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Objetivos 1. Compreender as principais informações da caderneta da gestante. 2. Listar os principais exames, vacinas e sua importância para o pré-natal. 3. Discorrer sobre a alimentação e a suplementação no período gestacional. 4. Discorrer sobre como ocorre a consulta do pré natal. Principais informações da caderneta • Direitos da gestante antes e depois do parto • O cartão de consultas e exames, com espaço para anotar suas dúvidas; • Dicas para uma gravidez saudável; • Informações e orientações sobre a gestação e o desenvolvimento do bebê, alguns cuidados de saúde, o parto e o pós-parto; • Informações e orientações sobre amamentação; • Como tirar a Certidão de Nascimento de bebê. Principais exames →Tipagem sanguínea e fator Rh: A tipagem sanguínea e o fator Rh precisam ser solicitados na primeira consulta de pré- natal a todas as gestantes, com o intuito de identificar eventual incompatibilidade Rh no casal e prevenir a aloimunização perinatal. Se a gestante for Rh-negativa, deve ser solicitado em seguida o teste de Coombs indireto, a fim de identificar sensibilização prévia. Se este for negativo, a partir da 24ª semana, deve-se repeti-lo mensalmente. Se for positivo, considerar gestante previamente aloimunizada e seguir conduta específica. Em gestantes com história prévia de transfusão sanguínea, mesmo sendo Rh-positivas, devem ser também solicitados teste de Coombs indireto e pesquisa de anticorpos irregulares, pois pode ter havido aloimunização por outros antígenos. →Hemograma: O hemograma deve ser solicitado na primeira consulta pré-concepcional ou pré-natal com objetivo de avaliar os níveis de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht). Durante a gestação, observa-se grande aumento do volume plasmático, assim como aumento da produção de hemácias. Como o aumento plasmático é superior ao da massa eritrocitária, ocorre hemodiluição, em geral com queda de cerca de 2 pontos na concentração de Hb em torno do fim do segundo trimestre e início do terceiro trimestre da gestação. Essa alteração é erroneamente chamada de “anemia fisiológica da gestação”. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), valores de Hb abaixo de 11 g/dL ou de Ht abaixo de 33%, em qualquer período gestacional, indicam anemia. O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos considera os mesmos valores no primeiro e no terceiro trimestres, mas considera como anemia no terceiro trimestre somente quando os valores de Hb estiverem abaixo de 10,5 g/dL e de Ht abaixo de 32%. →Eletroforese de hemoglobina: identifica a doença falciforme ou a talassemia, que são hereditárias e requerem cuidados especiais na gravidez. → Glicemia de jejum e teste oral de tolerância à glicose: Na primeira consulta pré-concepcional ou pré-natal, deve ser solicitada a glicemia de jejum. O rastreamento deve ser repetido entre a 24ª e a 28ª semana de gestação com o teste oral de tolerância à glicose (TOTG), que é a medida da glicemia no jejum e 1 e 2 horas após uma carga de 75 g de glicose VO. Para a realização do TOTG, recomenda-se jejum de 8 horas e restrição de carboidratos nos 3 dias anteriores ao teste. → Exame de urina e urocultura: Toda gestante deve ser submetida a uma urocultura na primeira consulta de pré- natal, com objetivo de identificar e erradicar a bacteriúria assintomática (BA) e prevenir a ocorrência de pielonefrite na gestação. Gestantes hígidas, assintomáticas, com urocultura negativa na primeira consulta, sem nefropatias e sem história de infecções urinárias de repetição não necessitam repetir o exame durante o pré-natal. Havendo cistite (infecção baixa sintomática) ou pielonefrite, após o tratamento há indicação de repetir mensalmente a urocultura nos casos em que a gestante não estiver fazendo uso de quimioprofilaxia. Os testes rápidos com fitas e testes enzimáticos não devem ser utilizados para orientar tratamento nas pacientes assintomáticas, pois não têm capacidade de identificar BA. → Exame preventivo de câncer de colo de útero: este exame precisa ser realizado periodicamente por todas as mulheres, de acordo com a necessidade. Procure saber se você tem a necessidade de fazê-lo durante o pré-natal. → Teste rápido de sífilis e VDRL: O rastreamento para sífilis é obrigatório em todo o pré-natal. Deve ser solicitado um teste de Veneral Disease Research Laboratory (VDRL) na primeira consulta, o qual deve ser repetido no terceiro