊNCIA
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE FALSIDADE IDEOLÓGICA. UTILIZAÇÃO 
DE CPF DE TERCEIRO PARA CONSTITUIÇÃO DE EMPRESA. ATIVIDADE FEDERAL NÃO- 
AFETADA. PREJUÍZO DO PARTICULAR. INTERESSE GENÉRICO E REFLEXO DA UNIÃO. 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. As Juntas Comerciais exercem atividade de 
natureza federal, por estarem tecnicamente subordinadas ao Departamento Nacional de 
Registro do Comércio, a teor do art. 6º da Lei n. 8.934/94, inexistindo interesse do ente 
federal caso não haja prejuízo aos serviços prestados. 2. Constatado que a União não foi 
ludibriada nem sofreu prejuízos, pois enganado foi o particular que teve o documento 
utilizado para a constituição de estabelecimento comercial, resta afastada a competên-
cia da Justiça Federal. 3. Eventual prejuízo experimentado pela União na prática delitiva 
seria reflexo, haja vista que se exige interesse direto e específico. 4. Conflito conhecido 
para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Especializada Criminal de Sal-
vador/BA, ora suscitante.
[CC 81.261/BA, rel. min. Arnaldo Esteves Lima, 3ª.S., DJ 16-3-2009).
JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. FALSIDADE IDEO-
LÓGICA E FALSIDADE DOCUMENTAL. COMPETÊNCIA DETERMINADA PELO LOCAL DA 
CONSUMAÇÃO DOS DELITOS. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 69, INCISO I, E 70, AMBOS DO 
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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. SIMPLES ENVOLVIMENTO DA JUNTA COMERCIAL. 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INOCORRÊNCIA.
AUSÊNCIA DE OFENSA DIRETA A

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