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0 1 Disciplina: Fundamentos da Educação Especial Autores: Esp. Paola Zanini Kern Alves Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa / D.ra Maria Teresa Costa Revisão Ortográfica: Ana Carolina Oliveira Freitag Ano: 2018 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Paola Zanini Kern Alves Fundamentos da Educação Especial 1ª Edição 2018 Curitiba, PR Faculdade UNINA 3 FICHA CATALOGRÁFICA ALVES, Paola Zanini Kern. Fundamentos da Educação Especial / Paola Zanini Kern Alves. – Curitiba, 2018. 63 p. Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa / Maria Teresa Costa. Revisão Ortográfica: Ana Carolina Oliveira Freitag. Material didático da disciplina de Fundamentos da Educação Especial – Faculdade São Braz (FSB), 2018. ISBN: 978-85-5475-162-3 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade UNINA 5 Apresentação da disciplina Na última década, educadores do mundo todo têm se deparado com uma nova questão desafiadora no processo educacional: a inclusão de educandos com deficiências, Transtornos Globais do Desenvolvimento, Transtornos Funcionais Específicos e Altas Habilidades ou Superdotação no ensino comum. Sobre esse processo educacional dos alunos de inclusão é fundamental o professor contemplar em sua formação, conteúdos teóricos e metodológicos acerca desses assuntos. Por isso, esta disciplina se organizará em quatro aulas, sendo que na primeira aula será estudada a Educação Especial, como essa vem sofrendo inúmeras transformações, que ora indicam progresso, ora indicam retrocesso. Assim, será revisto todo o caminho que a Educação Especial teve até chegar aos dias de hoje. Na segunda aula será vista a Educação Especial sob a ótica da inclusão, rompendo os paradigmas que sustentam o conservadorismo das escolas, trazendo discussões e desafios para os sistemas educacionais, questionando a fixação de modelos ideais e a normalização de perfis específicos de educandos, produzindo assim, mesmo com a legislação respaldando, identidades e diferenças, inserção e/ou exclusão. Na terceira aula serão discutidos os fundamentos e a legislação nacional e internacional da Educação Especial Inclusiva, promovendo uma análise dos principais textos legais que contribuíram para as transformações sociais e educacionais. Para que essas legislações tenham efeito, é necessário que a sociedade mude estruturalmente e passe a representar essas diferenças, contribuindo nas condições mais dignas dessa população. Na quarta e última aula será vista a inclusão ligada e idealizada nas políticas curriculares das escolas, a apropriação dos conteúdos dos educandos com dificuldades em retê-los, seja na perspectiva das adaptações/flexibilizações, seja no respeito às diferenças dentro do contexto escolar, pois cada educando é único, tem seu próprio ritmo de aprendizagem e depende de diversos fatos dentro do contexto escolar, para que se desenvolva dentro de sua singularidade. 6 O maior desafio do docente atualmente é estar à frente na busca de conhecimentos, diariamente, para fazer o diferencial e conquistar uma boa posição profissional. 7 Aula 1 - Evolução da Educação Especial no Brasil: componentes históricos, filosóficos e sociais Apresentação da aula 1 Nesta aula será estudada a Educação Especial e como esta vem sofrendo inúmeras transformações que ora indicam progresso, ora indicam retrocesso, revendo todo o caminho que a Educação Especial teve até chegar aos dias atuais. 1.1 A história da Educação Especial Muitas conquistas foram alcançadas, mas foram vários os momentos de preconceitos, discriminação e injúrias que ajudaram a construir a história da Educação Especial brasileira. A Educação Especial no Brasil foi, por muito tempo, definida como assistencialista, ou seja, aquela que dava assistência aos educandos com deficiência sem a finalidade educativa, apenas terapêutica. A defesa do direito de cidadania e do direito à educação das pessoas com deficiência é atitude muito recente da sociedade brasileira (MAZZOTTA, 2003). Inicia-se aqui essa viagem histórica pela concepção da Educação Especial no Brasil a partir do século XIX, quando começaram a surgir os grupos assistenciais para pessoas com deficiências como a cegueira e a surdez, mas somente no século XX o tratamento clínico teve início para esse público. Mantoan (1998) divide a história em três momentos: Fonte: Elaborado pelo autor e adaptado pelo DI (2018). 1824 - 1956 • Ações de iniciativa privada. 1957 - 1993 • Ações de âmbito nacional. 1993 - atualidade • Ações em favor da inclusão. 8 ANO ACONTECIMENTOS 1854 Surge o 1º Imperial Instituto dos meninos Cegos. 1874 1º Hospital para DI – Hospital Juliano Moreira – BA. 1903 1ª Escola Especial para crianças anormais. 1930 Helena Antipoff – Criação de serviços de diagnósticos e da Classe Especial – Instituto Pestalozzi. 1954 Criação das APAEs. 1973 Criação do Centro Nacional da Educação Especial – CENESP. 1986 Criação da CORDE (Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência). 1988 Assegurado, pela Constituição Brasileira, o direito de todos à educação e ao atendimento educacional especializado para aqueles que precisarem. 1990 Aprovado o ECA (1990); Declaração de Jomtien (1990). 1994 Declaração de Salamanca. 1996 LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) - a matrícula da pessoa com deficiência deve ser feita preferencialmente na rede regular de ensino. 1998 MEC faz adaptações nos PCNs. 2001 Publicações das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. 2006 Plano Nacional da Educação em Direitos Humanos. Fonte: Elaborado pela autora e adaptado pelo DI (2018). Alguns brasileiros, inspirados em modelos europeus, iniciaram no século XX uma organização de atendimentos a serviço dos cegos, surdos, deficientes físicos e mentais. Essas organizações eram iniciativas oficiais e particulares que, isoladas, retratavam a importância do atendimento aos portadores de 9 necessidade especiais. A inclusão de fato só veio a acontecer no final dos anos 50 do século XX. No que tange aos aspectos legais da legislação,volta-se a época do Brasil-Império, em 1924, data em que foi determinada pela Constituição Imperial Política o direito à educação para todos os brasileiros. CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRAZIL 25 DE MARÇO DE 1824 Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos CONSTITUIÇÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL (DE 25 DE MARÇO DE 1824) Constituição Política do Império do Brasil, elaborada por um Conselho de Estado e outorgada pelo Imperador D. Pedro I, em 25.03.1824. Carta de Lei de 25 de Março de 1824 (Vide Lei nº 234 de 1841) Manda observar a Constituição Politica do Imperio, offerecida e jurada por Sua Magestade o Imperador. DOM PEDRO PRIMEIRO, POR GRAÇA DE DEOS, e Unanime Acclamação dos Povos, Imperador Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brazil : Fazemos saber a todos os Nossos Subditos, que tendo-Nos requeridos o Povos deste Imperio, juntos em Camaras, que Nós quanto antes jurassemos e fizessemos jurar o Projecto de Constituição, que haviamos offerecido ás suas observações para serem depois presentes á nova Assembléa Constituinte mostrando o grande desejo, que tinham, de que elle se observasse já como Constituição do Imperio, por lhes merecer a mais plena approvação, e delle esperarem a sua individual, e geral felicidade Politica : Nós Jurámos o sobredito Projecto para o observarmos e fazermos observar, como Constituição, que dora em diante fica sendo deste Imperio a qual é do theor seguinte: CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL. EM NOME DA SANTISSIMA TRINDADE TITULO 8º Das Disposições Geraes, e Garantias dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros. [...] Art. 8 Suspende-so o exercicio dos Direitos Politicos I- Por incapacidade physica, ou moral. [...] 