Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS E CONDIÇÕES PERIODONTAIS SAÚDE PERIODONTAL, DOENÇAS E CONDIÇÕES GENGIVAIS 1. SAÚDE PERIODONTAL A saúde periodontal deve ser definida como: “Um estado livre de doença periodontal inflamatória”. Aspecto róseo; Sem edemas; Desinflamado; Bem preso no dente e osso subjacente; Sangramento mínimo à sondagem. Ausência de inflamação associada a gengivite ou periodontite, conforme avaliado clinicamente. → isso porque também pode avaliar radiograficamente e histologicamente (ele pode ter um processo inflamatório acontecendo, porém em nível celular, clinicamente não podemos ver). a. SAÚDE CLÍNICA EM UM PERIODONTO ÍNTEGRO: Sem perda de inserção; Profundidade de sondagem de até 3mm; Sangramento à sondagem em menos de 10% dos sítios; Sem perda óssea radiográfica. Esse paciente nunca teve doença periodontal prévia b. SAÚDE CLÍNICA GENGIVAL EM UM PERIODONTO REDUZIDO: Caso de um paciente que teve periodontite e foi previamente tratado Paciente com periodontite estável Perda de inserção, profundidade de sondagem de até 4mm; Sem sítios com profundidade de sondagem igual ou superior a 4mm com sangramento à sondagem; Sangramento à sondagem em menos de 10% dos sítios; Com perda óssea radiográfica. Por mais que ele tenha sido tratado, ele possui recessão gengival, black space (espaço que deveria ser ocupado pela papila). Ele já consegue controlar o biofilme, está na fase da terapia cirúrgica. Paciente sem periodontite Perda de inserção; Profundidade de sondagem de até 3mm; Sangramento à sondagem em menos de 10% dos sítios; Possível perda óssea radiográfica (por exemplo, em casos de recessão gengival e aumento de coroa clínica). Perda de inserção não relacionada com inflamação periodontal Um paciente com periodontite que tenha sido tratado com sucesso continuará a apresentar as consequências irreversíveis da perda de inserção e o risco eminente de recorrência da doença periodontal. Dessa forma, uma vez que o paciente tenha sido diagnosticado com periodontite, ele permanecerá um paciente com periodontite para o resto da vida. Seu status poderá ser categorizado como um estado de: Primeiras consultas: diagnóstico, prognóstico; plano de tratamento Tratamento periodontal básico: raspagem e alisamento radicular (se for preciso antibiótico, enxaguante) Terapia de manutenção: acompanhamento; terapia cirúrgica. 2. GENGIVITE INDUZIDA PELO BIOFILME a. ASSOCIADA SOMENTE AO BIOFILME DENTAL: Gengivite em periodonto íntegro: Sítios com profundidade de sondagem menor ou igual a 3mm; 10% ou mais de sítios com sangramento à sondagem; Ausência de perda de inserção e de perda óssea radiográfica. Sinais de gengivite: vermelhidão, edema (papila oval), sangramento a sondagem, textura lisa. Gengivite em periodonto reduzido: (recessão gengival, aumento de coroa clínica) Sítios com profundidade de sondagem de até 3mm; 10% ou mais dos sítios com sangramento à sondagem; Perda de inserção; Possível perda óssea radiográfica. Gengivite em periodonto reduzido tratado periodontalmente: História de tratamento de periodontite; Perda de inserção; Sítios com bolsa periodontal de até 3mm; 10% ou mais dos sítios com sangramento à sondagem; Perda óssea radiográfica. b. MEDIADA POR FATORES DE RISCO SISTÊMICOS OU LOCAIS: Fatores de risco sistêmicos (fatores modificadores): Tabagismo (vasoconstrição periférica, então as células de defesa não chegam ao local) esse paciente não sangra então aparenta que está tudo bem, ele só procura o dentista quando está bem avançado. Hiperglicemia Fatores nutricionais Agentes farmacológicos (prescritos, não prescritos e recreacionais) Hormônios esteroides sexuais (puberdade, ciclo menstrual, gravidez e contraceptivos orais) Condições hematológicas Fatores de risco locais (fatores predisponentes): Fatores de retenção de biofilme dental (ex. margens de restaurações proeminentes) Secura bucal c. ASSOCIADA A MEDICAMENTOS PARA AUMENTO DE TECIDO GENGIVAL: O crescimento gengival induzido