Prévia do material em texto
Almanaque Educadores: Educação Empreendedora na prática Crie. Movimente. Realize. CRÉDITOS SEBRAE NACIONAL Presidente do Conselho Deliberativo José Roberto Tadros Diretor-Presidente Carlos do Carmo Andrade Melles Diretor Técnico Bruno Quick Diretor de Administração e Finanças Eduardo Diogo Unidade de Gestão de Soluções Gerente Diego Wander Demétrio Unidade de Educação Empreendedora Gerente Janio Carlos Endo Macedo Gerente Adjunto Flávia Azevedo Fernandes Fundação Roberto Marinho | Canal Futura Presidente José Roberto Marinho Secretário Geral Wilson Risolia Gerente Geral do Laboratório de Educação João Alegria Gerente do Canal Futura José Brito Cunha Gerente de Produção Deca Farroco Gerente de Implementação Heloísa Mesquita Líder de Projeto Alzira Valéria Silva Produção Executiva Joana Levy Assistente de Produção Valéria Dias Licenciamento Ana Paula Boehmer Ana Letícia Canegal Projeto Gráfico e diagramação Paprika Design CONTEÚDO Cenpec Presidente do Conselho de Administração Anna Helena Altenfelder Gerente de Tecnologias Educacionais Beatriz Cortese Coordenação de projeto Mariana Mota Redação e edição Ana Paula Severiano Realização Canal Futura | SEBRAE © 2021. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE Todos os direitos reservados A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610/1998). Informações e contatos Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE Unidade de Gestão de Soluções SGAS 605 – Conjunto A – CEP: 70200-904 – Brasília/DF 0800 570 0800 www.sebrae.com.br Crie. Movimente. Realize. 1 Chegar Educação Empreendedora em Rede ..................................................................................................................7 no contexto da Base Nacional Comum Curricular Pressupostos metodológicos ......................................................................................................................................8 Passos da metodologia ....................................................................................................................................................9 O projeto .....................................................................................................................................................................................10 A quem serve este livro ...................................................................................................................................................12 Geração “nem-nem” em questão e projeto de vida ................................................................................13 Entenda este almanaque ..............................................................................................................................................17 2 Reconhecer Educação empreendedora: O que (não) é? ...................................................................................................19 NA PRÁTICA - Painel semântico: Empreendedorismo e educação ............................................21 Ouvir histórias: Dar voz aos(às) estudantes para construir projetos de vida ........................26 NA PRÁTICA - Procuro-me: Oficina de autorretratos ............................................................................28 NA PRÁTICA - Há quanto tempo? Construção de timeline ..............................................................30 NA PRÁTICA - Janelas para o futuro: Brainstorm ...................................................................................... 35 Desenhar mapas: ................................................................................................................................................................39 Reconhecer potencialidades do território para transformar histórias NA PRÁTICA - Explorações do território .............................................................................................................41 NA PRÁTICA - Mapas e afetos....................................................................................................................................45 NA PRÁTICA - Fragilidades e forças ......................................................................................................................48 NA PRÁTICA - O meu lugar ..........................................................................................................................................51 SUMÁRIO SUMÁRIO 3 Conectar, buscar e movimentar O futuro do trabalho ......................................................................................................................................................... 55 NA PRÁTICA - Mudanças em curso ...................................................................................................................... 57 NA PRÁTICA - “Eu sonho mais alto que drones” .......................................................................................62 NA PRÁTICA - Transformar-se em outras(os) ..............................................................................................66 A educação pelos recursos ..........................................................................................................................................69 NA PRÁTICA - Café com recursos ............................................................................................................................71 NA PRÁTICA - No meu dinheiro mando eu ...................................................................................................77 Iniciativas de impacto.......................................................................................................................................................81 NA PRÁTICA - Oficina de ideação de projetos .............................................................................................83 A vez da comunicação ....................................................................................................................................................89 NA PRÁTICA - Vender o impossível ........................................................................................................................91 NA PRÁTICA - Estudo de benchmarking ........................................................................................................93 NA PRÁTICA - Pitch de projetos .............................................................................................................................97 4 Amplificar APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................................100 NA PRÁTICA - Estudo de caso .................................................................................................................................101 5 Amplificar Quadro de competências empreendedoras ...............................................................................................109 Referência ..................................................................................................................................................................................109 CHEGAR 1 “Não preciso do fim para chegar.” Manoel de Barros CHEGAR 7 APRESENTAÇÃO Educação Empreendedora em Rede no contexto da Base Nacional Comum Curricular Olá, professora! Olá, professor! Este livro é resultado de uma entre as muitas ações do projeto Educação Empreendedora em Rede, uma iniciativa do Sebrae, com a execução técnica da Fundação Roberto Marinho. Ela se insere em uma conjuntura de desafios para os(as) educadores(as) e gestores(as) da educação básica em todo o país. Já não é nova a constatação de que as escolas foram duramente impactadas pela pandemia de covid-19 em 2020 e 2021, que resultou em dados preocupantes em relação à evasãoescolar e à ampliação das desigualdades, já tão antigas e significativas, entre os mais pobres e os mais ricos no Brasil. Às dificuldades pedagógicas e estruturais do momento, somaram-se transformações que vinham sendo engendradas no campo das políticas públicas há anos e começaram a tomar forma precisamente durante a pandemia. Redes, escolas, gestores(as) e professores(as) foram apresentados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – que unificou a orientação para a construção de currículos em todo o país ao mesmo tempo em que voltou a lógica da escola para o ensino por competências. Nos anos finais da educação, as discussões sobre a BNCC vieram acompanhadas de uma outra novidade: o Novo Ensino Médio, que pela lei 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional com o objetivo de ampliar o tempo dos(as) estudantes nas instituições de ensino e de atender às expectativas dos(as) jovens em relação à preparação para o futuro e o mundo do trabalho. É nessa esteira que surgem propostas como a inserção do Projeto de Vida e dos Itinerários Formativos no cotidiano da escola. É no contexto, de grandes transformações em curso abaladas pela crise sanitária que atravessamos, que surge a ideia deste livro. Aqui, oferecemos a professores(as) dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio propostas pedagógicas que conciliam o desenvolvimento da cultura empreendedora nas instituições de ensino a conceitos e práticas contemporâneas do campo da educação. Mas, afinal, que papel tem o empreendedorismo na escola? Cabe um esclarecimento. Uma escola empreendedora é aquela que permite aos(às) seus(suas) estudantes identificar oportunidades, valorizar ideias, agir com criatividade, desenvolver autoconhecimento e resiliência, mobilizar recursos e pessoas, planejar e gerir projetos (no âmbito pessoal ou profissional), trabalhar em equipe e aprender com a experiência. Assim, a noção de empreendedorismo como a percebemos vai além de abrir um negócio, investir nele e arriscar os próprios recursos em um futuro cheio de incertezas. A educação empreendedora supera tais noções e estereótipos, de modo que as competências empreendedoras (veja mais ao final do livro, no Quadro de competências empreendedoras) dialogam com as competências gerais da Base Nacional Comum Curricular. Nesse sentido, que educação não é empreendedora? Que educação não tem como sentido a formação de sujeitos autônomos, com pensamento crítico desenvolvido, autoconfiança e capacidade de intervir e transformar o meio em que vivem? Estes são certamente valores caros a um projeto de educação que preza pela democracia e por valores como a participação, o diálogo e o respeito à diversidade. Pressupostos metodológicos Além de um projeto de educação pautado pelos valores democráticos, as sugestões presentes neste livro se ancoram em outros pilares. Entre eles, podemos destacar a noção de educação integral, de acordo com a qual é necessário garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural. Compreendemos, ainda, que uma educação integral, só é possível com a percepção de que os(as) jovens não formam um conjunto coeso, harmônico, padronizado e pasteurizado. Pelo contrário, há muitas maneiras de viver essa fase da vida, atravessada por valores culturais, religiosos, territoriais e de classe. É por isso que sustentamos a noção de juventudes, no plural, a fim de abarcar a diversidade que há nas salas de aula de todo o Brasil, seja em grandes metrópoles, seja no interior. Se são muitas as juventudes, precisam ser plurais as referências que selecionamos. Neste livro, procuramos dar voz a produções regionais, que contemplem o mosaico nacional, sem perder de vista seu diálogo com os clássicos universais. A diversidade humana é igualmente um valor presente nas sequências didáticas e na ideia de multiletramentos, uma vez que defendemos a importância de que estudantes se eduquem a partir de uma leitura crítica dos gêneros do discurso contemporâneos, como imagens digitais, posts, jogos, vídeos, memes e gifs. Sem deixar de lado as demais expressões de arte como a música, a representação teatral, a vivência, a observação do entorno da escola, a expressão oral, auditiva, táctil, gestual e espacial. Você perceberá, ainda, que as atividades têm algo em comum: a prática. Ela, porém, não invalida nem substitui a teoria. Pensamos as metodologias ativas em uma perspectiva reflexiva, que respeita o espaço do(a) professor(a) e seus saberes. Sob essa ótica, as estratégias ativas não são meramente lúdicas nem funcionam apenas como brincadeira para os(as) jovens. Nossa proposta é que sejam pensadas para promover uma aprendizagem significativa, em que os objetivos estão dados e a síntese das práticas é fundamental para que se possa atribuir valor a elas. Também por isso, as atividades não são estáticas e este livro não é um manual de instruções: você, professor(a), pode transformar as sequências didáticas para que se adequem à sua realidade. CHEGAR 8 Por fim, as propostas se organizam em torno de um ciclo metodológico de cinco etapas: Reconhecer, Conectar, Buscar, Movimentar e Amplificar. Essas etapas nomeiam as unidades do volume e evidenciam como as atividades estão articuladas em torno de um processo de aprendizagem. Passos da metodologia CHEGAR 9 1. R EC ON HEC ER Qu em é v ocê? 2. CONECTAR Qual é a sua rede? 3. BU SCAR O que você sabe? Como você chegou até aqu i? 4. MOVIMENTAR 5. A M PL IF IC A R On de v oc ê qu er c he ga r? CHEGAR 