10 Art. 179 A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte. [...] XXXII- A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cidadãos; [...] IMPERADOR Com Guarda. João Severiano Maciel da Costa. Carta de Lei, pela qual VOSSA MAGESTADE IMPERIAL Manda cumprir, e guardar inteiramente a Constituição Politica do Imperio do Brazil, que VOSSA MAGESTADE IMPERIAL Jurou, annuindo às Representações dos Povos. Para Vossa Magestade Imperial ver. Luiz Joaquim dos Santos Marrocos a fez. Registrada na Secretaria de Estado dos Negocios do Imperio do Brazil a fls. 17 do Liv. 4º de Leis, Alvarás e Cartas Imperiaes. Rio de Janeiro em 22 de Abril de 1824. Josè Antonio de Alvarenga Pimentel. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm O primeiro marco da Educação Especial foi ainda no período colonial, em 1854, onde Dom Pedro II criou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, que em 1891 passou a chamar-se Instituto Benjamin Constant – IBC. Em 1857 foi criado o Instituto dos Surdos Mudos, hoje chamado de INES. Ambas as instituições ofereciam educação de primeira aos cegos e surdos no Rio de Janeiro. O atendimento nessas instituições era apenas para deficientes auditivos e visuais. No começo do século XX, em 1926, funda-se o Instituto Pestalozzi, especializado no atendimento às pessoas portadoras de Deficiência Mental. No ano de 1954 é fundada Associação de Amigos dos Excepcionais (APAE). Em 1945 Helena Antipoff cria o atendimento especializado às pessoas com Superdotação, na Sociedade Pestalozzi. Nas ações de âmbito nacional, a partir de 1950 acontece uma rápida expansão das classes e escolas especiais sem fins lucrativos. Especificamente em 1957 acontece o atendimento educacional aos educandos com deficiência, então assumidos pelo governo federal, em âmbito nacional, com início da criação de campanhas voltadas primeiramente a 11 educação do surdo brasileiro, com o Decreto Federal nº 42.728 de dezembro de 1957. Decreto nº 42.728, de 3 de Dezembro de 1957 Institui a Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição, DECRETA: Art. 1º Fica instituída, no Instituto Nacional de Educação de Surdos, do Ministério da Educação e Cultura, a Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro (C.E.S.B.). Art. 2º Caberá à Campanha promover, por todos os meios a seu alcance, as medidas necessárias à educação e assistência no mais amplo sentido, aos deficientes da audição e da fala, em todo o Território Nacional, tendo por finalidades precípuas: a) organizar, financiar e executar planos de proteção e ajuda aos deficientes da audição e da fala; b) promover iniciativas assistênciais, artísticas, técnicas e científicas atinentes à educação e reeducação dos deficientes da audição e da fala, tendo sempre como objetivo o seu soerguimento moral, cívico e social; Art. 3º para a consecução dos objetivos previsto no artigo anterior, a Companha deverá: a) auxiliar a organização de congressos, confências e seminários, festivais e exposições referentes aos deficientes da audição e da fala; b) auxiliar a construção, reconstrução e conservação de estabelecimentos de ensino; c) financiar bôlsas de estudos, inclusive transporte de bolsistas, no país e no estrangeiro para fins de aperfeiçoar e formar pessoas especializado na pedagogia emendativa; d) manter um serviço de intercâmbio com instituições nacionais e estrangeiras ligadas ao problema dos deficientes da audição e da fala; e) cooperar com os órgãos federais, estaduais, municipais e particulares de carárter cultural relacionados com a educação dos deficientes da audição e da fala; f) custear o pagamento de professôres e de pessoal técnico, em carater permanente ou temporário, nas unidades de Federação, com igual objetivo. Art. 4º Dirigirá a Campanha o Diretor do Instituto Nacional de Educação de Surdos, que terá uma Assessoria, cujos componentes serão pelo mesmo Diretor designados. Art. 5º Haverá um fundo especial para custeio das atividades da Campanha, e que será constituído de: a) doações e contribuições que forem previstas nos Orçamentos da União, dos Estados, dos Municípios e de entidades paraestatais e sociedades de economia mista, para os fins objetivados neste Decreto; b) contribuições de entidades públicas e privadas; c) donativos, contribuições e legados de particulares; d) renda eventual do patrimônio da Campanha; 12 e) renda eventual de serviços da Campanha; f) dotações orçamentárias referentes a serviços educativos e culturais. Art. 6º A Campanha poderá firmar convênios com entidades públicas e privadas para a consecução de seus desígnios. Art. 7º O Ministério da Educação e Cultura baixará as instruções necessárias à organização e execução da Campanha. Art. 8º Êste Decreto entrará em vigor na data da sua publicação. Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1957; 136º da Independência e 69º da República. JUSCELINO KUBITSCHEK Clovis Salgado Fonte: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1950-1959/decreto-42728-3- dezembro-1957-381323-publicacaooriginal-1-pe.html Em 1958 foi criada uma Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficientes Visuais, por José Espíndola Veiga. Nesse mesmo momento, o Ministro da Educação da época Pedro Paulo Penido, criou uma Campanha nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais promovendo então, nacionalmente, a educação, o treinamento, a reabilitação e a assistência educacional às crianças com Deficiência Mental. Jannuzzi (1992) esclarece que na Educação Especial para pessoas com Deficiência Intelectual há um aumento desses alunos nas escolas regulares públicas na implantação das classes especiais. Jannuzzi (1992) apontaque: A educação popular, e muito menos a dos “deficientes mentais”, não era motivo de preocupação. Na sociedade ainda pouco urbanizada, apoiada no setor rural, primitivamente aparelhado, provavelmente não eram considerados “deficientes”; havia lugar, havia alguma tarefa que executassem. A população era iletrada em sua maioria, chegando a 85% o número de analfabetos, entre todas as idades. (JANNUZZI, 1992, p. 23) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4.024/61 regulamenta e fundamenta o atendimento educacional às pessoas com deficiência, determinando aos “excepcionais” o direito à educação preferencial em sistemas regulares de ensino. Dez anos depois, é definido “tratamento especial” para alunos “deficientes físicos, mentais, atraso quanto à idade escolar e Superdotados”. O Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) é criado no MEC no ano de 1973, sendo responsável pela gerência da Educação Especial no Brasil. 13 Em 1988 a Constituição Federal promoveu um dos seus objetivos fundamentais que é a promoção do bem de todos, art. 3º e inciso IV: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL, 1988). A Lei nº 8.069/90, art. 55 do Estatuto da Criança e do Adolescente determina que é obrigação dos pais ou responsáveis matricularem seus filhos na rede regular de ensino. Ainda em 1990 foram promulgados documentos como a Declaração Mundial de Educação para todos e a Declaração de Salamanca (1994), documentos esses que influenciaram a formação das políticas públicas na educação inclusiva. A Política Nacional de Educação Especial foi publicada em 1994 com orientações para o processo de instrução, condicionando para as classes regulares de ensino, os alunos capazes de acompanhar o desenvolvimento das atividades curriculares do ensino comum, afirmando assim, pressupostos de aprendizado homogêneo. Essa política não reformula as práticas educacionais para que sejam valorizados os diferentes potenciais da aprendizagem dentro do ensino comum e mantém a responsabilidade da educação dos alunos “especiais” exclusivamente no âmbito da educação especial. Ví deo Assista ao vídeo A História da Pessoa com Deficiência no Brasil de Emílio Figueira, que narra o percurso histórico da inclusão no Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uIfzPlJ4Pqc Atualmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Especial – Lei nº 9.394/96, em seu art. 59, estabelece que os sistemas de ensino currículos e metodologias específicas para atender às necessidades dos alunos, assegurando o término dos alunos que não conseguiram terminar o ensino fundamental em virtude de deficiências e também a aceleração dos estudos dos Superdotados. O Decreto nº 3.298 de 1.999 regulamenta a Lei 7.853 de 