por drogas (CGID) Efeito adverso associado ao uso crônico de três medicamentos principais: Fenitoína, um anticonvulsivante; Ciclosporina, uma droga imunossupressora; Bloqueadores dos canais de cálcio (nifedipina – Adalat) A etiofisiopatogenia ainda não está totalmente esclarecida, mas provavelmente, ela é multifatorial. Hipóteses sugerem que ocorra: 1- Estimulação de proliferação celular de fibroblastos; 2- Alteração no metabolismo de degradação e produção de colégeno; 3- Acúmulo de cálcio intracelular. Variação na resposta tecidual individual Não é sempre que os indivíduos que fazem o uso destas drogas desenvolvem este quadro Fatores parecem importantes em seu desenvolvimento 1- A higiene bucal insatisfatória; 2- Predisposição genética; 3- Metabolização das drogas; 4- Fatores hormonais e tempo de uso da droga. De acordo com a % dos sítios com sangramento à sondagem: Extensão: Localizada: ≥ 10% e ≤ 30% Generalizada: > 30% Severidade: Leve: < 10% dos sítios Moderada: 10%-30% dos sítios Severa: > 30% dos sítios Observar que os sítios com sinais clínicos de inflamação devem ser definidos como “com inflamação gengival” em vez de “com gengivite”, pois o termo se refere ao diagnóstico do paciente e não do sítio/dente. 3. DOENÇAS GENGIVAIS NÃO INDUZIDAS PELO BIOFILME a. DESORDENS GENÉTICAS E DE DESENVOLVIMENTO: Fibromatose gengival hereditária b. INFECÇÕES ESPECÍFICAS (ORIGEM BACTERIANA, VIRAL E FÚNGICA): De origem bacteriana Neisseria gonorrhoeae Treponema pallidum Mycobacterium tuberculosis Gengivite estreptocócica De origem viral Vírus Coxsackie (doença mão-pé-boca) Herpes simples I e II (primário ou recorrente) Varicela zoster (catapora e sarampo – nervo V) Molluscum contagiosum Papilomavírus Humano (papiloma escamoso celular, condiloma acuminatum, verruga vulgar e hiperplasia epitelial vulgar) De origem fúngica Candidose Outras micoses (histoplasmose e aspergilose) c. CONDIÇÕES INFLAMATÓRIAS E IMUNES: Reações de hipersensibilidade Alergia de contato Gengivite plasmocitária Eritema multiforme Doenças autoimunes da pele e das membranas Pênfigo vulgar Penfigoide Líquen plano Lúpus eritematoso (sistêmico e discoide) Lesões inflamatórias granulomatosas (granulomatoses orofaciais) Doença de Crohn Sarcoidose d. PROCESSOS REACIONAIS: Epúlides Epúlide fibrosa Granuloma fibroblástico calcificante Epúlide vascular (granuloma piogênico) Granuloma periférico de células gigantes e. NEOPLASIAS: Pré-malignas Leucoplasias Eritroplasias Malignas Carcinoma escamoso celular Infiltrado celular leucêmico Linfoma (Hodgkin e não Hodgkin) f. DOENÇAS ENDÓCRINAS, NUTRICIONAIS E METABÓLICAS: Deficiência de vitaminas Deficiência de vitamina C (escorbuto) g. LESÕES TRAUMÁTICAS: Trauma mecânico/físico Ceratose friccional Ulceração gengival induzida mecanicamente Lesões factícias (automutilação) Queimaduras químicas (tóxicas) Danos térmicos Queimaduras na gengiva h. PIGMENTAÇÃO GENGIVAL: Melanoplasia Melanose do tabagista Pigmentação induzida por medicamentos (antimaláricos e minociclina) Tatuagem de amálgama PERIODONTITE Três diferentes formas de periodontite foram identificadas com base na patofisiologia dessas condições. Para diferenciá-las adequadamente, deve-se observar: O histórico do paciente, Presença de sinais e sintomas de periodontite necrosante e Presença ou ausência de alguma doença sistêmica que possa influenciar a resposta do hospedeiro. 1. DOENÇAS PERIODONTAIS NECROSANTES Processo inflamatório do periodonto caracterizado por: 1. Necrose/ulceraçãopapilar (ausência da ponta da papila interdental) 2. Sangramento gengival 3. Halitose (odor fétido) 4. Dor Outros sinais/sintomas associados: Pseudomembranas Linfadenopatia regional Febre Sialorreia (em crianças) Estão associadas a deficiência da resposta imune do hospedeiro. Gengivite Necrosante (GN): Necrose e úlcera na papila interdentária; Sangramento gengival; Dor; Formação de pseudomembrana; Halitose; Periodontite Necrosante (PN): Mesmos sinais e sintomas da GN; Destruição do ligamento periodontal e osso Tratamento: Se conseguir remover com gase com clorexidina o cálculo mais superficial ou passar uma cureta, ultrassom. Se não conseguir com causa da dor, passa um medicamento para a dor, um bochecho de peróxido de hidrogênio (em torno de 3 a 7 dias) e depois cuidar dos fatores locais e na causa. 