10 O projeto A obra Educação empreendedora – Uma proposta para engajar estudantes e transformar comunidades é parte de um conjunto integrado de ações do Sebrae que tem como foco as redes de ensino. Entre essas ações, estão as trilhas educativas para estudantes e os cursos online para professores(as). Ambas as iniciativas são de formações assíncronas, que estabelecem diálogo com as propostas deste livro e se pautam pelos mesmos princípios metodológicos e pedagógicos. Compreendemos que se trata de uma fase desafiadora para quem está na sala de aula e que, por vezes, o peso recai principalmente sobre os(as) professores(as). São eles(as) que muitas vezes têm de lidar com questões cotidianas que superam os debates sobre currículo, como a falta de infraestrutura, a vulnerabilidade social e as ameaças à saúde mental. Entendemos aqui que a educação empreendedora não é a única tábua de salvação para todos esses dilemas, mas um caminho a partir do qual seja possível que os(as) atores(atrizes) da linha de frente na escola possam construir seus próprios percursos a fim de engajar jovens e transformar algumas histórias. CHEGAR 11 Na mandala acima, confira os conceitos integrados que orientam as ações do Educação Empreendedora em Rede. Com petê ncias Empreendedoras Saber con h ecer Saber con h ecer Saber fazer Sa b er c on vi ve r Competências Gerais da BN CC BNCC EntreComp Saber con h ecer Saber con h ecer Saber fazer Sa b er c on vi ve r Saber ser Saber con h ecer Saber con h ecer Saber fazer Sa b er c on vi ve r Multiletram ento P ar tic ip aç ão P ar tic ip aç ão Projeto Direitos de Aprendizagem P ensam ento de vida crítico e criativo Au to co nh ec im en to So cia l Emocional C ultural Física In te le ct ua l Pessoa sujeito da aprendizagem CHEGAR 12 A quem serve este livro As atividades aqui propostas são úteis para docentes e escolas que incluíram, na implantação do Novo Ensino Médio, itinerários formativos ligados ao eixo do Empreendedorismo. Este não é, todavia, o único uso da obra, uma vez que os fundamentos da educação empreendedora podem orientar qualquer prática educativa, afinal, como já questionamos, que educação não é empreendedora? Assim, as sequências didáticas – sempre acompanhadas de fichas que indicam público além das competências empreendedoras e da Base Nacional Comum Curricular– servem também ao trabalho das áreas do conhecimento em sala de aula, nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Na unidade 2, Reconhecer, as ferramentas apresentadas fundamentam atividades de autoconhecimento e de diagnose local, importantes para o debate sobre Projeto de vida, em qualquer fase da vida escolar. Na unidade 3, Conectar, buscar e movimentar, abordamos diferentes temáticas, como a gestão dos recursos (tangíveis e intangíveis), a preocupação com a sustentabilidade, a reflexão sobre as transformações no mundo do trabalho e a importância da comunicação para fazer com que projetos se tornem realidade. São temas indossociáveis de uma formação que tem como perspectiva a educação integral. Na unidade 4, Amplificar, procuramos encarar o desafio de ir além dos muros da escola - e de envolver toda a comunidade escolar em práticas inovadoras. Bom trabalho! CHEGAR 13 “Geração nem-nem” em questão e projeto de vida milhões de jovens entre 15 e 25 anos não estudam nem trabalham milhão de estudantes entre 6 e 17 anos deixaram a escola em 2020 27,3 1,38 Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), havia 27,3 milhões de jovens entre 15 e 25 anos fora das instituições de ensino e do mercado de trabalho em 2020. Nesse contexto, popularizou-se a expressão “geração nem-nem”, nem trabalham nem estudam. A construção tem tom pejorativo, porque faz parecer que os(as) jovens estão nessa situação por desejo próprio. Ela não considera as crises econômicas e outros fatores que estão menos relacionados à vontade e mais a uma conjuntura complexa que inclui a fragilidade das políticas voltadas a esse público. Miriam Muller, uma das responsáveis pelo estudo Se já é difícil, imagina pra mim..., publicado pelo Banco Mundial em 2018, afirmou, em entrevista ao jornal El País, que a responsabilidade não é dos(as) jovens, ao contrário do que indica a expressão. Para ela, condições ligadas ao gênero e à pobreza são dados importantes da realidade que fazem com que essa população não projete aspirações. Para Muller, a falta de figuras de referência com carreiras interessantes afeta a mobilização do grupo. No caso das mulheres, há que se considerar a gravidez na adolescência, os casamentos precoces e a superação de barreiras como o estereótipo da mulher cuidadora. Ademais, falta informação básica para que os(as) jovens tenham acesso ao mundo do trabalho e à educação. A pesquisadora cita como exemplo o fato de que muitos dos(as) jovens das camadas mais pobres se inscrevem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas desistem de fazer a prova. Embora o estudo seja de 2018, as constatações e explicações de Muller encontram paralelo na atualidade. Em 2021, o Enem teve o menor número de inscritos desde 2007. A redução atingiu todos os grupos e é mais acentuada entre pretos, pardos e indígenas. Os dados do exame refletem as consequências da pandemia. De acordo com a Unicef, 1,38 milhão de estudantes entre 6 e 17 anos deixaram a escola em 2020, seja pela dificuldade de acesso ao ensino em casa, seja pela necessidade de ajudar a família a garantir alguma renda. CHEGAR 14 O quadro de desengajamento se soma à vontade de deixar o Brasil. O país nunca teve tantos jovens – são 50 milhões – e nunca tantos deles quiseram buscar oportunidades em outros lugares: 47% iriam embora se pudessem, como concluiu o Atlas das Juventudes e de novos estudos da FGV Social, de junho de 2021. São nítidas as consequências. No âmbito objetivo, pode-se contemplar a redução da população economicamente ativa, a falta de mão de obra qualificada e a estagnação do desenvolvimento. No âmbito objetivo, como é possível ter fé no futuro – e fomentar essa fé, como é dos jovens iriam embora do Brasil se pudessem 47% papel dos professores e professoras – em um cenário de desesperança e frustração? Em outra perspectiva, o copo está também meio cheio. Monique Evelle, jornalista e empreendedora, afirma que na periferia o que se chama de empreendedorismo sempre foi sobrevivência. Mais uma vez, os dados confirmam a hipótese. Em 2020, o número de Microempreendedores Individuais cresceu 20% em relação a 2019, de acordo com o Sebrae. Os negócios que mais surgiram são salões de cabelereiros, lojas de roupas e acessórios e pequenas empresas prestadoras de