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APOSTILA Dificuldades de aprendizagem Semana pedagógica Esse é o objetivo final da nossa Semana Pedagógica. Toda(o) educadora(o) que concluir a nossa formação, estará apto a investigar a aprendizagem da turminha e ajudar os pequenos em suas dificuldades de aprendizagem. O cronograma de aula disponibilizado abaixo: Para organização e bom aproveitamento de todos. As aulas acontecem ao vivo e ficam salvas para assistir depois também. Contudo, ficam disponíveis apenas durante a Semana Pedagógica. Será necessário muita dedicação e empenho, mas no final, vai valer muito a pena! Cada aula tem um capitulo da nossa apostila e um material para leitura complementar também. E no final, será emitido um certificado de 105 horas de formação. 05/07 06/07 07/07 08/07 09/07 10h 15h 19h30 10h 15h 19h30 10h 15h 19h30 10h 15h 19h30 10h 15h www.flimpo.com.br Bom curso, pedagoga(o) nerd! DETETIVES DA APRENDIZAGEM Muitos de nós pensamos assim. Como se os momentos mais relevantes para o aprendizado das crianças acontecesse como nesse gráfico. Mas isso não é verdade. O aprendizado acontece o tempo todo. Os momentos que podem nos deixar mais sensíveis na condução do grupo, podem ser os mais importantes. Cérebro - Produzir comportamentos - Criar uma realidade sensorial - Criar conhecimentos para guiar comportamentos Aprendizagem - Transformação permanente do comportamento - Modificações permanentes no sistema nervoso central - Processo de adquirir novas informações Qual é o momento da rotina ideal para aprendizagem? COMO FUNCIONA A APRENDIZAGEM? En tra da Ro da d e co nv er sa At ivi da de d e fo lha La nc he Ap os til a 200 150 100 50 0 Principalmente na Ed. Infantil Analisando o gráfico em uma escala emocional, compreendemos melhor quais são as nossas emoções enquanto professoras e o motivo da falsa impressão de aprendizado em momentos "mais formais" de aprendizado. Entrada Ih tô sozinha, tem um chorando. Outro querendo ir no banheiro e uma mãe querendo me passar recado no portão. Roda Eee laia, que o Pedrinho tá interrompendo de novo. Tô vendo que meu planejamento não vai sair hj Atividade Ufa, a Aninha me encanta com as atividades. Lanche Oooo menino, não faz isso com a comida. Que susto. Apostila Ah, que dia. Mas que bom que consegui fazer tudo. Olha que linda essa apostila da Aninha. Esquerdo PENSAMENTO LÓGICO PENSAMENTO EM FRASES Direito EMOÇÕES LER SINAIS NÃO VERBAIS Cálculos matemáticos Escrita Fala Preferências motoras lateralizadas Leitura Identificação dos objetos e animais Relações espaciais qualitativas Compreensão linguística Prosódia Compreensão musicalCompreensão prosódica Reconhecimento de categoria de pessoas Reconhecimento de categoria de objetos Relações espaciais quantitativas O segredo é a integração Trabalho junto de forma coordenada e equilibrada. www.flimpo.com.br Aula 1 A dificuldade de aprendizagem pode ser considerada uma barreira ou bloqueio, que está impedindo que o aprendizado aconteça. Complicado isso, né? E quando paramos para pensar em todas as possíveis barreiras, fica mais complicado ainda! Por isso o nosso estudo será aprofundado, para você se tornar um verdadeiro detetive da aprendizagem! Vamos analisar em 3 perspectivas: - Causa educativa; - Conflito emocional ou social; - Ordem fisiológica. E dentro de cada uma delas, vamos abordar os diferentes papéis das figuras que compõem a comunidade escolar. O primeiro ponto a ser observado é se o bloqueio não vem de uma causa educativa. Dessa forma, precisamos rever a nossa metodologia e estratégias adotadas enquanto professora. Após isso, consideramos possíveis conflitos emocionais ou sociais que a criança pode estar vivenciando, com a premissa do afeto e cognição andarem de mãos dadas. E por fim, partimos para a ordem fisiológica. Como está o corpinho e o desenvolvimento da criança? Em linhas gerais, esse é o mapa da nossa formação. Está estruturado na definição das Dificuldades de aprendizagem e você vai sair dessa semana especialista nisso. O que é dificuldade de aprendizagem? CAUSA EDUCATIVA INTERNO CONFLITO EMOCIONAL OU SOCIAL ORDEM FISIOLÓGICA www.flimpo.com.br Anotações Principal aprendizado Faça um resumo da aula aqui. Com suas palavras, bem simples mesmo! Principal ideia O que veio na sua cabeça que você ficou "maluca" para colocar em prática? Anota aqui também! Principal dúvida Tem algo que ainda não tá encaixando? Anota aqui. Se não ficar claro ao longo da formação, nos chame para te ajudar. Estudo O que te deu vontade de aprofundar no seu estudo pessoal? Anota aqui! Coloca em prática prof! www.flimpo.com.br Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 Dificuldades de Aprendizagem: revisão de literatura sobre os fatores de risco associados Sheila Maria Mazer Alessandra Cristina Dal Bello Marina Rezende Bazon Atualmente, no Brasil, presenciam-se muitos problemas na Educação da rede pública de ensino, como abandono escolar, crianças que passam pela escola sem mesmo conseguirem se alfabetizar, queixas dos professores em relação à falta de concentração dos alunos, desinteresse, violência e indisciplina que corroboram com a cronicidade dos problemas de aprendizagem. O Sistema de Progressão Continuada, adotado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em que as crianças não repetem o ano, mas recebem apoio extra para aprenderem os conteúdos em que tiveram dificuldade, não foi adequadamente implementado e o que se observa são alunos que chegam às séries mais adiantadas sem um repertório mínimo de conhecimentos e habilidades para continuar sua escolarização (Valente e Arelaro, 2002). Apesar desse grave quadro da Educação no Brasil, dados do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais apontam que 27.063.256 crianças de 7 a 14 anos estiveram matriculadas no Ensino Fundamental no país, em 2005 (Brasil, 2006). Apesar de o dado sugerir aumento no número de crianças que frequentam a escola, o que se observa é que a ampliação do acesso ao Ensino Fundamental foi acompanhada de repetência, abandono escolar e degradação da qualidade, evidenciando que o principal problema atualmente na educação não é quantitativo, mas diz respeito à qualidade do ensino oferecido. Essas reflexões são uma introdução ao tema a que se propõe este trabalho, perfazendo o cenário em que estão inseridas as escolas e, nelas, as crianças com dificuldades de aprendizagem. Pesquisas têm relacionado problemas psicossociais na adolescência à presença de dificuldades de aprendizagem na infância, sendo por isso um tema que merece ser investigado (Maughan, Gray e Rutter, 1985; 8 Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 Rutter, 1987; Santos e Marturano, 1999; Marturano, 2000; Ferreira e Marturano, 2002; Morrison, Robertson, Laurie e Kelly, 2002; Elias, 2003; Motta, 2003; Sapienzal e Pedromônico, 2005). A dificuldade de aprendizagem é apresentada ou percebida no momento do ingresso formal da criança na escola. É um período de crucial importância para o desenvolvimento, em que o indivíduo deve cumprir tarefas desenvolvi- mentais, como adquirir competências nas relações interpessoais, sair-se bem na escola, aprender a ler e a escrever, manter uma conduta governada por regras (Elias, 2003; Rapapport, 1981). No ambiente escolar, a criança recebe as avaliações de seus professores, colegas e pais sobre suas habilidades e sucessos acadêmicos e, com base nelas, constrói uma visão de si (Cubero e Moreno, 1995). A vivência de situações de baixo rendimento escolar gera não apenas sentimentos como baixa autoestima, mas também influencia na capacidade produtiva do indivíduo, na aceitação pelos pares etários e familiares e em outras áreas do desenvolvimento. Além disso, o sucesso escolar favorece o desenvolvimento socioafetivo adequado (Elias, 2003). Nesse sentido, esse período é de grande importância por concentrar grandes desafios desenvolvimentais, e a ocorrência de dificuldades de aprendizagem podetrazer consequências negativas no futuro. No entanto, embora as pesquisas na área da educação apontem a neces- sidade de atenção para os problemas de aprendizagem, a literatura referente a esse tema, na maioria das vezes, aborda as dificuldades de aprendizagem sem discriminá-la como causa ou consequência; isto é, quando a dificuldade de aprendizagem é um fator de risco para problemas psicossociais ou quando existem fatores de risco que predispõem a criança a desenvolver problemas de aprendizagem no futuro. Tal discriminação é importante para a elaboração de programas de intervenção que visam a redução de sua incidência e prevenção de consequências psicossociais associadas, seja o foco da intervenção a própria dificuldade de aprendizagem, para prevenir problemas que decorrem dela, seja o foco da intervenção fatores que antecedem a dificuldade de aprendizagem e poderiam aumentar a probabilidade de ocorrência da mesma. É possível afirmar que a dificuldade de aprendizagem está inserida em uma cadeia de causas e consequências de problemas psicossociais na infância, que precisam receber a atenção necessária, pois ora funcionam como causa, ora como consequência de problemas comuns na idade escolar. 9Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 Assim, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma revisão da produção científica acerca dos trabalhos publicados na literatura nacional e internacional, por meio de pesquisas em bases de dados, resumos e artigos científicos, teses e dissertações sobre dificuldades de aprendizagem, abordando suas definições, consequências, fatores de risco associados em crianças no início da etapa escolar. A revisão da literatura visou mapear os estudos que têm sido feitos na área e buscou procurar como as dificuldades de aprendizagem estão situadas no uni- verso cientifico. Um estudo de revisão de literatura sobre o tema se faz necessário na medida em que a dificuldade de aprendizagem na infância, constituída como um pro- blema de grande relevância na atualidade, precisa ter seu campo de investigação teórico sistematizado, a fim de que possa contribuir para pesquisas e intervenções na área, sempre visando responder às demandas por conhecimentos advindas dos problemas sociais. Definições de dificuldades de aprendizagem Não há consenso na literatura em relação à definição para as dificuldades de aprendizagem. Numa perspectiva orgânica, as dificuldades de aprendizagem são consideradas como desordens neurológicas que interferem na recepção, inte- gração ou expressão de informação e são manifestadas por dificuldades significa- tivas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio, habilidades matemáticas ou habilidades sociais (Correia e Martins, 2005; Almeida e Alves, 2002; Fonseca, 1995; García, 1998). O Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais – DSM IV (1994), por sua vez, define como transtornos da aprendizagem quando os resul- tados do indivíduo em testes padronizados de leitura, matemática ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização e nível de inteligência. Já a Classificação de transtornos mentais e de compor- tamento – CID 10 (1993) denomina dificuldade de aprendizagem como trans- tornos nos quais as modalidades habituais de aprendizado estão alteradas desde as primeiras etapas do desenvolvimento. Numa perspectiva educacional, as dificuldades de aprendizagem refletem uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, escrita ou cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais (Correia e Martins, 2005). 10 Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 Ballone (2004) afirma que as dificuldades de aprendizagem não devem ser tratadas como se fossem problemas insolúveis, mas como desafios que fazem parte do próprio processo da aprendizagem. Também considera necessário identificar e preveni-las mais precocemente, de preferência ainda na pré-escola. Fatores de risco e fatores de proteção: conceitos A abordagem teórica-conceitual escolhida para pensar os problemas de aprendizagem neste trabalho diz respeito aos fatores de risco e proteção que estão presentes na vida de um indivíduo. Segundo essa abordagem, é a interação entre os fatores que vão determinar se um indivíduo vai ou não desenvolver um problema psicossocial ou uma patologia no futuro. Sendo assim, é importante que se conheçam esses fatores para que se possam adotar medidas preventivas para os problemas que atingem a infância e a adolescência. Por definição, fatores de risco compreendem eventos negativos que ocor- rem na vida de um indivíduo e que, quando estão presentes, aumentam a pro- babilidade de que ele venha a apresentar problemas de ordem física, social ou emocional (Yunes e Szymansky, 2001), podendo prejudicar sua adaptação e gerar uma organização patológica de seus sistemas biológico, emocional, cognitivo, linguístico, interpessoal e representacional (Cicchetti, Rogosh e Toth citados por Cicchetti e Toth, 1997). Contudo, a presença de fatores de risco na vida de um indivíduo não signi- fica, necessariamente, que ele vá apresentar algum problema no seu desenvolvi- mento, uma vez que a vulnerabilidade varia de um indivíduo para outro, sendo também importante considerar a extensão em que cada pessoa experiencia os fatores de risco em função de sua história pregressa (Yunes e Szymansky, 2001; Rutter, 1999). Análises mais sofisticadas sugerem que o risco é um processo, e que o número total de fatores de risco a que uma pessoa foi exposta, o período de tempo, o momento da exposição ao risco e o contexto são mais importantes do que uma única exposição grave (Engle, Castle e Menon, 1996). No entanto, deve-se levar em conta não apenas o número de eventos de adversidades, mas como o evento afetou o indivíduo. Em contraposição ao risco, existem os fatores de proteção que são influ- ências ambientais e das características do indivíduo que provocam uma modifi- cação da resposta aos processos de risco. As funções dos fatores de proteção são: 11Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 reduzir o impacto dos riscos; reduzir as reações negativas em cadeia que seguem a exposição do indivíduo à situação de risco; estabelecer e manter a autoestima e autoeficácia, através de estabelecimento de relações de apego seguras e o cum- primento de tarefas com sucesso; criar oportunidades para reverter os efeitos do estresse (Rutter, 1987). Tendo em conta a diversidade de trabalhos encontrados, eles serão agrupa- dos em trabalhos que abordam as dificuldades de aprendizagem como fatores de risco para desenvolvimentos de problemas psicossociais, trabalhos que apontam fatores de risco para desenvolvimentos das dificuldades de aprendizagem e os que não fazem essa diferenciação, apenas associando a dificuldade de aprendizagem a alguma condição. Fatores de risco e dificuldades de aprendizagem Dificuldades de aprendizagem como fatores de risco Vários trabalhos relacionam a dificuldade de aprendizagem como risco para o desenvolvimento de problemas psicossociais (Rutter, 1987; Santos e Marturano, 1999; Marturano, 2000; Ferreira e Marturano, 2002; Morrison, Robertson, Laurie e Kelly, 2002; Elias, 2003; Motta, 2003; Sapienzal e Pedromônico, 2005). A criança com dificuldade na aprendizagem pode desenvolver sentimentos de baixa autoestima e inferioridade (Erikson, 1971 citado por Santos e Marturano, 1999), frequentemente acompanhadas de déficits em habilidades sociais e pro- blemas emocionais ou de comportamento (Elias, 2003; Motta, 2003). Assim, as dificuldades de aprendizagem, quando persistentes e associadas a fatores de risco presentes no ambiente familiar e social mais amplo, podem afetar negativamente o desenvolvimento do indivíduo e seu ajustamento em etapas subsequentes (Santos e Marturano, 1999). E, de acordo com Sapienzal e Pedromônico (2005), os próprios problemas de aprendizagem são considerados como fator derisco, pois desencadeiam uma série de consequências negativas na vida das crianças. Os problemas escolares são frequentemente associados aos problemas de comportamento de crianças e adolescentes. Ferreira e Marturano (2002) pes- quisaram associações entre contextos de risco e problemas de comportamento em crianças com baixo desempenho escolar. Concluíram que as dificuldades acadêmicas tendem a aumentar a vulnerabilidade para a inadaptação psicossocial, quando o ambiente familiar está repleto de adversidades, como problemas nos 12 Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 relacionamentos interpessoais, falhas parentais quanto à supervisão, monitora- mento e suporte, menor investimento dos pais no desenvolvimento da criança, práticas punitivas e modelos adultos agressivos. E enfatizam a importância de ações preventivas que envolvam a criança e seu ambiente familiar. Elias (2003) aponta que o baixo desempenho escolar aparece frequente- mente associado a problemas socioemocionais, o que constitui um fator de risco para distúrbios psicossociais na adolescência e que indivíduos com problemas dessa natureza apresentam déficits em habilidades de solução de problemas interpessoais e problemas de comportamento. Motta (2003) também aponta que a associação