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Fundamentos Antropológicos e Sociológicos - Aula 2 e 3


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Conceitos 
antropológicos
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ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS
Aula 2 e 3 
→ Como as identidades→ Como as identidades 
culturais se relacionam comculturais se relacionam com 
o processo de socialização?o processo de socialização?
Quando pensamos na formação 
de grupos sociais, comunidades e 
numa perspectiva macrossocial, a 
sociedade, podemos entender o 
papel da cultura como mediadora 
na formação desse sujeito social, 
a partir do meio social em que 
vive, definindo, também, o 
processo denominado como a 
endoculturação
Assim, evidenciamos 
especificidades, particularidades 
que são eixos norteadores das 
relações sociais, ou seja, 
determinantes da forma de 
pensar, agir, sentir, hábitos e 
costumes, valores estéticos 
morais, e, assim, suas identidades.
Logo, a identidade e diferença 
cultural andam juntas e por isso o 
conceito de alteridade é de suma 
importância para vida social.
O que significa 
Cultura?
→ Antropologia é a área que→ Antropologia é a área que 
se preocupa com o estudo dose preocupa com o estudo do 
termo cultura, mas o quetermo cultura, mas o que 
cultura significa?cultura significa?
Cultura é formada por dois termos: 
1. kultur (germânico): todos os 
aspectos espirituais de uma 
comunidade, sociedade.
2. Civilization (francês): as 
realizações materiais de um povo.
Logo, no século XIX, Edward Tylor 
faz essa junção, definindo cultura 
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Além disso, sua definição marca 
fortemente o caráter de 
aprendizado da cultura em 
oposição à ideia de aquisição 
inata, transmitida por mecanismos 
biológicos.
como todas as possibilidades de 
realizações humanas. 
Influenciado pelo Iluminismo, 
Imperialismo, darwinismo social, 
perspectivas da racionalidade.
Evolucionismo 
Linear
Assim constitui-se a Antropologia 
Clássica com Edward Tylor. Tal 
fato possibilitou a compreensão 
da condição humana por meio do 
desenvolvimento da cultura 
(material e imaterial) em 
diferentes períodos históricos e .
territórios. 
Tylor salienta que a cultura segue 
princípios gerais nas diversas 
sociedades e comunidades, 
permitindo uma investigação tanto 
do pensamento quanto da ação 
humana. 
Há uma determinação de 
uniformidade no PROCESSO 
EVOLUTIVO, classificando as 
diferenças culturais a partir da 
definição dos padrões europeus como 
civilizados. (influência do darwinismo 
social). Constituindo o eurocentrismo.
Causas uniformes – Leis universais – 
processo evolutivo. Este processo 
acaba por definir estágios evolutivos 
diferenciados, colocando uns como 
melhores e outros como aquém do 
que seria dito como civilizado: 
Primitivos, Bárbaros e Civilizados 
(PADRÃO CULTURAL EUROPEU).
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Xenofobismo, 
preconceito, 
discriminação: o 
eurocentrismo e o 
etnocentrismo 
Partindo desse pressuposto há a 
formação do conceito 
eurocentrismo, hoje, etnocentrismo, 
que preconiza atitudes excludentes, 
que classificam os diferentes povos, 
comunidades por meio de tais 
estágios, formando estereótipos, 
preconceitos, xenofobismo, 
discriminação, racismo.
Esta classificação ainda 
permanece presente no século XXI, 
podemos percebê-la em 
narrativas, falas que julgam os 
indivíduos, sociedades 
determinando seu lugar, 
determinando suas possibilidades, 
oportunidades, promovendo ainda 
atitudes de desrespeito social e 
violências de diferentes tipos.
O choque cultural, por causa da 
diferença, provoca o 
estranhamento, o conflito 
dogmático, que culmina e 
desrespeitos sociais, por uma 
concepção equivocada sobre 
cultura e diferenças culturais 
estratificadas.
Relativismo 
cultural
Franz Boas: Traços culturais e 
diferentes sociedades. O 
evolucionismo multilinear, a base do 
relativismo cultural. Crítica ao 
evolucionismo linear de Tylor.