serviço. À sua frente, estão principalmente mulheres e jovens que, em razão da crise no mercado formal, tiveram a iniciativa de abrir um negócio para dar respostas a demandas cotidianas. Os números contextualizam o momento em que se coloca o debate sobre educação empreendedora. Na escola, abrem-se portas para que isso seja potencializado. Retomando o estudo Se já é difícil, imagina pra mim..., Miriam Muller propõe intervenções para transformar a realidade dos(as) jovens, que incluem: facilitar o acesso a informações que efetivamente podem mudar a vida de meninos e meninas; incutir nas populações mais pobres o sentimento de que espaços dos quais foram historicamente excluídos – como as universidades – também são para elas; oferecer programas de mentoria para ajudar os(as) jovens a lidar com as dificuldades que atrapalham seu progresso. A educação empreendedora, ao contemplar a tomada de iniciativa, a gestão dos recursos e a valorização de ideias e oportunidades, é aqui compreendida como uma das chaves para tal intervenção. Propicia-se, com o desenvolvimento da mentalidade empreendedora, que jovens CHEGAR 15 Fontes: IBGE, Unicef, FGV Social, Global Entrepreneurship Monitor Em 2020, o Brasil ganhou 14 milhões de empreendedores Mergulhe nas referências Monique Evelle fala sobre empreendedorismo e sobrevivência no primeiro episódio da websérie Os originais, da Netflix: youtu.be/ vE3HQTeV7RA A conta fica para a juventude é um documentário curta- metragem que discute as consequências da pandemia para as juventudes. Uma produção da TV Capão em parceria com a Oxfam Brasil. youtu.be/-EGW5aeHq9k No site Atlas da Juventude, da FGV Social, acesse pesquisas que traduzem qualitativa e quantitativamente a realidade dos(as) jovens brasileiros(as). https://atlasdasjuventudes.com.br/ A plataforma Juventude, Educação e Trabalho, da Fundação Roberto Marinho, reúne indicadores de educação, trabalho e vulnerabilidade social com busca por região, estado e município do Brasil. https://pjet.frm.org.br/ reconheçam suas habilidades e fragilidades, compreendam e usem a seu favor os territórios em que vivem, percebam criticamente as desigualdades sociais. Também propicia que eles não reproduzam, de modo autômato, o discurso meritocrático, mas saibam que há vias para a transformação. Trata-se, então, de desenhar projetos de vida consistentes, a fim de expandir o horizonte de suas existências sem negar suas identidades – e sem deixar o Brasil para trás. CHEGAR 16 Acreditamos que é exatamente hoje – numa época em que muitos condenam a escola como desajeitada frente à realidade moderna e outros até mesmo parecem querer abandoná-la completamente – que o que a escola é e o que ela faz se torna claro. [...] Muitas alegações contra a escola são motivadas por um antigo medo e até mesmo ódio contra uma de suas características radicais, porém essencial: a de que a escola oferece “tempo livre” e transforma o conhecimento e as habilidades em “bens comuns”, e, portanto, tem o potencial para dar a todos, independentemente de antecedentes, talento natural ou aptidão, o tempo e o espaço para sair de seu ambiente conhecido, para se superar e renovar (e, portanto, mudar de forma imprevisível) O mundo. Trecho do livro Em defesa da escola - Uma questão pública (editora Autêntica), de Jan Masschlein e Maarten Simons Entenda este almanaque ALMANAQUE EDUCADORES: EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA NA PRÁTICA – Uma proposta para engajar estudantes e transformar comunidades está organizado em cinco unidades: Chegar – Uma apresentação do projeto Educação Empreendedora em Rede, do livro e dos desafios que cercama prática da educação básica na atualidade. Reconhecer – Conjunto de atividades pedagógicas voltada para a diagnose de escolas, turmas e comunidades com foco na educação empreendedora. Conectar, buscar e movimentar – Atividades pedagógicas que conectam a cultura empreendedora às áreas de atuação do Ensino Fundamental – Anos finais e Ensino Médio. Amplificar – Propostas para que o debate sobre empreendedorismo não se restrinja à sala de aula e ao universo de professores(as) e estudantes. Partir (para outros lugares) – Quadro de competências empreendedoras e indicações de referências. CHEGAR 17 Em cada unidade, em especial nos capítulos focados em práticas pedagógicas, você encontrará as seguintes seções: Na prática – Tutoriais de atividades pautadas nas metodologias ativas de aprendizagem, que têm foco no desenvolvimento de competências empreendedoras e da Base Nacional Comum Curricular. Insight – Dicas de mediação e síntese da atividade. Personalize sua aula – Sugestões para que a atividade se adeque a diferentes contextos e ganhe a “cara” da turma e do(a) professor(a). Glossário – Conceitos e autores(as) que contextualizam dinâmicas e competências em desenvolvimento. Inspire-se – Cases de educação empreendedora e referências de diferentes linguagens para ampliar seu repertório. Entre aspas – Trechos de artigos acadêmicos e frases para provocar a reflexão e motivar o trabalho em sala de aula. RECONHECER 2 “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” José Saramago Objetivos Conceituar educação empreendedora no contexto da educação básica, tanto para os anos finais do Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio. Desconstruir mitos a respeito do empreendedorismo na escola. Público Estudantes do Ensino Médio e do Ensino Fundamental – Anos finais. Competências empreendedoras É possível afirmar que a educação traz para o empreendedorismo a possibilidade de se afirmar como elemento integrante da formação integral dos sujeitos, reforçando que esse pode compor ainda o processo educativo que objetiva a construção de projetos de vida. Segundo Dolabela (2008), o cerne da estratégia didática para a educação empreendedora está no propósito, no sonhar e na busca pela sua realização. Com isso, o ensino de base empreendedora deve promover ações dialógicas sobre sonhos, pessoais e profissionais, ao mesmo tempo que prioriza o desenvolvimento de habilidades necessárias para a vida. Na matriz do Entrecomp encontramos a ideia de que na relação do empreendedorismo com a educação o que se deve priorizar é o seu desenvolvimento enquanto competência transversal, fundamental à vida profissional, pessoal e cidadã dos sujeitos. Espaços educativos, sobretudo a escola, podem se tornar o local para que essa relação se fortaleça e que as competências sejam trabalhadas, favorecendo a disseminação da cultura empreendedora e atitude empreendedora. Currículos e novas práticas podem envolver o tema e estratégias pedagógicas podem