entre dificuldade de aprendizagem e problemas de comportamento tem sido objeto de estudo por constituir fator de risco ao desenvolvimento das crianças. Segundo Bianchi (2005), a manifestação simultânea de dificuldades com- portamentais e escolares amplia a possibilidade de problemas nos contextos social e acadêmico, com prejuízo nos relacionamentos interpessoais e interferência no ajustamento social, favorecendo a tendência ao isolamento social, com risco de comportamento antissocial. Além disso, as dificuldades de aprendizagem e a percepção de limitações quando comparadas ao grupo de iguais leva as crianças a apresentarem sentimentos de menos valia e impotência. O trabalho de Barrera e Maluf (2003) aponta correlações significativas entre os níveis iniciais de consciência fonológica e o desempenho acadêmico de crianças. A consciência fonológica refere-se à capacidade da criança em reconhecer que o que ela escreve é aquilo que verbaliza. Constitui uma capacidade que é adquirida normalmente pela criança ao longo de seu desenvolvimento. Porém, a literatura mostra que a não aquisição da consciência fonológica contribui para o desenvolvimento de dificuldades na leitura e escrita (Barrera e Maluf, 2003; Capovilla e Capovilla, 2000; Santos, 1996), ou seja, ela pode ser considerada como um fator de risco. Carneiro, Martinelli e Sisto (2003) buscaram verificar diferenças significa- tivas entre os níveis de dificuldade de aprendizagem na escrita e o autoconceito geral, escolar, social, familiar e pessoal de crianças no Ensino Fundamental. Os resultados evidenciaram que a dificuldade de aprendizagem na escrita está significativamente relacionada com o autoconceito geral e com o escolar, verificando-se que conforme aumenta o nível de dificuldade de aprendizagem na escrita diminui o autoconceito. 13Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 Fatores de risco para o desenvolvimento das dificuldades de aprendizagem Del Prette (2000) associa déficits de habilidades sociais na infância como fatores de risco, apresentando correlações significativas com as dificuldades de aprendizagem. A autora aponta o desenvolvimento da competência social e um repertório elaborado de habilidades sociais como fatores de proteção e resiliência no desenvolvimento de indivíduos. Boruchovitch (1994 citado por Bianchi, 2005) afirma que a autoeficácia, crença do indivíduo em sua capacidade de desempenho em atividades (Bandura, 1989), interfere no nível de desempenho da criança, em fatores como a escolha de atividades, motivação e quantidade de esforço a ser investido nas demandas próprias do contexto escolar. De acordo com Medeiros (2000), crianças com senso de autoeficácia são capazes de perceber a si mesmas com habilidades e apresentam estratégias cognitivas para lidar com problemas potenciais e essa expectativa de autoeficácia pode influenciar também o comportamento. O ambiente escolar é um contexto em que o senso de eficácia é constante- mente testado e construído, principalmente na relação do aluno com o professor, funcionários e colegas. Resenthal e Jacobson (1968) fizeram um estudo em que professoras foram levadas a acreditar que alguns de seus alunos deveriam apresentar grande progresso escolar ao longo do ano e esses alunos realmente mostraram tais pro- gressos. Os autores sugerem que a explicação para tal resultado está na sutil interação entre o professor e seus alunos: o tom de voz, a postura, a expressão facial seriam os meios através dos quais, involuntariamente, o professor comu- nica suas expectativas aos seus alunos e essa comunicação contribui para o aluno construir a concepção de si. Assim, é possível que o aluno vá mal porque é isso que se espera dele, ou seja, a expectativa negativa do professor pode constituir um fator de risco para o desempenho acadêmico dos alunos. Fatores de risco associados às dificuldades de aprendizagem No contexto escolar, é comum encontrar, em crianças que têm dificuldades em aprender, a sobreposição de diversos fatores de risco, como pobreza, conflitos familiares, violência, maus tratos familiares, dentre outros. Pesquisas mostram que crianças com dificuldades acadêmicas manifestam paralelamente prejuízos de ordem emocional e comportamental (Graminha e 14 Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 Coelho, 1994; Medeiros, 2000). São frequentes dificuldades intra e interpessoais como solidão, depressão, suicídio e delinquência, que coexistem com as dificul- dades de aprendizagem, potencializando os efeitos das mesmas, conduzindo a resultados negativos na vida adulta (Weller, Watteyne, Herbert e Crelly, 1994; Bender e Wall, 1994). A literatura ainda aponta correlações entre dificuldades de aprendizagem, autoconceito e senso de autoeficácia (Bianchi, 2005; Okano, Loureiro, Linhares e Marturano, 2004; Medeiros, Loureiro e Marturano, 2003; Carneiro, Martinelli e Sisto, 2003; Jacob, 2001; Loureiro, 2000; Medeiros, 2000; Bandura, 1989). Bianchi (2005) traz que o prejuízo no autoconceito torna-se maior diante da sobreposição de dificuldades de aprendizagem e de comportamento, isso porque a criança que apresenta essa combinação de fatores tem mais dificuldade em construir confiança em si mesma. Giurlane (2004) afirma que a influência do ambiente familiar é significativa tanto sobre problemas de comportamento como sobre dificuldades no aprendi- zado acadêmico. As crianças que não vão bem na escola sofrem uma pressão criada por uma rede de pessoas significativas em suas vidas e da sociedade em geral. Conclusões A partir da definição de conceitos fundamentais como dificuldade de aprendizagem e fatores de risco associados a ela, de acordo com os achados na literatura, foi possível traçar um panorama geral dos estudos acadêmicos sobre o tema dos problemas de aprendizagem na infância. Em nível de intervenções preventivas que visam diminuir a incidência do problema nos primeiros anos escolares, são muito relevantes os estudos que identificam os fatores de risco para o desenvolvimento das dificuldades de apren- dizagem, para que se possa atuar diretamente sobre esses fatores, prevenindo seu aparecimento e, consequentemente, os problemas psicossociais que dela decorrem ou estão a ela associados. É importante ressaltar que a maioria dos trabalhos analisados não utiliza os conceitos de fatores de risco e proteção como abordados no presente artigo e, portanto, a análise dos mesmos para a identificação da condição dos fatores de risco foi feita a partir de inferências dos pesquisadores, partindo da conceituação dos mesmos. 15Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 O agrupamento dos estudos mostrou quea maioria dos estudos aborda a dificuldade de aprendizagem como fator de risco para problemas psicossociais (baixa autoestima, déficit de habilidades sociais, problemas de comportamento, comportamentos antissociais ou inadaptação social). Observa-se também que nem sempre a dificuldade de aprendizagem aparece como fator de risco isolado; ela aparece associada com problemas socioemocionais e comportamentais (Elias, 2003; Motta, 2003 e Bianchi, 2005), ambiente familiar repleto de adversidades (Ferreira e Marturano, 2002) e a associação entre esses fatores de riscos trazem prejuízos para a criança. Foi possível identificar alguns fatores de risco para o desenvolvimento das dificuldades de aprendizagem: déficit de habilidades sociais, baixa autoeficácia, ausência do desenvolvimento de consciência fonológica, expectativas negativas dos professores. Porém, não é simples afirmar que uma determinada condição psicossocial age como causa ou consequência na vida de um indivíduo. Uma criança que apresenta dificuldade de aprendizagem, provavelmente, já passou por diversas cadeias de circunstâncias desfavoráveis para o seu desenvolvimento e essa dificul- dade, se persistir, também acarretará novos prejuízos psicossociais, que, por sua vez, também contribuirão para a manutenção oi intensificação dos problemas de aprendizagem. Daí a dificuldade na identificação dos fatores como causa ou consequência. A revisão também apontou que o autoconceito, o senso de autoeficácia, problemas emocionais e de comportamento são descritos como causa da difi- culdade de aprendizagem e também associados a ela, causando outros prejuízos para o indivíduo. O déficit de habilidades sociais aparece como fator de risco e também consequência. Isso mostra a dificuldade de se identificar de que maneira essas variáveis atuam ou atuaram no desenvolvimento do indivíduo. Além disso, a maioria dos estudos analisados não se mostrou preocupada com essa distinção. As pesquisas abordam a dificuldade de aprendizagem com o problema já presente na vida da criança, e com isso, não é possível ter acesso aos processos pelos quais essa dificuldade se instalou. Nesse sentido, é importante o desen- volvimento de estudos longitudinais para a melhor identificação dos fatores de risco. Também consiste um desafio à frente investigar sob quais mecanismos operam esses fatores, prevenindo ou causando as dificuldades de aprendizagem. Nenhum estudo nesse sentido foi encontrado na literatura. 