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Tema 4 - Extinção dos contratos

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07/02/2022 22:57 Extinção dos contratos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02457/index.html#imprimir 1/43
Extinção dos contratos
Prof. Bruno Terra de Moraes
Descrição
Hipóteses em que os negócios jurídicos não atingem o objetivo pretendido pelas partes ou previstos no
ordenamento jurídico, ou em que apresentam vícios que impedem a produção dos seus regulares efeitos.
Propósito
O objetivo da celebração dos negócios jurídicos é a satisfação das partes. Nesse sentido, verifica-se que os
vícios dos negócios jurídicos ou o inadimplemento das obrigações são patologias do sistema que
acarretam repercussões jurídicas relevantes. Portanto, é primordial o estudo de tais hipóteses, quer para a
prevenção de tais casos, quer para a efetivação dos adequados remédios jurídicos para tais situações.
Preparação
Os temas aqui tratados são minuciosamente regulamentados pelo Código Civil. Assim, recomenda-se que,
tanto antes de iniciado o estudo quanto durante sua realização, sejam consultados os dispositivos que
disciplinam as matérias aqui tratadas.
Objetivos
Módulo 1
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Contratos inexistentes e contratos nulos
Reconhecer as situações de não formação dos negócios jurídicos.
Módulo 2
Contratos anuláveis
Listar situações em que os negócios jurídicos são realizados em desconformidade com o ordenamento.
Módulo 3
Resolução por inadimplemento, acordo mútuo e
exceção do contrato não cumprido
Analisar as consequências das situações em que os negócios jurídicos possuem desfechos não
pretendidos pelo ordenamento jurídico.
Os contratos consistem em instrumentos jurídicos centrais da atual vida em sociedade. Uma vez
celebrado o negócio jurídico, espera-se que as partes saiam satisfeitas, com o adimplemento das
obrigações ajustadas. Entretanto, nem sempre isso ocorre, quer por problemas no seu ciclo de
formação, quer no que se refere ao seu cumprimento. Estudaremos essas hipóteses buscando
identificá-las, bem como suas consequências.
Introdução
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1 - Contratos inexistentes e contratos
nulos
Ao �m do módulo, você será capaz de reconhecer as situações de
não formação dos negócios jurídicos.
Planos dos negócios jurídicos
Neste vídeo, o professor Bruno Terra discorre sobre os três planos dos negócios jurídicos.
Os três planos do negócio jurídico
Como se sabe, os contratos têm as suas consequências jurídicas, ao menos em grande medida, estipuladas

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pelas partes. Assim, os contratos se enquadram no conceito de negócios jurídicos. Por estarem os
contratos enquadrados nesse conceito, a partir das noções de inexistência e nulidade de tais negócios,
podemos extrair as noções aplicáveis aos contratos.
Nesse sentido, uma noção introdutória relevante para compreendermos a inexistência e a nulidade dos
contratos é a teoria dos três planos do negócio jurídico. Um estudo muito relevante sobre o tema, no direito
brasileiro, foi realizado por Antonio Junqueira de Azevedo (2002, p. 26), em que ele define os seguintes
planos:
Plano da existência
Pode-se designar o ato inexistente como aquele “a que falta um pressuposto material de constituição”
(PEREIRA, 2014, p. 543).
Plano da validade
Consideram-se inválidos os atos nulos. Isto é, nulos são os atos praticados em desconformidade com as
regras jurídicas (AZEVEDO, 2002, p. 42).
Plano da e�cácia
Consideram-se ineficazes os atos inaptos a produzirem os efeitos queridos (AZEVEDO, 2002, p. 49).
Portanto, para a análise do negócio jurídico, em primeiro lugar, deve-se verificar se ele existe. Uma vez não
existindo, a análise para por aí, já que, sendo inexistente, não se trata de negócio jurídico, a rigor. Trata-se de
uma mera aparência.
Uma vez existente o negócio jurídico, um segundo momento de sua análise refere-se à sua validade. Sendo
inválido, a análise para por aí, já que a ineficácia, em sentido estrito, pressupõe a validade do ato.
Por fim, uma vez sendo existente e válido o negócio jurídico, passa-se à análise da sua eficácia (AZEVEDO,
2002, p. 63-64).
Plano da existência
O plano da existência do negócio jurídico diz respeito aos seus elementos essenciais (SCHREIBER, 2018, p.
222). Uma vez ausente um desses elementos, inexistente será o negócio jurídico.
Em termos gerais, Antonio Junqueira de Azevedo entende que comporiam o negócio jurídico: as
circunstâncias negociais, a forma e o objeto (SCHREIBER, 2018, p. 223). Isso, contudo, não é pacífico. Há
quem identifique como elementos essenciais de um negócio jurídico a vontade e a autonomia privada
(AMARAL, 2014, p. 411).
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A ideia de que os elementos essenciais do negócio jurídico seriam as circunstâncias negociais, a forma e o
objeto parece ser mais abrangente do que aquela que define como elementos essenciais apenas a vontade
e a autonomia privada.
Isso porque a menção às circunstâncias negociais já parece abranger as noções de vontade e autonomia
privada. Afinal, a existência de uma negociação pressupõe a existência de manifestação de vontade e
exercício da autonomia privada.
Adotando-se o posicionamento de que os elementos essenciais de um negócio jurídico são as
circunstâncias negociais, a forma e o objeto, passemos a u ma rápida análise acerca do que se entende por
cada um.
Circunstâncias negociais
Começando pelas circunstâncias negociais, pode-se dizer que elas são “um modelo cultural de atitude, o
qual, em dado momento, em determinada sociedade, faz com que certos atos sejam vistos como dirigidos à
produção de efeitos jurídicos” (AZEVEDO, 2002, p. 122).
Trata-se, portanto, não de um elemento meramente interno, psicológico. Para fins de aferição das
circunstâncias negociais, há a necessidade de exteriorização de um ato. Mas isso não basta:
É preciso que tal ato seja visto pela sociedade como tendo por
propósito a produção de um efeito jurídico.
Segundo Azevedo (2002, p. 118-119), a manifestação de vontade aí reside, podendo esta ser subdividida em
três outras vontades:
Vontade de declarar algo;
Vontade de estabelecer determinado conteúdo;
Vontade de querer expressar as duas vontades anteriores.
Forma
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Passando-se à análise da forma, não se deve confundir isso com a forma válida, requisito de validade do
negócio jurídico. A forma válida diz respeito à previsão legal no sentido de que um negócio jurídico, para ser
válido, necessita respeitar determinada forma.
Exemplo
Um exemplo é o caso da necessidade da escritura pública como essencial aos negócios jurídicos que
envolvam “constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”, conforme art. 108 do Código Civil.
No caso do art. 108 mencionado, em não havendo escritura pública, o negócio jurídico será inválido, embora
existente. Portanto, não é essa a forma atinente à existência do negócio jurídico.
Quando se fala em forma referente à existência, isso diz respeito a qualquer forma. Afinal, toda
manifestação de vontade exterioriza-se mediante uma forma, seja ela qual for, válida ou inválida (AZEVEDO,
2002, p. 126). Assim, o ato jurídico, para existir, deve ser revestido de alguma forma.
Isso difere da discussão relativa à validade do negócio jurídico, que se enquadra no disposto no inciso III do
art. 104 do Código Civil:
A necessidade de observância de forma prescrita ou não defesa em
lei.
Objeto
Em relação ao objeto, trata-se do conteúdo do negócio jurídico. Assim,em uma compra e venda, o conteúdo
do negócio envolve, necessariamente, uma coisa, em relação à qual será pago um preço. Entretanto, podem,
também, envolver cláusulas outras, como, por exemplo, de garantias e condições de pagamento (AZEVEDO,
2002, p. 136).
A visualização da inexistência é muito difícil, caso não analisada ao lado da nulidade. Nesse sentido,
independentemente da corrente adotada para fins de definição do que são os elementos essenciais de um
negócio jurídico, já que pairam divergências a esse respeito, o importante é a noção de que:
Na inexistência, somente se verifica uma aparência de realização do ato; mas ato, a
rigor, não haverá.
Já em relação ao ato nulo, há a existência do ato como figura jurídica, embora o próprio ordenamento negue
a ele as suas consequências naturais.
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Assim, pode-se dizer que uma compra e venda celebrada por agente incapaz será, sim, uma compra e
venda, embora nula, de modo que as consequências inerentes ao ato são negadas pelo ordenamento
jurídico; já uma aparente compra e venda no âmbito da qual não tenha sido sequer manifestada uma
vontade será ato inexistente, não podendo ser denominado compra e venda.
A consequência fundamental da inexistência é o fato de que se trata de algo “vazio de conteúdo,
independentemente de qualquer provimento [judicial]” (PEREIRA, 2014, p. 544). Tal circunstância difere
substancialmente daquela relativa aos atos nulos. Afinal, em relação a esses, há a necessidade de
pronunciamento judicial, ainda que ex officio.