2. PERIODONTITE É uma doença inflamatória multifatorial crônica associada a biofilmes de placa disbiótica e caracterizada pela destruição progressiva do aparelho de suporte dentário. Importante problema de saúde pública (alta prevalência); Pode levar à perda e incapacidade dentária; Afeta negativamente a função mastigatória e a estética; Fonte de desigualdade social; Prejudica a qualidade de vida. É responsável por uma proporção substancial de edentulismo e disfunção mastigatória, resulta em custos significativos com cuidados dentários e tem um impacto negativo na saúde geral. Clinicamente caracterizada por: 1. Perda de inserção detectada em dois ou mais sítios interproximais não adjacentes; ou 2. Perda de inserção de 3mm ou mais na vestibular ou lingual/palatina em pelo menos 2 dentes. Sem que seja por causa de: Recessão gengival de origem traumática; cárie dental estendendo até a cervical; perda de inserção na face distal de 2º molar associado a mau posicionamento ou extração de 3º molar..... a perda de inserção tem que ser por doença periodontal. A periodontite é classificada de acordo com o seu ESTÁDIO e GRAU (extensão e distribuição tbm): a) ESTÁDIO (classifica a doença consoante a sua severidade e complexidade): Estádio Características determinantes Características secundárias Fatores modificadores I Periodontite inicial 1-2mm de perda inserção interproximal (no pior ponto) ou perda óssea do terço coronal <15% PS ≤ 4mm, sem dentes perdidos por periodontite; perda óssea com padrão horizontal II Periodontite moderada 3-4mm de perda de inserção interproximal (no pior ponto) ou perda óssea no terço coronal 15-33% PS≤ 5mm, sem perdas dentárias por periodontite; perda óssea com padrão horizontal III Periodontite grave com potenciais perdas dentárias ≥5mm de perda de inserção interproximal (no pior ponto) ou perda óssea até metade/terço apical da raiz PS≥ 6mm, com perdas dentárias devidas à DP (até 4 dentes perdidos); pode haver RBL de padrão vertical (até 3mm), lesões de furca (graus II e III) e defeito de rebordo moderado IV Periodontite grave com potencial perda de dentição ≥5mm de perda de inserção interproximal (no pior ponto) ou RBL até metade/ terço apical da raiz ≥5 dentes perdidos por DP; em adição aos fatores de complexidade do estadio III, pode haver ainda disfunção mastigatória, trauma oclusal secundário, defeito de rebordo grave. b) EXTENSÃO E DISTRIBUIÇÃO: Localizada: ≤30% dos dentes estão afetados; Generalizada: >30% dos dentes encontram-se afetados, e padrão incisivo molar. c) GRAU (representa o risco de progressão da doença): Grau Característica determinante Características secundárias Fatores de risco modificadores A – progressão lenta Evidência direta de ausência de progressão de perda de inserção por 5 anos ou perda óssea/ano ≤0,25mm Pacientes com grandes depósitos de biofilme, mas com pouca destruição periodontal. Sem fatores de risco (tais como tabagismo e diabetes mellitus) B – progressão moderada Evidência direta de progressão <2mm em 5 anos ou perda óssea/ano entre 0,25-1mm Destruição compatível com os depósitos de biofilme existentes Tabagismo (<10 cigarros/dia); HbA1c <7% em pacientes com DM C – progressão rápida Evidência direta de progressão ≥2mm em 5 anos ou perda óssea/ano >1mm Destruição óssea ↑ ao expectável p/ quantidade de biofilme presente; suspeita de progressão rápida e/ou estabelecimento precoce da doença. Tabagismo (>10 cigarros/dia) ou HbA1c >7% em pacientes com DM Ex: periodontite estádio I, localizada, grau A; periodontite estádio IV, generalizada, grau B. 3. PERIODONTITE COMO MANISFESTAÇÃO DE DOENÇAS SISTÊMICAS Desordens sistêmicas