16 Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 Resumo O objetivo deste trabalho teórico foi realizar uma revisão da literatura sobre dificuldades de aprendizagem através de pesquisa em bases de dados, resumos e artigos científicos, teses e dissertações, mapeando o que os estudos levantam como fatores de risco associados à dificuldade de aprendizagem em crianças em início da etapa escolar. Os resultados mostraram que a maioria dos estudos aborda a dificuldade de aprendizagem como fator de risco para problemas psicossociais na infância, associados a problemas socioemocionais e comportamentais. A contribuição do presente estudo é alarmar para a necessidade do desenvolvimento de estudos longitudinais para a melhor identificação dos fatores de risco e da investigação dos mecanismos que operam nesses fatores, prevenindo ou causando as dificuldades de aprendizagem. Palavras-chave: revisão de literatura; dificuldade de aprendizagem; fatores de risco. Abstract The objective of this theoretical work was to carry through a revision of literature on learning difficulties, through research in scientific, teses summary, databases and article and dissertations, looking for what the studies raise as risk factors associates to the difficulty of learning in children in beginning of the pertaining to school stage. The results had shown that the majority of the studies approaches the learning difficulty as factor of risk for psicossociais problems in infancy, associates the partner-emotional and mannering problems. The contribution of the present study is to alarm the necessity of the development of longitudinal studies for the best identification of the factors of risk and the inquiry of the mechanisms that operate in these factors, preventing or causing the learning difficulties. Keywords: literature revision; learning difficulty; risk factors. Resumen El objetivo de este trabajo teórico era llevar con una revisión de la literatura en dificultades que aprendían, con la investigación en científico, los teses resumen, las bases de datos y artículo y dissertações, mapeando qué los estudios levantan mientras que los factores de riesgo se asocian a la dificultad de aprender en niños en el principio de pertenecer a la etapa de la escuela. Los resultados habían demostrado que la mayoría de los estudios acerca a la dificultad que aprende como factor del riesgo para los problemas de los psicossociais en infancia, asocian los problemas socio-emocionales y 17Psic. da Ed., São Paulo, 28, 1º sem. de 2009, pp. 7-21 mannering. La contribución del actual estudio es alarmar la necesidad del desarrollo de los estudios longitudinales para la mejor identificación de los factores del riesgo y de la investigación de los mecanismos que funcionan en estos factores, previniendo o causando las dificultades que aprenden. Palabras claves: revisión de la literatura; dificultad que aprende; factores de riesgo. Referências Almeida, R. M. e Alves, J. B. M. (2002). A informática e as dificuldades de aprendizagem: repensando o olhar e a prática do professor no cotidiano da sala de aula. Fórum de Informática aplicada a Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais. CBComp. 2002. 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Email: aledalbello@pg.ffclrp.usp.br Profa. Dra. Marina Rezende Bazon Docente do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/ USP). Email: mbazon@ffclrp.usp.br É o primeiro ponto de investigação, porque se for alguma ação educativa, seja do ambiente ou do professor que esteja causando esse bloqueio no aprendizado, já conseguimos resolver de forma mais rápida e eliminamos o sintoma de dificuldades de aprendizagem.Concorda? Às vezes simplesmente a criança não se adequa ao método. Entenda, não existe um método perfeito, não estamos falando que em uma escola de tal método fatalmente haverá dificuldade de aprendizagem. Modelo de disciplina - Autoritário - Permissivo - Positivo Essas experiências transformam a criança. Geram aprendizado emocional e social. Interferem na autoestima. Estilo de aprendizagem - Visual - Auditivo - Leitor - Cinestésico - Multimodal Planejamento - aprendizagem Diz respeito ao estudo sobre as etapas do desenvolvimento. A forma como o aprendizado ocorre, não somente sobre Piaget, mas segundo os novos estudos também. O que a neurociência descobriu que pode ser associado à educação? Começando pela causa educativa Dos males o menor. É sério. Mas, muitas vezes ele é pulado, ignorado. Já vamos direto para alguma questão emocional ou social. Isso quando não indicamos para um especialista por fora... Mas sem esquecer o mestre! O aprendizado segundo Piaget www.flimpo.com.br DA ONDE VEIO ESSA HISTÓRIA DE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM? - 1970 - foco na criança e suas limitações, sendo considerado problema. - 1980 - descoberta do Vygotsky e Piaget - Atualmente - patologização educacional O QUE PODE SER CAUSA EDUCATIVA? O primeiro combinado e aprendizado é: não é uma caça ao culpado! Como exemplos de causas educativas, podemos citar: Método de ensino - Tradicional - Construtivista - Montessoriano - Waldorfiano - Sócio-interacionista - Entre outros. CONHECIMENTO ESQUEMAS ASSIMILAR DESEQUILÍBRIOACOMODAREQUILÍBRIO Aula 2 A organização das crianças, em cadeiras ou não. Pode revelar sobre sua metodologia e/ou estratégia. Pedagogia na nuca Remete ao ensino tradicional, predominante em aulas expositivas e que não favorece qualquer tipo de interação. Duplas ou trios Interação entre as crianças para produção em conjunto. Grupos com 4 ou mais Para uma discussão, levantar hipóteses. Tem o objetivo de desenvolver habilidades e competências que não são possíveis no formato individual. Meia lua ou em "U" Ou a roda, né? Permite que todos se vejam e uma boa visão para a lousa, com uma estratégia de exposição e debate construtivo. www.flimpo.com.br Como é que anda a sua sala de aula? Como começo a investigação? Primeiro, pelas palavras. O que andam falando dessa criança? Preste atenção nas características, palavras como: preguiçosa, folgada, malvada, sonsa...são ciladas enormes. De acordo com o avanço dos estudos na nossa Semana Pedagógica você vai perceber que essas palavras falam muito mais sobre nós do que sobre a criança. Lembra do primeiro combinado? Não podemos procurar culpados. Ou seja, adultos que erraram, foi sem querer, buscando oferecer o melhor. Crianças estão com dificuldade e tentando resolver os seus problemas com os recursos que possuem. Quando uma criança demonstra preguiça em todos os momentos de atividade dirigida, ela não é preguiçosa. Ela pode estar usando dessa estratégia para sair do problema que está sendo para ela a tal atividade dirigida. Vamos para um outro mapa! PROBLEMA INVESTIGAÇÃO TESTE DE HIPÓTESE HIPÓTESE DEU CERTO? NÃO Não deu certo por 3x? Não é causa educativa FIM! ATÉ 3 X causa educativa MANTÉM O PLANO SIM! Anotações Principal aprendizado Faça um resumo da aula aqui. Com suas palavras, bem simples mesmo! Principal ideia O que veio na sua cabeça que você ficou "maluca" para colocar em prática? Anota aqui também! Principal dúvida Tem algo que ainda não tá encaixando? Anota aqui. Se não ficar claro ao longo da formação, nos chame para te ajudar. Estudo O que te deu vontade de aprofundar no seu estudo pessoal? Anota aqui! Coloca em prática prof! www.flimpo.com.br Vamos falar um pouquinho sobre a gestão escolar? Atuar na gestão representa um compromisso com os objetivos dessa Instituição, buscando ferramentas e práticas que cada vez mais otimizem recursos, mantendo boas relações com uma administração em prol do desenvolvimento da Escola. Em tópicos, a coordenação: - Reuniões pedagógicas - Parceria com os professores - Promover reuniões equipe-direção - Atendimento de responsáveis - Acompanhar desempenho de turmas e identificar alunos com dificuldade - Identificar e ajudar professores com dificuldade Como funciona na prática? Muitas são as dificuldades de aprendizagem dos alunos nos dias de hoje. Com a modernidade