ser elaboradas com o objetivo de desenvolver competências empreendedoras. RECONHECER 19 Educação empreendedora: O que (não) é? RECONHECER 20 Competências gerais da BNCC Conhecimento Pensamento científico, crítico e criativo Trabalho e projeto de vida Empatia e cooperação Atividades desta sequência Painel semântico: Empreendedorismo e educação IDEIAS & OPORTUN ID A D ES A ÇÕ ES RECURSOS Identificação de oportun id ades Criatividade Visão Valorização das ideias Pensam ento ético e sustentável A p re n d er c om a e xp eri ên cia Tr ab al ha r c om o s o ut ros Li d ar c om a in ce rt ez a, a m bi gu ida de e r isco P la n ej am en to e a dm in ist ra çã o To m ar in ic ia tiv a Consciência de si e aut o e fic ác ia Motivação e perseverança (res iliê nc ia) Mobilização de recu rsos Educação financeira e eco nôm ica Mobilização de pessoa s Fonte: Entrecomp As competências destacadas nas atividades aparecerão coloridas na mandala. NA PRÁTICA Painel semântico: Empreendedorismo e educação Tempo sugerido: 90-100 minutos Nesta etapa do livro, o verbo de ordem é “Reconhecer”. Por isso, a atividade que abre este capítulo se volta para o reconhecimento do conceito de educação empreendedora. Faremos isso por meio da elaboração coletiva de um painel semântico (saiba mais na seção Glossário) sobre a palavra empreendedorismo e partiremos do conhecimento que sua turma e você, professor(a), já têm a respeito do tema. Comece a atividade mostrando, em um slide ou no quadro, as seguintes palavras: RECONHECER 1 PENSAR PLANEJARARRISCAR MUDAR ORGANIZAR RESOLVER INOVAR CRIAR AGIR Na sequência, peça que cada estudante escolha um verbo para si e explique que individualmente deverão conceber um painel que traduza o significado do verbo escolhido sem usar palavras. Para isso, eles podem se valer de desenhos, imagens recortadas de revistas ou pesquisadas na internet. Incentive-os a associar as possíveis definições com figuras de pessoas conhecidas e relevantes para a história (por exemplo, no PENSAR, caberia incluir uma foto do físico Albert Einstein ou da química Marie Curie), com lugares (INOVAR pode estar ligado a uma pista de skate e RESOLVER à participação em uma olimpíada do conhecimento), com filmes, séries e outras produções do ramo de entretenimento (MUDAR pode se relacionar com a animação Divertida Mente, da Pixar, por exemplo). 2 21 RECONHECER 22 Oriente-os a construir o painel em etapas. Primeiro, é importante fazer a curadoria de imagens a partir da reflexão sobre a palavra escolhida. Depois, planejar a distribuição delas no painel – seja ele físico, em uma cartolina ou papel kraft, seja ele virtual – e, então, finalizar o conjunto. 3 Glossário: Painel semântico Ferramenta muito usada por profissionais da área de arquitetura e design, o painel semântico reúne imagens, cores, objetos e texturas em um conjunto que comunica visualmente ideias, valores e preferências. Na sala de aula, o painel semântico é um recurso para investigar e construir conceitos. Acompanhe o trabalho dos(as) alunos(as) e faça sugestões para que a colagem não seja aleatória. Incentive-os(as) a construir narrativas e associações por meio do posicionamento das referências selecionadas e de intervenções como linhas, emoticons e círculos que relacionem as imagens. Oriente-os(as) a identificar, no topo do painel, a palavra escolhida. Quando os painéis forem finalizados, peça à turma que organize uma exposição dos trabalhos. Pode ser na parede da sala ou em uma projeção, caso tenham sido usados aplicativos como o Padlet ou o Canva. 4 5 Personalize sua aula Faça uma seleção prévia de imagens que possa inspirar sua turma na pesquisa de referências. Isso é especialmente importante para grupos do Ensino Fundamental e contribui para ampliar o repertório visual e estético do grupo. Se a atividade for feita em uma plataforma digital e no computador, disponibilize uma pasta com ideias que podem incentivar o processo criativo. RECONHECER 23 Forme uma roda em torno dos trabalhos e peça que apenas observem as diferentes associações visuais motivadas pelas palavras escolhidas e que reflitam: Como essas reflexões mudam minha maneira de compreender o significado de tais verbos? Chame atenção para as diferentes características que podem ter se evidenciado na exibição dos painéis. Uns são mais ordenados, outros mais inovadores e isso reflete, em alguma medida, a personalidade de quem os confeccionou. Explique que os verbos selecionados se conectam com o tema desta aula: a definição dos conceitos de empreendedorismo e educação empreendedora. Primeiro, leia para eles o verbete de empreendedorismo que aparece no dicionário Oxford Languages: Empreendedorismo. Substantivo masculino. 1. Disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços e negócios. 2. Iniciativa de implementar novos negócios ou mudanças em empresasjá existentes, com alterações que envolvem inovação e risco. Pergunte se é possível estabelecer relações entre a definição do dicionário e os painéis apresentados. Que relação PENSAR, CRIAR, ORGANIZAR, AGIR, MUDAR, INOVAR, RESOLVER e ARRISCAR têm com empreendedorismo e com as referências que eles(as) buscaram? Em seguida, questione: Como esses mesmos verbos se relacionam com a educação? É possível colocá-los em prática no contexto da escola? O que seria uma educação empreendedora? Ouça as falas do grupo e registre-as no quadro ou no suporte que considerar conveniente. 6 7 8 9 Insight O objetivo desta atividade é construir conceitos para destruir mitos sobre empreendedorismo e educação empreendedora. Nesse sentido, é importante que fique claro como empreender não está associado exclusivamente ao campo empresarial nem requer lidar com grandes montantes de dinheiro. Trata-se, antes, de uma maneira de agir, de uma cultura que, para jovens do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, pode contribuir para desenhar e colocar em prática projetos de vida mais conscientes e consistentes. Pegada digital O Padlet (https://pt-br.padlet.com) e o Canva (https://www.canva. com/) são dois aplicativos online que facilitam a montagem de painéis semânticos. Eles têm versões gratuitas e disponíveis para dispositivos móveis como celulares e tablets. Inspire-se O canal da plataforma CER, do Sebrae, produziu uma série de vídeos sobre educação empreendedora e inovação na educação. Acesse para assistir a webinars e séries que apoiam o trabalho de educadores(as) na sala de aula. https://www.youtube.com/c/CERSebrae Incentive os jovens a buscarem o curso do projeto Educação Empreendedora em Rede “No corre! Tá na trilha. Tá no corre do projeto de vida” acessar no link: https://www.sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/cursosonline/no-corre-ta-na-trilha-ta-no-corre-do- projeto-de-vida,f1cef78ea80eb710VgnVCM100000d701210aRCRD RECONHECER A partir das hipóteses levantadas pela turma, finalize a atividade enfatizando que há uma série de mitos que envolvem o empreendedorismo. No entanto, ao falar sobre educação empreendedora estamos falando sobre criar uma cultura na qual seja possível tomar a iniciativa, assumir protagonismo diante da resolução de problemas, lidar com crises de forma criativa e inovadora, assumir riscos calculados, trabalhar colaborativamente e transformar o contexto ao nosso redor. Isso tem tudo a ver com aquelas palavras da etapa 1 e mesmo com o processo de confecção dos painéis, porque a ideia é aprender na prática. 