Embora a consequência mais nítida da inexistência de um ato seja a desnecessidade de seu
reconhecimento formal pelo Judiciário, na prática esse pronunciamento acaba sendo, muitas vezes,
necessário.
Exemplo
Um exemplo muito comum é aquele em que um fraudador, fazendo uso de documentos furtados da vítima e
utilizando o nome desta, celebra um aparente contrato de mútuo com uma instituição financeira. Após a
celebração do negócio aparente, a financeira começa a cobrar da vítima as parcelas relativas ao pagamento
do mútuo.
Nesses casos, em que efeitos concretos do ato aparente são impingidos à vítima, não resta alternativa a
esta senão procurar o Poder Judiciário, a fim de ver cessados os descontos/cobrança, assim como a
indenização por perdas e danos.
Plano da validade
A nulidade pressupõe a realização do ato, isto é, somente será inválido um ato existente. Entretanto, tal
realização será viciada por estar enquadrada em alguma das hipóteses de invalidade constantes do
ordenamento jurídico.
Portanto, a ideia matriz referente à validade do negócio jurídico pode ser sintetizada na seguinte indagação:
O negócio jurídico, uma vez existente, foi celebrado de acordo com as regras
jurídicas? Se sim, o negócio será válido.
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É o que ensina Antonio Junqueira de Azevedo, para quem: “a validade é, pois, a qualidade que o negócio
deve ter ao entrar no mundo jurídico, consistente em estar de acordo com as regras jurídicas - ser regular”
(AZEVEDO, 2002, p. 42). Tratam-se os negócios jurídicos inválidos, assim, daqueles que não observam os
requisitos legais (AMARAL, 2014, p. 554).
E qual o fundamento da nulidade? Por meio dessa sanção legal, pretende-se a preservação de algum
interesse público, ou seja, interesse que transcende o mero interesse das partes diretamente envolvidas no
negócio (PEREIRA, 2014, p. 536).
Em termos gerais, de acordo com o art. 104 do Código Civil, a validade do negócio jurídico pressupõe:
A capacidade do agente
Um objeto lícito, possível, determinado ou
determinável
Forma prescrita ou não defesa em lei
Uma vez inobservado algum dos requisitos mencionados, o ato será nulo, sendo a nulidade a sanção legal
prevista para tais casos (AMARAL, 2014, p. 558).
Se o art. 104 trata dos requisitos de validade de um negócio jurídico, a outra face da moeda vem tratada nos
arts. 166 e seguintes do Código Civil, que dispõem acerca dos casos de invalidade dos negócios jurídicos. O
art. 166, em especial, trata das mesmas questões constantes do art. 104, porém, com os sinais trocados.
Dali constam as menções às nulidades dos negócios jurídicos nos casos de:
Incapacidade das partes;
Ilicitude do objeto;
Ilicitude dos motivos determinantes, comum a ambas as partes, que as levaram a contratar;
Não observância da forma prescrita em lei;
Preterição de alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
Ter por objeto fraudar lei imperativa;
A lei taxativamente os declarar nulo ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Algumas nulidades têm como fundamento não o reforço da autonomia da vontade, mas, ao contrário,
mitigar tal autonomia com o objetivo de promover a igualdade e a solidariedade nas relações jurídicas.
Como exemplo disso, temos as hipóteses de nulidades constantes dos arts. 51 e 53 do Código de Defesa
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do Consumidor. Note-se que são nulidades referentes a cláusulas quanto às quais o próprio consumidor, em
um primeiro momento, aderiu. Entretanto, tendo-se em vista a sua posição de vulnerabilidade no âmbito da
relação consumerista, tais nulidades encontram-se previstas com a finalidade de proteger o consumidor.
Perceba-se que a incidência de norma que promove o reequilíbrio contratual se dá “a posteriori, quando o
contrato já está formalmente perfeito, quando o consumidor já manifestou a sua vontade, livre e refletida,
mas o resultado contratual ainda está inequitativo” (MARQUES, 2016, p. 1037).
Não se trata, portanto, de situação em que a vontade tenha sido emitida de forma viciada. Não: a vontade do
consumidor foi manifestada de maneira hígida, mas a incidência da norma visa ao estabelecimento de
equilíbrio entre partes originariamente desniveladas na relação contratual.
Uma vez estudados o panorama geral acerca da nulidade dos negócios jurídicos, passemos a analisar os
requisitos de validade do negócio jurídico, elencados nos incisos do art. 104, bem como os do art. 166,
ambos do Código Civil.
Incapacidade do agente (art. 104, I, c/c art. 166, I): assim, a prática do ato deve se dar por
agente capaz, nos termos do regime de incapacidades constante do Código Civil, em
particular no que se refere aos arts. 3º/4º.
Inobservância da forma prescrita em lei, o que também se vincula à inobservância de
solenidade exigida pela lei como essencial à validade do ato (art. 104, III, c/c art. 166, IV e V):
em que pese a regra, no direito civil, ser a da liberalidade das formas (vide art. 107), por vezes,
a lei exige forma específica para a celebração de determinado ato.
A ilicitude e a inviabilidade do objeto (art. 104, II, c/c o art. 166, II): o objeto do negócio jurídico
ã d t á i à l i já i ibilid d i d t i bilid d d bj t
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Interessa notar que a lógica dos arts. 104 e 166 do Código Civil se repete no que se refere às condições que
invalidam os negócios jurídicos a elas vinculados. São condições as cláusulas decorrentes da vontade das
partes que subordinam a produção de efeitos do negócio jurídico a eventos futuros e incertos (art. 121).
No geral, são lícitas todas as condições que não afrontem a lei, a ordem pública ou os bons costumes (art.
122). Entretanto, conforme o art. 123, viciam os negócios jurídicos respectivos, invalidando-os:
As condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas, já que tais condições jamais
viabilizarão a produção de efeitos do negócio jurídico.
As condições ilícitas ou de fazer coisa ilícita, já que a produção de efeitos de um negócio jurídico não deve
se subordinar a algo contrário ao direito.As condições incompreensíveis ou contraditórias, já que essas tornam inviável o cumprimento seguro do
objeto do contrato.
não pode ser contrário à lei; já a impossibilidade e a indeterminabilidade do objeto
inviabilizam o seu cumprimento.
A ilicitude dos motivos, assim como a antijuridicidade dos objetivos do contrato (art. 166, III e
VI): haverá nulidade sendo ilícito o motivo determinante dos contratantes para celebrar o
negócio; por outro lado, se o objetivo da celebração do negócio for fraudar a lei, também se
verificará a nulidade.
Declaração taxativa na lei de que determinado negócio jurídico é nulo ou proibido, neste
último caso, sem a fixação de uma sanção expressa: um exemplo de proibição sem
cominação expressa de sanção é o caso da vedação de contrato que tenha por objeto
herança de pessoa viva, nos termos do art. 426 do Código Civil.
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Por fim, ressaltando o caráter de interesse público que permeia o regime de nulidades, deve-se ressaltar o
que consta do art. 169 do Código Civil, no sentido de que o “ato nulo não é suscetível de confirmação, nem
se convalesce com o tempo”. Ou seja, a nulidade transcende o interesse das partes.
Prevê ainda um importante caso de nulidade o art. 167, que dispõe sobre a simulação. Na simulação não se
verifica, propriamente, um vício de consentimento, eis que as partes sabem exatamente aquilo que querem.
Trata-se, assim, de um vício social, já que, na realidade, não há um consentimento viciado, mas sim uma
“insubordinação da vontade às exigências legais” (PEREIRA, 2014, p. 432).
Ocorre que, embora não se trate de vício de consentimento, vício existe, e grave. Aqui, pratica-se um ato com
“aparência normal, mas que, na verdade, não visa ao efeito que juridicamente devia produzir” (PEREIRA,
2014, p. 533).
A simulação pode ser:
Simulação absoluta
A simulação é realizada sem que se pretenda, na realidade, a produção de qualquer eficácia. Trata-se
de declaração de vontade inteiramente vazia.
Simulação relativa
Os agentes declaram uma vontade, mas com a intenção de encobrir outro. A tais casos também se
denomina dissimulação.
Um exemplo é o da compra e venda que encobre uma doação (PEREIRA, 2014, p. 534). Vê-se que, no caso,
há um negócio jurídico subjacente.
Essa distinção entre simulação absoluta e relativa é relevante porque a nulidade que inquinará por completo
o negócio simulado diz respeito à absoluta. Já na relativa, o negócio dissimulado subsistirá, “salvo se este
padecer de outro defeito, na forma ou na própria substância” (PEREIRA, 2014, p. 534).