e famílias tendo que trabalhar fora o dia todo, cada dia mais percebemos alunos com questões emocionais. Muitos fatores interferem significativamente no processo de aprendizagem das crianças. Nem sempre os professores estão preparados a detectar essas dificuldades. Diante da pressão que o professor tem em cumprir o conteúdo predisposto, muitas vezes o aluno com dificuldade é visto como o aluno desinteressado, sem desejo de estudo. Lidar com uma sala cheia de alunos e com a pressão de cumprir o conteúdo, muitas vezes limita o professor a identificar a singularidade de cada aluno. O papel do coordenador é avaliar e acompanhar o processo ensino- aprendizagem, além dos resultados de desempenho dos alunos. Devemos ajudar os professores a identificarem quais são as dificuldades dos alunos e como intervir para facilitar o ensino-aprendizagem do aluno. Papel da coordenação escolar Não é só 1 gestão que existe na escola, veja: - Pedagógica e formativa - Administrativa - Financeira - Pessoas - Comunicação - Gestão de tempo e eficiência dos processos Os gestores possuem tarefas do dia a dia e também são responsáveis pelo acompanhamento e supervisão do todo. www.flimpo.com.br QUEM É A DIRETORA E A COORDENADORA? Diretora pedagógica Ela idealiza as práticas escolares e faz articulação com gestores de outras áreas da escola, professores, pais, fornecedores, governo e sociedade para que seu planejamento se concretize. Coordenadora pedagógica Prepara e conduz as ações com os professores, para que os mesmos tenham tempo para planejamento, oportunidade para trocar experiências e momentos de cooperação entre os colegas. Concretiza a estratégia da direção. Aula 3 A coordenação pedagógica é a principal figura de apoio ao professor no processo de detetives da aprendizagem. O ideal é um planejamento prévio entre a coordenadora e a professora responsável com o objetivo de estabelecer um diálogo construtivo com os pais. Para isso, elimine: - Conversas em tom de acusação, já relembrem isso e se na prática der essa impressão, uma ajuda a outra. - Conversas no portão, em meio a uma reunião ou espaço coletivo. Isso expõe a pessoa e a resposta à essa exposição pode ser reativa. Recomendamos: - Conversas presenciais - Conte, sem juízo de valor, os comportamentos da criança. - Apresente documentações sobre o comportamento, com o plano que foi realizado pela professora em busca de ajudar a criança em sua dificuldade de aprendizado, com a possibilidade de ser uma causa educativa. - Apresente os próximos passos e os convide para uma parceria. - Converse sobre como andam as coisas no contexto familiar e faça um relatório após a reunião. FIM! Qual será o próximo passo? Conflito emocional ou social. Vamos iniciar um novo processo de investigação em parceria com os pais. Eles realizam em casa e vocês na escola, compartilhando as novidades. Lembra do nosso primeiro mapa? Está presente conosco! CAUSA EDUCATIVA INTERNO CONFLITO EMOCIONAL OU SOCIAL ORDEM FISIOLÓGICA www.flimpo.com.br Conversa com os pais Anotações Principal aprendizado Faça um resumo da aula aqui. Com suas palavras, bem simples mesmo! Principal ideia O que veio na sua cabeça que você ficou "maluca" para colocar em prática? Anota aqui também! Principal dúvida Tem algo que ainda não tá encaixando? Anota aqui. Se não ficar claro ao longo da formação, nos chame para te ajudar. Estudo O que te deu vontade de aprofundar no seu estudo pessoal? Anota aqui! Coloca em prática prof! www.flimpo.com.br UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA MARINETE APARECIDA DE SOUZAO PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS. CURITIBA 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA MARINETE APARECIDA DE SOUZA O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS. Trabalho apresentado como requisito à obtenção do grau de especialista no Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica, Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Adriana Teles de Souza CURITIBA 2014 O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS. Autora:1 SOUZA, Marinete aparecida de. Orientadora:2 SOUZA, Adriana Teles de RESUMO O objetivo deste estudo é compreender o papel da Coordenação Pedagógica em analisar as dificuldades de aprendizagem diante das dificuldades de leitura e da escrita de alunos do 2º e 3º ano do ensino fundamental. O fracasso escolar é ainda um grande desafio. As dificuldades no processo de aquisição da leitura e escrita são reconhecidas como uma das causas mais determinantes do baixo rendimento escolar. Neste sentido este trabalho aprofundou-se em pesquisas de autores como Piaget (1988) que utiliza os termos biológicos para explicar os processos cognitivos que ocorrem, considera importante para a construção do conhecimento o desenvolvimento orgânico, as experiências físicas e lógico-matemáticas e consequentemente sua adaptação ao meio social. Freire (1983) considera importante a relação dialética intrínsecas na educação, propõe a ação-reflexão como fonte para a conscientização e para a mudança social. Com base nessa ideia Marchesi e Martín, (1995); Pain, (1992); e Fonseca (1995) tem demonstrado que para a aprendizagem ocorrer é preciso que estejam presentes certas integridades básicas na criança e na presença de oportunidades adequadas. Para tanto este processo envolve mais do que apenas saber ler e escrever, é principalmente construir sentidos e significativos à aprendizagem. Podemos observar que no término do primeiro ano de alfabetização, algumas crianças que aparentemente aprenderam a dominar o código linguístico, falham à medida que passam de um ano letivo para o outro tanto nas atividades de leitura e escrita como também nas demais áreas do conhecimento, este trabalho foi baseando nos estudos e nas ideias dos autores bem como na observação e no dia a dia de alguns alunos. PALAVRAS-CHAVE: Coordenador Pedagógico, Dificuldade de Aprendizagem, Leitura e Escrita. INTRODUÇÃO 1 Pedagoga Pós Graduada em Didática e Metodologia de Ensino atua na área de Coordenação Pedagógica da rede Municipal de Ensino. 2 Mestra em Educação e Professora Pesquisadora do Curso de Coordenação Pedagógica do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. 4 A dificuldade de aprendizagem tem sido vivenciada por educadores no ambiente escolar. Esta problemática afeta a aprendizagem na leitura e escrita que acontece com alunos que frequentam a escola e não consegue assimilar o processo, sendo uma das maiores preocupações aos educadores e ao coordenador pedagógico, pois na maioria das vezes não encontram solução adequada para ajudar a sanar esse problema. Entendemos que os alunos com dificuldade de aprendizagem são um desafio para todos os envolvidos no processo, isto é em matéria de diagnóstico na educação, entendemos que a forma de ensinar abrange a observação do aluno em todas as atividades direcionado a ele, sendo observada a maneira como brinca, fala e se relaciona com os outros alunos, às vezes a maior dificuldade no relacionamento entre educadores e alunos com dificuldade de aprendizagem seja a falta da visão global do ser humano, entender que o resultado do processo não é igual para todos. Entendemos que o fracasso escolar é ainda um grande desafio nas escolas em geral. Notamos que alguns alunos das escolas públicas e particulares, apresentam baixo desempenho escolar em razão das suas dificuldades de aprendizagens no início da escolarização. As dificuldades no processo de aquisição da leitura e escrita são reconhecidas como uma das causas mais determinantes do baixo rendimento escolar. Baseados nestas necessidades identificou-se e comparou-se 5 alunos do 2ª e 3ª anos de uma Escola Municipal da cidade de Maringá no Paraná, alunos sem disfuncional idade, porém com dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita, comparados de outra criança que requer necessidades especiais educativas. Portanto os sujeitos da pesquisa são os 05 alunos, 04 professores e 01 coordenador Pedagógico. Para tanto, a alfabetização como processo de aprendizagem da leitura e escrita, envolve mais do que apenas saber ler e escrever, é principalmente construir sentidos significativos à aprendizagem. Podemos observar que no término do primeiro ano de alfabetização, alguns alunos que aparentemente aprenderam a dominar o código linguístico, falham à medida que passam de um ano letivo para o outro tanto nas atividades de leitura e escrita como também nas demais áreas do conhecimento. O tema dificuldades de aprendizagem é problematizado em inúmeras situações em que se discute o fracasso