que apresentam um grande impacto na perda dos tecidos periodontais por influenciar a inflamação gengival. → é como se junto com a condição dele (doença) ele tivesse uma periodontite. Desordens genéticas: (a) Doenças associadas a desordens imunológicas: Síndrome de down, neutropenia severa, síndrome de Papillon- lefefre, síndrome de Cohen... (b) Doenças que afetam a mucosa oral e o tecido gengival: Epidermólise bolhosa (distrófica e síndrome de Kindler) deficiência de plasminogênio. (c) Doenças que afetam o tecido conjuntivo: Síndrome de Ehlers-Danlos (tipos IV e VIII), angioedema e lúpus eritematoso sistêmico. (d) Desordens metabólicas e endócrinas: Doença do armazenamento do glicogênio, doença de Gaucher, hipofosfatasia, raquitismo hipofosfatêmico, síndrome de Hadju-Cheney. Doenças de imunodeficiência adquirida: Neutropenia adquirida pela infecção por HIV Doenças inflamatórias: Epidermólise bolhosa adquirida e doença inflamatória do intestino. Outras desordens sistêmicas que influenciam a patogênese das doenças periodontais (influenciam no curso da doença também): Diabetes mellitus; Obesidade; Osteoporose; Artrite (reumatoide e osteoartrite); Estresse emocional; Depressão; Tabagismo (dependência de nicotina) e Uso de medicações. OUTRAS CONDIÇÕES QUE AFETAM O PERIODONTO 1. DOENÇAS SISTÊMICAS OU CONDIÇÕES QUE AFETAM OS TECIDOS PERIODONTAIS DE SUPORTE Neoplasias: -Doenças neoplásicas primárias dos tecidos periodontais (carcinoma oral de células escamosas, tumores odontológicos e outras neoplasias primárias dos tecidos periodontais). -Neoplasias secundárias metastáticas dos tecidos periodontais. Outras desordens que podem afetar os tecidos periodontais: -Granulomatose com poliangite; Histiocitose de células de Langerhans; Granulomas de células gigantes; Hiperparatireoidismo; Esclerose sistêmica (escleroderma); Doença do desaparecimento ósseo (síndrome de Gorhan-Stout). 2. ABSCESSOS PERIODONTAIS E LESÕES ENDOPERIODONTAIS Os sinais primários: Bolsas periodontais profundas que se estendem até o ápice radicular e/ou Resposta negativa/ alterada aos testes de vitalidade pulpar ABSCESSOS PERIODONTAIS: Acúmulo de pus localizado dentro da parede gengival da bolsa/sulco periodontal, resultando em uma ruptura significativa do tecido. Os principais sinais e sintomas: Elevação ovóide na gengiva ao longo da parte lateral da raiz Sangramento à sondagem. Outros sinais/sintomas que também podem ser observadas incluem dor, supuração à sondagem, bolsa periodontal profunda e aumento da mobilidade dentária. - já tinha uma bolsa e alguma coisa obstriuiu a saída, então forma uma tumefação e comprime as terminações nervosas. LESÕES ENDODÔNTICAS-PERIODONTAIS: Comunicação patológica entre o tecido pulpar e periodontal que pode ser desencadeada com uma lesão cariosa ou traumática que afeta a polpa e, secundariamente, afeta o periodonto; por destruição periodontal que afeta secundariamente o canal radicular; ou pela presença concomitante de ambas as patologias. Trata com endo e com raspagem. 3. CONDIÇÕES E DEFORMIDADES MUCOGENGIVAIS Condição mucogengival napresença de retrações gengivais: Classificação das retrações gengivais (extensão vertical da retração) 4. FORÇAS OCLUSAIS TRAUMÁTICAS Trauma oclusal primário: Trauma oclusal secundário: O contato prematuro pode afetar o periodonto e o paciente começa a sentir dor. Forças ortodônticas: Essa força pode ser traumática para o periodonto 5. FATORES RELACIONADOS AO DENTE E ÀS PRÓTESES Fatores relacionados ao dente que podem modificar ou predispor a doenças gengivais induzidas pelo biofilme/periodontite: Fatores anatômicos do dente; Fraturas radiculares; Reabsorção cervical e dilaceração cementária; Proximidade radicular e Erupção passiva alterada. Margens de restaurações posicionadas no espaço dos tecidos aderidos supraósseos. Procedimentos clínicos relacionados à confecção de restaurações indiretas. Reações de hipersensibilidade/toxicidade aos materiais odontológicos.
Compartilhar