10 24 RECONHECER 25 A educação empreendedora existe para despertar o empreendedorismo nas pessoas, por meio de técnicas que articulam o fazer e o conhecer. É aprender fazendo! Nos processos educacionais, a educação empreendedora atua em duas frentes principais: 1. Desenvolvimento de competências duráveis. 2. Possibilidade de inserção sustentada no mundo do trabalho. Assim, a educação empreendedora vai além da abertura de um negócio: trata-se do desenvolvimento de uma cultura em que a pessoa se sinta sensibilizada, preparada e empoderada para o alcance de seus objetivos de vida. Sebrae IDEIAS & OPORTUN ID A D ES A ÇÕ ES RECURSOS Identificação de oportun id ades Criatividade Visão Valorização das ideias Pensam ento ético e sustentável A p re n d er c om a e xp eri ên cia Tr ab al ha r c om o s o ut ros Li d ar c om a in ce rt ez a, a m bi gu ida de e r isco P la n ej am en to e a dm in ist ra çã o To m ar in ic ia tiv a Consciência de si e aut o e fic ác ia Motivação e perseverança (res iliê nc ia) Mobilização de recu rsos Educação financeira e eco nôm ica Mobilização de pessoa s RECONHECER 26 Ouvir histórias: Dar voz aos(às) estudantes para construir projetos de vida Objetivos Resgatar trajetórias pessoais dos(das) estudantes, a fim de que possam refletir sobre identidades e potencialidades. Relacionar narrativas pessoais à construção de projetos de vida e à educação empreendedora. Público Estudantes do Ensino Médio e do Ensino Fundamental - Anos finais. Competências empreendedoras Fonte: Entrecomp RECONHECER 27 Competências gerais da BNCC Repertório cultural Comunicação Cultura digital Trabalho e projeto de vida Autoconhecimento e autocuidado Atividades desta sequência Procuro-me: Oficina de autorretratos Há quanto tempo? Construção de timeline Janelas para o futuro: Brainstorm RECONHECER 28 NA PRÁTICA Procuro-me: Oficina de autorretratos Tempo sugerido: 100 minutos Como primeiro passo da jornada de reconhecimento, propomos uma atividade de confecção de selfies inspirados pelo trabalho da artista brasileira Lenora de Barros. Os(As) jovens devem se preparar e trazer para o encontro roupas e acessórios diversos. Comece mostrando aos(às) jovens a obra Procuro-me, de 2001, da artista brasileira Lenora de Barros, disponível aqui: https://mam.org.br/acervo/2006-073-000-barros- lenora-de/ Provoque o grupo a fazer leituras da imagem: O que a expressão da artista nos lembra? Por que ela muda de cabelo e um pouco suas feições quando posa para o retrato? Como podemos interpretar essas mudanças à luz do título da obra: Procuro-me? 1 2 Personalize sua aula Sugerimos a obra de Lenora de Barros, mas há muitos outros(as) artistas que usam o autorretrato como ferramenta de expressão. Observe seu grupo e exiba inspirações que contemplem diferentes origens, posições políticas e orientações sexuais. No canal Arte Viral, confira uma retrospectiva cronológica do autorretrato: https://www.youtube.com/watch?v=sCAApnPeNGc&t=262s RECONHECER 29 Proponha, então, que os(as) jovens façam uma releitura da obra de Lenora a partir de suas próprias crises e questões, cujo produto deve ser um painel de selfies variadas feitas com a câmera do celular. O tema da atividade é o que dá título à obra: Procuro-me. Acompanhe os(as) jovens durante a produção e incentive-os(as) a buscar expressões e produções que sejam criativas e que deem vazão às próprias angústias, histórias e vontades. Não se trata apenas de um trabalho visual, mas de uma investigação sobre si. Quando os painéis estiverem prontos, organize uma exposição das imagens, com o apoio de um telão ou, se não for viável, com o suporte dos aparelhos celulares dos(as) estudantes. Após a exibição das imagens, proponha um momento de escrita individual, em que os(as) jovens devem registrar no papel, em forma de texto em prosa ou em verso, uma resposta para a seguinte questão: O que eu procuro? Convide aqueles(as) que se sentirem confortáveis a compartilharem as produções com a sala e feche a atividade enfatizando que a elaboração de projetos de vida, no contexto da educação empreendedora, tem como ponto de partida o autoconhecimento. Esse processo não se inicia nem se encerra agora, trata-se de um movimento que conduzimos com mais ou menos vigor ao longo de toda a vida e que nos impulsiona a tomar decisões e a lutar por aquilo que reconhecemos como parte de nós. 3 4 5 6 7 RECONHECER 30 Inspire-se NA PRÁTICA Há quanto tempo? Construção de timeline Tempo sugerido: 150 minutos Nesta etapa, você vai conhecer um pouco mais sobre a história de seus(suas) estudantes. Também poderá ter um diagnóstico dos desejos de sua turma e do quanto eles(as) estão abertos ao diálogo e ao trabalho por meio da confecção de uma linha do tempo pessoal. Organize a turma em círculo e peça aos(às) jovens que compartilhem momentos que postaram nas redes sociais recentemente. Caso ache necessário, você pode pedir que consultem o celular para observar que tipo de acontecimento compartilham. Enquanto eles(as) falam, sintetize em um quadro ou outro suporte as menções que aparecem: aniversário, encontro com amigos(as), encontro com namorado(a), passeio no parque, almoço com a família, selfies. Na sequência, procure motivar a reflexão sobre o registro dos fatos mencionados em umatimeline (linha do tempo): Por que deixamos nossa vida registrada nas redes sociais? Por outro lado, por que há fatos que queremos que desapareçam rapidamente, como aqueles que postamos em redes como o TikTok ou nos stories do Instagram? Que critérios usamos para postar e para escolher o conteúdo que deve permanecer e o que deve ser passageiro? 