Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Objetivos OBJETIVO 1: Compreender a assistência prénatal (frequencia, exame clinico, profissionais envolvidos, exames laboratoriais OBJETIVO 2: Entender a dieta gestacional (macro) e suplementação (micro) CONSULTA PRÉ-NATAL Os objetivos de cada consulta pré-natal devem ser: • Definir a condição de saúde da mãe e do feto • Avaliar a idade gestacional (IG) comparando-a com o crescimento uterino (medida da sínfise púbica até fundo uterino) • Realizar um plano de cuidado obstétrico continuado Quem realiza a assistência pré-natal: O pré-natal de risco habitual pode ser feito pelos enfermeiros ou médicos da unidade básica de saúde, não necessariamente um médico obstetra. Os atendimentos dos enfermeiros podem ser intercalados com as consultas médicas. Já no caso do alto risco, precisamos de uma equipe múltipla No fim da gestação, deve-se explicar à paciente os sinais previstos de início do TP (ritmo, frequência e intensidade das contrações) e ressaltar a possibilidade de ruptura da bolsa de líquido amniótico, os sinais de alerta para indicar uma consulta em emergência obstétrica e os procedimentos que poderão ser realizados durante sua internação. Desde a primeira consulta, a gestante deve receber uma carteira de pré-natal, na qual devem ser anotados, de maneira clara e objetiva, todos os dados, e a paciente deve ser orientada a tê-la sempre consigo em caso de procurar atendimento médico. Na carteira de pré-natal, também deve constar o nome do hospital de referência para parto ou intercorrências e urgências. Avaliação da altura do útero de acordo com a idade gestacional: Frequência das Consultas: Segundo a OMS, devem ser realizadas pelo menos 6 consultas pré-natais Já a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomenda realizar consultas mensais até as 28 semanas, quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanais até o termo. Recomenda-se o início precoce das consultas A frequência das consultas deve diferir entre gestações de alto e baixo risco. No caso de gestantes sem fatores de risco detectados, o Ministério da Saúde (MS) recomenda pelo Assistência Pré-Natal e Dieta Gestacional menos seis consultas: uma no primeiro, duas no segundo e três no terceiro trimestres. O intervalo entre elas não deve ultrapassar 8 semanas. No fim do terceiro trimestre, as consultas necessitam ser mais frequentes, e a gestante deve ser orientada sobre sinais de trabalho de parto (TP) e a procurar atendimento se o parto não ocorrer 7 dias após a DPP (i.e., se a gestação atingir 41 semanas). EXAME CLÍNICO OU ANAMNESE: Deve conter o maior número de informações Geralmente os serviços de pré-natal possuem fichas padronizadas ara guiar o atendimento A idade da gestante é um importante fator para estratificação de risco Outros fatores como descendência racial são importantes para avaliar riscos somo anemia falciforme Importante saber o grau de segurança emocional da mulher em relação ao seu parceiro A escolaridade é importante, visto que é um fator de estratificação de risco Informações sobre naturalidade e descendência podem auxiliar no referente a infecções e infestações Deve-se questionar se a gestante já realizou algum tipo de assistência pré-natal e as intervenções já iniciadas História atual, queixas e duração: Perguntar a respeito da percepção da paciente acerca de seu estado de saúde atual, registrar queixas (geralmente associadas as mudanças fisiológicas da gravidez). Deve-se caracterizar todas as queixas como início, duração, intensidade e fatores predisponentes Antecedentes pessoais e hábitos de vida: Condições de nascimento e infância, doenças comuns na infância, vacinações, alergias, cirurgias, transfusão de sangue, tratamentos prévios a gestação e no decorrer da gravidez, doenças infectocontagiosas, desvios nutricionais, reações medicamentosas, uso de medicamentos e hábitos nocivos à saúde (alcoolismo, etilismo, drogas) O inicio tardio do pré-natal, dificuldades de adesão, medo excessivo da gravidez pode indicar transtorno psiquiátrico Antecedentes e violência: Importante saber reconhecer marcas de violência e realizar abordagem segura Antecedentes ginecológicos: Avaliar cirurgias previas de útero, insuficiência lútea, perdas gestacionais previas, insuficiência cervical, trabalho