Há, ainda, a hipótese de aproveitamento do negócio jurídico prevista no art. 184, com a qual não se deve
confundir a hipótese prevista no art. 170. O art. 184 trata da redução do negócio jurídico. Como visto acima,
a conversão do negócio jurídico implica a modificação da qualificação do negócio:
No exemplo dado, havia uma pretensa compra e venda que, em razão da invalidade,

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converteu-se em promessa de compra e venda.
No caso do art. 184, porém, a qualificação do negócio jurídico é mantida. Assim, se a parte inválida for
separável, o negócio se manterá, porém, sem a parte inválida (SCHREIBER et al., 2019, p.111).
Em relação à segunda parte do art. 184, trata-se ali do princípio da gravitação jurídica, o qual significa que a
sorte do acessório segue a do principal, não sendo a recíproca, contudo, verdadeira. Assim, a invalidade do
negócio principal afeta o acessório, mas o inverso não ocorre (SCHREIBER et al., 2019, p.111).
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
MÓDULO 1
Vem que eu te explico!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
Ano: 2020 Banca: IBADE Órgão: Prefeitura de Santa Luzia D'Oeste - RO Prova: IBADE - 2020 - Prefeitura de
Santa Luzia D'Oeste - RO - Advogado - 40 Horas (com modificação) 
O Código Civil preceitua que há circunstâncias que resultam na invalidade do negócio jurídico. Entre elas,
são circunstâncias que constituem nulidades
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A a incapacidade absoluta do agente, a impossibilidade do objeto e o vício de lesão.
B
a incapacidade relativa do agente, a impossibilidade do objeto e a ilicitude do motivo
determinante.
C a incapacidade absoluta do agente, a impossibilidade do objeto e o vício de coação.
D
a incapacidade absoluta do agente, a impossibilidade do objeto e a ilicitude do motivo
determinante comum a ambas as partes.
E a incapacidade relativa do agente, a impossibilidade do objeto e o vício de erro essencial.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A letra D está correta, porque todas as demais opções mencionam hipóteses de anulabilidade.
Questão 2
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-AL Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AL - Notário e Registrador - Remoção
(com modificações) 
Em uma escritura pública de compra e venda, houve a utilização de documentos falsos do suposto
vendedor por um fraudador. Nesse caso, o negócio jurídico em relação ao vendedor é
A ineficaz.
B nulo.
C anulável.
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2 - Contratos anuláveis
Ao �m do módulo, você será capaz de listar situações em que os
negócios jurídicos são realizados em desconformidade com o
ordenamento.
Anulabilidades
Neste vídeo, o professor Bruno Terra discorre sobre o que é a anulabilidade do negócio jurídico e os defeitos
D inexistente.
E válido, se nenhuma das partes arguir a nulidade.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Trata-se de hipótese de ato inexistente, porque sequer existe um dos elementos essenciais do
negócio jurídico, que é a manifestação de vontade. No caso, não houve manifestação de vontade
por parte do suposto devedor, mas apenas a utilização de documentos falsos por um fraudador.

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que podem causá-la.
A anulabilidade
A anulabilidade tem por fundamento a tutela de interesse das partes. Ou seja, lançar mão ou não dos
efeitos da anulabilidade diz respeito à conveniência das partes. Segundo o art. 171 do Código Civil, a
anulabilidade de um negócio jurídico pode se dar:
Por previsão expressa na lei
Trata-se de casos em que a lei, expressa e especificamente, prevê hipóteses de anulabilidade.
Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores
Trata-se das hipóteses de defeito do negócio jurídico, os quais se encontram ali elencados.
Por incapacidade relativa do agente
Consta aqui a previsão de que a incapacidade relativa do agente conduzirá à anulabilidade do
ato. A previsão da incapacidade relativa consta do art. 4º do Código Civil. A diferença de
efeitos das situações de incapacidade absoluta para a incapacidade relativa reside no fato de
que a lei presume que o relativamente incapaz possui algum nível de discernimento
(SCHREIBER et al., 2019, p.108).
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Segundo o art. 172, é possível a confirmação do negócio anulável, o que reforça a tese de que o regime de
anulabilidade visa à tutela de interesses das próprias partes, e não de ordem pública. A ressalva à
possibilidade de confirmação do ato pelas partes é quando isso vem a acarretar algum prejuízo na esfera
jurídica de terceiros.
Segundo o art. 173, a confirmação do ato tem que “conter a substância do negócio celebrado e a vontade
expressa de mantê-lo”. Entretanto, a confirmação expressapode ser desnecessária no caso em que o
devedor, mesmo conhecendo o vício, já cumpriu o negócio jurídico em parte. Isso porque o cumprimento do
devedor nesse caso configura exteriorização do interesse em manter o negócio.
Trata-se de ato incompatível com a invalidade.
Vale reforçar o seguinte: essa dispensa de confirmação somente ocorre se o
devedor conhece o vício. Em caso de desconhecimento, não se aplica ao caso o art.
174 (SCHREIBER et al., 2019, p.108).
Importa notar que, segundo o art. 177, a anulabilidade somente produzirá efeitos caso reconhecida por
sentença. Tampouco a anulabilidade será conhecida de ofício. Isso se encontra de acordo com a ideia de
que a anulabilidade diz respeito ao interesse das partes, e não a questões de ordem pública. Ou seja,
somente aos titulares dos interesses respectivos é facultado pleitear a anulabilidade do negócio.
Prosseguindo na análise do art. 177, a anulabilidade somente aproveitará aqueles que a alegarem.
Entretanto, há duas exceções a isso: em caso de solidariedade ou indivisibilidade. Tais situações são
incompatíveis com o fracionamento das relações jurídicas (SCHREIBER et al., 2019, p.109).
O art. 178 do Código Civil, por sua vez, diz respeito ao prazo de decadência com a finalidade de se suscitar a
anulabilidade do ato. Em se tratando de prazo decadencial, observa-se daí que é potestativo o direito para se
suscitar a anulabilidade (AMARAL, 2014, p. 624). Em caso de decurso do prazo, portanto, o que se tem é a
perda do direito em si de suscitar a anulabilidade.
O prazo decadencial é o de quatro anos, contados:

No caso de coação, do momento em que ela cessar.

No de atos de incapazes, do dia em que cessar a
incapacidade.

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
Nos casos de erro, dolo, fraude contra credores e
estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico.
Com relação ao início do prazo em relação aos atos de incapazes, conforme segundo item logo acima,
aquele somente se dá com a cessação da incapacidade, porque, afinal, a previsão de anulabilidade vem a
tutelar o relativamente incapaz. Assim, somente com a cessação da incapacidade é que a pessoa terá
discernimento suficiente para, ponderando a conveniência de fazê-lo, pleitear a anulação do ato (SCHREIBER
et al., 2019, p.109).
Observa-se que o art. 178 estabelece o prazo decadencial de quatro anos para os casos de anulabilidade
previstos em suas alíneas. Por sua vez, o art. 179 do Código Civil dispõe sobre os casos cuja anulabilidade é
prevista na lei, mas sem a fixação de um prazo decadencial específico. São hipóteses, assim, residuais, com
prazo decadencial de dois anos.
O art. 181, por sua vez, reforça o caráter protetivo, em favor do incapaz, do sistema de anulabilidades. Nesse
sentido, em caso de anulação do negócio jurídico, a outra parte somente poderá pleitear de volta o que
pagou a um incapaz se comprovar que tal prestação foi revertida em proveito deste.
A intenção é fazer com que o incapaz não fique em posição mais desfavorável do que aquela ostentada no
momento da celebração do negócio jurídico, o que ocorreria caso tivesse que restituir a prestação, ainda
que outrem tenha dela se beneficiado materialmente.
Quanto aos efeitos da anulação do negócio jurídico, deve-se analisar o disposto no art. 182 do Código Civil,
ali sendo prescrito que as partes serão restituídas ao status quo ante. E, não sendo possível tal restituição, a
questão se resolverá em indenização pelo equivalente.
Erro
A previsão do erro como defeito gerador de anulabilidade do negócio jurídico se encontra no art. 138 do
Código Civil. Trata-se de situação na qual o agente, “por desconhecimento ou falso conhecimento das
circunstâncias fáticas, age de um modo que não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira situação”
(PEREIRA, 2014, p. 434).
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Ou seja, a ignorância sobre as circunstâncias reais leva a que a parte aja de uma maneira diferente da que
agiria caso tivesse a compreensão exata das circunstâncias. Há uma errônea compreensão dos fatos,
sendo tal erronia determinante para que o agente agisse da forma que agiu.
Mas quais os requisitos do erro para que ele conduza à anulação do ato? Qualquer erro pode dar ensejo à
anulação do ato? A doutrina estabelece que o erro, para ensejar a anulação do ato, deve:
Ser a causa determinante para a realização do ato negocial defeituoso, sem a
qual o ato não seria praticado.