trimestre. Devido ao aumento dos casos de sífilis congênita no Brasil, o MS tornou obrigatório repetir a testagem em todas as gestantes no momento do parto. Se o teste realizado for o VDRL e este for positivo, deve-se solicitar um teste treponêmico (teste rápido para sífilis ou teste de absorção fluorescente contra Gestante caderneta treponema [FTA-ABS, do inglês fluorescent treponemal antibody-absortion ]) a fim de descartar falsos-positivos. Atualmente, as unidades básicas de saúde (UBSs) vêm realizando o teste rápido para sífilis na primeira consulta de pré-natal. Como esse teste é treponêmico, pode ser positivo mesmo se a gestante já tiver sido tratada anteriormente, o que pode gerar certa dúvida no diagnóstico. Sífilis na gestação e sífilis congênita são doenças de notificação compulsória pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). → Testes de HIV: A testagem do HIV deve ser realizada na primeira consulta do pré-natal a fim de identificar gestantes soropositivas e iniciar o tratamento para diminuir a carga viral e o risco de transmissão vertical. Se negativo, deve-se repetir o teste no terceiro trimestre e no momento da internação hospitalar. O teste também tem sido feito por meio de testes rápidos ou por sorologia como o enzimaimunoensaio (Elisa). Os testes rápidos apresentam sensibilidades superiores a 98%. Se o teste rápido for negativo, encerra-se a investigação naquele momento e repete-se no terceiro trimestre e no momento da internação hospitalar. Se o resultado for positivo, repete-se sequencialmente; se confirmar positividade, inicia- se o aconselhamento e o tratamento. Se os resultados forem discordantes ou indeterminados, segue-se a investigação. O pré-natal da gestante soropositiva deve ser diferenciado, incluindo avaliação clínica mais especializada e preferencialmente acompanhada por um infectologista. Devem ser solicitados exames como o teste de Mantoux, citomegalovírus, anti-HCV (vírus da hepatite C [do inglês hepatitis C virus ]), carga viral e CD4. Nas gestantes que apresentarem o diagnóstico de soropositividade ao HIV no pré-natal, deve-se solicitar a genotipagem para identificação de possíveis mutações virais e consequentes resistências a algumas classes de antirretrovirais (ARVs). Quando a terapia ARV iniciar, devem ser monitorizados os efeitos adversos, por meio de provas de função hepática, renal e sintomas clínicos. → Teste de malária: deve ser realizado em todas as gestantes da Região Amazônica, quer apresentem sintomas ou não. → Testes para hepatite B (HBsAg): Com o objetivo de reduzir a transmissão materno-infantil da hepatite B, o MS recomenda a triagem sorológica durante a gestação. O exame deve ser realizado na primeira consulta do pré-natal, independentemente da IG. A testagem também tem sido feita por meio de testes rápidos ou por sorologia pelo antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg). Se a gestante for negativa, e o anti-HBs for não reagente, recomenda-se a imunização antes ou durante a gestação, em qualquer trimestre. Se o anti-HBs for reagente, não há mais necessidade de repetir o teste ao longo da gestação, uma vez que a gestante já está imunizada. Gestantes portadoras do antígeno (HBsAg reagente) devem ser encaminhadas no parto para unidades obstétricas que assegurem a administração de vacina e da imunoglobulina específica para o vírus da hepatite B (HBIg) ao RN. Quando a gestação ocorre em paciente portadora de infecção crônica pelo vírus da hepatite B(HBV, do inglês hepatitis B virus) com perfil imunológico HBsAg reagente ou antígeno do envelope do vírus da hepatite B (HBeAg) reagente, ocorre grave risco para o RN, pois, sem a imunoprofilaxia adequada no momento do parto, mais de 90% das crianças desenvolverão infecção aguda pelo HBV e poderão progredir para infecção crônica com complicações da doença hepática crônica na idade adulta. →Teste rápido para hepatite C (anti-HCV): Não se recomenda a pesquisa de anti-HCV de rotina no pré-natal devido aos baixos índices de detecção em gestantes e ao fato de ainda não existir imunoprofilaxia ou intervenção medicamentosa que possa prevenir a transmissão vertical da hepatite C. Deve-se realizar a sorologia nas gestantes com fatores de risco como infecção por HIV, uso de drogas ilícitas, antecedentes de transfusão ou transplante antes de 1993, mulheres submetidas à hemodiálise, mulheres com elevação de aminotransferases sem outra causa clínica evidente e profissionais