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EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM – Examinar as teorias dos principais pensadores sobre o Brasil. – Entender teorias a partir do momento vigente. Profº Sérgio Garrido Na Pegada do Enem 1 A Sociologia no Brasil Na Pegada do Enem 2 As Primeiras influencias da sociologia francesa, de Auguste conte a Émile Durkheim, chegaram ao Brasil ainda em fins do século XIX. As obras desses intelectuais alimentaram uma elite politica intelectualizada e orientaram a composição do próprio estado brasileiro, principalmente no que se refere à tentativa de ordenar e disciplinar práticas e costumes com vistas a permitir que a sociedade, percebida como um organismo, fosse desenvolvida de forma “sadia”. . Na Pegada do Enem 3 Euclides da Cunha Considerado o primeiro sociólogo brasileiro, Euclides da Cunha nasceu em 1866, no Rio de Janeiro. Em sua principal obra, Os Sertões , Euclides da Cunha tenta descrever os diversos aspectos de uma sociedade desconhecida para a sociedade brasileira litorânea: o interior da Bahia. Sua obra se divide em três grandes partes: A Terra, na qual descreve, principalmente, o relevo, o clima, a fauna e a flora da região; O Homem, na qual disserta sobre o sertanejo, morador da região; A Luta, na qual o próprio autor, vivenciando a Guerra de Canudos, relata o dia a dia da luta entre as tropas de Antônio Conselheiro e as tropas do Império brasileiro. Na Pegada do Enem 4 Muito atrelado a teorias raciais, Euclides da Cunha acreditava na superioridade de certas raças em relação a outras; no entanto, via no sertanejo certas qualidades ímpares e, segundo ele, originárias da sua condição mestiça. A sua maior contribuição para o entendimento da sociedade em sua época foi esclarecer a vida dos interioranos. Ainda muito litorânea, a sociedade brasileira não tinha muito conhecimento sobre o interior do País e a obra de Euclides da Cunha, apesar de abordar só parte do interior da Bahia, abriu caminho para que fosse dada maior importância às outras regiões do Brasil que não fossem litorâneas. Na Pegada do Enem 5 Sílvio Romero Para Romero, a literatura brasileira é uma manifestação distinta da portuguesa devido aos fatores peculiares do país, desde as condições naturais e históricas até a sua composição étnica, uma vez que a miscigenação de elementos portugueses, africanos e indígenas trouxe a inevitável "assimilação de bens culturais, a vasta mistura de usos, costumes, instituições, que ocorre incessantemente na formação do Brasil", ao longo do desenvolvimento histórico. A obra capital de Romero é A História da Literatura Brasileira, publicada em 1888, em que o crítico expõe "o essencial do que desejava dizer sobre a cultura e mesmo a sociedade de seu país". A primeira parte do livro é dedicada aos "elementos de uma história natural de nossas letras, as condições de nosso determinismo literário, com as aplicações da geologia e da biologia às criações do espírito", Na Pegada do Enem 6 Nascido em Recife no ano de 1900, ele é considerado muito importante para a Sociologia brasileira. Seus estudos de pós--graduação realizados nos Estados Unidos, nos anos de 1920, deram origem à tese A vida social no Brasil nos meados do século XIX, que serviu de base para o livro Casa-grande & senzala (1932), obra em que Freyre discute de maneira original os sistemas econômico, social e político do Brasil colonial a partir da contribuição do negro e do fenômeno da miscigenação na formação social do país. Gilberto Freyre Na reflexão de Freyre, o povo brasileiro foi apresentado como resultado de um encontro harmonioso entre três raças: brancos, negros e índios. A sua narrativa sobre a história nacional reconheceu a miscigenação racial, além de dedicar, pela primeira vez, aos negros e índios uma descrição minuciosa de seus hábitos, costumes e inserção na estrutura social brasileira. Na Pegada do Enem 7 Seguindo uma linha de pensamento da época, Freyre acreditava que não havia racismo no Brasil e que este fenômeno era digno de ser estudado. Para o próprio autor, uma grande miscigenação (entre brancos, índios e negros) e a relação entre escravos e seus donos garantiam à sociedade brasileira uma democracia racial (uma respeitabilidade de etnias, sem a alta discriminação racial). Para Freyre, a relação entre escravos e donos não era violenta, mas também não era harmoniosa. Segundo o próprio autor, o que predominava nessa sociedade escravocrata brasileira era a submissão do escravo ao seu senhor. Gilberto Freyre identifica, ainda, traços de cultura africana altamente difundidos e valorizados na sociedade brasileira. Na Pegada do Enem 8 Sérgio Buarque de Holanda Seu principal trabalho, Raízes do Brasil (1936), Buarque de Holanda parte da tese weberiana de dominação legítima legal- racional para formular a ideia de “homem cordial” para a documentação histórica. O ponto central sobre o Sergio Buarque é o que ele chama da cordialidade ou de homem cordial”. O homem cordial é uma representação da população brasileira. Em outras palavras, ele resumiu algumas características que os brasileiros possuem como um todo. Quando Sérgio Buarque defendeu esse conceito, ele não estava dizendo que nós somos educados, caridosos e afetivos. Nada disso. Ele dizia, na verdade, que as nossas atitudes e decisões são pautadas pelo nosso coração – e não tanto pela racionalidade. Na Pegada do Enem 9 Caio Prado Júnior Apesar de não ser sociólogo, Caio Prado pensou, também, sobre a situação social em que se encontrava. Ao lançar o seu livro Formação do Brasil Contemporâneo (1942), Caio Prado Júnior tentou responder a uma pergunta muito comum da época: por que o Brasil se encontrava daquela forma, sem força econômica e sem uma boa qualidade de vida? Para o autor, o não desenvolvimento brasileiro fazia parte de sua formação colonial; por três séculos, o País foi alvo de exploração portuguesa. As riquezas e os recursos brasileiros não ficavam aqui, eram captados pela metrópole e levados à Europa, "para fornecer tabaco, açúcar, alguns outros gêneros; mais tarde, ouros e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu" Na Pegada do Enem 10 Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se completaria no momento em que fosse superada a nossa herança de organicidade social ― o oposto da interligação com objetivos internos ― trazida da colônia. Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos algo análogo. O país será moderno e estará́ formado quando superar a sua herança portuguesa, rural e autoritária, quando então teríamos um país democrático. Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na dependência das decisões do presente. Celso Furtado, por seu turno, dirá́ que a nação não se completa enquanto as alavancas do comando, principalmente do econômico, não passarem para dentro do país. Como para os outros dois, a conclusão do processo encontra-se no futuro, que agora parece remoto. SCHWARZ, R. Os sete fôlegos de um livro. Sequencias brasileiras. São Paulo: Cia. das Letras,1999 (adaptado). Na Pegada do Enem 11 Octavio Ianni Um dos mais prestigiados sociólogos, Octavio Ianni discutiu em suas diversas obras como classe social e raça aparecem de maneira entrelaçada na história brasileira. Segundo Ianni, após a abolida da escravidão, em 1888, o cativo africano deixou de ser designado escravo, mas passou a designar-se negro, refletindo a perpetuação do preconceito. Nesse sentido, o preconceito deixa de ser de classe (cativo × liberto; escravo × cidadão), transformando-se em preconceito racial, marcando a inferioridade socioeconômica, política, educacional e cultural de uma imensa parcela da população não brancaNa Pegada do Enem 12 Florestan Fernandes Florestan Fernandes compreendeu a população brasileira não somente como miscigenada, mas multiétnica. Do ponto de vista econômico, a história do desenvolvimento econômico brasileiro, para ele, deu-se do escambo para a escravidão, desta para o ruralismo e, por fim, a urbanização e a industrialização. Florestan Fernandes foi um estudioso das relações étnico-raciais no Brasil, tendo estudado primeiro os índios tupinambá e depois os negros, sempre na perspectiva da dificuldade da integração democrática desses povos não brancos na cultura brasileira branca. Em um Brasil que visava a industrialização e a modernidade, e que havia deixado para trás o colonialismo e a escravidão, fazia-se necessário buscar um modo de compreender a exclusão social e as estruturas que permitem a exclusão, sobretudo de pobres e negros, para buscar algum modo de alcançar essa situação. Na Pegada do Enem 13 Desigualdade Social: a desigualdade contra os pobres e moradores da periferia. O sociólogo chegou a contar que, mesmo com a influência de sua madrinha, os empregos que conseguiu quando jovem eram estigmatizados e nada melhor era oferecido a quem morava nos guetos de São Paulo. Havia uma desconfiança daquela gente. A desigualdade social marcou a sua infância, e, na sua visão, superar essa desigualdade era a única possibilidade da nossa sociedade progredir moralmente. Educação: o único modo de conseguir-se uma sociedade justa e livre da desigualdade social era, segundo Fernandes, por meio da educação pública e de qualidade. Fernandes foi amigo e colega profissional do também sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro. Juntos, os dois elaboraram projetos de valorização da educação básica e contribuíram com a formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Democracia: defensor de um ensino democrático, de uma democracia das relações sociais e do acesso aos serviços básicos garantidos a todos os cidadãos, Fernandes era um democrata. Sobretudo foi defensor de relações democráticas entre negros e brancos no Brasil. A teoria de Gilberto Freyre de convívio harmonioso entre negros e brancos no Brasil, chamada por Fernandes de “mito da democracia racial”, nunca existiu em um país como o Brasil, que não conseguiu incluir o negro em sua sociedade capitalista. Na Pegada do Enem 14 Darcy Ribeiro Antropólogo responsável pela aplicação da etnografia no Brasil, um método de observação para compreender as comunidades indígenas. Darcy Ribeiro foi um importante pensador da questão educacional, tornando- se defensor da ideia de uma escola pública e de qualidade, na medida em que percebeu a diferença existente entre a educação das elites e a dos demais brasileiros. Suas obras literária, fundamentada na pesquisa etnológica e numa rica prática pedagógica. Na Pegada do Enem 15 Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos. Nessa confluência, que se dá sob a regência dos portugueses, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas, formações sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo. Novo porque surge como uma etnia nacional, que se vê a si mesma e é vista como uma gente nova, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras. Velho, porém, porque se viabiliza como um proletariado externo, como um implante ultramarino da expansão europeia que não existe para si mesmo, mas para gerar lucros exportáveis pelo exercício da função de provedor colonial de bens para o mercado mundial, através do desgaste da população. Sua unidade étnica básica não significa, porém, nenhuma uniformidade, mesmo porque atuaram sobre ela forças diversificadoras: a ecológica, a econômica e a migração. Por essas vias se plasmaram historicamente diversos modos rústicos de ser dos brasileiros: os sertanejos, os caboclos, os crioulos, os caipiras e os gaúchos. Todos eles muito mais marcados pelo que têm de comum como brasileiros, do que pelas diferenças devidas a adaptações regionais ou funcionais, ou de miscigenação e aculturação que emprestam fisionomia própria a uma ou outra parcela da população. (Darcy Ribeiro. O povo brasileiro, 1995. Adaptado.) Na Pegada do Enem 16
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