escolar e tem sido estudado a partir de 5 várias perspectivas, o que fez gerar inúmeros modelos explicativos e diferentes modos de concebê-lo. Portanto, foram selecionados materiais relacionados à dificuldade de aprendizagem, na leitura e escrita referente a estes 5 alunos tais como: Dificuldade de aprendizagem na escrita na leitura e escrita nas séries iniciais no ensino fundamental, porém, tais materiais não entraram nas análises dos dados, foram utilizados como subsídios para a compreensão das falas dos sujeitos pesquisados. Após a observação do dia a dia dos cinco alunos da Escola Municipal em questão e refletindo sobre os acontecimentos nas salas de aula, na sala dos professores, nos momentos de planejamento com os professores. Nas relações entre a escola e as famílias, nas relações entre os profissionais da escola, podemos ter uma análise de um todo da escola. Deste modo, os dados coletados foram dialogados com a teoria aplicada. Trata se de uma pesquisa qualitativa e de campo, a pesquisa qualitativa assume diferentes significados no campo das ciências sociais compreende diferentes técnicas. Em sua maioria os estudos qualitativos são realizados nos locais de origem dos dados, o desenvolvimento de um estudo de pesquisa qualitativa supõe um corte temporal – espacial de um determinado fenômeno por parte do pesquisador. Quanto à pesquisa de campo, procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente. Objetivando compreender e explicar o problema pesquisado, afim de compreender os mais diferentes aspectos de uma determinada realidade. O instrumento de coleta dos dados foi através de uma entrevista semi- estruturada direcionada aos professores e de um questionário para os alunos em questão. Deste modo, que mais chama a atenção no ato de ensinar é a preocupação com o aprendizado dos alunos, e o fato de no meio de tantos alunos ainda sim alguns não conseguem reter os conteúdos ensinados, estes alunos apresentam tantas dificuldades de aprendizagem, tanto na produção quanto na interpretação da escrita, percebemos que além dos que iniciam os estudos conosco também recebemos alunos transferidos de outras escolas com essas dificuldades. 6 Diante dessas observações elencamos aqui algumas questões relacionadas à dificuldade de aprendizagem e os desafiosque o coordenador enfrenta tais como, invariância e mudança; harmonia e conflito, ao passo que nenhum grupo sobrevive submetido a conflitos permanentes, nem tão pouco cresce sobre constante harmonia, é com essa diversidade que o Coordenador Pedagógico se defronta e tem que trabalhar. Já com os pais o grande desafio é criar canais de comunicação e convencê- los de que devem participar do processo educacional de seus filhos, em parceria com a escola. Há ainda as pressões de instâncias superiores, e a carga de trabalho burocrático, que ocupa quase todo o seu tempo que deveria ser dedicado às funções pedagógicas. Para tanto os objetivos específicos pesquisados dizem respeito: O que é dificuldade de aprendizagem? Porque a criança não aprende determinados conteúdos? As causas da dificuldade de aprendizagem. A hipótese levantada diz respeito ao papel da coordenação pedagógica, ou seja, a descaracterização da sua função reflete diretamente nas possibilidades de encaminhamentos pedagógicos. Assim, identifica-se que a aprendizagem está ligada a prática docente, não sendo um problema individual somente do aluno, ou do professor, mas do coletivo escolar. Para tanto a hipótese levantada é a de que a partir das definições do papel do coordenador pedagógico diante do fazer pedagógico é possível uma relevante mudança e tomada de consciência das implicações referentes às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Neste sentido, o objetivo deste estudo é entender o papel da coordenação Pedagógica em analisar as dificuldades de aprendizagem dos alunos existente na escola, a aquisição da leitura e a escrita de alguns alunos do 2º e 3º ano do ensino fundamental. Diante do fato de que convivemos ao mesmo tempo com as dificuldades de aprendizagem dos alunos e com os questionamentos dos professores de como melhorar a própria prática de prevenir o fracasso escolar. No primeiro momento detectamos a dificuldade de aprendizagem desses alunos no segundo momento analisamos a prática docente e as suas dificuldades em relação a estes alunos e o papel do coordenador pedagógico. 1 OS DESAFIOS DO COORDENADOR PEDAGÓGICO E A PRÁTICA DOCENTE FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 7 Entre alguns desafios que o coordenador pedagógico enfrenta na escola podemos citar a dificuldade de aprendizagem de alguns alunos, após analisar várias situações abordando o dia a dia na qual há fundamentação teórica sobre aprendizagem, e a prática pedagógica de alguns educadores. Desta forma autores afirmam que os educadores necessitam serem conhecedores das teorias que norteiam sua prática especificamente sobre as questões que envolvem o processo de ensino-aprendizagem. Assim, Piaget (1988) e Freire (1983) de modos diferentes explicam que o processo de aprendizagem em sua essência é a mesma. Segundo Piaget (1988) que utiliza os termos biológicos para explicar os processos cognitivos que ocorrem, considera importante para a construção do conhecimento o desenvolvimento orgânico, as experiências físicas e lógico-matemáticas e consequentemente sua adaptação ao meio social. Em suma, a atividade, a ação é que nortearão o processo de ensino aprendizagem. Freire (1983) considera importante a relação dialética intrínsecas na educação, propõe a ação-reflexão como fonte para a conscientização e para a mudança social. É notório que a dificuldade de aprendizagem tem sido algo de preocupação ao coordenador pedagógico, esta reflexão nos leva a pensar como enfrentar estes desafios. De acordo com FONSECA (1999) as dificuldades de aprendizagem acadêmica, tem sido investigado por profissionais de diferentes áreas e, com isso, o campo das dificuldades de aprendizagem agrupa uma variedade desorganizada de conceitos, critérios, teorias, modelos e hipóteses. “O conceito de dificuldades de aprendizagem (...) é relativo. Depende dos objetivos educacionais visados, do currículo estabelecido, dos níveis exigidos e dos sistemas de avaliação empregados” (MARCHESI E MARTIN, 1995, p. 12). O tema dificuldades de aprendizagem na aquisição da leitura e escrita enfoca algumas das diversas perspectivas em torno da definição de dificuldades de aprendizagem. No sentido de trazer à luz algumas questões para reflexões que julgamos essenciais quando se definem as causas existentes no processo de aprendizagem que ocorre com problemas no contexto de sala de aula. Para adentrarmos na discussão teórica sobre esse tema, centralizamos nossa atenção em autores que apresentam uma abordagem do desenvolvimento da 8 criança, integrando aspectos biológicos, cognitivos, psicomotores e sócio afetivos, quando analisam o fenômeno das chamadas dificuldades de aprendizagem. Nesse aspecto, os trabalhos de Coll (2000) e colaboradores, de Fonseca (1995) e de autores da área da psicopedagoga tais como, Bossa (2000), Pain e Moojen (1992) que discutem as controvérsias em torno deste conceito de aprendizagem. Estes foram os mais considerados, pois nos possibilitaram fazer uma incursão psicopedagógico sobre o tema, a fim de introduzirmos um conceito a ser utilizado de referencial de análise sobre a aprendizagem de leitura e escrita. É extremamente importante conhecer como se desenvolve e atua esta capacidade de regular o funcionamento cognitivo, como podem ser avaliadas as possibilidades de cada indivíduo neste contexto, que relação existe com o conhecimento da situação de aprendizagem e das próprias habilidades cognitivas, e que programas são mais úteis para favorecer sua aquisição, nos alunos com atrasos ou problemas de aprendizagem (MARTÍN e MARCHESI, 1995 p. 28). Conhecendo a forma como o aluno aprende bem como seu potencial, é preciso ver como ele se relaciona com o objeto de aprendizagem; quais suas representações sobre a linguagem escrita. Muitas crianças vão à escola com a representação de que deve ouvir a professora, decodificar o texto e fazer a tarefa solicitada. Neste caso, o professor pode possibilitar ao aluno a tomar consciência da função da linguagem escrita, de que ler implica decodificação e compreensão do material lido e não apenas uma mera decodificação e que toda pessoa lê e escreve por algum motivo e para alguém. Reconhecer a função do objeto de aprendizagem é algo que nem todos os alunos conseguem fazer, daí a importância de