de parto pré-termo (prematuridade), pré-eclâmpsia, entre outras. Características do ciclo menstrual, uso de métodos contraceptivos e se houve planejamento da gravidez. Buscar saber se a gestante possui apenas um parceiro sexual (relacionado a ISTs) Antecedentes Obstétricos: Data da última menstruação (DUM), número de gestações e intervalos entre elas, evolução no pré-natal (aborto, diabetes, parto pré-termo, restrição de crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, pré-eclâmpsia/eclampsia, anomalias congênitas no RN, óbito fetal ou neonatal, via do parto (normal ou cesárea) DPP (data provável do parto) e IG (idade gestacional): Cálculo IG: A IG pode ser calculada pela regra de Nagele baseia-se na data da última menstruação (DUM), sendo realizada da seguinte maneira: somar o número de dias corridos desde a DUM até o dia no qual está sendo avaliada a IG e dividir por 7. No caso do cálculo da IG por meio da USG, aquela que com base nos estudos representa a melhor para este cálculo é a USG do 1o trimestre. Cálculo DPP: Para este cálculo, soma-se 7 ao dia da DUM e 9 ao número referente ao mês em que a DUM ocorreu. Caso a DUM ocorra entre os meses de janeiro e março, é possível apenas subtrair 3 do mês da DUM para encontrar o mês correspondente. Antecedentes Familiares: Hipertensão diabetes, doenças autoimunes, cardiopatas, pré- eclâmpsia/eclampsia, gemelaridade, doenças infectocontagiosas EXAME FÍSICO GINECO-OBSTÉTRICO: Exame das mamas: nota-se aumento das mamas, sinal de Hunter e rede venosa de haller Exame pélvico: A pelvimetria auxilia na compreensão do prognóstico de ter um parto normal, calculando os diâmetros da pelve da gestante. Toque vaginal: Esta etapa do exame é tão importante quanto as outras, devendo ser realizado apenas quando necessário e, lembrando de explicar para a gestante que tanto o toque como o exame especular (a seguir) não representam riscos à saúde fetal. O toque vaginal tem alguns objetivos dentro do exame da assistência pré-natal: importante para o diagnóstico de gestação, analisar a pelvimetria interna, analisar esvaecimento e dilatação do colo uterino. Exame físico obstétrico: mensuração da altura uterina, batimentos cardíacos fetais (BCF), alterações de pele (tinha nigrans), estrias, cicatrizes, tensão. Na palpação do abdômen, tentar palpar o fígado, baco e massas abdominais. Consideram- se normais variações dos batimentos cardíacos do feto (BCF) entre 110 e 160 bpm ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO: Deve-se estratificar o risco da gestante em toda consulta pré- natal É realizada com base nos dados da anamnese e exame clinico e também com auxilio dos exames complementares (laboratoriais) Deve-se entender que esse cuidado permite a adoção precoce de medidas de controle que permitem o seguimento pré-natal em uma unidade básica de saúde, ou aponta a necessidade de encaminhamentos para unidades de atendimento com maior potencial de resolutividade em cada momento da gravidez. Na realidade, a classificação dos riscos gestacional e obstétrico só se completa com o parto, pois a cada visita esse risco deve ser avaliado, e a gestante pode sair do grupo de baixo risco e ser classificada como de alto risco, demandando intervenções específicas, seja na unidade básica de saúde, seja em serviços de gestação de alto risco. Quando identificada de alto risco, a gestante é encaminhada para atendimento específico Fonte: protocolo 7ª regional da saúde do Paraná AVALIAÇÃO LABORATORIAL NA GESTAÇÃO: Hemograma: Deve sersolicitado na primeira consulta com objetivo de avaliar niveis de hemoglobina e hematócrito Durante a gestação há aumento do volume plasmatico, assim como aumento de producao das hemacias Valores de Hb (hemoglobina) abaixo de 11g/dl em qualquer periodo gestacional evidenciam anemia. Tipagem sanguinea e Coombs Indireto: A tipagem sanguinea e o fator Rh devem ser solicitados na primeira consulta Se a gestante for Rh negativa, deve-se solicitar cooombs indireto a fim de identificar sensibilização prévia, se ele for negativo, a partir da 24ª semana deve-se repeti-lo mensalmente Se for positivo considera-se a gestante aloimunizada e seguir conduta específica. Glicemia em jejum e teste oral à glicose: A glicemia em jejum deve ser solicitada na 1ª consulta O rastreamento deve ser