Alcançar a substância da declaração de vontade, e não apenas incidir sobre
pontos acidentais (PEREIRA, 2014, p. 436).
Quanto à causa determinante, é autoexplicativa: caso não tivesse ocorrido o erro, a parte não teria celebrado
o negócio jurídico tal como celebrou.
Quanto à substância do ato, a sua definição se dá nos termos do art. 139 do Código Civil. Deve-se notar que
ao se falar em substância do ato, são afastadas como causas de nulidade do negócio jurídico os erros
meramente acidentais, que recaem sobre “motivos ou sobre qualidades secundárias do objeto ou da
pessoa” (PEREIRA, 2014, p.437).
Exemplo
Um exemplo de erro acidental é aquele constante do art. 143, isto é, o erro de cálculo. Segundo o
dispositivo, esse erro não terá o condão de viciar o negócio como um todo. O efeito de sua constatação é
mais brando, resumindo-se à sua retificação.
Nesse sentido, o erro quanto à substância do ato e, portanto, substancial, será aquele que:

Sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do
negócio jurídico, situação que implica a “falsa representação acerca do direito aplicável ou
i t t ã ” (SCHREIBER t l 2019 89)
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Dolo
O dolo será causa de anulação do negócio jurídico, em sendo determinante para a sua celebração, de
acordo com o art. 145 do Código Civil.
Uma diferença relevante do dolo em relação ao erro é a de que, no dolo, a declaração viciada de vontade de
uma das partes é provocada pela parte contrária. Visando a um benefício próprio ou de terceiro, aquele que
atua dolosamente o faz mediante a prática de atos maliciosos que induzem a parte contrária a realizar
manifestação de vontade viciada (PEREIRA, 2014, p. 441).
sua interpretação” (SCHREIBER et al., 2019, p. 89).
Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de
vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante, como, por exemplo, no caso em
que a pessoa celebra contrato com alguém, confiando na boa reputação deste, mas a pessoa
goza de péssimo nome no mercado.
Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das
qualidades a ele essenciais:
erro em relação à natureza do negócio ocorre, por exemplo, quando alguém faz uma
doação supondo estar celebrando uma compra e venda;
erro em relação ao objeto ocorre, por exemplo, quando alguém compra uma pintura de um
pintor comum supondo que fosse outra obra, de um artista famoso;
erro em relação a alguma das qualidades essenciais do objeto pode se dar, por exemplo,
em relação ao material da coisa, como quando se compra um objeto folheado a ouro
pensando tratar-se de ouro maciço.
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Portanto, enquanto o erro é espontâneo, no dolo a manifestação viciada de vontade
é provocada, induzida (AMARAL, 2014, p. 541).
O art. 146 trata dos efeitos do dolo acidental. No caso dos dolos meramente acidentais, ainda que o dolo
não tivesse ocorrido, o ato seria praticado, mesmo que de modo diverso. Assim, o reconhecimento de tal
hipótese de dolo não tem o condão de fulminar por completo o negócio jurídico, mas, apenas, o de ensejar aindenização por perdas e danos em favor da parte prejudicada.
Trata o art. 147 da hipótese de dolo por omissão. Este se manifesta nos casos em que uma das partes,
intencionalmente, silencia a respeito de fato ou qualidade que a outra parte tenha ignorado, provando-se
que, inexistente tal omissão, o negócio não teria sido celebrado. Ou seja, tal omissão intencional foi
determinante para a celebração do negócio. A hipótese tem enormes efeitos práticos.
Exemplo
Uma situação bastante comum é o do vendedor de um automóvel que omite da parte contrária a
informação de que o veículo vendido já sofrera colisão (SCHREIBER et al., 2019, p. 92). Nesses casos, muito
provavelmente o adquirente, se soubesse das exatas condições dos bens vendidos, não teria celebrado o
negócio.
O art. 148, por sua vez, diz respeito à hipótese em que o dolo foi praticado por terceiro, e não por uma das
partes contratantes. Ou seja, nem sempre o dolo é praticado pelas partes diretamente envolvidas no
negócio. Nesse caso, ainda que praticado por terceiro, o dolo poderá dar ensejo à anulação do negócio,
caso a parte a quem aproveite dele tenha ou devesse ter conhecimento.
Aqui, observa-se que há o dolo do terceiro acrescido de uma omissão dolosa da parte a quem o dolo
aproveitou. A segunda parte do art. 148 disciplina a hipótese em que a parte beneficiada pelo dolo dele não
sabia ou não devesse saber. Em tais casos, o negócio jurídico se mantém hígido, mas o terceiro responderá
pelas perdas e danos respectivos (SCHREIBER et al., 2019, p. 92).
O caso de dolo praticado pelo representante de uma das partes se encontra previsto no art. 149 do Código
Civil. São duas as hipóteses ali previstas, com uma diferença na solução jurídica respectiva:
Dolo praticado por representante convencional
A solução jurídica conferida pela lei é distinta. Afinal, a designação do representante aí se deu
de maneira convencional, tendo sido escolhido pela parte. Verifica-se, assim, que a parte
contribuiu, de alguma forma, para a causação do dano, seja por ter escolhido mal o
representante, seja por não ter fiscalizado adequadamente a sua atuação (SCHREIBER et al.,
2019, p. 93).
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Por fim, consta a previsão, no art. 150 do Código Civil, do caso em que ambas as partes agem com dolo.
Nessas situações, nenhuma das partes pode pleitear a anulação do negócio ou pedir indenização.
Compensam-se os dolos, sendo o caso de aplicação da máxima segundo a qual não é dado a ninguém se
beneficiar da própria torpeza (PEREIRA, 2014, p. 444).
Coação
A coação se traduz por ameaça. Portanto, se, no dolo, a atuação do agente doloso pode-se dar de forma
sutil, mediante manobras maliciosas, no caso da coação isso se dá explicitamente, por meio de ameaça.
Assim, a ameaça é o meio pelo qual o coator extrai do coacto a declaração de vontade viciada (PEREIRA,
2014, p. 444).
Repete-se aqui a lógica já mencionada anteriormente neste estudo, segundo a qual a coação tem que ser
determinante para que a declaração viciada seja realizada. Não à toa que o caput do art. 151 tenha
estipulado que a coação deve ser de tal monta que faça incutir no paciente o fundado temor de que, caso
não manifeste a vontade viciada, algum dano será causado a ele, paciente, à sua família ou a seus bens.
Dolo praticado por representante legal
Neste caso, tal representante não foi escolhido pelo representado, a definição do
representante se deu por disposição legal. Assim, como o representado não concorreu para o
vício, ele será responsável pela reparação de eventuais danos daí decorrentes, mas será uma
responsabilidade mitigada, que não extrapolará o estrito limite daquilo em que foi
beneficiado.
Portanto, nesses casos, ainda que eventuais danos à outra parte tenham sido maiores do que
o proveito da parte beneficiada, a indenização ficará limitada ao montante do proveito. Afinal,
repita-se, não houve uma concorrência do beneficiado para a causação do dano (SCHREIBER
et al., 2019, p. 93).
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Logo, tendo em vista ter sido utilizada a expressão fundado temor, não é qualquer ameaça que fará
configurar a coação, mas sim uma que seja de fato apta a levar o paciente a realizar a manifestação de
vontade viciada.
Assim, segundo a doutrina, a coação, para dar ensejo à anulação do negócio, deve ser séria e crível. Além
disso, deve ser grave, não trivial, e iminente, sendo entendido que a ameaça de dano remoto não é suficiente
para ensejar a anulação do dano (SCHREIBER et al., 2019, p.93).
Ao se falar em coação, deve-se falar nas diferentes formas sob as quais ela pode ocorrer. São elas:
A violência física ou vis absoluta
Trata-se de situação em que é inteiramente excluída a vontade da parte. Aqui não há, portanto,
consentimento.
A violência moral ou vis compulsiva
A violência moral, embora perturbe a vontade do agente, não a aniquila por completo. Nesse sentido, pode-
se dizer que a anulabilidade por coação somente atua nos casos referentes à coação traduzida em violência
moral.
Em se tratando de violência física, que aniquila por completo a vontade, não há como se falar em autêntica
manifestação de vontade. E à míngua de manifestação de vontade, trata-se de uma mera aparência de
negócio jurídico, tratando-se, pois, de ato inexistente.
Exemplo
Alguém que, com uma arma apontada para sua cabeça, assina um documento: nesse caso não houve
qualquer emissão de vontade, ainda que viciada. Trata-se de ato inexiste, e não anulável (SCHREIBER et al.,
2019, p.95).
O parágrafo único do art. 151 estende a hipótese de coação para os casos em que a ameaça seja feita a
outras pessoas que não aquelas indicadas no caput. Nesse caso, o juiz deve verificar se, pelas
circunstâncias, a ameaça realizada em relação a terceiros tem o condão de conduzir à anulabilidade do
negócio jurídico.
