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Epidemiologia Descritiva/Prevalência e Incidência /Tipos de Estudos Estudos transversais (seccional, de prevalência): Apresentam três características essenciais: (a) as mensurações são feitas num único momento do tempo; (b) são úteis quando se quer descrever variáveis e seus padrões de distribuição; e (c) constituem o único desenho que possibilita identificar a prevalência de um fenômeno de interesse. Vantagens: baixo custo, rápida, menor risco de perdas, fácil de obter amostra representativa, bom para DESCREVER o evento. Fornece uma estimativa da prevalência. Desvantagens: NÃO estabelece relação causal ou temporal (o que veio antes ou depois - história natural); Quanto menor a prevalência do desfecho, maior o tamanho da amostra; curados ou mortos não aparecem; estima ASSOCIAÇÃO e não estima risco; Estudos de Coorte/Longitudinal: Indivíduos são selecionados segundo o status de exposição, sendo seguidos para avaliar a incidência de doenças. Analisar associações entre fatores de risco e os desfechos de interesse (analítico). a) Prospectiva Vantagens: Mede incidência; Investigação de causa; Medida acurada e completa das variáveis. Desvantagens: Alto custo e ineficiente para desfechos raros e para doenças com fase pré-clínica longa. b) Retrospectiva Vantagens: fator de risco precede o desfecho; menos tempo e recurso financeiro (que prospectivo); desfecho não enviesado pelo conhecimento do desfecho. Desvantagens: O investigador não tem controle sobre a natureza e qualidade dos preditores; viés de registro. Quanto aos participantes: a) fixa (todos iniciam juntos); b) dinâmica (pessoas entram e saem a todo momento) Prevalência (Transversal) Casos existentes. Medida estática. Não há seguimento. Incidência (Longitudinal) Casos novos. Medida dinâmica. Há seguimento. Casos em um dado ponto do tempo P = casos / pessoas avaliadas Casos novos em um dado período de tempo I = casos NOVOS / pessoas em risco ou pessoas-tempo ↑ taxa de prevalência ↓ taxa de prevalência ↑ duração da doença ↑ da sobrevida sem cura ↑ de casos novos imigração de casos emigração de sadios imigração de suscetíveis melhora dos diagnósticos ↓ duração da doença maior letalidade ↓ de novos casos imigração de sadios emigração de casos ↑ da cura da doença Estudos Ecológicos/Agregados Baseia-se na comparação entre indicadores relacionados com a exposição a que uma população foi submetida ou na comparação desses indicadores e níveis de exposição de múltiplas populações. Diferencia-se dos outros estudos porque sua unidade de análise é representada por grupos, e não indivíduos. Medidas agregadas são representadas por taxas, indicadores, proporções, médias ou qualquer outra estatística-resumo de um grupo ou mais grupos a serem estudados. A principal desvantagem de um estudo ecológico é sua suscetibilidade a vieses. A coleta de dados de um estudo ecológico é embasada na busca de indicadores grupais, usualmente fundamentados em proporções ou taxas, que possibilitem uma comparação entre exposição e desfecho. Desse modo, ao analisarmos os dados de estudos ecológicos, deparamos com, pelo menos, duas fontes de variabilidade: a variabilidade dentro de cada grupo, a qual, na maioria das vezes, não é passível de mensuração, dado que as medidas em análise já estão previamente agregadas, e a variabilidade entre os grupos, a qual pode estar fortemente influenciada pela variabilidade intragrupo. A diferença de magnitude observada entre dados agregados e dados individuais será tanto mais forte quanto mais heterogênea for a distribuição das variáveis de exposição e desfecho dentro de cada grupo. Além disso, o efeito de fatores confundidores não mensurados também pode contribuir para essas diferenças de magnitude. Estudo de Caso-Controle Compara uma possível causa entre casos e controles; Determinam se fatores de risco são causas contribuintes da doença; Alternativa aos estudos de coorte; Retrospectivos; Vantagens: Capaz de estudar doenças raras ou com longo período de incubação; Mais barato e rápido que coorte; Amostra pode ser pequena; Sem necessidade de acompanhamento; Investigação simultânea de vários fatores de risco. Desvantagens: Não mede prevalência e incidência; Difícil condução especialmente na seleção dos