de saúde com história de acidente com material biológico. → Sorologia para rubéola e para citomegalovírus: Não há recomendação do MS para a realização de rastreamento de rotina na gestação para essas infecções. → Rastreamento para estreptococo do grupo B: A identificação de gestantes portadoras (vagina, reto, bexiga) de estreptococo do grupo B (EGB) ou Streptococcus agalactiae abre oportunidade para erradicação intraparto do EGB e diminuição do risco de sepse neonatal por essa bactéria. Desde 2002, nos Estados Unidos, o CDC passou a recomendar o rastreia mento a todas as gestantes portadoras a partir da 35ª semana de gestação, ou antes, quando houver TP pré-termo. A coleta é feita por meio de swab na região vaginal e anal. O tratamento pré-natal só deve ser feito se houver BA por EGB. As mulheres portadoras do EGB na vagina e no reto somente devem ser tratadas durante o TP. → Rastreamento para doenças da tireoide: O rastreamento universal das doenças da tireoide na gestação em pacientes assintomáticas é controverso. Alguns autores sugerem que o rastreamento não é custo-efetivo e deve ser solicitado apenas em situações de risco, como diabetes, áreas com deficiência de iodo, história familiar ou pessoal de hipotireoidismo, abortos de repetição, obesidade, radiação prévia em cabeça ou pescoço. → O diagnóstico de hipotireoidismo primário na gestação é feito por meio da TSH, quando os valores forem superiores a 2,5 mUI/mL no primeiro trimestre e de 3 mUI/mL ou mais no segundo e no terceiro trimestres. Se houver presença de TSH elevada, recomenda-se solicitar tiroxina (T 4) livre para determinar o grau de hipotireoidismo, e, se a T 4 livre for normal, sugere-se medir os anticorpos tireoperoxidase (TPO). → Rastreamento para doença falciforme: a doença falciforme (DF) é uma das doenças hereditárias mais comuns, especialmente na população afrodescendente. A DF é diagnosticada por meio da eletroforese de Hb, que identifica a doença e o traço falcêmico. O rastreamento universal da DF em gestantes sem anemia e sem etnia afrodescendente não está justificado, embora seja recomendado pelo MS do Brasil. → Exame bacterioscópico de secreção vaginal e citopatológico cervical: É recomendado que toda gestante, na primeira consulta de pré-natal, faça um exame a fresco de secreção vaginal para identificar vulvovaginites e alterações da flora vaginal. O tratamento da vaginose bacteriana (Gardnerella vaginalis) pode diminuir o risco de TP pré-termo. Também na primeira consulta, se a gestante não estiver em dia com seu calendário de prevenção de câncer de colo uterino, deve-se coletar um raspado cervical para citopatologia com espátula de Ayre. → Exames para o pai: todos os homens adultos, jovens e adolescentes que participam do pré-natal têm direito a realizar exames para sífilis (teste rápido e VDRL), anti-HIV (teste rápido), hepatites virais B e C (testes rápidos), tipo sanguíneo e fator Rh, hemograma, lipidograma, glicose e eletroforese de hemoglobina. Solicitados no 1º trimestre • Hemograma; • Tipagem sanguínea e fator Rh • Coombs indireto (se for Rh negativo); • Glicemia de jejum; • Teste rápido de triagem (sífilis, HIV, Hepatite B); • VDRL; • Anti-HIV; • Toxoplasmose IgM e IgG; • Sorologia para hepatite B (HBsAg) e C (Anti-HCV); • Exame de urina e urocultura; • Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; • Citopatológico de colo de útero (se necessário); • Exame de secreção vaginal (se houver indicação clínica); • Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); • Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica); Solicitados no 2º semestre → Teste de tolerância para glicose com 75g, se a glicemia estiver acima de 85 mg/dl ou se houver fator de risco (realize este exame preferencialmente entre a 24° e a 28° semana); → Coombs indireto (se for Rh negativo); Solicitados no 3º trimestre • Hemograma; • Glicemia em jejum; • Coombs indireto (se for Rh negativo); • VDRL; • Anti-HIV; • Sorologia para hepatite B; • Repetir o exame de toxoplasmose se o IgG não for reagente; • Urocultura + urina tipo 1 (sumário de urina - SU); • Bacterioscopia de secreção vaginal (a partir de 37 semanas de gestação); • Glicemia em jejum > 110 mg/dl, diagnóstico de diabetes gestacional; Principais vacinas A vacinação nas mulheres em idade reprodutiva deve estar idealmente completa antes da gestação, para que a mãe e o feto usufruam da imunização. Os anticorpos da classe IgG atravessam a placenta