Pode ser que, em razão de determinadas caraterísticas pessoais, uma certa ameaça seja grave em relação a
algumas pessoas, mas não em relação a outras. Um exemplo: pessoas idosas ou muito inexperientes
podem, eventualmente, ser mais suscetíveis a ameaças.
Assim, as características pessoais de certas pessoas podem levar a que, para elas, uma ameaça seja
suficientemente grave para configurar a coação, enquanto para outras tal ameaça não o seja. É disso,
portanto, que trata o disposto no art. 152.
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O art. 153, por sua vez, estipula situações nas quais é incabível a invocação de coação. São elas:
O art. 154 prevê a hipótese de coação praticada por terceiro. Em caso de o beneficiário conhecer ou ter que
conhecer a coação, responderá, solidariamente, com o terceiro coator, por perdas e danos, além de ser o
negócio anulável. Nesse caso, ao conhecer a coação, o beneficiário nada fez para aplacá-la, participando,
pois, da causação dos danos daí decorrentes.
Estado de perigo
Trata-se a hipótese de estado de perigo dos casos em que alguém, premido pela necessidade de salvar-se
ou salvar pessoa de sua família de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa (art. 156). Ou seja, para que seja conhecido o estado de perigo, as condições são a
seguir elencadas:

A necessidade de salvar-se ou salvar pessoa da
família.
Ameaça de exercício normal de um direito
A ameaça correspondente à coação deve ser injusta. Assim, a ameaça de exercício normal de
um direito aí não se encaixa, por ser justa. Ex.: não constitui coação a ameaça de ingressar
em juízo contra a parte supostamente coagida. Ingressar em juízo, afinal, enquadra-se no
conceito de exercício normal de um direito.
O temor reverencial
Trata do “medo de desagradar figuras de autoridade, em relação às quais se tem especial
admiração ou respeito,como pais, professores, médicos, patrões e sacerdotes” (SCHREIBER
et al., 2019, p. 95). Se o temor reverencial é simples, não tem o condão de configurar a
gravidade da coação. Diferentemente ocorrerá se a coação em questão for praticada por essa
figura de autoridade: aí, não se terá mais um simples temor, mas sim uma autêntica coação.
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
Deve ser grave o dano do qual se pretende salvar a
pessoa.

Esse perigo de dano deve ser conhecido da parte
bene�ciária.

A obrigação assumida deve ser excessivamente
onerosa.
Quanto ao parágrafo único, ele prevê a possibilidade de alegação de estado de perigo em relação à pessoa
não pertencente à família do declarante. No caso em questão, serão analisadas pelo juiz as circunstâncias
do caso, a fim de verificar se é ou não cabível a alegação de estado de perigo.
O exemplo mais comum de estado de perigo é aquele em que uma pessoa necessita de tratamento médico
urgente e aceita pagar quantia excessivamente onerosa. É indiscutível que a parte beneficiada com o
negócio – o hospital ou o médico – conhece a situação de necessidade urgente vivida pelo paciente.
Não há para o estado de perigo a mesma disciplina prevista para o instituto da lesão no § 2º do art. 157, a
qual prevê a conservação do negócio jurídico nos casos “em que for oferecido suplemento suficiente, ou se
a parte favorecida concordar com a redução do proveito”.
Entretanto, a doutrina tem entendido que esse dispositivo também pode ser aplicado nos casos de lesão.
Isso vem explicitado no Enunciado n. 148 da III Jornada de Direito Civil do CNJ, de 2004: “Ao estado de
perigo (art. 156) aplica-se, por analogia, o § 2º do art. 157”.
Lesão
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Trata-se a hipótese de lesão dos casos em que uma parte, premida por necessidade ou em virtude de
inexperiência, obriga-se à prestação manifestamente desproporcional em relação à prestação oposta. Ou
seja, trata-se de situação em que, já de início, verifica-se a “desproporção entre as prestações de um
contrato” (AMARAL, 2014, p. 548).
Dessa feita, já no início da relação jurídica, a parte inexperiente ou premida por uma necessidade
compromete-se com prestação desproporcional em relação à contraparte.
O fundamento da lesão reside, assim, na necessidade de defender a parte mais fraca do negócio. Um
exemplo: uma pessoa que, necessitando pagar as contas do mês, celebra contrato de mútuo com uma
instituição financeira em condições muito desfavoráveis.
O § 2º, por sua vez, dispõe que não será decretada a anulação do negócio jurídico, caso seja oferecido
suplemento suficiente ou se a parte favorecida aceitar uma redução no proveito. Trata-se, portanto, de
disciplina que vai de acordo com o princípio da conservação dos negócios jurídicos. Há quem sustente na
doutrina que a revisão contratual, em sendo possível, sempre deve ocorrer, independentemente de
concordância da parte beneficiada.
Nesse sentido, foi redigido o Enunciado n. 291 da IV Jornada de Direito Civil: “Nas hipóteses de lesão
previstas no art. 157 do Código Civil pode o lesionado optar por não pleitear a anulação do negócio jurídico,
deduzindo, desde logo, pretensão com vista à revisão do negócio por meio de redução do proveito do
lesionador ou do complemento do preço”.
Fraude contra credores
O patrimônio das pessoas funciona como garantia em favor dos credores. Por exemplo, se um adquirente
de um bem não paga a prestação respectiva, poderá o credor se satisfazer, excutindo do patrimônio do
devedor a quantia respectiva. Assim, quanto menor o patrimônio do devedor, menores serão as
possibilidades de o credor ver satisfeito o seu crédito.
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O objetivo da fraude contra credores é evitar exatamente isso: que o devedor celebre negócios jurídicos que
“desfalcam seu patrimônio em detrimento da garantia que tal patrimônio representa para seus credores”
(SCHREIBER et al., 2019, p. 99).
Nesse sentido, o art. 158 do Código Civil dispensa que o devedor tenha consciência da insolvência. Basta
que ela ocorra objetivamente.
Importa notar, aqui, que o art. 158 diz respeito a situações de transmissão gratuita de bens. Ou seja, os
beneficiários dos atos jurídicos mencionados no dispositivo não deram nada em troca por eles.
Assim, em caso de anulação de tais negócios, não acarretará, a rigor, um prejuízo para tais beneficiários:
estes apenas deixarão de receber algo que receberiam gratuitamente, mas não terão, efetivamente, um
desfalque em seu patrimônio (SCHREIBER et al., 2019, p. 100).
O caput do art. 158 prevê o pedido de anulação do negócio jurídico por parte dos
credores quirografários, que são aqueles cuja garantia do crédito é apenas aquela
geral dos credores, sem preferências ou especificidades.
§ 1º
Diz respeito aos credores que possuem alguma garantia específica. Em caso de ser percebido que tal
garantia se afigurou insuficiente com as manobras de alienação de patrimônio do devedor, esses credores
poderão suscitar a anulação de tais negócios.
§ 2º
Estabelece uma limitação temporal para a legitimação de ingresso com o pedido de anulação: somente
podem pleitear a anulação em juízo aqueles credores que já ostentassem tal condição quando praticados
os atos mencionados no caput.
Se o art. 158 diz respeito a atos gratuitos, o art. 159 diz respeito a atos onerosos. Ou seja, dispõe sobre os
casos em que poderá ser pleiteada a anulação de atos onerosos de alienação patrimonial. Nesses casos,
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como os atos a serem anulados não foram gratuitos, há mais uma condição para a sua decretação: a
insolvência deve ser notória ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Aí dá-se preferência aos interesses dos credores, e não aos interesses do contratante que conhecia ou
deveria conhecer a insolvência do alienante.
Segundo o art. 161, a ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser ajuizada contra o devedor insolvente e
contra aquele que com ele celebrou o negócio tido por fraudulento. Aqui, embora haja o emprego da palavra
“ou”, a doutrina entende que se trata de litisconsórcio passivo necessário.
Saiba mais
Também poderão ser intentados terceiros que, porventura, tenham, sucessivamente, adquirido os bens
(SCHREIBER et al., 2019, p. 101). Dá-se a essa ação o nome de ação pauliana.
Quanto ao art. 162, cuida-se ali do caso em que o devedor insolvente antecipa o pagamento de dívidas ainda
não vencidas de credores quirografários, prejudicando credores com dívidas já vencidas. Nesses casos,
aquele credor quirografário, que recebeu os valores, deverá restituí-los em proveito do acervo patrimonial,
acervo esse sobre o qual será efetuado o concurso de credores.
Em mais um dispositivo que impede o favorecimento indevido de certos credores em detrimento de outros,
o art. 163 estipula que se presumirá fraudatório o ato do devedor já insolvente de conceder garantias a
determinado credor em prejuízo dos demais.