controles (casos e controles podem não ser comparáveis); Dados de exposição passada não disponíveis; Exposição rara (geralmente em relação à um trabalho específico) - Sujeito à viés de confundimento, informação, viés de memória, viés do entrevistador (por conhecimento do grupo); - Pode ter mais de um controle (geralmente mais de um quando o evento é raro); CUIDAR COMO OS CASOS E CONTROLES FORAM SELECIONADOS! Após a identificação dos casos, procede-se à seleção dos controles. Idealmente, controles devem ser escolhidos a partir da população-fonte de onde provieram os casos. Para um pareamento adequado é necessário identificar os casos e, em seguida, selecionar um ou mais controles que apresentam os mesmos valores que o caso para cada fator de pareamento. Por exemplo, o pareamento por idade pode ser feito com indivíduos que tenham idade num intervalo de ±2 anos do sujeito alocado no grupo caso. Ensaios Clínicos 1) Controlado ou randomizado: dois grupos com alocação dos indivíduos nos grupos de forma aleatória 2) Não controlados (ou antes-depois): um grupo teste 3) Quase-experimental: alocação dos indivíduos em cada grupo não é aleatório ECR: Estudos epidemiológicos experimentais nos quais o investigador controla as condições que podem interferir no resultado. Conceitos: Eficácia: mostrar que a intervenção funciona sob condições ideais e bem controladas (no ECR) Efetividade: mostrar que a intervenção funciona quando aplicada sob condições habituais (na vida real) Eficiência: relação custo benefício Características necessárias ao ECR: 1. Comparabilidade dos grupos sob investigação: indivíduos alocados de forma aleatória (randomização); sorteio evita manipulação de resultado (eliminar viés de seleção); 2. Comparabilidade de tratamento: criação de “placebo” evita indução emocional; 3. Cegamento: participantes desconhecem em que grupo se situa, intervenção ou controle; duplo-cego se nem o profissional sabe quem usa medicação ou placebo; É a melhor fonte de evidências clínicas sobre a efetividade terapêutica de uma terapia Causalidade “Causalidade” significa o relacionamento das “causas” aos “efeitos” que produzem. Causa é um evento, condição ou característica antecedente e necessária para o surgimento de uma doença no momento em que ela ocorreu, contanto que outras condições sejam fixas. Classificação das causas: 1. Causas humanas e ambientais: interação entre a predisposição individual e as exposições ambientais. 2. Causas proximais, intermediárias e distais: é a distância em que estejam das manifestações clínicas. 3. Causas predisponentes, desencadeadoras e agravantes: leva em conta o tipo de contribuição de um dado fator no desenvolvimento de um agravo à saúde. Na realidade, esta não é uma questão absoluta, imutável, mas relativa, pois um mesmo fator é colocado em mais de uma categoria, já que pode funcionar diferentemente, dependendo de cada situação, em particular, e do modelo causal elaborado. 4. Causa necessária e suficiente: Uma causa é “necessária” quando sempre precede um efeito; é “suficiente” quando inevitavelmente inicia ou produz o efeito. Ex.: Nas infecções, a causa necessária é a presença do agente biológico. Ele é o fator principal, sem o qual não há infecção. No entanto, só o agente não é suficiente para o desenvolvimento da doença, que exige a contribuição de outros fatores. São eles os que explicam por que nem todas as pessoas infectadas pelo bacilo da tuberculose desenvolvem a doença ou por que nem todos os portadores de infecção chagásica manifestarão a doença no futuro. Associação e causalidade não são sinônimos. Dois eventos podem estar associados, sem que um seja a causa do outro; eles podem também estar etiologicamente ligados. O termo “associação” tem o significado de relação (ou correlação) estatísticaentre dois ou mais eventos. “Causalidade”, ou seja, a relação do tipo “causa e efeito” entre dois eventos, significa que a presença de um deles contribui para a presença de outro. É o que ocorre entre um fator de risco e uma doença. A remoção do fator de risco, por sua vez, diminui a frequência da doença. Confiabilidade e validade de dados Viés Validade (acuidade, acurácia ou exatidão; em inglês: validity, accuracy) — refere-se ao grau em que o exame é apropriado para medir o verdadeiro valor