1.989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de 14 Deficiência, e define que a educação especial é uma modalidade transversal de ensino com atuação complementar da educação especial ao ensino regular. Em 2.001 as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica determinam que: RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, de conformidade com o disposto no Art. 9o , § 1o , alínea “c”, da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei 9.131, de 25 de novembro de 1995, nos Capítulos I, II e III do Título V e nos Artigos 58 a 60 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e com fundamento no Parecer CNE/CEB 17/2001, homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educação em 15 de agosto de 2001, RESOLVE: Art. 2º Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem conhecer a demanda real de atendimento a alunos com necessidades educacionais especiais, mediante a criação de sistemas de informação e o estabelecimento de interface com os órgãos governamentais responsáveis pelo Censo Escolar e pelo Censo Demográfico, para atender a todas as variáveis implícitas à qualidade do processo formativo desses alunos. Fonte: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf Essas diretrizes ampliaram o caráter da Educação Especial na escolarização, garantindo o atendimento à diversidade humana. Estabelecidas as necessidades educacionais especiais dos alunos, ainda há um déficit na oferta das matrículas para os alunos com deficiência nas escolas regulares. A Convenção da Guatemala (1999) promulga o Decreto nº 3.956/2001 no Brasil, afirmando que toda a pessoa com deficiência tem os mesmos direitos humanos que as demais, definindo como discriminação toda diferenciação que possa impedir seus direitos e suas liberdades. Esse Decreto derruba as barreiras que impediam as pessoas com deficiências de adentrar na escola. A partir do ano de 2002 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica definem que a organização curricular da formação docente deve contemplar as especificidades dos alunos 15 com necessidades educacionais especiais. Nesse mesmo ano a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é reconhecida como segunda língua oficial brasileira com a Lei nº 10.436/02. A partir disso, a LIBRAS torna-se disciplina integrante dos currículos dos cursos de formação docente. A Portaria nº 2.638/02 dá a diretriz para as normas de uso, produção e difusão do Sistema Braille em todas as modalidades de ensino. Em 2003 é criado o Programa Educação Inclusiva, marcando o direito à diversidade, para a transformação das escolas em sistemas educacionais inclusivos, promovendo a formação dos professores e gestores das escolas e o direito de escolarização a todos os brasileiros. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Educação Especial no Brasil: História e Políticas Públicas, de autoria de Marcos J. S. Mazzotta. A obra aborda a história da educação especial, onde o autor analisa criticamente as várias medidas educacionais para essa população, traçando a evolução do atendimento educacional aos alunos com necessidades especiais no Brasil. Observando todas essas mudanças consegue-se perceber o avanço da Educação Especial no Brasil, ainda que com pouco apoio da Legislação e das Políticas Públicas. É necessário saber que direitos são garantidos, bem como os setores por eles responsáveis, para que possamos construir uma sociedade justa e inclusiva. A Educação Especial se baseia na Constituição da República Federativa do Brasil (1988), a qual coloca, no cap. II artigo 23: “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (...) cuidar da saúde púbica, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência”. O capítulo III, referente à educação, lazer e desporto, na seção I: 16 Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. [...] Art.208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante à garantia de: [...] III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 1988) A seguir apresenta-se um quadro ilustrando como a Educação Especial ficou desde as novas Políticas e Campanhaspara a Inclusão no Brasil: Fonte:http://slideplayer.com.br/slide/363573/2/images/9/Evolu%C3%A7%C3%A3o+da +matr%C3%ADcula+na+educa%C3%A7%C3%A3o+especial.jpg Pode-se perceber que em 2010 há uma diminuição na procura das escolas especializadas e das classes especiais e um aumento das matrículas no ensino regular, ou seja, na perspectiva da educação inclusiva. Porém, também é em 2010 que há o maior índice de matrículas de pessoas com algum tipo de deficiência, sejam elas em escolas ou classes especiais ou escolas de ensino comum, chegando a mais de 702 mil alunos. 17 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Caminhando em Silêncio de Emilio Figueira, que faz uma introdução da trajetória da pessoa com deficiência na história do Brasil. Uma leitura que vale a pena! A Educação Especial precisa continuar a ser construída e espera-se que seja construída com princípios éticos, com respeito à dignidade, igualdade aos direitos já conquistados. É dentro dessa ótica que a Educação Especial deve ser analisada, caso contrário estaremos contribuindo muito mais para a manutenção do processo de segregação do aluno diferente, do que para a democratização do Ensino, cujo caminho não pode se pautar na divisão abstrata entre os que, em si, têm condições de frequentar a escola regular e os que, por características intrínsecas, devem ser encaminhadas a processos especiais de ensino (BUENO, 1993, p. 81). Práticas de discriminação, filantropia e aceitação são atitudes que refletem a organização de uma sociedade onde os fatos e ideias debatidos refazem uma trajetória histórica das pessoas com necessidades educacionais especiais com relação aos seus papéis. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Para ampliar seus conhecimentos, indica-se a leitura do artigo Educação especial na perspectiva da educação inclusiva: desafios da implantação de uma política nacional, de Mônica de Carvalho Magalhães Kassar. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/er/n41/05.pdf 18 Resumo da aula 1 Nesta aula viu-se que a Educação Especial vem sofrendo inúmeras transformações, essas que ora indicam progresso, ora indicam retrocesso e que as Políticas Públicas são fundamentais para contribuírem nesse processo de construção de identidade. Se a sociedade e o Governo fizerem a sua parte, pode-se dar continuidade a essa construção da inclusão das pessoas portadoras de deficiência ou necessidade educacional especial, com o mínimo de dignidade e direito, que já lhes é garantido por Lei. Atividade de Aprendizagem De acordo com o estudado na aula discorra sobre a importância das políticas educacionais voltadas para a Educação Especial no Brasil. Aula 2 - Educação Inclusiva e Educação Especial: uma revisão de conceitos Apresentação da aula 2 Nesta aula será estudada a Educação Especial e a Educação Inclusiva, definindo e separando cada um desses conceitos. Também serão vistas legislações e opiniões de diversos estudiosos da área. 2.1 Diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva A Educação Especial é a modalidade de ensino que assegura o Atendimento Educacional Especializado (AEE), em caráter complementar ou suplementar, como parte integrante do processo educacional em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, para estudantes com deficiência, Transtorno Global do Desenvolvimento, Transtorno Funcional Específico e Altas Habilidades ou Superdotação, garantidos pela Deliberação CEE-PR 02/2016, art. 3º. A sua 19 finalidade é garantir o aprendizado ao longo de toda a vida do estudante, de forma a alcançar o desenvolvimento de seus talentos, potencialidades e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades educacionais. Essa mesma deliberação apresenta, no artigo 5º: A Educação Especial, modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades da Educação Básica e da Educação Superior, tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes no processo educacional, considerando suas necessidades específicas. (BRASIL, 2016) Cabe à escola adequar-se às