Essas medidas que consideram fraudatórios determinados negócios praticados pelo devedor insolvente
não se aplicam, porém, aos casos em que tais atos são necessários “à manutenção do estabelecimento
mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família”, conforme o art. 164.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
MÓDULO 2
Vem que eu te explico!

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Ano: 2021Banca: AOCP Órgão: MPE-RS Prova: AOCP - 2021 
Carlos ocasionou, por sua culpa exclusiva, acidente de trânsito, ao conduzir veículo automotor terrestre. Na
ocasião, o veículo que conduzia atingiu o pedestre Gabriel, causando severos danos físicos. 
Considerando a possibilidade de ação judicial indenizatória contra si, agindo preventivamente no intuito de
proteção patrimonial, Carlos transmitiu a propriedade de todos os seus bens, gratuitamente, a seu pai, que,
mesmo tendo conhecimento da situação e do intuito de Carlos, aceitou a transferência patrimonial. 
Tendo Gabriel interesse em ser indenizado pecuniariamente pelos danos sofridos, considerando a
conhecida insolvência de Carlos, e pretendendo Gabriel prevenir-se quanto à efetividade do recebimento do
valor da condenação indenizatória, poderá a vítima do acidente
A
buscar a tutela jurisdicional estatal, com a finalidade de ser declarada a fraude à execução
para anulação da doação realizada.
B
acionar Carlos judicialmente, por meio de processo de conhecimento, visando à
indenização como tutela final e penhora dos bens de Carlos como tutela cautelar.
C
buscar a tutela jurisdicional estatal, com a finalidade de ser declarada a fraude contra
credores, resultando na ineficácia do negócio jurídico entabulado por Carlos e seu pai,
gerando efeitos em relação a Gabriel, para que este possa acessar o patrimônio que
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eventualmente venha a servir de adimplemento da dívida, caso necessário.
D
mover ação judicial contra Carlos, via processo de conhecimento, objetivando a anulação
do negócio jurídico relativo à transferência dos bens, para que, diante de eventual
condenação indenizatória pecuniária, seu patrimônio responda pela dívida, caso
necessário.
E
manejar, diante da dilapidação patrimonial, petição de tutela cautelar antecedente com a
finalidade de ter declarada a possibilidade futura de aplicar multa de até vinte por cento
sobre o débito indenizatório em caso de eventual condenação, com fundamento na
ocorrência de atentado atentatório à dignidade da justiça.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O art. 158 do Código Civil dispõe tratar-se de caso de fraude contra credores, a qual resulta em
anulação do negócio, e não ineficácia.
Questão 2
Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: DPE-RJ Prova: FGV - 2021 - DPE-RJ - Defensor Público 
Ângelo, médico, pai de Fernando, vê-se em uma emergência médica com seu filho, que sofreu grave
acidente doméstico. Imediatamente leva seu filho ao pronto-atendimento de unidade hospitalar particular.
Fernando não possui plano de saúde e Ângelo vai arcar diretamente com as despesas do tratamento.
Diagnosticou-se, na triagem, que o paciente deveria ser imediatamente internado, pois corre risco de morte. 
Na recepção do hospital, Ângelo é surpreendido com a cobrança da diária de internação em altíssimo valor,
mas, para salvar seu filho, não hesita e assina autorização de internação, obrigando-se ao pagamento.
Posteriormente, Ângelo descobre que a diária cobrada, na ocasião, estava dez vezes superior à média dos
hospitais daquele porte e naquela época. 
A respeito dos direitos de Ângelo, é correto afirmar que
A
por ter sido praticado sob premente necessidade, o negócio jurídico é nulo, desde seu
nascedouro, podendo a nulidade ser suscitada por qualquer interessado ou pelo
Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Â
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B
Ângelo, em situação imprevisível e inevitável, obrigou-se à prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta, podendo suscitar a anulabilidade do
negócio em até cinco anos a contar de sua celebração.
C
Ângelo, sob premente necessidade, obrigou-se à prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta, podendo suscitar a anulabilidade do
negócio em até quatro anos a contar de sua celebração.
D
Ângelo, por ser médico, tem experiência e conhecimento das regras de mercado e teria
condições plenas de avaliar, consciente e livremente, as condições no momento da
contratação, não podendo reclamar indenização posterior;
E
Ângelo e o hospital não podem, em razão da anulabilidade que recai sobre o negócio,
celebrar acordo posterior para confirmar o conteúdo do negócio, nos seus termos iniciais,
limitando-se a autonomia privada das partes para essa transação, em razão de norma de
ordem pública.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O caso é hipótese de estado de perigo, conforme art. 156 do CC, sendo causa de anulação. Além
disso, quanto ao prazo, ele está de acordo com o prazo decadencial de quatro anos previsto no
art. 178, II, do CC.
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3 - Resolução por inadimplemento,
acordo mútuo e exceção do contrato não
cumprido
Ao �m do módulo, você será capaz de analisar as consequências das
situações em que os negócios jurídicos possuem desfechos não
pretendidos pelo ordenamento jurídico.
Resolução por inadimplemento
O professor Bruno Terra trata da resolução por inadimplemento e das espécies de inadimplemento.
A extinção do contrato em razão do adimplemento é o que se espera ao ser celebrado um negócio jurídico.

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Ao contrário, quando se fala em inadimplemento, este se configura um desfecho patológico da relação
jurídica: trata-se de algo não pretendido pelo ordenamento jurídico.
O inadimplemento é, assim, a frustração do negócio.
Iniciando-se tal análise, o que se entende, tecnicamente, por inadimplemento é, pura e simplesmente, “a
falta da prestação devida” (PEREIRA b, 2014, p. 305). Portanto, uma vez celebrado um negócio jurídico pelas
partes, alguém não cumpre a prestação ali definida. Um exemplo claro: celebrada uma compra e venda e
entregue a coisa, o preço respectivo não é pago dentro do prazo correto.
Tradicionalmente, o inadimplemento é classificado em dois grandes grupos:
Inadimplemento absoluto
O inadimplemento absoluto ocorre quando a prestação deixa de ser realizada pelo devedor e, ou não pode
mais ser realizada, já que se tornou impossível, ou, embora possa ser utilizada, perdeu a utilidade para o
credor (TEPEDINO; SCHREIBER, 2020, p. 317).
Inadimplemento relativo
O inadimplemento relativo corresponde à mora, cuja definição se encontra no art. 394 do Código Civil.Com
relação à mora do devedor, o dispositivo somente se refere à “falta de pagamento”, dando-se a entender, por
sua estrita literalidade, que somente haveria mora em caso de ausência de pagamento no tempo certo.
Um exemplo de inadimplemento absoluto é aquele em que uma noiva celebra contrato com um famoso
estilista para que este produza seu vestido de casamento. Entretanto, o prestador do serviço não entrega o
vestido no prazo, ficando pronto o produto somente em data posterior à realização do enlace matrimonial.
Ainda com relação à mora, segundo a doutrina, por mora também se entende aquele pagamento realizado
de forma defeituosa ou imperfeita, isto é, em desconformidade com o que foi estabelecido no negócio
jurídico (TEPEDINO; SCHREIBER, 2020, p. 318).
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Uma noção relevante em relação ao inadimplemento relativo (mora) é a de que ele somente subsiste
enquanto ainda remanescer possível e útil. Uma vez perdendo-se a utilidade ou tornando-se impossível a
prestação, será transformado em inadimplemento absoluto. Portanto, pode ser que um inadimplemento,
quando surja, seja apenas relativo, passando, após, a absoluto.
Importante notar que, como dito, não só a falta de cumprimento será considerada mora, mas também, oseu
cumprimento imperfeito ou defeituoso. A esses casos de imperfeição ou defeito do cumprimento dá-se o
nome de violação positiva do contrato (PEREIRA b, 2014, p. 306). Diz-se positiva porque alguma prestação
houve, ainda que em desconformidade com o definido no negócio jurídico.
Importa salientar que, uma vez ocorrido o inadimplemento, decorre daí a
responsabilidade daquele que inadimpliu (art. 389 do Código Civil).
Portanto, uma vez ocorrido o inadimplemento, passa-se a uma fase na qual a parte prejudicada procura ser
reparada dos danos decorrentes dele e/ou, sendo ainda possível, obter a prestação ajustada (TEPEDINO;
SCHREIBER, 2020, p. 317).
Dessa forma, o descumprimento da obrigação, seja absoluto ou relativo, gerará para a parte inadimplente o
dever de prestar a coisa e/ou indenizar; quanto ao credor, o inadimplemento gerará para ele a faculdade de
exigir a execução e/ou perdas e danos.
Quando se diz que haverá possibilidade de se exigir a execução e/ou perdas e danos não é à toa. Isso
porque casos há em que o inadimplemento é substituído por completo pelas perdas e danos, mormente nos
casos de inadimplemento absoluto, por ocasião em que a prestação se torna impossível ou inútil.