daquilo que é medido, observado ou interpretado. A validade informa se os resultados representam a “verdade’’ ou o quanto se afastam dela. Por exemplo, o eletrocardiograma (ECG) é teste de maior validade, comparado à auscultação cardíaca feita com o estetoscópio, no intuito de detectar alterações cardiovasculares típicas da doença de Chagas. Reprodutibilidade (confiabilidade, fidedignidade, repetibilidade ou precisão; em inglês: reproducibility, reliability, repeatability, consistency, stability, precision) — é a consistência de resultados quando a medição ou o exame se repete. Por exemplo, dois radiologistas que lêem independentemente um do outro as mesmas radiografias e chegam ao mesmo diagnóstico alcançam o nível máximo de reprodutibilidade. Mas os dois especialistas podem estar certos ou errados em seus diagnósticos. Kappa (símbolo: “k”) é um indicador de concordância ajustada, pois leva em consideração, descontando no cômputo final, a concordância devida ao fator chance. Intra-examinador: 1 único examinador avalia 10% da amostra do estudo, por dois momentos diferentes, com no mínimo 1 semana de intervalo entre os exames Inter-examinador: <0.20- pobre concordância 0.21-040- concordância fraca 0.41-0.60- concordância moderada 0.61-0.80- concordância substancial 0.81-1.0- concordância quase perfeita Validade interna — diz se as conclusões de uma investigação são corretas para a amostra estudada. A validade interna pode ser afetada pelo erro aleatório ou pelo erro sistemático. O erro aleatório se deve ao acaso e pode ser minimizado mediante o aumento do tamanho da amostra ou a diminuição da variação nas medidas. O erro sistemático consiste em qualquer erro introduzido no estudo, desde sua preparação até sua publicação, que distorça sistematicamente os resultados e as conclusões do estudo. Validade externa — diz se as conclusões encontradas em uma investigação, cujos dados foram obtidos em uma amostra, são aplicáveis à população de onde a amostra provém ou a outras populações, até que ponto os resultados de um estudo são aplicáveis a outras situações ou outros pacientes. A validade externa também é denominada capacidade de generalização Viés: erro sistemático, vício, tendenciosidade, desvio, deturpação, distorção ou bias (do original inglês). ➔ VIÉS DE SELEÇÃO (da população ou da amostra): erro na identificação da população ou grupos de estudo; erro devido a diferenças sistemáticas entre as características daqueles indivíduos incluídos no estudo e daqueles que não o são; distorção sistemática introduzida pela maneira como os participantes são selecionados para o estudo, por perdas ou por não-resposta dos incluídos, originalmente, na amostra. Ex.: População de referência não adequada para os objetivos da investigação; Tamanho de amostra insuficiente; Falha no método de seleção da amostra; Perdas na amostra: pessoas que incluídas na amostra não são contactadas ou são perdidas durante a coleta de dados; Não-resposta de alguns participantes; Não-equivalência de características dos grupos objeto de comparação. ➔ VIÉS DE AFERIÇÃO (da informação ou da observação): erro sistemático de diagnóstico de um evento, quando os resultados podem ser imputados à maneira como as variáveis são conceituadas ou medidas. ◆ Viés do observador: está presente quando há diferenças sistemáticas na coleta de dados, e elas são imputadas ao observador: por exemplo, por distorções na forma de interrogar, examinar e solicitar exames complementares, ou diagnosticar, anotar e notificar um evento. ◆ Viés do instrumento de coleta de dados: Um instrumento inadequado ou defeituoso constitui uma séria limitação para a qualidade da informação produzida com o seu uso. Na verdade, uma das maiores dificuldades de uma pesquisa consiste na preparação e aferição de um instrumento apropriado para alcançar os objetivos a que a pesquisa se propõe. ◆ Viés do sujeito: é uma distorção na aferição originada pelo sujeito do estudo, por exemplo, ao relatar um evento (viés do respondedor). Ex.: Definição inadequada das variáveis: seja quanto ao que deve ser considerado “caso” de doença ou de “exposição” ao fator de risco, seja quanto à conceituação precisa das demais variáveis; Baixa validade dos instrumentos de coleta de dados (instrumento não apropriado