e conferem proteção passiva à criança até aproximadamente os 15 meses de vida. Esses anticorpos também são transmitidos pelo leite materno. As vacinas indicadas na gestação são: → Vacina contra gripe A e sazonal: A vacinação contra gripe é segura em qualquer IG, e gestantes são consideradas grupo de risco para infecção respiratória grave, devendo ter preferência nos programas de vacinação; → Vacina contra hepatite B: O esquema completo é de três doses (0,1-6 meses), iniciando a partir do primeiro trimestre e podendo estender-se até após o parto; → Vacina contra difteria e tétano (dT): O esquema de vacinação completo da dupla adulto é de três doses, devendo ser reforçada a cada intervalo de 5 anos. Se a mulher não tomou nenhuma dose dessa vacina antes de engravidar, é necessário tomar duas doses da dupla adulto, com intervalo de no mínimo 30 dias e complementar com a dTpa. Caso a mulher tenha tomado uma dose da dT antes da gestação, ela deverá reforçar o esquema com mais uma dose da dT após a 20ª semana. Se a dT tiver sido aplicada nos últimos 5 anos, não há necessidade de imunizar; →Vacina contra difteria, tétano e coqueluche (dTpa): A vacina dTpa deve ser recomendada, não importa o intervalo de tempo da última dose de dT, pois é essa a vacina que vai proteger contra a coqueluche no RN. Para as mulheres que se preveniram com duas ou mais doses da dT, recomenda-se a dTpa administrada com apenas uma dose. Mulheres grávidas devem tomar uma dose da dTpa em cada gestação, independentemente de terem tomado anteriormente. O MS recomenda a dTpa entre a 27ª e a 36ª semana de gestação, período que gera maior proteção ao RN, com efetividade de até 91%. Entretanto, a dose também pode ser administrada até, no máximo, 20 dias antes da DPP. As vacinas contra Pneumococcus, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae e a vacina antirrábica podem ser aplicadas na gestação. As vacinas atenuadas (bactérias ou vírus enfraquecidos) apresentam risco teórico de contaminação do feto, sendo contraindicadas na gestação; são elas: bacilo Calmette-Guérin (BCG), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), varicela e febre amarela. A vacina contra febre amarela, apesar de contraindicada, pode ser administrada em gestantes quando o risco de contrair a doença for elevado.A vacina contra papilomavírus humano (HPV, do inglês human papilloma virus) é contraindicada na gestação devido à falta de estudos confirmando a sua segurança. As vacinas do tipo inativadas, como a vacina contra hepatite A e a vacina meningocócica conjugada, não apresentam riscos para a gestante e para o feto; porém, devem ser aplicadas preferencialmente fora do período gestacional Suplementação → Programa Nacional de Suplementação de Ferro, do Ministério da Saúde, criado em 2005 recomenda à suplementação de 40mg/dia de ferro elementar (200 mg de sulfato ferroso. Orienta-se que a ingestão seja realizada uma hora antes das refeições. A suplementação de ferro deve ser mantida no pós-parto e no pós-aborto por 3 meses. → Folato peri-concepcional: Tem forte efeito protetor contra defeitos abertos do tubo neural. Deve ser usado rotineiramente pelo menos dois meses antes e nos dois primeiros meses da gestação → Mulheres que tiveram fetos ou neonatos com defeitos abertos do tubo neural têm que usar folato continuamente se ainda desejam engravidar; → Segundo as recomendações atuais da Organização, as necessidades ligeiramente aumentadas em vitamina A durante a gestação pode ser satisfeita pela alimentação ou por uma suplementação que não exceda 10.000 UI por dia durante a gravidez. → Reposição de ômega 3: O uso de suplementação com ômega 3 durante a gravidez e o aleitamento tem sido motivo de muita controvérsia. O objetivo da suplementação seria promover o equilíbrio entre as concentrações desse ácido graxo essencial e seu correspondente – o ômega 6 – na proteção da neurogênese, porém, esse efeito na gestação permanece inconclusivo. Orienta-se que as gestantes que não consomem peixes busquem outras fontes de ômega 3 para alcançar a dose diária de 200 mg. Na Europa, as recomendações de uso foram definidas pela European Association of Perinatal Medicine (EAPM), que padronizou o uso de 200 mg desde a 20ª semana de gestação até o sexto mês de aleitamento. Nos Estados Unidos, essa recomendação não foi padronizada. No Brasil, também não há essa recomendação. → Reposição de iodo: Uma deficiência significativa de iodo durante a