repetido entre 24ª e 28ª semanas de gestacao com teste oral de tolerancia a glicose (TOTG) que é a medida de glicemia no jejum e 1 e 2 horas após ingestao de 75g de glicose VO. Para esse teste, recomenda-se restrição de carboidratos nos 3 dias que antecedem o teste. • Valores normais até 95mg/dl • Valores entre 92-125mg/dl: considera-se diabetes mellitus gestacional (DMG) • Valores acima de 126mg/dl: considera-se a gestante como portadora de DM overt ou diabetes mellitus diagnosticado na gestação Urocultura: Deve ser solicitada na primeira consuta pré natal com objetivo de identificar e erradicar bacteriúria assintomática e prevenir a ocorrencia de pielonefrite na gestação. Se houver cistite ou pielonefrite, após o tratamento, deve-se repetir mensalmente a urocultura nos casos em que a gestante não estiver fazendo uso de profilaxia. Sorologia pra sífilis, HIV, toxoplasmose e Hepatite B: Todos devem ser realizados na primeira consulta Sorologia de HIV: Gestantes HIV positivo não podem amamentar e a cesárea torna- se obrigatória por razão da diminuição do risco de transmissão vertical do HIV. Realiza-se aplicação de zidovudina (AZT) venoso três horas antes da cesariana – é um medicamento antiviral Sorologia Hepatite B: Com o objetivo de reduzir a transmissao vertical, recomenda-se a triagem no pré-natal. Deve ser realizado na primeira consulta, independente da idade gestacional Pode ser feita por meio de teste rapido ou sorologia pelo antigeno de superficie dovírus (HBsAg) Se negativo, recomenda-se a imunização em qualquer trimeste Se reagente, não há necessidade de repetir o teste já que a gestante está imunizada A gestante portadora de infecção cronica por hepatite B traz mais riscos ao RN, visto que sem a imunoprofilaxia adequada no momento do parto, 90% das criancas podem adquirir o virus via vertical (forma aguda) podendo progredir para infecção cronica com complicações da doenca hepática na vida adulta Gestantes portadoras de exame HBsAg reagente deverão ser orientadas e referenciadas já durante o pré-natal a unidades obstétricas que assegurem a administração de vacina hepatite B e da imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) ao RN Sorologia para toxoplasmose: O rastreamento costuma ser feito em locais de alta prevalencia apenas Pesquisa por meio de anticorpos IgM e IgG Sorologia para sífilis: Deve ser realizada na primeira consulta Utiliza-se o teste rapido principalmente; ele pode evidenciar positividade mesmo se a gestante já foi tratada anteriormente. O tratamento pode ser feito atraves da administração de penicilina A partir de 2015 O Ministério da Saúde incluiu o rastreio de gestantes com a realização de teste rápido, que apresenta excelente sensibilidade e especificidade. O tratamento deve ser realizado o mais precoce possível, já que, pelas altas taxas de TV, se for realizado após a 14ª semana se considera tratamento de feto potencialmente infectado intra-útero Sorologia Hepatite C: Anda não é recomendado o pré-natal devido ao baixo indice de detectação em gestantes. Sorologia Rubéola e citomegalovírus: Não há recomendação do MS para realização de rastreio dessas infecções Exame bacterioscópico de secreção vaginal e citopatológico cervical: Recomendado para todas as gestantes na primeira consulta, u exame a fresco da secreção vaginal com objetivo de identificar vulvovaginites e alterações da flora intestinal Resumão: EXAMES SOLICITADOS NA PRIMEIRA CONSULTA: • Hemoglobina • Glicose em Jejum (24ª a 28ª semana deve repetir com TOTG) • Sorologia HIV • Sorologia Hepatite B • Sorologia Sífilis • Tipagem Sanguínea e Fator Rh • Coombs Indireto (apenas em gestante Rh negativo) • Urocultura • Bacteriscopia de secreção vaginal e citopatologico cervical VACINAÇÃO: Gripe A e sazonal: segura em qualquer IG, gestantes tem preferencias nos programas de vacinação Hepatite B: esquema de 3 doses (0-1-6 meses), iniciando a partir do 1º trimestre e podendo se estender até o parto Vacina contra difteria e tétano (dT): o esquema do adulto é de 3 doses, com referco a cada 5 anos. Se a mulher nunca se vacinou, deve tomar 2 doses da dupla adulto cm intervalo de 30 dias e complementar com dTpa. Caso tenha tomado 1 dose antes da gestacao, deverá reforcar com mais uma dT após 20ª semana. Se dT aplicada nos ultimos 5 anos, não há