para a mensuração); Uso inadequado de instrumentos apropriados; Preparação deficiente dos observadores; Maior ênfase na procura dos dados em um dos grupos ou em determinados segmentos da população; Resposta equivocada das pessoas contactadas ➔ VIÉS DE CONFUNDIMENTO: erro sistemático que ocorre quando os resultados de uma associação entre dois fatores podem ser imputados, total ou parcialmente, a um terceiro fator não levado em consideração; este terceiro fator é a variável de confundimento. Os três requisitos para identificar um potencial fator de confusão são: 1. Ele não deve ser um intermediário na relação; 2. Deve estar associado com a exposição; 3. não deve ser fator de risco para o desfecho. Ex: Não levar em consideração fatores de confundimento; Não levar em consideração a interação entre variáveis; Análise estatística inadequada (ou ausente, em situações em que devia ter sido feita). Acurácia: Variável se aproxima do valor verdadeiro; Comparação com “padrão-ouro”; Aumento da validade das conclusões; Erro sistemático. Precisão: Variável com valores semelhantes quanto às medidas várias vezes; Comparação entre medidas repetidas; Aumento do poder estatístico para detectar os efeitos esperados; Erro aleatório. Pesquisa Qualitativa É definida como aquela que prioriza a análise de microprocessos por meio do estudo das ações sociais individuais e grupais, produzindo uma análise aprofundada e contestada dos dados (aqui chamados de informações).Seu raciocínio se baseia principalmente na percepção e na compreensão humana. A observação, a entrevista e a análise dos materiais (inclusive de documentos) são os métodos de pesquisa qualitativa mais comuns. A coleta de informações continua até se alcançar a saturação, ou seja, até que o pesquisador sinta que não há informações adicionais sendo coletadas. O tamanho amostral é geralmente pequeno, mas a análise demanda muito tempo e protocolos a serem seguidos. O pesquisador vai a campo com o objetivo de “captar” o fenômeno em estudo a partir da concepção e do entendimento das pessoas nele envolvidas, respeitando e considerando todos os pontos de vista como relevantes. Diversos tipos de “informações” são coletados e analisados para que a dinâmica do fenômeno pesquisado possa ser compreendida em todas as suas facetas. A abordagem qualitativa oferece três diferentes possibilidades de se realizar pesquisa – três desenhos metodológicos: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia. Revisão de Escopo Revisão Sistemática Revisão Sistemática Revisão de Escopo Diferenças Questão de pesquisa específica Protocolo de pesquisa à priori Qualidade metodológica avaliada Extração detalhada de dados Metanálise (opcional) Questão de pesquisa ampla Inclusão e exclusão podem ser redefinidos a posteriori Todos os tipos de estudo Qualidade dos artigos não é uma prioridade Pode ou não envolver a extração de dados Síntese mais qualitativa Usado para identificar parâmetros e lacunas em um corpo de literatura. Definição Esse tipo de investigação disponibiliza um resumo das evidências relacionadas com uma estratégia de intervenção específica, mediante a aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da informação selecionada."Os estudos de escopo visam mapear rapidamente os conceitos-chave que sustentam uma área de pesquisa e as principais fontes e tipos de evidências disponíveis, e podem ser realizados como projetos autônomos por direito próprio, especialmente quando uma área é complexa ou não foi revisada de forma abrangente antes.” Objetivos Examinar a natureza, extensão e o alcance da atividade de pesquisa Determinar a possibilidade e relevância de realização de uma revisão sistemática Sumarizar e divulgar os dados da investigação Identificar as lacunas de pesquisas através da literatura existente Amostragem População alvo: conjunto de elementos para os quais se deseja que as conclusões oriundas da pesquisa sejam válidas. População-fonte: conjunto de elementos de onde serão selecionados aqueles que farão parte da investigação, representando, portanto, potenciais elementos para constituir a amostra. Um parâmetro é definido como qualquer resumo dos elementos de uma população, enquanto o resumo provável de elementos de uma amostra é chamado de estatística (medida, métrica). Probabilística - Aleatória simples (ex: sorteio) - Sistemática (ex. população naturalmente ordenada em lista (telefônica, prontuário - N/n = I → 100/10 = 10 então 3, 13, 23, 33...93) - Estratificada (aleatória dos estratos) - Por conglomerados: É uma amostra aleatória simples na qual cada unidade de amostragem é um grupo ou conglomerado (cluster) de elementos. Não-probabilística - Inacessibilidade a toda população - Amostra a esmo ou sem norma (ex. caixa de parafuso) - Material contínuo (ex. líquido/gasoso) - Intencionais/ por julgamento: Os elementos são escolhidos por um perito na matéria. Não é aplicado nenhum tipo de sorteio na seleção dos elementos, senão o critério pessoal do perito. - Voluntários - Cotas: São formados diversos estratos, geralmente baseados em características da população, como sexo, idade, classe social etc., e a escolha dos elementos a serem entrevistados em cada estrato é feita pelo entrevistador. A cota é implementada para controlar ou reduzir o viés de seleção. O tamanho da amostra depende: - tamanho da população do universo - nível de confiança estabelecido - erro de amostragem permitido - proporção de uma quota característica importante do universo Vantagens da amostragem: - economica e rápida - redução de viés (se bem desenhadas) - maior controle de qualidade Vigilância em Saúde Vigilância Epidemiológica: Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores condicionantes de saúde com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos (Lei 8080 de 1990). São funções da vigilância epidemiológica: • coleta de dados; • processamento dos dados coletados; • análise e interpretação dos dados processados; • recomendação das medidas de controle apropriadas; • promoção das ações de controle indicadas; • avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; • divulgação de informações pertinentes. As medidas quantitativas de avaliação de um sistema de vigilância epidemiológica (principais atributos) incluem sensibilidade, especificidade, representatividade e oportunidade; e as qualitativas, simplicidade, flexibilidade e aceitabilidade. Vigilância Sanitária: Conjunto de medidas que visam elaborar, controlar a aplicação e fiscalizar o cumprimento de normas e padrões de interesse sanitário relativo a portos, aeroportos, fronteiras, medicamentos, cosméticos, alimentos, saneamento e bens, respeitada a legislação pertinente, bom como o exercício profissional relacionado á saúde. (Ministério da Saúde, 1985). Vigilância Ativa: Há a busca ativa e rotineira de novos casos da doença pelos profissionais da vigilância (ex: em prontuários, através de inquéritos domiciliares, etc). É o tipo de vigilância mais caro, mas de melhor qualidade. Vigilância Passiva: Não há a busca ativa de casos incidentes da doença. A vigilância espera ser avisada por profissionais de saúde sobre novos casos. No Brasil há uma séria de doenças de notificação compulsória (nenhuma bucal). É um tipo de vigilância barato, mas que subestima a incidência pela subnotificação. Vigilância Sentinela: Baseia-se no relato de casos de doenças que deveriam ser prevenidas. Desta forma, observa-se “falhas” no sistema de saúde através de “eventos sentinela”. É o tipo de vigilância mais barato, entretanto só pode ser aplicado a um pequeno grupo de doenças Conceitos básicos de Vigilância: Epidemia é a elevação do número de casos de uma doença ou agravo, em determinado lugar e período de tempo, caracterizando de forma clara um excesso em relação à frequência esperada. Surto é um tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas, etc.). Endemia ocorre quando novos casos (incidência) de uma mesma doença são constantes e previsíveis, independente da prevalência atual. Investigação epidemiológica é o método de trabalho utilizado para esclarecer a ocorrência de doenças transmissíveis ou de agravos inusitados à saúde, a partir de casos isolados ou relacionados entre si. Consiste em um estudo de campo realizado a partir de casos notificados (clinicamente declarados ou suspeitos) e seus contatos. Medidas de Associação e Efeito Testes diagnósticos Tabela de Contingência 2x2 Desfecho/Doença Teste ou Exposição Presente Ausente Total Positivo a b A + B Negativo c d C + D Total A + C B + D A + B + C + D a = verdadeiro positivo ~~ doentes