Entretanto, há casos em que embora tenham sido causados danos com o inadimplemento, a prestação
ainda seja útil, ocasião na qual perdas e danos e execução da prestação, ambas, sobreviverão (PEREIRA b,
2014, p. 307).
A disciplina das perdas e danos consta dos arts. 402 e seguintes do Código Civil.
Uma vez constatado o inadimplemento, todos os bens do devedor por ele responderão, conforme disposto
no art. 391 do Código Civil. Portanto, a fim de ser ressarcida dos danos causados, ou a fim de ver a
prestação cumprida, é possível a parte credora promover, via ação judicial, a expropriação (penhora) de bens
do devedor (PEREIRA b, 2014, p. 307).
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A resolução por inadimplemento trata-se de “meio de extinção do contrato fundado no seu inadimplemento",
surgindo o direito de resolver o contrato quando ocorre o inadimplemento absoluto da outra parte. Importa
ressaltar que o direito à resolução decorre do inadimplemento absoluto.
Enquanto perdurar a utilidade na prestação, o vínculo deverá ser mantido, devendo o credor envidar os
esforços no sentido de obter a prestação, bem como a indenização pelas perdas e danos (SCHREIBER et al.,
2019, p. 277).
A resolução por inadimplemento é disciplinada pelo art. 474 do Código Civil. Fala-se, ali, em cláusulas
resolutivas, que significam o direito que o contratante lesado tem de resolver o contrato em caso de
inadimplemento absoluto. Trata-se, assim, de um direito potestativo outorgado pela lei.
Existem dois tipos de cláusulas resolutivas:
Cláusula resolutiva tácita
Quando se fala em cláusula resolutiva tácita, a rigor não se está falando de uma autêntica cláusula
contratual, já que tal disposição, por ser tácita, não se encontra prevista no negócio jurídico. Trata-se, sim,
de uma consequência prevista na lei do inadimplemento, particularmente no art. 474 citado.
Cláusula resolutiva expressa
Já quanto à denominada cláusula resolutiva expressa, aí sim ela se afigura autêntica cláusula contratual,
sendo emanação, portanto, da autonomia das partes (SCHREIBER et al., 2019, p. 277).
Feitos esses esclarecimentos, a disposição do art. 474 do Código Civil caminha no sentido de que, se não
houver previsão expressa no contrato do direito de resolvê-lo em caso de inadimplemento, para fazê-lo, a
parte prejudicada deverá interpelar a outra parte. Entretanto, havendo cláusula resolutiva expressa, uma vez
ocorrendo o inadimplemento, a resolução do contrato não dependerá de interpelação.
O ordenamento jurídico cria remédios para as situações de inadimplemento. As opções facultadas à parte
lesada se encontram no art. 475 do Código Civil, e o que se nota da literalidade deste artigo é que haveria
uma opção à parte de pedir a resolução do contrato ou de exigir-lhe o cumprimento, sem prejuízo, em
ambos os casos, de pleitear a indenização por perdas e danos.
Assim, em caso de se adotar uma interpretação literal do dispositivo, seria facultado à parte escolher uma
ou outra solução. Entretanto, modernamente, defende-se que, na verdade, essa faculdade não seria
ilimitada.
Somente haveria possibilidade de resolução do contrato em haver inadimplemento absoluto. Porém, nos
casos de inadimplemento relativo, isto é, quando ainda remanesce a utilidade da prestação, a parte não
poderia, simplesmente, em qualquer situação, desprezar a exigência da prestação, partindo-se diretamente
para a resolução do negócio.
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Exemplo
Um exemplo de situação em que há desproporção entre a parte inadimplida e os drásticos efeitos da
resolução do contrato é o caso do adimplemento substancial (GONÇALVES, 2015, p. 181), isto é, quando
apenas uma pequena parcela do contrato não é cumprida.
Não há uma regra acerca de qual percentual de cumprimento do contrato levará ao reconhecimento do
adimplemento substancial. Entretanto, pode-se exemplificar a situação com um caso em que, celebrada
compra e venda de um automóvel com previsão de pagamento em dez parcelas, oito delas tenham sido
pagas, enquanto apenas duas tenham sido inadimplidas.
Neste caso, os efeitos drásticos da resolução são desproporcionais em relação à parte descumprida do
contrato. Mais razoável seria a manutenção do vínculo, com a exigência do montante não pago.
Portanto, nota-se que a literalidade do art. 475, que prevê uma faculdade da parte em exigir o cumprimento
ou promover a resolução, vem sendo temperada pela doutrina e pela jurisprudência.
Outra noção extraída do art. 475 merece ser realçada: o direito de pleitear a resolução é reservado à parte
lesada. Assim, não é conferida essa mesma possibilidade à parte que inadimpliu.
Resolução por acordo mútuo
A hipótese de resolução do negócio jurídico por acordo mútuo consta dos arts. 472 e 473 do Código Civil. A
denominação utilizada pelo Código Civil para tais situações é a resilição.
Como se sabe, o negócio jurídico é uma expressão da autonomia privada. Assim, uma vez perfeito o
negócio jurídico, ingressa-se na fase de seu cumprimento. Entretanto, por “motivos que variam ao sabor dos
interesses das partes, ou das injunções ambientes” (PEREIRA b, 2014, p. 131), pode ocorrer de os
contratantes pretenderem o não cumprimento do contrato, com o consequente rompimento do vínculo.
A dissolução desse vínculo dá-se por meio da resilição, a qual constitui o rompimento voluntário do vínculo
contratual pela mesma vontade que o criara (PEREIRA b, 2014, p. 131). Sendo assim, as mesmas partes que
detêm a força criadora dos contratos detêm a força para a sua dissolução.
A mais importante classificação referente à resilição é aquela que a divide em:
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Resolução bilateral
Resolução unilateral
Resolução bilateral
Também denominada distrato, apresenta menos problemas, já que se verifica mediante uma comunhão de
vontades. Pode ser definida como “a declaração de vontade das partes contratantes no sentido oposto ao
que havia gerado o vínculo” (PEREIRA b, 2014, p. 131).
Embora decorra o distrato de um acordo de vontades das partes contratantes, há uma limitação para a sua
realização, consistente na forma a ser utilizada para tanto. Nesse sentido, verifica-se que o art. 472 do
Código Civil prevê que o distrato será realizado por meio da mesma forma exigida para o contrato.
Então, se, por exemplo, a hipótese legal do contrato exige a forma escrita, a realização de um distrato
meramente oral violará o preceito do art. 472.
Quanto aos seus efeitos, em geral ele produz efeitos ex nunc, isto é, efeitos“a partir do momento em que se
ajusta, não retroagindo para alcançar as consequências pretéritas, que são respeitadas” (PEREIRA b, 2014,
p. 132).
Resolução unilateral
Em relação à resilição unilateral, já existem maiores limites à sua realização. Afinal, dois princípios do
contrato são, exatamente, o da força vinculante e o da obrigatoriedade. Sendo assim, uma vez celebrado o
contrato, as partes devem cumpri-lo. Logo, somente em casos excepcionais deve ser admitida a
possibilidade de resolução contratual.
Nesse sentido, a resilição unilateral somente ocorrerá nos casos em que a lei expressa ou implicitamente a
permita, segundo o que dispõe o art. 473. Exemplos de contratos cuja resilição unilateral é explicitamente
prevista na lei são aqueles baseados em uma estrita confiança entre as partes contratantes.
Exemplo
Tome-se o caso do contrato de mandato, cuja previsão de resilição unilateral consta do inciso I, do art. 682
do Código Civil (SCHREIBER et al., 2019, p. 275). No exemplo do mandato seria ilógico o legislador exigir que
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ambas as partes permanecessem vinculadas, ainda que o outorgante perdesse a confiança no outorgado.
Nesses casos, há previsão para que mesmo apenas uma das partes suscite a resilição.
Outro caso em que se admite a resilição unilateral, agora de forma implícita, é o de contratos com prazo
indeterminado. Tal possibilidade advém do fato de que não se compadece com a autonomia privada obrigar
alguém a se manter eternamente vinculado a um negócio jurídico, ainda que contra a sua vontade
(SCHREIBER et al., 2019, p. 276).
Além disso, também como expressão da autonomia privada, podem as partes estabelecer, no momento da
celebração do negócio jurídico, a previsão de possibilidade de resilição unilateral. Nesses casos,
normalmente fixam um prazo a título de “aviso prévio”, a fim de que a contraparte não seja surpreendida
(SCHREIBER et al., 2019, p. 276).
Deve-se verificar que a resilição unilateral, a teor do art. 473 do Código Civil, opera-se mediante denúncia do
contrato, que deve ser objeto de notificação à contraparte. Portanto, deve ser a outra parte cientificada da
denúncia contratual.