1 2 Insight Nesta atividade, é importante observar como sempre estamos adotando critérios para a publicação de um conteúdo sobre nós, que se relaciona ao mesmo tempo com quem somos, com quem gostaríamos de ser e com quem temos como público. RECONHECER 31 Personalize sua aula Complemente a conversa sobre as linhas do tempo das redes sociais comparando-as com álbuns de fotos antigas. Há diferenças entre eles? O que escolhíamos registrar e eternizar antes? E agora, com mais acesso à tecnologia, que histórias contamos sobre nós? Depois do aquecimento, distribua um número contado (por exemplo, 10) de tarjetas de papel para cada jovem. Peça-lhes que pensem com cuidado - já que, ao contrário da internet, o espaço é limitado - e elejam dez momentos fundamentais de suas trajetórias pessoais. Depois, oriente-os(as) a registrar nas tarjetas os fatos que escolheram e o ano em que eles ocorreram. Com as tarjetas prontas, peça a cada jovem que organize sua sequência em um suporte, de modo que a linha do tempo possa ser vista e compreendida pelos demais colegas. Pode ser em um cartaz ou em um fio de barbante, por exemplo, em que os marcos ficam presos com fita adesiva ou pregadores de roupa. Além das tarjetas, eles(as) podem incluir no suporte imagens e símbolos representativos de suas narrativas pessoais. 3 4 5 Pegada digital Há ferramentas que podem auxiliá-lo(a) na construção de linhas do tempo. Teste o Padlet (padlet.com), que já tem um layout próprio para timelines, e o Jamboard (jamboard.google.com), que organiza quadros de informação por meio de notas adesivas. Acesse tutorial da ferramenta aqui. Organize um espaço de exposição dos trabalhos e solicite aos(às) jovens que, ao longo de 10 ou 15 minutos, circulem por eles, dando atenção aos fatos, imagens ou símbolos com os quais também se identificaram. 6 Quando todos(as) passarem pela exposição, faça novamente um círculo com a turma e diga-lhes para comentarem os marcos com os quais se identificaram. 7 RECONHECER 32 Inspire-se Insight Em nossas linhas do tempo, temos marcos em comum porque somos sujeitos do mesmo espaço e de uma mesma época. É bastante possível que uma festa ou mesmo um evento trágico seja mencionado por muitos(as) jovens que o vivenciaram conjuntamente. Nosso interesse aqui é provocar a turma a pensar em como tais eventos afetam nossas identidades além de oportunidades e desejos. Depois da atividade de construção de timeline, peça aos(às) jovens que escrevam um complemento para a seguinte frase e depositem em uma caixa: 8 Ao revisitar minha história, posso dizer que sou…, tenho paixão por… e quero conquistar... Diga que eles(as) não precisam colocar o nome no papel e que apenas você fará a leitura das respostas. O conteúdo é útil tanto para fazer adaptações dos próximos encontros quanto para que você conheça melhor a sua turma e o quanto eles(as) já se sentem seguros para compartilharem experiências e sentimentos com você e com os(as) demais. 9 Glossário: Projeto de vida A expressão foi incorporada com mais força ao vocabulário das escolas brasileiras após 2017, com a ampliação das discussões sobre Novo Ensino Médio. Para Juarez Dayrell, da Universidade Federal de Minas Gerais, podemos definir projeto de vida como “a ação do indivíduo de escolher um, dentre os futuros possíveis, transformando os desejos e as fantasias que lhe dão substância em objetos passíveis de serem perseguidos”. Isso não significa que falamos de um plano imutável, mas de metas flexíveis, que acompanham o amadurecimento e os imprevistos próprios da vida. RECONHECER 33 RECONHECER 34 Falo querendo entender, canto para espalhar o saber e fazer você perceber Que há sempre um mundo, apesar de já começado, há sempre um mundo pra gente fazer Um mundo não acabado Um mundo filho nosso, com a nossa cara, o mundo que eu disponho agora foi criado por mim Euzin, pobre curumim, rico, franzino e risonho, sou milionário do sonho Elisa Lucinda Explique que estamos fazendo essa provocação com os memes porque queremos promover um olhar sobre o futuro, as oportunidades, os obstáculos e as maneiras como podemos superá-los. Por isso, faremos uma atividade de brainstorm que recupera algumas das reflexões feitas nas atividades anteriores: a oficina de autorretratos e a construção de timeline pessoal. RECONHECER 35 NA PRÁTICA Janelas para o futuro: Brainstorm Tempo sugerido: 100 minutos Aqui, vamos nos remeter às descobertas compartilhadas nas etapas anteriores para que os(as) jovens possam propor um desenho do próprio futuro a partir de suas habilidades. Comece a atividade pedindo à turma que compartilhe memes que brincam com as expectativas em relação ao presente e ao futuro. 1 Personalize sua aula Antes da atividade, peça à turma que separe memes relacionados a sentimentos em relação ao futuro. Procure pensar junto com a turma: O que a cultura dos memes revela sobre nós? De alguma maneira, ela reflete um fenômeno da nossa sociedade? Além do efeito de humor, por que compartilhamos imagens que lidam com nossas inseguranças e que, às vezes, promovem discursos autodepreciativos? 2 3 Inspire-se Insight Note que aqui não se trata de fazer discursos de autoajuda ou de criticar formas de expressão e de compreensão do mundo das juventudes, mas de ouvir suas percepções e de conectá- las a um trabalho que visa a motivação e autoconsciência sem desconsiderar influências do território em que esses(as) jovens estão inseridos - questão que abordaremos na próxima unidades. Distribua uma folha de papel sem pauta em tamanho A4 e oriente os(as) jovens a dividi-la em oito partes, quatro na frente e quatro no verso. Explique que você fará perguntas e que dará cerca de três minutos para que eles(as) preencham cada quadrante, com as respostas organizadas em tópicos. Sugerimos, a seguir, algumas questões, mas você pode adaptá-las ao contexto e à faixa etária da sua turma: RECONHECER 36 RECONHECER 36 4 Anote: Cinco habilidades que você acredita que marcam sua personalidade. Cinco habilidades que as outras pessoas atribuem a você. Três situações desafiadoras pelas quais você passou e, no mesmo quadro, três aprendizados que resultaram dessas situações desafiadoras. Três coisas que motivam você. Desejos para conquistar em sua vida no prazo de 5, 10 e 20 anos. Os obstáculos que imagina que irá encontrar para conquistar seus objetivos de curto, médio e longo prazo. Quais características suas, mapeadas nas duas primeiras questões, podem ajudar a superar esses obstáculos. Que outros recursos você pode precisar para superar esses obstáculos. Durante a confecção do quadro, se eles(elas) tiverem dificuldades para fazer o brainstorm, explique que não há resposta certa ou errada e dê exemplos de anotações possíveis. Quando os quadros estiverem terminados, peça aos(às) jovens que se sentirem confortáveis para