expostos b = falso positivo ~~ não-doentes expostos c = falso negativo ~~ doentes não-expostos d = verdadeiro negativo ~~ não-doentes não-expostos Valor Preditivo Positivo (VPP): a / (a+b) ~~ proporção de doentes entre os considerados positivos ao teste Valor Preditivo Negativo (VPN): d / (c+d) ~~ proporção de sadios entre os negativos ao teste Sensibilidade e especificidade são propriedades inerentes ao teste e não variam substancialmente a não ser por mudanças na técnica ou por erros na sua aplicação. Sensibilidade: a / a+c ~~ capacidade que o teste apresenta de detectar os indivíduos verdadeiramente positivos Especificidade: d / b+d ~~ capacidade que o teste tem de detectar os verdadeiros negativos Acurácia: a+d / a+b+c+d Prevalência: a+c / a+b+c+d Razão de Verossimilhança Positiva: quantas vezes é possível encontrar um resultado positivo em pessoas doentes, comparado com pessoas não doentes: RVP = S / (1-E) ~~ quanto melhor o teste, maior RVP! Razão de Verossimilhança Negativa: quantas vezes é mais provável encontrar um resultado negativo em pessoas doentes, comparado com pessoas não doentes: RVP = (1-S) / E ~~ quanto melhor o teste, menor RVN! Medidas de associação 1) Relativas (razão - divisão): Magnitude da associação entre fator de exposição e desfecho/doença; Quanto maior a diferença entre grupos, mais forte a associação. Risco Relativo (RR) = I E / I ñE Razão de Prevalências (RP) = P E / P / ñE Odds Ratio = ad / bc 2) Absolutas (diferença - subtração): O quanto a frequência de um desfecho é (maior/menor/igual) em relação ao grupo de exposto e não expostos. Medidas de Impacto: Estimar o impacto de medidas efetivas de prevenção na população. Utilizadas em estudos epidemiológicos para refletir o quanto de doença se pode prevenir removendo o fator etiológico da população. (a) Risco atribuível (RA) - excesso de risco de desenvolver o desfecho. RA = I E - I ñE (b) Risco atribuível na população (RAp) - risco total na população atribuível ao fator de exposição ou, na presença de um programa de prevenção. RAp = RA x Prevalência da exposição (c) Fração atribuível na população (FAp) - proporção de casos na população relacionada ao fator em estudo. É expressa em %. FAp = RAp / Incidência total na população. FÓRMULAS e Termos importantes: Razão (ratio): relação entre duas quantidades quaisquer; Proporção (proportion): tipo de razão onde o numerador é da mesma natureza e está contido no denominador; Taxa (rate):refere-se a razões especiais nas quais necessariamente temos no denominador uma unidade de tempo. Prevalência: Incidência (IC = Incidência cumulativa | I = taxa de incidência): Idades-índice e grupos etários: Procedimentos metodológicos, com o objetivo de permitir a comparabilidade dos achados 5 anos: avaliar crianças em dentição decídua; a perda de incisivos decíduos não deve ser reportada; 12 anos: É provável que nessa idade, a maioria dos dentes permanentes, se não todos (com exceção dos terceiros molares), já estarão erupcionados. Referência global para comparações internacionais e vigilância das tendências de doença 15 anos: 35-44: Grupo padrão para vigilância das condições de saúde bucal em adultos. Dados desse grupo permite aos gestores e administradores avaliar o efeito total da cárie dentária, nível de envolvimento periodontal severo, efeitos gerais da atenção à saúde fornecida. 65-74: Nessa faixa etária, é possível estimar as manifestações de doenças bucais na perspectiva da trajetória de uma vida inteira. Esses dados são importantes principalmente por dois motivos: a) Planejar intervenções apropriadas para idosos b) Avaliação do efeito final de programas de saúde bucal na população Organização dos levantamentos epidemiológicos: descreve o quadro de saúde da população; faz o papel de vigilância epidemiológica; coleta dados sobre fatores de risco; São importantes para o conhecimento da prevalência e tipologia das doenças bucais, servindo para planejar, executar e avaliar ações de saúde. Objetivos: conhecer a prevalência e a severidade da doença; Conhecer as necessidades de tratamento associados; Permitir a análise do comportamento da doença ao longo do tempo; Documentar a distribuição da doença; Permitir o planejamento em saúde pública e; subsidiar, de maneira indireta, a avaliação dos serviços.