Para Boas há um eixo norteador na 
investigação histórica da 
comunidade em si mesma, a qual 
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tem seu próprio caminho evolutivo.
Logo, não há um único caminho a 
ser seguido no processo evolutivo. 
Para tanto levanta a necessidade 
do pesquisador estar no campo, 
observando diretamente as 
populações estudadas. (coleta de 
dados).
A investigação proposta por Boas 
propicia a compreensão do 
particularismo histórico e o 
desenvolvimento dessa 
comunidade, sociedade. 
(significado , sentido na vivência 
dos membros), possibilitando a 
formação do conceito de igualdade 
racial.
No Brasil, o grande antropólogo 
Roberto da Matta compartilha 
dessa compreensão e salienta a 
importância do exercício da 
 alteridade. 
Diversidade 
cultural e 
Multiculturalismo
Partimos do fato que, entre todas as 
sociedade humanas conhecidas 
coexistem diversos hábitos, costumes, 
línguas , crenças saberes etc. a essa 
multiplicidade de formas de ver, 
sentir, se inserir no mundo 
denominamos de diversidade cultural.
Culturalmente, com o avanço da 
tecnologia, da mídia, com a diluição 
de fronteiras pelo Globalização, tem 
se acelerado o intercâmbio cultural. 
Assim, o mundo assume as marcas do 
Multiculturalismo, da diversidade 
cultural, nos desafiando a romper 
com velhos paradigmas, para que 
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possamos convier socialmente , 
respeitando a diferença. 
Logo, multiculturalismo é 
definido como o 
reconhecimento da diferença, 
da individualidade. A 
diferença traz a questão da 
inteligência emocional, do 
mesmo modo o princípio de 
igualdade perante à lei, 
diante do direitos e deveres. 
A antropologia 
funcionalista de 
Malinowski e a 
observação 
participante
Malinowski ( 18884 – 1942): um dos 
primeiros cientistas a adotar a 
observação participante, tirando a 
antropologia dos gabinetes para o
campo.
A observação participante, então, 
torna-se a técnica tradicional da 
antropologia, possibilitando que o 
pesquisador vivencia-se a cultural, 
num local investigado, 
compreendendo seus sentidos, 
significações e representações.
Tal fato irá constituir a etnografia 
(método antropológico), o trabalho 
de campo para investigar os 
elementos culturais, coletando 
dados, para interpretá-los, entende- 
los, permitindo, então, analisar e 
descrever as culturas.
Kroeber determina a diferenciação 
do biológico (orgânico) do cultural 
(social). Ou seja, uma separação da 
natureza humana e condição 
humana. 
Assim, o ser humano ao desenvolver 
a cultura ( suas ferramentas e 
instrumentos para satisfação de 
suas necessidades), assim como dos 
processos culturais (criação, 
invenção e difusão),permitiu a 
organização social, produção de
saberes, de tradições e 
reinvenções. 
Logo, a superação da natureza 
animal, tornando-se um ser social a 
partir de um verdadeiro acúmulo 
de elementos culturais.
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Kroeber 
(superorgânico) A teoria kroeberiana define 
assim a dinamicidade da própria 
cultura, vivenciada nas relações 
sociais e a organização social.
Assim sendo a cultura é um 
resultado da experiência histórica 
das gerações anteriores e dos 
processos culturais desenvolvidos. 
 A cultura advém de um processo 
acumulativo formador da HERANÇA 
CULTURAL, ou melhor, AS DIFERENTES 
HERANÇAS CULTURAIS, consideradas: 
PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE.
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Lévi Strauss 
(antropologia 
estruturalista)
Para Lévi Strauss a cultura se 
define como sistemas estruturais, 
a partir de um sistema simbólico 
que é a criação acumulativa da 
psique humana. 
Assim sendo, tal sistema é definido 
pela estruturação dos domínios 
culturais determinantes no 
estabelecimento da estrutura 
social nas comunidades.