tomarem consciência sobre o que aprendem. Segundo Fonseca (1995), a mais séria das consequências das inúmeras perspectivas sobre as dificuldades de aprendizagem que atribuíam as causas apenas ao aluno a partir da observação de seu comportamento na sala de aula, por não conseguir aprender os conteúdos começa a desenvolver um comportamento inadequado, levando muitas vezes o professor a não saber o que fazer em algumas situações. Desta forma, a “criança com dificuldades de aprendizagem não apresenta anormalidades neurológicas ou disfunções catastróficas. [...]” (FONSECA, 1995, p.247), o que leva a crer que ela não deve pertencer ao grupo de alunos com necessidades educacionais especiais. No entanto, muitos deles são considerados 9 como tal. Sobre a necessidade de se descartar alguns aspectos de disfunção de idade quando nos deparamos com as dificuldades de aprendizagem. Identifica-se que as dificuldades comportamentais e emocionais, por sua vez, influenciam nos problemas acadêmicos e estes afetam os sentimentos e os comportamentos das crianças. Tais dificuldades podem expressar-se de forma interna ou externa. Segundo os autores, as crianças que apresentam "pobre" desempenho escolar e atribuem isso à incompetência pessoal, sentimentos de vergonha, dúvidas sobre si mesma, auto - estima e distanciamento das demandas da aprendizagem, caracterizando problemas emocionais e comportamentos internalizados. Aquelas que atribuem os problemas acadêmicos à influência externa de pessoas hostis experimentam sentimentos de raiva, distanciamento dasdemandas acadêmicas, expressando hostilidade em relação aos outros. Observando o trabalho pedagógico dentro da escola em questão, não podemos deixar de observar que a aprendizagem é um processo e envolve um todo desde a motivação em sala de aula como o bem estar dos alunos e sua interação, suas possibilidades e oportunidades. Com base nessa ideia Marchesi e Martín, (1995); Pain, (1992); e Fonseca (1995) tem demonstrado que para a aprendizagem ocorrer é preciso que estejam presentes certas integridades básicas na criança e na presença de oportunidades adequadas. Para os autores, na análise das dificuldades de aprendizagem é fundamental buscar as verdadeiras causas das mesmas, tanto de natureza endógenas, como esta criança se sente diante de tanta dificuldade, tentando entender o seu interior. Quanto de origem exógena, ou seja, produzido por fatores externos a um objeto, processo ou fenômeno de sua origem externa, as dificuldades de aprendizagem só podem ser entendidas na complexa interação entre os elementos implicados no processo de aprender. Desta forma, o papel do coordenador pedagógico frente às dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita dos alunos, vem ao encontro das ideias destes autores. Entendemos que nesta função o coordenador pedagógico tem que observar e acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos, analisando as causas, tentando entender e entrar com as interferências necessárias tanto no apoio ao professor, nas aulas e planejamento, bem como, no acompanhamento aos alunos. Para tanto, não podemos deixar de concordar que os autores mencionados neste texto têm uma ideia parecida com relação a dificuldades de aprendizagem dos alunos e o trabalho desenvolvido pelo coordenador Pedagógico. Isto quando 10 afirmam que as dificuldades de aprendizagem com causas de natureza endógena podem ser entendidas, em sentido amplo, aquela que a criança apresenta dificuldades em assimilar, ordenar e transferir o conhecimento, esse papel em analisar as situações encontradas com relação a dificuldades é de responsabilidade do coordenador pedagógico. Estes autores afirmam que diversos estudos sobre o tema dificuldades de aprendizagem, parecem revelar que as dificuldades desses alunos residem na “falta de capacidade para aprender por si mesmos a informação que não lhes foi dada e que é necessária para resolver um problema [...]” (MARTIN E MARCHESI, 1995, p.31). Contudo, sob essa ótica de compreender as dificuldades de aprendizagem e para se fazer um levantamento preciso de sua origem, é importante considerar que cada indivíduo possui um ritmo próprio para aprender e de se relacionar com a aprendizagem. Nesta perspectiva, sabemos que não devemos colocar a capacidade do aluno em dúvida, pois, aquilo que aparece em determinado momento como um problema para aprender, pode não ser, sabendo que a aprendizagem é um processo dependendo de um todo e de todos os envolvidos para que a aprendizagem aconteça e isso é de responsabilidade do coordenador pedagógico, juntamente com sua equipe analisar, refletir e buscar alternativas junto às experiências do dia a dia e aprofundar nos estudos. Quando tratamos a dificuldade de aprendizagem no nosso dia a dia com nossos alunos, é possível identificar as dificuldades que temos em classificar os fatores que levam a dificuldade de aprendizado, segundo Pain (1992) classifica como dificuldade de aprendizagem qualquer perturbação que altera o curso normal desse processo, independentemente do nível intelectual do sujeito. Nessa perspectiva, leva-se em consideração Pain (1992) a existência de alguns fatores fundamentais a serem considerados para apontar uma criança com um problema de aprendizagem, tais como a integridade anatômica e o funcionamento dos órgãos implicados no processo de aprender. No entanto, em relação à dificuldade de aprendizagem, nem sempre se da por necessidades especiais, o fenômeno das dificuldades de aprendizagem, pode coexistir aspectos normais e patológicos. Na área da aprendizagem escolar, esses aspectos são muitas vezes confundidos quando se pretende analisar o aluno que apresenta alguma perturbação na sua aprendizagem. 11 Ao lado de um pequeno grupo de crianças que apresenta Transtorno de Aprendizagem decorrente de imaturidade e/ou disfunção psiconeurológica, existem muitas outras que apresentam baixo rendimento escolar em consequência de diversos fatores isolados ou em interação (MOOJEN, 1997, p. 248). Neste contexto o coordenador pedagógico deve observar o rendimento destes alunos com acompanhamento na leitura e escrita. A designação genérica mais adequada para crianças que apresentam problemas no contexto da aprendizagem escolar é a dificuldade de aprendizagem. Deste modo, às dificuldades no processo de aquisição da leitura e escrita são reconhecidas como uma das causas mais determinantes do baixo rendimento escolar. Muitas vezes, estas dificuldades são interpretadas como uma deficiência cognitiva da criança que passa a carregar o estigma de incapaz para se alfabetizar, cabe então ao coordenador pedagógico observar e encaminhar as possíveis soluções. Deste modo, “em termos filogenéticos ou ontogenéticos, a ação precede a linguagem; a linguagem começa por emergir da ação” (MOOJEN, 1997, p.275). Sendo a linguagem um componente da ação, ela é construída a partir desta, para depois se libertar do contexto da ação, podendo ser construída simbolicamente. Nessa perspectiva, algumas convicções com relação à dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita se tornam pressupostos para a elaboração do conceito do processo de aquisição da leitura e escrita, denominado alfabetização. Assim, Ferreiro (2000), coloca que a representação da linguagem pode ser entendida como um processo histórico que antecede a transcrição, assim o conhecimento é construído por quem aprende a representar a linguagem. A ideia de que a única função da escrita está relacionada com o objetivo do ensino deve ser afastada das representações das crianças sobre a alfabetização. Daí a importância de se ensinar às crianças a função da língua escrita na vida delas e não apenas os códigos de leitura e escrita, quer dizer que, a criança aprende qual é a importância da língua escrita em sua formação, ou seja, por toda a vida, a partir das considerações sobre a alfabetização como processo de aprendizagem da leitura e escrita, este envolve mais do que apenas saber ler e escrever; “é principalmente construir sentido e significado à aprendizagem” (GOMES, 2001, p. 24). O conceito de alfabetização é complexo, visto que, engloba um grande número de conhecimentos, habilidades, técnicas, valores, usos sociais e funções no 12 qual não basta ao aluno simplesmente saber ler e escrever, mas também que saiba fazer uso dessas complexas habilidades (Soares, 1995). A respeito da relação da metacognição, esta auxilia na compreensão do como utilizar as estratégias específicas de leitura, que são procedimentos que o sujeito utiliza na construção da linguagem escrita “porque enquanto lemos e compreendemos tudo está certo, e não percebemos que, além de estarmos lendo, estamos controlando o que vamos compreendendo” (SOLÉ 1998 p. 41). Neste sentido, um aluno com dificuldades de aprendizagem demora a perceber que não está dando conta de que não compreendeu o texto plenamente, revelando certa falta de controle no curso deste processo, que envolve processos metagonitivos, Foulin e Mouchon (2000). De alguma maneira, este aluno parece revelar uma necessidade de adquirir a consciência da utilização de estratégias para o bom funcionamento de sua inteligência. Neste ponto que entra a participação indispensável do coordenador pedagógico com as observações e os encaminhamentos, apoiando o professor para que possa entender melhor e controlar os processos cognitivos dos alunos.Neste caso, o coordenador pedagógico deverá considerar a presença de elementos relacionados com a metacognição quanto às situações de ensino- aprendizagem, fazendo com que o professor coloque em prática processos metacognitivos. Para isto, deve estar atento ao fato de que os conhecimentos sobre os processos cognitivos estão mais ligados ao pensamento abstrato e que devem surgir ao longo do desenvolvimento mental da criança. É extremamente importante conhecer como se desenvolve e atua esta capacidade de regular o funcionamento cognitivo, como podem ser avaliadas as possibilidades de cada indivíduo neste contexto, que relação existe com o conhecimento da situação de aprendizagem e das próprias habilidades cognitivas, e que programas são mais úteis para favorecer sua aquisição, nos alunos com atrasos ou problemas de aprendizagem (MARTÍN E MARCHESI, 1995, p. 28). Portanto, o que acontece muitas vezes com alunos com dificuldades de aprendizagem é que, estes abandonam a tarefa que lhes pareceu difícil de resolver, por não sentirem a necessidade de buscar ajuda ou simplesmente permanecem insistindo na mesma, empreendendo esforços cognitivos em vão, sem dar conta do 13 que realmente necessitam para resolvê-la. Segundo Coll (2000), a própria busca de ajuda representa em si uma estratégia metacognitiva das mais importantes, na medida em que o aluno toma consciência de que é melhor parar de insistir sem êxito numa tarefa e decidir procurar a ajuda de outros ou consultar outras fontes. “Em geral, na análise das capacidades metacognitivas e de auto regulação, tende-se a tratá-las unicamente como características intrínsecas do aluno, sem levar em conta a dimensão social” (COLL, 2000, p.101). Atualmente, muitos professores ainda definem erroneamente o processo de alfabetização como sinônimo de uma técnica. Isto é “O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem duvida, em um ambiente social. Mas as praticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças.” (FERREIRO, 1996, p.24). Desta forma, acredita que estas propostas são fundamentais para a aquisição ao processo de alfabetização. Afirma que “a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola é que não termina ao finalizar a escola primária”. (FERREIRO, 1999, p.47). Deste modo, as crianças são alfabetizáveis e estão em processo continuo de aprendizagem, isto quer dizer em desenvolvimento. Assim, “tradicionalmente, as decisões a respeito da pratica alfabetizadora tem-se centrado na polemica sobre os métodos utilizados. Métodos analíticos contra os métodos sintéticos, fonéticos, contra global”. (FERREIRO, 2000, p.29). Mais uma vez nos deparamos com a prática pedagógica, bem como, a metodologia aplicada em sala de aula, cabe então ao coordenador pedagógico essa mediação e apoio ao aluno e professor em sua prática. Sendo assim, a metodologia normalmente utilizada pelos professores parte daquilo que é mais simples, passando para os mais complexos. Para tanto, “A preocupação dos educadores tem-se voltado para a busca do melhor ou do mais eficaz dos métodos, levando a uma polemica entre dois tipos fundamentais; método sintético e método analítico” (FERREIRO & TEBEROSKY, 1985, p.18). Ao coordenador cabe acompanhar o planejamento bem como as atividades desenvolvidas pelo professor, para que possa haver revisões constantes da metodologia aplicada por ele. 14 Se compreender que qualquer informação tem que ser assimilada, e, portanto, transformada para ser operante, então teríamos que aceitar também que os métodos (como sequência de passos ordenados para chegar a um fim), não oferecem mais do que sugestões, incitações, pratica de rituais ou conjunto de proibições. (FERREIRO, 2000, p.30) O método, segundo Ferreiro (2000), não cria conhecimento, o correto, na concepção desta autora, seria interrogar, “através de que tipo de prática a criança é introduzida na linguagem escrita, e como se apresenta esse objeto no contexto escolar”. (FERREIRO, 2000, p.30). Existem práticas tais como levar a criança a decorar, situações que levam a criança às convicções de que o conhecimento é algo que os outros possuem e que só se pode adquirir da boca destes, deixando, assim, de ser participante da construção. Algumas práticas levam a pensar que aquilo que existe para conhecer já foi estabelecido, como um conjunto de coisas fechadas que não podem se modificar. Há por fim, práticas que leva o sujeito (a criança neste caso) fiquem sem participar do conhecimento, como espectadores ou receptor daquilo que o professor ensina. Assim, “nenhuma pratica pedagógica é neutra, todas estão apoiadas em certo modo de conceber o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem” (FERREIRA, 2000, p. 31). Nesta perspectiva, a escrita pode ser considerada como uma representação da linguagem ou como um código de transcrição gráfica das unidades sonoras. A diferença essencial é a seguinte: no caso da codificação, tanto os elementos como as relações já estão predeterminados. No caso da criação de uma representação, nem todos os elementos, nem as relações estão determinados, cabe ao coordenador pedagógico compreender que a invenção da escrita foi um processo histórico de construção de um sistema de representação, não um processo de codificação, para que neste sentido ele possa direcionar o professor em seus encaminhamentos no caso dos dois sistemas envolvidos no inicio da escolarização (o sistema de representação dos números e o sistema de representação da linguagem), as dificuldades que as crianças enfrentam nas dificuldades conceituais semelhantes às da construção do sistema e por isso podem-se dizer em ambos os casos, que a criança reinventa esse sistema. Desta forma o coordenador pedagógico deve encaminhar estudos juntamente com o professor para que ambos possam compreender todo processo do sistema representativo da linguagem de forma melhorar o entendimento do aluno. 15 Para tanto as dificuldades de aprendizagem podem estar ligadas a metodologia aplicada nas atividades desenvolvidas pelo professor, na metodologia definida no projeto político pedagógico da escola, podendo então, a aprendizagem dos alunos estarem relacionada ao contexto escolar. “com dois momentos do ciclo gnosiológico em que se ensina e se aprende o conhecimento já existe e o que se trabalha e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente” (FERREIRO 1993 p. 31). Neste sentido, as metodologias aplicadas em sala de aula, refletem o lugar que é dado à aprendizagem e ainda segundo o pensamento Freireano a educação escolar deve expressar o seu sentimento de transformação da realidade opressora em realidade igualitária. Desta forma podemos dizer que certas colocações nos levam a entender algumas situações vividas em nosso cotidiano, quando o sujeito é educado para não desenvolver a consciência crítica. Freire (2005). Para tanto, o coordenador pedagógico em seus encaminhamentos pedagógicos deve priorizar a formação de um cidadão crítico e transformador. Isto é o conhecimento é algo a ser construído na coletividade, no qual o movimento da ação–reflexão como fundamental, deste modo, o papel do coordenado pedagógico deve proporcionar um direcionamento específico em apoio ao professor em seu planejamento e sua prática, observar e acompanhar o aluno em suas dificuldades. (Freire 2005 p.205). A partir dos conceitos estabelecidos nos processos de aprendizagem é possível propor uma reflexão do fazer pedagógico, no qual o compromisso do coordenador pedagógico é refletir juntamente com os professores, encontrando uma forma de compreender a dificuldade de aprendizagem, encontrando soluções, interferências pedagógicas e métodos a serem usados. Na realidade, na medida em que esta
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