necessidade Vacina contra difteria, tétano e coqueluche (dTpa): sempre recomendada, independetne do tempo de intervalo da ultima dose de dT, pois essa vacina protege o RN de coqueluche . Mulheres com 2 doses de dT, recomenda-se uma dTpa. Mulheres podem tomar uma dose de dTpa por gestação, independente de terem tomado anteriormente recoenda-se a dTpa entre 27 e 36 semanas de gestação RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GRAVIDEZ: Macronutrientes: Calorias: aumento de 340kcal/dia no 2º TRI e 452kcal/dia no 3º TRI Proteinas: Ingesta de 1,1g/kg/dia as gestantes, uma vez que a unidade feto-placentaria consogme 1kg de proteinas durante a gestacao Carboidratos: ingesta deve aumentar de 130g/dia para 175g/dia em funcao das necessidades fetais e da passagem de glicose do comparitmento materno para o fetal por difusao facilitada Lipidios: A ingesta de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa tem mostrado efeitos benéficos no desenvolvimento neurológico e ocular dos recém-nascidos, devendo ser usada no último trimestre da gravidez, sob a forma de alimentação baseada em peixes oleaginosos, com baixa contaminação mercurial ou mesmo comprimidos, contendo DHA (ômega 3). Dois são os principais ácidos graxos: o DHA (ômega 3) e o EPA (ômega 6). Os estudos mostram que o DHA, principal ácido graxo, deve ser consumido na dose de 200 mg/dia, nos últimos meses de gravidez, o que equivale a duas porções semanais de peixes como salmão, atum, albacora ou camarão. Micronutrientes: Não abordaremos aqui todos os micronutrientes, apenas os mais importantes e discutidos no momento. Ferro: é recomendado 30mg/dia na gravidez pois reduz 70% das chances de anemia materna na gestação e a termo Acido fólico: essencial até a 12ª semana de gestação pois auxilia no fechamento do tubo neural. Na população de baixo risco recomenda-se a dose diária de 0,4 a 0,8 mg de ácido fólico. Nas populações de alto risco para DTN, a dose é de 5 mg/dia. Seu uso deve ser iniciado um mês antes da gravidez e continuado até a 12a semana gestacional Cálcio: o esqueleto fetal necessita de 30g de cálcio durante a gravidez para sua formação. Durante a gravidez há aumento da absorção do cálcio, contribuindo para seu acúmulo. Logo, não há indicação de suplementação universal para gestantes. Vitamina A: importante para o desenvolvimento embrionario, sua ausência/ deficiência está relacionada a abortamento, microcefalia, distúrbios oculares e da visão fetal. A dose diária recomendada é de 2700 ui. Seu suplemento diário, em doses menores que FEBRASGO - Manual de Assistência Pré-natal 96 10.000 ui, está relacionado à redução na anemia maternae à cegueira noturna. Doses diárias maiores que 10.000 ui podem ser teratogênicas, e o médico/nutricionista deve ter cuidado com polivitamínicos não balanceados para a gravidez. Vitamina D: A necessidade diária de vitamina D é de 400 a 800 ui. O uso de vitamina D na gravidez é alvo de intensa investigação no momento; no entanto, ainda não ficou comprovada sua necessidade de uso universal e os trabalhos não mostraram redução na taxa de pré-eclâmpsia, morte fetal intraútero ou morte neonatal. Polivitamínicos: o CDC e o Instituto de Medicina Americano recomendam o uso de polivitamínicos para mulheres que não têm uma dieta adequada. São consideradas de risco para tal situação pacientes com gestação gemelar, usuárias de drogas, tabagistas, vegetarianas estritas e aquelas com deficiência de lactase. Para as pacientes com nutrição adequada, não existem evidências da necessidade universal do uso de tais medicações Outras substancias: Cafeína: a ingesta excessiva aumenta taxa de abortamento, parto prematuro e crescimento fetal restrito. Quantias <5mg/kg/dia não está relacionada a efeitos adversos. Adoçante: ingesta diária aceitável: aspartame – 50 mg/kg/dia; sacarina e sucralose – 5 mg/kg/dia; acessulfame – 15 mg/kg/ dia; e steviosideo – 4 mg/kg/dia Referências: Manual de assistência pré-natal / Sérgio Peixoto. -- 2a. ed. -- São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2014 MARTINS-COSTA, Sérgio. Rotinas em Obstetrícia. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, [inserir ano de publicação]. E-book. ISBN 9788582714102. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97 88582714102/. Acesso em: 06 out. 2022.
Compartilhar