Para ele o pensamento humano 
estaria submetido as regras 
inconscientes (ou conjunto de 
princípios) que controlam as 
manifestações e relações em um 
grupo. 
Entre tais regras o grande marcoestaria o estabelecimento do 
incesto, como parte fundamental e 
estruturante da organização
social do primeiro núcleo: parentesco.
A Antropologia 
interpretativa de 
Geertz
Geertz define a cultura como sistemas 
simbólicos que trazem sentidos e 
significados. Ou seja, quando 
estamos estudando uma determinada 
cultura, estamos estudando um 
acervo de códigos, de símbolos que 
são compartilhados pelos membros da 
cultura. Para compreensão é 
fundamental o estabelecimento de 
sua historicidade. Há uma preparação 
dos indivíduos para viver em 
comunidade, pelas gerações 
anteriores. Há uma espécie de 
programação dos indivíduos por meio 
da socialização, endoculturação, 
aprendendo a herança cultural, seus 
sistemas simbólicos significantes 
acumulativos. Mas tais sistemas 
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podem ser ressignificados, alterados 
diante da experimentação, pela 
vivência, buscando então, 
ressignificar sua representatividade, 
permitindo a sobrevivência da 
comunidade diante dos desafios 
contemporâneos. Ou seja, não é 
engessado.
Determinismo 
biológico
É fato que após milhares de anos 
de pressões seletivas a espécie 
humana se diversificou gerando 
todas as etnias que conhecemos e 
algumas que infelizmente não 
existem mais. Etnias e não raças.
Biologicamente, raças são frutos 
de seleções artificiais em 
espécies feitas por nós, seres 
humanos, como as raças de cães 
por nós criadas. Nós, humanos, 
possuímos etnias.
O determinismo biológico, associado 
ao que conhecemos como darwinismo 
social, foi criado para justificar 
porque algumas etnias deveriam ser 
consideradas superiores às outras. 
Foi usado como justificativa para 
várias situações tenebrosas da 
história da humanidade, como por 
exemplo, o nazismo, onde Hitler 
pregava a superioridade da "raça 
ariana" sobre as demais. 
O determinismo biológico é baseado 
em uma série de estereótipos como 
por exemplo: todo asiático tem 
inteligência acima da média, negros 
são melhores em esportes e europeus 
são culturalmente mais elevados.
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Um caso famoso de tentativa de 
validar o determinismo biológico é o 
do médico e anatomista alemão Franz 
Joseph Gall, que no século XIX criou a 
frenologia, uma pseudociência que 
utilizava caracteres físicos craniais 
para determinar o caráter, 
personalidade e potencial para 
criminalidade. 
Baseando-se em medidas craniais,
Franz alegava ser capaz de determinar 
se uma pessoa tinha potencial para 
cometer um crime ou não. Essa teoria 
foi utilizada para justificar muitas 
barbáries e sedimentar a 
“superioridade” que a etnia branca 
exercia sobre as demais. 
A ciência é baseada em um método 
cuidadoso e utilizar falsos argumentos 
para tentar combatê-la ou sedimentar 
preconceitos é anti-ético e imoral. 
Determinismo
geográfico
O determinismo geográfico é a 
crença de que o ambiente 
determina os padrões da cultura 
humana de um determinado local e 
seu desenvolvimento social. 
Neste caso são levados em 
consideração principalmente os 
fatores físicos, como formas de 
relevo e clima, o território, os 
aspectos ambientais. 
Os especialistas que acreditam no 
determinismo geográfico afirmam 
que somente os fatores ecológicos, 
climáticos e geográficos são 
responsáveis pelas culturas 
humanas e decisões individuais.
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Assim sendo, Essa perspectiva 
afirma que isso ajuda a definir o 
comportamento geral e a cultura de 
uma sociedade. Por exemplo, foi dito 
que as áreas nos trópicos de câncer 
e capricórnio eram menos 
desenvolvidas do que as latitudes 
mais altas.