medidas de acessibilidade, como também a elaboração e organização curricular com recursos pedagógicos, para que ajudem nesse processo de ensino aprendizagem. A ideia de uma sociedade inclusiva vem de uma filosofia que reconhece e valoriza a diversidade como característica específica de qualquer sociedade. Partindo desse princípio, é garantido o acesso e a participação de todos, a todas as oportunidades, independentemente dos estilos de cada indivíduo ou grupo social. A família é o primeiro espaço social da criança, no qual ela constrói sua ideia de referência e valores sobre a sociedade, e a sociedade é aonde ela aplica esses valores aprendidos na família. A participação de ambas traz para a escola informações, críticas e sugestões, desvendando e sinalizando novos rumos. A escola passa a ser um dos principais espaços de convivência social durante as primeiras fases de seu desenvolvimento, pois ela tem o papel primordial no desenvolvimento da cidadania e de direitos. A diferença entre integração e inclusão, de acordo com Mantoan (2013), ainda se gera muita polêmica entre os dois conceitos. Nas situações de integração escolar, nem todos os alunos com deficiência cabem nas turmas do ensino regular, pois há uma seleção prévia dos que estão aptos à inserção. Para esses casos, são indicados: a individualização dos programas escolares, currículos adaptados, avaliações especiais, redução dos objetivos para compensar as dificuldades de aprender. Em suma: a escola não muda como um todo, mas os alunos têm de mudar para se adaptarem às suas exigências (MANTOAN, 2003, p.38). 20 Integração é a inserção parcial e condicional, onde os estudantes “se preparam” em escolas ou classes especiais para ter acesso as escolas ou classes regulares, as quais não se modificam; enquanto que Inclusão é a inserção total e incondicional de estudantes com deficiência, os quais não precisam “se preparar” para ir à escola regular, uma vez que se faz necessário mudanças e rupturas nos sistemas educacionais. Fonte:https://c8.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/Bde12908d/19918560_TBo6Y.jpeg Fonte: http://www.cloudcoaching.com.br/images/o-que-torna-uma-empresa-inclusiva- interno-1.jpg 21 Principais diferenças entre Inclusão e Integração: Inclusão Integração Inserção total e incondicional (crianças com deficiência não precisam “se preparar” para ir à escola regular). Inserção parcial e condicional (crianças “se preparam” em escolas ou classes especiais para estar em escolas ou classes regulares. Exige rupturas nos sistemas. Pede concessões aos sistemas. Mudanças que beneficiam toda e qualquer pessoa (não se sabe quem “ganha” mais; TODAS ganham). Mudanças visando prioritariamente a pessoas com deficiência (consolida a ideia de que elas “ganham” mais). Exige transformações profundas. Contenta-se com transformações superficiais. Sociedade se adapta para atender às necessidades das pessoas com deficiência e, com isso, se torna mais atenta às necessidades de TODOS. Pessoas com deficiência se adaptam às necessidades dos modelos que já existem na sociedade, que faz apenas ajustes. Defende o direito de TODAS as pessoas, com e sem deficiência. Defende o direito de pessoas com deficiência. Traz para dentro dos sistemas os grupos de “excluídos” e, paralelamente, transforma esses sistemas para que se tornem de qualidade para TODOS. Insere nos sistemas os grupos de “excluídos que provaremestar aptos” (sob este aspecto, as cotas podem ser questionadas como promotoras da inclusão). O adjetivo inclusivo é usado quando se busca qualidade para TODAS as pessoas com e sem deficiência (escola inclusiva, trabalho inclusivo, lazer inclusivo etc.). O adjetivo integrador é usado quando se busca qualidade nas estruturas que atendem apenas as pessoas com deficiência consideradas aptas (escola integradora, empresa integradora etc.). Valoriza a individualidade de pessoas com deficiência (pessoas com deficiência podem ou não ser bons funcionários; podem ou não ser carinhosos etc.). Como reflexo de um pensamento integrador podemos citar a tendência a tratar pessoas com deficiência como um bloco homogêneo (ex.: pessoas com deficiência auditiva se concentram melhor, e com deficiência visual são excelentes massagistas etc.). Não quer disfarçar as limitações, Tende a disfarçar as limitações para 22 porque elas são reais. aumentar a possibilidade de inserção. Não se caracteriza apenas pela presença de pessoas com e sem deficiência em um mesmo ambiente. A presença de pessoas com e sem deficiência no mesmo ambiente tende a ser suficiente para o uso do adjetivo integrador. A partir da certeza de que TODOS somos diferentes, não existem “os especiais”, “os normais”, “os excepcionais”, o que existe são pessoas com deficiência. Incentiva pessoas com deficiência a seguir modelos, não valorizando, por exemplo, outras formas de comunicação como a Libras. Seríamos um bloco majoritário e homogêneo de pessoas sem deficiência rodeado pelas que apresentam diferenças. Fonte: (SEDESE, S/d.) O processo de integração separou os dois contextos de educação – regular e especial, na medida em que as práticas desenvolvidas no contexto especial tinham como objetivo: fazer o educando ingressar no sistema comum. A Educação Especial passou a ser compreendida como um sistema educacional paralelo e subordinado ao ensino regular. Os estudantes que não tivessem condições de acompanhamento de aprendizagem acadêmica e de seguir em igual tempo a metodologia, deveriam ter seu atendimento em outros espaços, cuja programação era voltada especialmente para o seu tipo específico de aprendizagem. A ideia básica passou a ser a de que esse modelo de integração fosse superado, permitindo a mobilidade dos alunos no fluxo da escolarização, respeitando o critério de que os serviços exclusivos a educandos com deficiências, como escolas especiais e centros de reabilitações fossem indicados apenas para educandos com deficiências severas. Aos demais, o modelo deveria apoiar a matrícula nas classes comuns, com apoios complementares realizados na educação especial. 23 NÍVEIS DE INTEGRAÇÃO Fonte: Adaptado de FERREIRA, M.; GUIMARÃES, M. 2003. O movimento da Inclusão ambienta-se na década de 1990, apoiando o princípio da IGUALDADE e EQUIPARAÇÃO de oportunidades na educação. Sánchez (2005) destaca que o conceito de inclusão amplia sua abrangência e faz referência não só aos educandos com deficiências, mas a todos os alunos. Isso enfatiza que é preciso demandar mudanças nas atitudes e nas práticas relacionadas a grupos excluídos, como as pessoas com deficiências. Deve-se começar nessas mudanças, removendo as barreiras físicas e materiais, a organização de suportes humanos e instrumentais, para que todos possam ter a participação social em igualdade de oportunidades e condições. A legislação é clara em relação à manutenção das escolas especiais, ainda que em caráter excepcional, resguardadas como local para atendimento Nível 1 - Classe regular sem apoio especializado. Nível 2 - Classe regular com apoios especilizados ao professor. Nível 3 - Classe regular sem apoio especializado ao professor e aluno. Nível 4- Classe regular com apoio especializado no contraturno. Nível 5- Classe especial co-participação em atividades gerais da escola. Nível 6- Escola Especial. Nível 7- Apoio domiciliar. 