gestação está associada com hipotireoidismo fetal, distúrbios neurológicos e aumento da mortalidade neonatal e infantil. A consequência da deficiência leve a moderada de iodo na gestação ainda são inconclusivas. A suplementação na gestação parece racional apenas nas situações de deficiência significativa. Não há recomendação no Brasil para suplementação rotineira nas gestantes, uma vez que a carência de iodo é muito rara. A OMS recomenda que as gestantes tenham ingesta de iodo de 250 μ g diários. → Ingestão de polifenóis: O termo polifenóis ou compostos fenólicos refere-se a um amplo e numeroso grupo de moléculas encontradas em hortaliças, frutas, cereais, chás, erva-mate, café, cacau, vinho, suco de frutas e soja. A associação entre a ingesta de polifenóis pelas gestantes e alterações hemodinâmica fetais, como a constrição do ducto arterioso, levou a preocupações e polêmicas sobre a segurança de ingerir alimentos como os polifenóis na gestação. As evidências atuais confirmam que, se ingeridos dentro de quantidades habituais, os alimentos ricos nessa substância são seguros para a gestante e para o feto em qualquer etapa da gestação. Pré-natal O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas preventivas. Segundo a OMS, o número adequado de consultas seria igual ou superior a 6 → Gestação de baixo risco: Fenômeno fisiológico com evolução, na maior parte dos casos, sem intercorrências; → Gestação de alto risco: Problemas no início, ou surgindo durante o transcurso, apresentando maior probabilidade de desfechos desfavoráveis, tanto para o feto como para sua mãe; A classificação e identificação de gestantes de alto e baixo risco permite que a equipe de saúde gere, recomende e forneça cuidados de maneira diferenciada e específica para as gestantes de maior risco. A triagem das gestantes com risco pré-natal deve ser realizada continuamente durante toda a assistência pré-natal. Quando o parto não ocorre até a 41° semana, é necessário encaminhar a gestante para a avaliação do bem-estar fetal incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal. Acolhimento Implica na responsabilização pela integralidade do cuidado a partir da recepção da usuária com escuta qualificada e a partir do favorecimento do vínculo e da avaliação de vulnerabilidades de acordo com seu contexto social, entre outros cuidados. O profissional deve permitir que a gestante expresse suas preocupações e suas angústias, garantindo a atenção resolutiva e a articulação com os outros serviços. Se expressa na relação estabelecida entre os profissionais de saúde e os usuários, mediante atitudes profissionais humanizadoras. O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética e solidária. Múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua família, notadamente se ela for adolescente. É importante acolher o (a) acompanhante da escolha da mulher, não oferecendo obstáculos à sua participação no pré-natal, no trabalho de parto, no parto e no pós-parto. O (a) acompanhante pode ser alguém da família, amigo (a) ou doula. Passo a passo 1. Se apresentar; 2. Chamar os (as) usuários (as) pelo nome; 3. Prestar informações sobre condutas e procedimentos que devam ser realizados; 4. Escutar e valorizar o que é dito pelas pessoas; 5. Garantir a privacidade e a confidencialidade das informações; 6. Incentivar a presença do(a) acompanhante; Também se mostra → Na reorganização do processo de trabalho; → Na resolução dos trabalhadores com os modos de cuidar; → Na postura profissional; → No vínculo com a mulher gestante e sua família, seu entorno; Assistência pré-natal efetiva → Discussão permanente com a população da área (em especial com as mulheres) sobre a importância da assistência pré-natal na UBS e nas diversas ações comunitárias; → Identificação precoce de todas as gestantes na comunidade. → Pronto início do acompanhamento pré-natal, para que tal início se dê ainda no 1° trimestre da gravidez, objetivando intervenções oportunas. → Garantir a possibilidade de que as mulheres realizem o teste de gravidez na UBS sempre que necessário. Acolhimento imediato e garantia de atendimento a todos os recém- nascidos e à totalidade das gestantes e puérperas; Realização do cadastro da gestante no SisPreNatal. Fornecer e preencher o cartão da gestante; Classificação do risco gestacional (em toda consulta); → Acompanhamento periódico e contínuo de todas as gestantes; → Mensalmente, até a 28° semana; → Quinzenalmente, da 28° até