Outra questão digna de nota é a diferença entre os efeitos da resilição unilateral em relação à resilição
bilateral, pois esta implica a extinção do vínculo e, em geral, há a respectiva extinção das consequências do
negócio jurídico rescindido, salvo disposição contrária das partes, no livre exercício da autonomia privada.
Também podem ser vislumbrados como um dos limites da resilição bilateral eventuais interesses jurídicos
de terceiros (PEREIRA b, 2014, p. 133).
Em relação à resilição unilateral, a situação é diferente. Isso porque foi imposto um limite legal à resilição
unilateral, consistente na previsão do parágrafo único do Código Civil, no sentido de que “dada a natureza do
contrato, se uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia
unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos
investimentos”.
Sendo assim, nos casos em que houver tais investimentos, somente após a
amortização dos investimentos respectivos é que será possível à resilição
unilateral produzir seus efeitos.
Um exemplo: determinado hotel celebra contrato com uma padaria da região para fins de fornecimento
diário de pães. Para dar conta da demanda, a padaria investe na aquisição de novos fornos. Antes que tal
investimento seja amortizado, com a manutenção em vigor dos efeitos do contrato até que isso ocorra, a
resilição unilateral não é eficaz.
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Há quem defenda na doutrina que a manutenção da eficácia do contrato até a amortização dos
investimentos poderia ser substituída pelo pagamento das perdas e danos respectivos. Isto é, em lugar de
as partes serem mantidas vinculadas coercitivamente aos efeitos do negócio jurídico, aquele que denunciou
o contrato poderia se liberar pagando indenização suficiente para amortizar o investimento realizado.
Tal solução parece adequada, na medida em que evita o prejuízo da parte que realizou o investimento e,
além disso, evita que permaneçam atadas partes que não mais têm interesse na manutenção do vínculo
(SCHREIBER et al., 2019, p. 276).
Por fim, no que tange aos contratos de consumo, cumpre mencionar a previsão constante do art. 51, inciso
XI, do CDC, segundo o qual são nulas as cláusulas que “autorizem o fornecedor a cancelar o contrato
unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor”. Assim, a possibilidade de rescisão
unilateral por parte do fornecedor somente não será nula em caso de reciprocidade.
Exceção do contrato não cumprido
A exceção do contrato não cumprido, ou exceptio non adimpleti contractus, vem prevista no Código Civil nos
arts. 476 e 477.
Nota-se que a exceção do contrato não cumprido não é própria de qualquer
contrato, mas sim diz respeito aos contratos bilaterais, os quais pressupõem a
existência de prestação por ambas as partes.
Assim, nos referidos contratos, sendo ambas as partes credoras e devedoras, uma parte não pode exigir a
prestação da outra sem que realize a sua. São situações que pressupõem uma “interligação orgânica das
prestações” (PEREIRA b, 2014, p. 138 e 140).
Note-se pela própria ideia de exceção do contrato não cumprido que ela se encontra inadequadamente no
capítulo referente à extinção do contrato, eis que não se trata de hipótese de extinção.
Na realidade, trata-se de hipótese de defesa: a parte A não realiza a sua prestação; em virtude do
inadimplemento de A, a parte B não realiza a sua prestação; em caso de A exigir de B o cumprimento da
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obrigação, B pode se utilizar da exceção do contrato não cumprido como defesa.
Ou seja, o ordenamento faculta que B somente venha a realizar a prestação respectiva após A realizar a sua
própria. Trata-se de uma “causa impeditiva da exigibilidade da prestação por parte daquele que não efetuou
a sua” (PEREIRA b, 2014, p. 139), não se tratando, assim, propriamente, de uma cláusula extintiva do
contrato.
Entretanto, não pode essa previsão ser levada ao extremo a ponto de acarretar distorções no cumprimento
do contrato. Por exemplo, se a parte A cumpriu parte substancial de sua prestação, deixando de cumprir
uma parte mínima, não pode B se escusar de cumprir a sua utilizando-se para tanto da exceção do contrato
não cumprido.
Por fim, embora o art. 477 somente mencione hipótese de fundado receio de descumprimento com base em
decréscimo patrimonial, a doutrina vem sustentando ser possível cogitar outras causas desse fundado
receio de descumprimento como, por exemplo, uma declaração ostensiva da parte no sentido de que não
cumprirá o contrato (SCHREIBER et al., 2019, p. 280-281).
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
MÓDULO 3
Vem que eu te explico!
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-BA Prova: CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - Juiz Leigo 
Para a execução de um contrato, Rui realizou significativos investimentos, enquanto Leandro optou pela
resilição unilateral desse negócio jurídico após determinado tempo. 
Conforme o Código Civil, a denúncia unilateral do contrato
A produz efeitos imediatamente, em respeito à autonomia da vontade da parte.
B não produz efeitos, uma vez que tal modalidade é nula.
C não produz efeitos, já que Rui realizou significativos investimentos.D
produz efeitos depois de transcorrido tempo compatível com a natureza e o volume dos
investimentos.
E produz efeitos somente para a parte que realizar a denúncia.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O art. 473, parágrafo único, prevê que a resilição unilateral somente produz efeitos decorrido
prazo compatível com os investimentos realizados.
Questão 2
Ano: 2019 Banca: MetroCapital Soluções Órgão: Prefeitura de Conchas - SP Prova: MetroCapital Soluções
- 2019 - Prefeitura de Conchas - SP - Procurador Jurídico 
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Considerações �nais
No que se refere à extinção dos contratos (Direito Civil), analise os itens a seguir e, ao final, assinale a
alternativa correta: 
I – Em se tratando de um contrato em que houve investimentos consideráveis por uma das partes, a
denúncia unilateral só produzirá efeitos após o transcurso de prazo compatível com a natureza e valor dos
investimentos. 
II – Para os casos de distrato, não há que se falar em atendimento ao princípio do paralelismo entre as
formas. 
III – Tanto a cláusula resolutiva tácita quanto a expressa dependem de interpelação judicial.
A Apenas o item I é verdadeiro.
B Apenas o item II é verdadeiro.
C Apenas o item III é verdadeiro.
D Apenas os itens II e III são verdadeiros.
E Apenas os itens I e III são verdadeiros.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A resposta correta é a letra A, por conta do disposto no art. 473, parágrafo único. Se, porém, dada
a natureza do contrato, uma das partes tiver feito investimentos consideráveis para a sua
execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a
natureza e o vulto dos investimentos.
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Inicialmente, tratamos das questões atinentes aos vícios do negócio jurídico com efeitos mais drásticos,
isto é, a inexistência e a nulidade. Aliás, a rigor, em caso de inexistências, nem se pode falar propriamente
de negócio jurídico, mas sim de negócio aparente.
Em relação à nulidade, verificou-se que tais previsões de invalidade se destinam a tutelar interesses
públicos, isto é, que transcendem os interesses das partes contratantes. Daí o fato de poderem ser
reconhecíveis, até mesmo, de ofício.
Posteriormente, estudamos as hipóteses de contratos anuláveis, verificando que os efeitos da anulabilidade
são mais brandos do que os da nulidade. Assim, caso entendam ser conveniente, podem as partes manter
íntegro o negócio jurídico, ainda que anuláveis. Isso porque a anulabilidade tutela os interesses das partes,
passando ao largo, pois, de questões de ordem pública.
Vimos, ainda, as modalidades de defeitos do negócio jurídico que levam à sua anulabilidade.
Finalmente, analisamos as hipóteses em que o desfecho do negócio jurídico não foi aquele originalmente
previsto pelas partes por ocasião de sua celebração. Estudamos as hipóteses em que isso pode ocorrer,
bem como os efeitos dessas situações.
Defeitos dos negócios jurídicos
Agora, o professor Bruno Terra encerra, tratando dos variados defeitos dos negócios jurídicos,
diferenciando-os e abordando suas consequências.

Referências
AMARAL, F. Direito civil: introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2014.
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AZEVEDO, A. J. Negócio Jurídico: Existência, validade e eficácia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro, volume 3: contratos e atos unilaterais. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2015.
KONDER, C.; BANDEIRA, P. G.; TEPEDINO, G. Fundamentos do direito civil: contratos. Rio de Janeiro: Forense,
2020.
LÔBO, P. Direito civil: contratos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
MARQUES, C. L. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016.
PEREIRA, C. M. S. Instituições de direito civil, v. I. 27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
PEREIRA, C. M. S. Instituições de direito civil, v. III. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
SCHREIBER, A. et al. Código Civil comentado – doutrina e jurisprudência. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
SCHREIBER, A. Manual de direito civil contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2018.
SILVA, C. V. C. A obrigação como processo. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
TEPEDINO, G.; SCHREIBER, A. Fundamentos do direito civil, volume 2. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
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Leia mais sobre os temas atuais do Direito contratual no texto Resolução pela frustração do fim do
contrato, de Marcos Hoppenstedt Ruzzi.
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