24 de alunos que apresentam deficiências mais significativas do ponto de vista orgânico e funcional, as quais acarretam prejuízos à sua aprendizagem acadêmica e ao convívio social. Segundo o MEC (2001): Art. 10. Os alunos que apresentem necessidades educacionais especiais e requeiram atenção individualizada nas atividades da vida autônoma e social, recursos, ajudas e apoios intensos e contínuos, bem como adaptações curriculares tão significativas que a escola comum não consiga prover, podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em escolas especiais, públicas ou privadas, atendimento esse complementado, sempre que necessário e de maneira articulada, por serviços das áreas de Saúde, Trabalho e Assistência Social. (BRASIL, 2001) Em 2014, com a divulgação do Plano Nacional da Educação, as estatísticas das matrículas de estudantes com deficiências na educação básica traduzem essa inclusão: Fonte: Sinopse estatística da Educação Básica INEP/MEC (2004 a 2014). Porém, esse é um ponto de grande controvérsia entre muitos estudiosos da inclusão que se dividem sobre posições mais extremistas e conservadoras a respeito dessa oferta educacional mais apropriada a alguns estudantes da Educação Especial, em sua maioria os que apresentam deficiências em maiores 25 graus, múltiplas deficiências e Transtornos Invasivos de Desenvolvimento. Nessa mudança, há a necessidade de na tendência de medidas de cautela nos sistemas de ensino, também em mudanças de paradigmas, como em um processo de construção do que já foi conquistado em toda essa caminhada em busca da cidadania e da igualdade social. Não se pode desconsiderar a necessidade da continuidade da oferta de atendimentos especializados com propostas linguísticas diferenciadas para educandos com graves comprometimentos em escolas especiais e classes especiais. Carvalho (2004) explica como tudo está ligado e faz parte integrante da ampla rede de apoio a inclusão: Adota-se como um referencial filosófico dessa política a ideia de que a inclusão educacional é mais que a presença física, é muito mais que a acessibilidade arquitetônica, é muito mais que matricular alunos com deficiência nas salas de aula do ensino regular, é bem mais que um movimento da educação especial, pois se impõe como movimento responsável que não pode abrir mão de uma rede de ajuda e apoio aos educadores, alunos e familiares (CARVALHO, 2004, p. 26). Existem estudiosos que defendem a inclusão que chamam de responsável, e existem os defensores da inclusão total ou radical, onde a inclusão se dá por meio de colocar todos os educandos com ou sem deficiência no ensino comum. Mantoan (2003) ilustra essa inclusão com o seguinte pensamento: O radicalismo da inclusão vem do fato de exigir uma mudança de paradigma educacional (...). Na perspectiva inclusiva, suprime-se a subdivisão dos sistemas escolares em modalidades de ensino especial e de ensino regular. As escolas atendem às diferenças sem discriminar, sem trabalhar à parte com alguns alunos, sem estabelecer regras específicas para planejar, para aprender, para avaliar (currículos, atividades, avaliação da aprendizagem para alunos com deficiência e com necessidades educacionais especiais. (MANTOAN, 2003, p. 25) Nessa visão não há a aceitação de escolas especiais e classes especiais. Esse grupo apoia-se na interpretação do Artigo 208 da Constituição Federal de 1988, que deixa claro a matrícula obrigatória no ensino regular com atendimento educacional especializado, complementando e não substituindo a educação comum, com o direito particular de todos os alunos. Define-se a inclusão como um movimento ligado à valorização de todas as pessoas, independentemente de suas diferenças individuais, inclusive deficiências, 26 oferecendo uma educação de qualidade paratodos em um processo mútuo, a fim de efetivar a equiparação de oportunidades às diferenças em sala de aula. Para haver um sistema de ensino inclusivo, deve-se pensar em sete itens básicos que respeitaram a diversidade e os diferentes ritmos de aprendizagem. São eles: Fonte: FERNANDES (2011, p. 93) e adaptado pelo DI (2018). Sánchez (2005) aponta que a inclusão amplia a sua abrangência. Não é ao educando com deficiência, mas a todos os educandos da escola, pois essas devem estar preparadas para acolhê-los e educá-los. Segundo Sánchez. Essa forma de atender a inclusão reivindica a noção de pertencer, uma vez que considera a escola como uma comunidade acolhedora em que participam todas as crianças (...). De igual forma, cuida para que ninguém seja excluído por suas necessidades especiais ou por pertencer a grupos étnicos ou linguísticos minoritários, por não ir frequentemente a aula, e, finalmente, ocupa-se dos alunos em qualquer situação de risco. (SÁNCHEZ, 2005, p. 34) Assim, o movimento pela inclusão vem buscando ampliar a ação da Valorização da diversidade. Políticas educativas em todas as modalidades de ensino. Currículos flexíveis, equilibrados e abertos às diferenças. Projetos político pedagógicos que incorporem a diversidade com a participação de toda a comunidade escolar. Formação continuada de todos os profissionais envolvidos com os alunos da comunidades escolar. Rede de apoio aos alunos e professores, prevendo recursos humanos, financeiros e materiais. Programas de formação de docentes voltadas às necessidades da escola. 27 escola em relação ao processo de ensino e aprendizagem e seus desdobramentos, para que todos os educandos tenham qualidade das respostas educativas e a remoção de barreiras no contexto dessa educação inclusiva. O debate sobre a inclusão, sobre o atendimento educacional à essa parcela da população escolar estar na escola regular ou na escola especial, expressa uma divisão de opiniões que na verdade deveria ser alvo de debates nas políticas públicas. Nosso desafio é perceber que há uma significativa diferença nos modelos de atendimentos, sendo fundamental ressignificar a escola para atender ao paradigma da inclusão. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Educação Especial: diálogo e pluralidade, de Claudio Roberto Baptista et al (Orgs.). O livro traz uma discussão da Educação Especial e de processos inclusivos discutido por vários especialistas e contempla o que há de mais atual em termos de estudos sobre a inclusão. Interessante ver como se compõem as discussões, uma vez que cada tema é debatido por vários especialistas, ganhando contornos diferenciados e cada vez mais nítidos no decorrer da leitura. Escolha uma cadeira e faça parte desse debate! 2.2 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva A quebra de barreiras da aprendizagem e de significados sobre o que é a inclusão, encontra-se respaldada e guiada pelos documentos de políticas inclusivas dos países que fazem parte da Organização das Nações Unidas (ONU), onde estabelecem ações em que todos os países membros deveriam realizar em 10 anos. Alguns documentos que retratam a inclusão no sistema de ensino e que têm muita importância na legislação educacional atual são: 28 DECLARAÇÃO DE JOMTIEN – UNESCO - 1990 Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na cidade de Jomtien, na Tailândia, em 1990, também conhecida como Conferência de Jomtien. A Declaração fornece definições e novas abordagens sobre as necessidades básicas de aprendizagem, tendo em vista estabelecer compromissos mundiais para garantir a todas as pessoas os conhecimentos básicos necessários a uma vida digna, visando uma sociedade mais humana e mais justa. Seu objetivo é “satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos… e o esforço de longo prazo para a consecução deste objetivo pode ser sustentado de forma mais eficaz, uma vez estabelecidos objetivos intermediários e medidos os progressos realizados.” Dessa forma, os países participantes foram incentivados a elaborar Planos Decenais, em que as diretrizes e metas do Plano de Ação da Conferência fossem contempladas. No Brasil, o Ministério da Educação divulgou o Plano Decenal de Educação Para Todos para o período de 1993 a 2003, elaborado em cumprimento às resoluções da Conferência. Fonte: http://www.educabrasil.com.br/declaracao-de-jomtien/ DECLARAÇÃO DE SALAMANCA - 1994 Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994, com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social. É considerada um dos principais documentos mundiais que visam a inclusão social, ao lado da Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração sobre Educação para Todos de 1990. Ela é o resultado de uma tendência mundial que consolidou a educação inclusiva, e cuja origem tem sido atribuída aos movimentos de direitos humanos e de desinstitucionalização manicomial 29 que surgiram a partir das décadas de 60 e 70. A Declaração de Salamanca ampliou o conceito de necessidades educacionais especiais, incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola, seja por que motivo for. Assim, a ideia de “necessidades educacionais especiais” passou a incluir, além das