Essa justificativa se deu pelo clima 
continuamente quente que, segundo 
alguns geógrafos, facilitava a 
sobrevivência e, portanto, as pessoas 
que moravam ali não trabalhavam 
tanto para garantir sua
sobrevivência. 
Outro exemplo de determinismo 
geográfico seria:
a teoria de que as nações 
insulares (formadas por uma ilha 
ou um conjunto delas) têm 
características culturais únicas, 
devido ao seu isolamento das 
sociedades continentais.
Determinismo 
geográfico de 
Friedrich Ratzel
O determinismo geográfico chegou 
ao seu ápice na geografia moderna, 
a partir do final do século XIX, 
quando foi ressuscitado pelo 
geógrafo alemão Friedrich Ratzel. 
Assim, acabou por se tornar a teoria 
central da disciplina. 
A teoria de Ratzel surgiu seguindo a 
Origem das Espécies de Charles 
Darwin em 1859 e foi fortemente 
influenciada pela biologia evolutiva 
e pelo impacto que o ambiente de 
uma pessoa tem na sua evolução 
cultural.
A teoria de Ratzel afirma que, além 
do homem ser fruto do meio 
ambiente e geográfico que vive, o 
Estado é como um organismo vivo 
que trabalha para se expandir e 
defender seu próprio espaço.
Então, podemos entender que o 
determinismo geográfico afirmava 
que as diferenças do ambiente 
condicionam a diversidade 
cultural. 
Contudo, ainda no final do século 
XIX esta teoria foi crítica por 
muitos antropólogos e perdeu 
força sobre tudo porque: 
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Assim, as sociedades mais 
avançadas teriam um espaço maior, 
conseguindo se expandir com mais 
velocidade e facilidade.
A crítica ao 
Determinismo 
geográfico
“A afirmação de que a cultura está sujeita aos limites do 
habitat Significa, portanto, mais especificamente, que o 
comportamento de um povo deve processar-se dentro dos 
limites do mundo externo, como é definido e percebido 
pela experiência adquirida por esse povo até aquele 
momento. Podemos acrescentar aqui a proposição de que, 
quanto mais adequada é a tecnologia de um povo, mas ele 
pode manipular o habitat para criar um ambiente 
secundário artificial que o liberte das pressões e dos 
controles diretos do habitat” ( KESSING, 1972: 187).
Conceito de cultura 
então:
No sentido antropológico, a cultura é 
um conjunto de regras que nos diz 
como o mundo pode e deve ser 
classificado. Ela, como os textos 
teatrais, não pode prever 
completamente como iremos nos 
sentir em cada papel que devemos ou 
temos necessariamente que 
desempenhar, mas indica maneiras 
gerais e exemplos de como pessoas 
que viveram antes de nós 
desempenharam ( Roberto da Matta, 
1993). 
Desse modo, a cultura parece ser um 
bom instrumento para compreender 
as diferenças entre os sujeitos sociais 
e as sociedades. 
Logo, o conceito de cultura ou a
cultura como conceito permite uma 
perspectiva mais conscientes de nós 
mesmos. Em outras palavras, a 
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cultura permite traduzir melhor a 
diferença entre nós e os outros e, 
assim fazendo, resgatar a nossa 
humanidade no outro e a do outro 
em nós mesmos ( LAPLANTINE,
1996).
O conceito de cultura pode ser 
pensado a partir de diferentes 
pontos: 
 O ser humano atua de 
acordo com seus padrões 
culturais e traços culturais.
 A cultura é um modo de 
adaptação aos diferentes 
ambientes. Para se adaptar aos 
diversos ambientes ecológicos, o 
ser humano modifica seu
aparato biológico, mas sim 
constrói diferentes respostas 
culturais.
Mesmo contando com uma estrutura 
física mais frágil que a de outros 
animais, o ser humano superou limites 
do meio ambiente e estendeu sua 
influência por toda a terra.
 A cultura é um processo 
acumulativo que resulta da 
experiência adquirida das gerações 
anteriores, formando os padrões 
culturais, e assim, comportamentos 
socioculturais .