a 36° semana; → Semanalmente, no termo; Encaminhamento oportuno ao centro obstétrico, a fim de evitar sofrimento fetal por pós- datismo; → Toda gestante com 41 semanas deve ser encaminhada para a avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal; Incentivo ao parto normal e à redução da cesárea; → Não existe alta do pré-natal; Amamentação Anamnese, exame físico e exames complementares indicados. → Imunização: Antitetânica e para hepatite B; → Oferta de medicamentos necessários: Sulfato ferroso, para tratamento e profilaxia de anemia; → Ácido fólico: com uso recomendado desde o período pré- concepcional e durante o primeiro trimestre de gestação; → Diagnóstico e prevenção do câncer de colo de útero e de mama; → Avaliação do estado nutricional e acompanhamento do ganho de peso no decorrer da gestação; → Atenção à adolescente conforme suas especificidades; Realização de práticas educativas • Incentivo ao aleitamento materno; • Partonormal e hábitos saudáveis de vida; • Identificação de sinais de alarme na gravidez; • Reconhecimento do trabalho de parto; • Cuidados com o recém nascido; • Importância do acompanhamento pré-natal; • Planejamento familiar; • Direitos da gestante e do pai; • Riscos do tabagismo e do uso de álcool e de outros drogas; • Uso de medicações na gestação; Roteiro da primeira consulta Determinar se a gestação em questão está exposta a riscos que possam influenciar os desfechos pré-natais. Na primeira consulta, deve-se pesquisar os aspectos socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os antecedentes pessoais gerais, ginecológicos e obstétricos, além da situação da gravidez atual. Os principais componentes podem ser assim listados: • Data precisa da última menstruação (DUM); • Regularidade dos ciclos; • Uso de anticoncepcionais; • Paridade; • Intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas; • Detalhes de gestações prévias; • Hospitalizações anteriores; • Uso de medicações; • Doença sexualmente transmissível; • Exposição ambiental ou ocupacional de risco; • Reações alérgicas; • História pessoal ou familiar de doenças hereditárias / malformações; • Gemelaridade anterior; • Fatores socioeconômicos; • Uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas; • História infecciosa prévia; • Vacinações prévias; • História de violências; O acompanhamento da mulher no ciclo grávido-puerperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerra após o 42° dia de puerpério; Antecedentes pessoais • Hipertensão arterial; • Diabetes Mellitus; • Cardiopatias, inclusive doença de Chagas; • Doenças renais crônicas; • Anemias e deficiências de nutrientes específicos; • Desvios nutricionais (baixo peso, desnutrição, sobrepeso, obesidade); • Epilepsia; • Doenças da tireoide e outras endocrinopatias; • Viroses (rubéola, hepatites); • Hanseníase, tuberculose, malária, sífilis ou outras doenças infecciosas); • Portadora de infecção pelo HIV (uso de antirretrovirais); • Infecção do trato urinário; • Doenças neurológicas e psiquiátricas; • Cirurgia (tipo e data); • Transfusões de sangue; • Alergia (inclusive medicamentosas); • Doenças neoplásicas; • Vacinação; • Uso de drogas, tabagismo e alcoolismo; Antecedentes familiares • Hipertensão arterial; • Diabetes mellitus; • Malformações congênitas e anomalias genéticas; • Gemelaridade; • Câncer de mama e/ou do colo uterino; • Hanseníase; • Tuberculose; • Doença de Chagas; • Parceiro sexual portador de infecção pelo HIV; Exame físico • Avaliação nutricional (peso, altura e cálculo do IMC); • Medida da pressão arterial; • Avaliação de mucosas; • Tireoides; • Palpação abdominal e percepção dinâmica; • Medida da altura uterina; • Auscultas dos BCF; • Registro dos movimentos fetais; • Realização do teste de estímulo sonoro simplificado; • Verificação da presença de edema; • Exame ginecológico; • Coleta de material para colpocitologia oncótica; • Exame clínico das mamas; • Toque vaginal se necessário; • Palpação abdominal e percepção dinâmica - Manobras de Leopold; Referencias: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. American Academy of Peditrics, American College of Obstetricians and Gynecologists. Guidelines for perinatal care. 6th ed. Elk Grove Village: AAP; 2007. GUIMARÃES, Thaíse Almeida et al. QUALIDADE DOS REGISTROS DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NA CADERNETA DA GESTANTE. Revista Baiana de Enfermagem, v. 34, 2020.
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