crianças portadoras de deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou permanentes na escola, as que estejam repetindo continuamente os anos escolares, as que sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram distantes de quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja. Uma das implicações educacionais orientadas a partir da Declaração de Salamanca refere-se à inclusão na educação. Segundo o documento, “o princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parceiras com a comunidade (…) Dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva (…)”. Fonte: Menezes, 2001. CONVENÇÃO DE GUATEMALA - 1999 Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência reafirma os 30 direitos e liberdades fundamentais a todos e mostra que a discriminação envolve toda condição de diferenciação, exclusão ou restrição baseada na deficiência com “efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais”. Fonte: Pitta, 2008. O Brasil tem definido, juntamente com esses documentos, políticas públicas e criado instrumentos legais que garantem tais direitos. A transformação dos sistemas educacionais tem se efetivado para garantir o acesso universal à escolarização básica e a satisfação das necessidades para todos os educandos. Mas, o mero fato de constar em Lei, não significaque as ações trarão possibilidades para que a inclusão aconteça, pois elas precisam ser planejadas e estruturadas, de modo a que todos os estudantes com necessidades educacionais especiais tenham seus direitos plenamente respeitados. Resumo da aula 2 Nesta aula estudou-se as definições de Educação Especial e Inclusão, o que cada concepção significa e a importância que cada uma traz para a sociedade. Viu-se também as Políticas Públicas que vem somar na Inclusão de pessoas com deficiência no ensino comum. Pode-se concluir que hoje, no Brasil, existem desdobramentos positivos para a inclusão: inclusão como inserção social, responsável e total. Ví deo Para ampliar seus conhecimentos, assista ao vídeo Diálogos, Educação Especial Inclusiva, com a entrevistada prof.ª Elisa Schlünzen. Falando sobre a inclusão de alunos no ensino regular e a necessidade de apoio às escolas por meio de profissionais da educação especial. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iaPpSYGm7Ww 31 Atividade de Aprendizagem De acordo com o estudado nesta aula sobre as diferenças entre integração e inclusão, discorra sobre o que você consegue ver, no seu cotidiano, entre as diferenças substanciais entre esses dois modelos e cite alguns exemplos. Aula 3 - Fundamentos da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: documentos internacionais e legislação brasileira Apresentação da aula 3 Nesta aula será estudado sobre a legislação nacional e internacional que envolve todo o fundamento da Educação Especial. Para aprender sobre como a inclusão teve início, será feita uma viagem no tempo, recordando todo o caminho percorrido pela sociedade brasileira, no que se diz a respeito à deficiência. 3.1 Legislação referente à pessoa portadora de deficiência A Santa Inquisição era dirigida pela Igreja Católica Romana, criada no século XIII, na Idade Média. Era uma espécie de tribunal religioso que condenava todos aqueles que eram contra as diretrizes impostas pela Igreja Católica ou que eram considerados uma ameaça às doutrinas. Nessa época os deficientes eram tratados como pessoas do mal, com direito a castigos, torturas e até mesmo a morte. Conforme os conhecimentos na área da medicina foram avançando, a deficiência começou a ser vista como doença mental incurável. No Brasil, as primeiras notícias são da época do Império, onde foram criadas as primeiras instituições totais para as pessoas cegas e surdas. 32 Vocabula rio Instituição Total: lugar de residência e trabalho, onde um grande número de pessoas, excluído da sociedade mais ampla, por um longo período de tempo, leva uma vida enclausurada e formalmente administrada. Em 1948, período posterior às grandes Guerras Mundiais, os países participantes da Organização das Nações Unidas - ONU, elaboraram a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Na década de 60, grandes grupos que lutavam pelos direitos das minorias, começaram a implantar os serviços de Reabilitação Profissional voltado para a inserção da pessoa com deficiência na sociedade. Nos anos 60 e 70 o mundo passa a ter uma nova visão da pessoa com deficiência: ela passa a ser capacitada para a vida no espaço comum da sociedade. Pode-se dizer que se deu início a inclusão social da pessoa com deficiência. Nascia uma nova visão de inserção social e com essa nova visão, iniciam-se novos modelos de trabalho, como o Paradigma de Serviços e não mais de Instituição Total. Da década de 80 em diante, com o avanço da medicina, da tecnologia e de novos conhecimentos em todas as áreas, vieram novas transformações sociais para as pessoas com deficiências, com a busca pela “quebra” de barreiras físicas ou arquitetônicas, comunicacionais, educacionais, sociais e atitudinais, até então praticamente impossível. Na década de 90, com as lutas pelos direitos humanos, ainda que em processo de atenção educacional ou terapêutico, são criados espaços sociais inclusivos, dando um passo então para o novo Paradigma de Suporte com os objetivos de enriquecimento social e respeito às necessidades de todos. Ao analisar todo o processo histórico, é possível perceber que a construção do conceito de deficiência sofreu influências de ordem histórica, médica organicista, jurídica, psicológica, pedagógica, ecológica e sociológica (SPROVIERI & ASSUNÇÃO, 2000). 33 Giordano, 2000 afirma: Para compreender a construção do novo conceito de deficiência, associado ao intelecto e a adaptação social, faz-se necessário analisa- lo sob a luz das relações sociais construídas a partir da base do modo de produção e suas relações imbricadas, denominadas como estrutura e suas influências na constituição da infraestrutura da sociedade em determinados momentos históricos. (GIORDANO, 2000, p. 15) No Brasil, o maior sofrimento em relação às deficiências, esteve presente nas camadas mais pobres da população: No entanto, assim como na velha Europa, a quase totalidade das informações sobre as pessoas defeituosas está diluída em comentários relacionados aos doentes e aos pobres de um modo geral, como era usual em todas as demais partes do mundo. Na verdade, no Brasil a pessoa deficiente foi considerada por vários séculos dentro da categoria mais ampla dos “miseráveis”, talvez o mais pobre dos pobres. (SILVA, 1984, p. 273) Contudo, no Brasil Colônia, as pessoas com deficiência eram aquelas que não tinham acesso ao trabalho ou a quaisquer tipos de serviço ou outros recursos. Quem então prestava assistência a essas pessoas “diferentes” eram as Igrejas Católicas por meio de seus hospitais, escolas, asilos etc. Lobo (2008, p. 337) afirma: “enquanto o Estado não assumiu a responsabilidade pela assistência, a filantropia, atuando praticamente sozinha, viveu dos corações generosos dispostos a manter suas obras”. Assim, foi fundado na época do Regime Imperial, o Hospital Psiquiátrico da Bahia em 1874, em que os primeiros médicos psiquiatras vinham para estudar e tratar os tais: “idiotas, cretinos, estúpidos, débeis mentais, etc.” (Lobo, 2008, p.337). A partir dessa visão, inicia-se o processo de educação especializada ainda dentro dos pavilhões dos hospitais psiquiátricos, entre 1920 e 1950, voltado a todas as crianças que apresentassem anormalidades em seu desenvolvimento mental, comportamental e/ou social. Em 1920 chegam ao Brasil três educadores com novos pensamentos pedagógicos e especializados para as pessoas com deficiência intelectual, internos nos pavilhões dos hospitais psiquiátricos. São eles: Théodor Simon, Arthur Perrelet e Helena Antipoff. Com essa nova equipe formada, em 1940 o médico psiquiatra Stanislau Krynski tornou-se diretor do pavilhão psiquiátrico infantil do Hospital do Juqueri – SP. 34 A partir de 1950 até a atualidade as instituições filantrópicas, com parceiras governamentais e particulares, assumiram o trabalho de ensinar e de preparar a pessoa com deficiência. A legislação relacionada a pessoa com deficiência vem defendendo uma política social e educacional de inclusão e direitos a igualdade de acesso ao espaço comum da vida em sociedade (ARANHA, 2001). Para entender um pouco melhor a questão de como as políticas públicas para as pessoas com deficiências se estabeleceram, há alguns conceitos que precisam ser compreendidos. Esses foram descritos na Conferência Sanitária Pan-americana que ocorreu em Washington, em 1990: Deficiência: é qualquer perda de função psicológica, fisiológica ou anatômica. Tem como características: anormalidades temporárias ou permanentes nos membros, órgãos, ou em outra estrutura do corpo, inclusive os sistemas próprios da função mental. Incapacidade: é qualquer restrição, devida a uma deficiência da capacidade de realizar uma atividade. A incapacidade se caracteriza pelo desempenho insatisfatório de ações peloindivíduo, nos aspectos psicológicos, físicos e/ou sensoriais. Desvantagem: é uma situação desvantajosa para um indivíduo determinado, como consequência de uma deficiência ou incapacidade que o limita ou impede de desempenhar um papel. (CARVALHO, 1997, p. 38-39 apud HONORA, 2008). O termo deficiência está relacionado à condição psicológica, fisiológica e anatômica; já incapacidade está ligada à deficiência de realizar alguma atividade e desvantagem estaria relacionado com a condição da pessoa estar em situação desvantajosa por deficiência ou incapacidade de realizar alguma função/atividade. Saiba Mais Para ampliar seus conhecimentos, leia o artigo sobre os fundamentos da Educação Especial de Elsa Midori Shimazaki que aborda as concepções a respeito das diferenças nos períodos históricos. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pro ducoes_pde/md_elsa_midori_shimazaki.pdf http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/md_elsa_midori_shimazaki.pdf http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/md_elsa_midori_shimazaki.pdf 35 Os documentos orientadores no âmbito internacional são: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948 Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. Artigo 1 Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Artigo 26 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico- profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. Fonte: https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS CONFERÊNCIA DE JOMTIEN – 1990 PLANO DE AÇÃO PARA SATISFAZER AS NECESSIDADES BÁSICAS DE APRENDIZAGEM. ARTIGO 3 UNIVERZALIZAR O ACESSO À EDUCAÇÃO E PROMOVER A EQUIDADE [...] Da Educação [...] 5. As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo. [...] Disponível na integra no acesso: http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm 36 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994) Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. ARTIGO 3 ESTRUTURA DE AÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL [...] 5. O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares. [...] Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Convenção da Guatemala Decreto nº 3.956 de 8 de outubro de 2001 Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência por meio do Decreto Legislativo no 198, de 13 de junho de 200l; Considerando que a Convenção entrou em vigor, para o Brasil, em 14 de setembro de 2001, nos termos do parágrafo 3, de seu artigo VIII; DECRETA: Art. 1o A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 8 de outubro de 2001; 180o da Independência e 113o da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3956.htm 37 Os documentos orientadores no âmbito nacional são: ➢ 1988 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL: documento que define as leis do país, não deixou de contemplar as pessoas com deficiência, pois assegura a todos os cidadãos o direito à educação. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL DE 1988 Nós presentantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. CAPÍTULO III DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO Seção I Da Educação [...] Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; [...] III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino [...] § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. [...] Disponível na integra no acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm ➢ 1989 - LEI FEDERAL Nº 7.853/89, de 29 de outubro de 1989: “Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à Educação” (art. 2º). “A oferta da educação especial em estabelecimentos públicos de ensino é obrigatória e gratuita”, bem como “a matrícula compulsória, em cursos regulares em estabelecimentos públicos e particulares, de 38 pessoas portadoras de deficiências capazes de se integrarem no sistema regular de ensino”. LEI Nº 7.853 DE 24 DE OUTUBRO DE 1989 Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplinaa atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios; b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas; c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino; d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência; e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo; f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7853.htm ➢ 1990 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – Lei nº 8.069, promulgada em 13 de julho de 1990, dispõe em seu Art 3º que “a criança e a adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana [...]”. Em relação à 39 educação, estabelece em seu art. 53 que “a criança e o adolescente têm direito a educação [...]”. LEI Nº 8.089 DE 13 DE JULHO DE 1990 Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se- lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm ➢ 1996 - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996 - capítulo V, artigo 58 - refere-se a Educação Especial como modalidade da Educação Escolar, que deverá ser ofertada, preferencialmente, na rede regular de ensino, particularmente aos alunos com necessidades educacionais especiais, havendo, quando necessário, serviços de apoio especializado. LEI Nº 9.394/96 DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. CAPÍTULO V DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 40 § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9394.htm ➢ 2001 – PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, Lei nº 10.172/01 onde estabelece objetivos e metas para a educação de pessoas com deficiência como: programas educacionais em todos os municípios, visando à ampliação da oferta de atendimento da educação infantil, formação inicial e continuada dos professores para atendimentos desses educandos, disponibilidade de recursos didáticos especializados, de apoios à aprendizagem nas áreas visuais e auditivas; da articulação da educação especial com as políticas públicas de educação para o trabalho, do sistema de informação sobre a população a ser atendida pela educação especial. LEI Nº 10.172 de 9 DE JANEIRO de 2001 Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Fica aprovado o Plano Nacional de Educação, constante do documento anexo, com duração de dez anos. Art. 2o A partir da vigência desta Lei, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão, com base no Plano Nacional de Educação, elaborar planos decenais correspondentes. Art. 3o A União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a sociedade civil, procederá a avaliações periódicas da implementação do Plano Nacional de Educação. § 1o O Poder Legislativo, por intermédio das Comissões de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados e da Comissão de Educação do Senado Federal, acompanhará a execução do Plano Nacional de Educação. Brasília, 9 de janeiro de 2001; 180o da Independência e 113o da República. 41 FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm ➢ 2001 - RESOLUÇÃO Nº 2 CNE/CEB, de 11 de setembro de 2001- Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as etapas e modalidades. Em seu 2º artigo dispõe que os Sistemas de Ensino devem matricular todos os alunos, cabendo a escola organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para a educação de qualidade para todos. RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001 Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, de conformidade com o disposto no Art. 9o , § 1o , alínea “c”, da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei 9.131, de 25 de novembro de 1995, nos Capítulos I, II e III do Título V e nos Artigos 58 a 60 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e com fundamento no Parecer CNE/CEB 17/2001, homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educação em 15 de agosto de 2001, RESOLVE: Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades. Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado. Art 2º Os sistemasde ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. FRANCISCO APARECIDO CORDÃO Presidente da Câmara de Educação Básica Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf No Brasil existem leis voltadas para as pessoas com deficiências, no 42 entanto, mesmo depois de decretadas, as leis são implantadas de modo lento e parcial. A lei existe, porém, há muito o que ser feito ainda, pois existe preconceito e discriminação na sociedade. O papel dos educadores é de comprometimento com a educação e com o futuro, independentemente de raça, cultura, classe social, portador de algum tipo deficiência ou não. Ví deo Assista ao vídeo de Claudia Lopes que fala sobre o documento que orienta as ações da Educação Especial: Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U09z66lMdSo 3.2 Definindo terminologias – do incapacitado à pessoa com deficiência: Na década de 1920 acreditava-se que a pessoa com deficiência apresentava uma capacidade reduzida e por isso era utilizado o termo de “incapacitado”, “inválido”. Naquele momento esse indivíduo não tinha valor algum, era um peso morto para a família. Entre as décadas de 1960 e 1980, as expressões utilizadas foram de “deficientes” e “excepcionais” (pessoas com deficiência intelectual) pois essas pessoas eram consideradas menos eficientes que as demais, com capacidades residuais. Assim, em 1988, surge a expressão “pessoa portadora de deficiência”. Essa expressão foi muito criticada, pois qualquer um pode deixar de portar algo e a deficiência não. Já na década de 1990, passou-se a utilizar “pessoas com necessidades especiais”, mostrando que a pessoa poderia apresentar uma necessidade especial em algo, igualando-os em direito e dignidade a todos. Todas as pessoas podem apresentar, em algum momento de sua vida, uma necessidade especial em algo de sua rotina, como um idoso por exemplo. A partir da Declaração de Salamanca utiliza-se a expressão “pessoa com deficiência”, em que ela teria o poder de fazer as suas escolhas e ser um cidadão incluso em uma sociedade igualitária. Em 2009 a terminologia “pessoa com deficiência” foi promulgada na https://www.youtube.com/watch?v=U09z66lMdSo 43 Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência da ONU (Organização das Nações Unidas) e é adotada até hoje. O princípio básico descrito nesses documentos foram: ➢ Não esconder a deficiência; ➢ Não aceitar a falsa ideia de que se tem a deficiência; ➢ Mostrar com dignidade a realidade da deficiência; ➢ Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência; ➢ Defender igualdade entre as pessoas com e sem deficiência; ➢ Identificar todos os direitos que lhes são atribuídos. Portanto, mesmo com esse “novo” termo, a sociedade encontra resistência em utilizá-lo, pois não é a pessoa que apresenta uma deficiência, mas a sociedade em que ela está inserida e o seu meio. Para que haja uma mudança significativa, há necessidade de uma atuação conjunta entre todos os envolvidos, para a eliminação das barreiras existentes na inclusão dessas pessoas. Diante disso existe a necessidade de um esforço de todos, no sentido de empregar a terminologia correta e adequada, pois não o fazer significa dar margem ao segmento da exclusão e colocar rótulos. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Educação, Educação Especial e Inclusão. Fundamentos, contextos e práticas, de Fabiane Adela Tonetto Costas, que faz uma discussão da Educação Especial e de todo seu percurso, bem como sobre a legislação que envolve a inclusão. Resumo da aula 3 Nesta aula estudou-se o trajeto da Educação Especial e da Inclusão em relação a legislação, promoveu-se uma análise das diferentes leituras e 44 interpretações da constituição e leis. Viu-se ainda, que a escola comum deve ser um espaço prioritário para a matrícula de todos os alunos e a educação especial deve se aliar a ela, oferecendo recursos e serviços especializados para aqueles que apresentam alguma deficiência. Atividade de Aprendizagem O questionamento deste módulo envolve uma reflexão acerca do seu conhecimento em relação a legislação. Você saberia dizer qual foi a primeira lei a respeito da inclusão escolar no Brasil? Discorra sobre como se iniciou a inclusão dos alunos com deficiência nas escolas regulares do Brasil. Aula 4 - Movimento Curricular: transformação ou adaptação da escola? Apresentação da aula 4 Nesta aula será estudada a escola inclusiva responsável, aquela que acolhe e sabe trabalhar com o aluno da educação inclusiva. Para isso deve-se entender a rede de apoio que é o AEE (atendimento Educacional Especializado) e a adaptação curricular. 4.1 Direito à aprendizagem Os documentos elaborados nas Conferências contemplam a todos os que se encontram à margem do sistema educativo. Além das pessoas com deficiências, são citados também outros grupos, como: [...] os pobres: meninos e meninas de rua ou trabalhadores; as populações das periferias urbanas ou zonas rurais, os nômades e os trabalhadores migrantes; os povos indígenas; as minorias étnicas; raciais e linguísticas; os refugiados; os deslocados pela guerra; e os povos submetidos a um regime de ocupação – não devem sofrer qualquer tipo de discriminação no acesso às oportunidades educacionais. (UNESCO, 1990, p.4) 45 Segundo o documento acima, todos que se encontram nas situações citadas são pessoas com necessidades educacionais especiais. O compromisso de Jomtien foi reafirmado em Salamanca, na Espanha no ano de 1994, o qual recomenda que os governos: “[…] adotem o princípio da educação inclusiva em forma de lei ou de política, matriculando todas as crianças em escolas regulares, a menos que existam fortes razões para agir de outra forma” (UNESCO, 1994, p. 2). Com as primeiras inclusões de estudantes com deficiência intelectual, física e sensorial nas escolas comuns, foram então redesenhadas as fronteiras que dividiam os dois contextos educativos: por um lado a aceitação do diferente no meio de todos e por outro lado o “taxado” deficiente na área metodológica, necessitando de apoio especializado para alcançar algum objetivo escolar cognitivo, ou seja, os alunos que não tivessem condições de acompanhar os demais em tempo metodológico, eram encaminhados para a educação especial, criando assim, uma barreira para o processo de democratização. O direito à aprendizagem, a participação de todos e o valor educativo torna-se essencial para a transformação das escolas atuais. Segundo Sánchez (2005): Esta forma de entender a inclusão reivindica a noção de pertencer, uma vez que considera a escola como uma comunidade acolhedora em que participam todas as crianças (...). De igual forma, cuida para que ninguém seja excluído por suas necessidades especiais, ou por pertencer a grupos étnicos ou lingüísticos minoritários, por não ir freqüentemente a aula e, finalmente, ocupa-se dos alunos em qualquer situação de risco. (SÁNCHEZ, 2005, p. 13) A inclusão deve ser pensada como uma mudança de paradigma, uma necessidade de escola diversificada, plural e democrática. O que deve ser feito é construir uma escola pautada nas diferenças, sem exclusões, restrições de qualquer natureza, aliada aos direitos de aprendizagem de todos. Para que isso aconteça, requer mudança política, administrativa, estrutural, organizacional, curricular e social, para que assim, possa acontecer a permanência de todos e com sucesso na escola. Para Ferreira e Guimarães (2003), a inclusão só acontece de verdade quando desafia
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