compartilharem suas respostas com os demais. Dê especial atenção às habilidades, aos obstáculos e às formas de superação propostas. RECONHECER 37 5 6 Inspire-se Insight As respostas do grupo são úteis para que pensemos nas competências relacionadas ao desenvolvimento de uma educação empreendedora. É importante ter autoconhecimento, estabelecer metas e reconhecer os obstáculos para que se possa traçar metas para superá-los ou lidar com eles no cotidiano. Nesse sentido, é fundamental o apoio das pessoas que nos cercam e das instituições como a própria escola. Nesta etapa, organize com os(as) jovens uma nuvem de palavras em que eles(as) destaquem três pilares do processo de autoconhecimento,foco das três atividades anteriores. Use ferramentas como o Mentimenter (mentimeter.com) (se não houver essa possibilidade, use pedaços de papel e fita adesiva a fim de montar um mural) para fazer uma enquete com três perguntas, que devem ser respondidas em uma palavra: Qual é a minha principal habilidade? Qual é o meu sonho? Que obstáculos vou enfrentar? Ao fim da avaliação, faça a leitura da nuvem coletiva, dando destaque para as palavras que mais apareceram, e questione: De que maneira esse grupo pode se fortalecer diante das habilidades de cada um e dos obstáculos que há pela frente? 7 8 RECONHECER 38 Inspire-se Assista a um trecho da entrevista de Edu Lyra, criador do Instituto Gerando Falcões, ao programa Roda Viva. A iniciativa de Lyra tem como objetivo transformar a história de jovens na periferia de São Paulo por meio de educação e desenvolvimento econômico. https://www.youtube.com/watch?v=XMgJkX5Sy2Q Glossário: Juventudes A palavra, aqui usada no plural, representa a diversidade do conceito, uma vez que sua concepção está associada a etnia, classe, religião e gênero, entre outros fatores. No mesmo sentido, há juventudes, resultados de uma época e de um lugar, que interagem com outras gerações e sobre as quais não é possível traçar um perfil homogêneo. RECONHECER Desenhar mapas: Reconhecer potencialidades do território para transformar histórias Objetivos Observar e potencializar a relação dos jovens com o território em que vivem. Identificar oportunidades e desafios no território. Conectar as potencialidades do território ao projeto de vida dos jovens e à noção de educação empreendedora. Público Estudantes do Ensino Médio e do Ensino Fundamental – Anos finais. Competências empreendedoras IDEIAS & OPORTUN ID A D ES A ÇÕ ES RECURSOS Identificação de oportun id ades Criatividade Visão Valorização das ideias Pensam ento ético e sustentável A p re n d er c om a e xp eri ên cia Tr ab al ha r c om o s o ut ros Li d ar c om a in ce rt ez a, a m bi gu ida de e r isco P la n ej am en to e a dm in ist ra çã o To m ar in ic ia tiv a Consciência de si e aut o e fic ác ia Motivação e perseverança (res iliê nc ia) Mobilização de recu rsos Educação financeira e eco nôm ica Mobilização de pessoa s 39 Fonte: Entrecomp RECONHECER Competências gerais da BNCC Conhecimento Pensamento científico, crítico e criativo Trabalho e projeto de vida Empatia e cooperação Responsabilidade e cidadania Atividades desta sequência Explorações do território Mapas e afetos Forças e fraquezas No meu lugar 40 RECONHECER NA PRÁTICA Explorações do território Tempo sugerido: 150-200 minutos Depois das práticas de autoconhecimento, vamos explorar o entorno da escola por meio de um exercício dirigido de cartografia. Esta é uma atividade de trabalho de campo que envolve a circulação pelo entorno da escola. Antes de começar o trabalho com a turma, prepare um mapa e estabeleça uma rota que deverá ser percorrida. Caso sua turma seja numerosa e os(as) alunos(as) ainda pouco autônomos, peça auxílio de outros professores para acompanhá-lo. Atenção também ao traçado da rota em territórios de risco. Organize os jovens em grupos de quatro ou cinco e explique que faremos uma exploração da região próxima à escola. Para isso, cada grupo ficará responsável pela observação de um aspecto desse território. Faça cópias do mapa com a rota estabelecida e entregue um a cada jovem acompanhado de prancheta e caneta para facilitar o registro. Com os grupos formados, apresente e distribua os temas de observação e mapeamento: Comércios, serviços e outros locais de trabalho (indústria, escritórios, hospitais, por exemplo). Espaços de lazer, esportes e cultura da juventude. Prédios da administração pública (como prefeituras e fóruns). Instituições voltadas para a educação (informal ou formal, básica ou superior). Organizações não-governamentais. Locais de atenção à saúde. Templos religiosos. Pontos de referência para transporte (terminal de ônibus, estação de balsas, por exemplo). 1 2 3 4 41 RECONHECER Explique que, além do trabalho que os grupos farão, cada estudante, individualmente, deve pensar na sua relação com os espaços do entorno. Pode ser que ela seja mais próxima, caso ele(a) seja morador(a) do bairro, ou mais distante, caso só se desloque até lá a fim de estudar. Oriente-os a registrar – em foto e por escrito, no mapa – os espaços que de alguma maneira marcam sua relação com o território. Durante a observação, incentive os grupos a fazerem registros em que marcam suas observações no mapa. Eles também podem associar sentimentos e percepções ao mapa. Por exemplo, colocar um emoticon triste em uma estrutura para a juventude que está abandonada, um sorriso nos espaços de gostam de frequentar ou um ponto de atenção. Após a caminhada, volte ao espaço da escola e, antes de chegar à sala de aula, abra uma roda e peça que os jovens apontem o que constataram em suas observações. Pergunte como se sentiram (permita que façam também avaliações negativas, que falem sobre cansaço, medo ou tédio, por exemplo) e o que notaram pelo caminho que até esta atividade não haviam percebido. 42 5 6 7 Inspire-se Insight O objetivo desta atividade é aguçar o olhar para descortinar novas possibilidades de leitura em paisagens com as quais estamos acostumados. Andar a pé e sem pressa é um exercício que faz parte dessa mudança de perspectiva. Para o professor italiano Francesco Careri, autor do livro Walkscapes – O caminhar como prática estética, mover-se a pé é um ato que nos permite, ao mesmo tempo, exercitar a criatividade e transformar, pelo próprio ato de caminhar, os lugares. Durante a atividade, estimule em seu grupo a postura investigativa que Careri propõe. Pegada digital A atividade pode ser adaptada para o virtual com o apoio do Google Street View, que mostra imagens das ruas das maiores cidades do Brasil. https://www.google.com.br/maps RECONHECER 43 Personalize sua aula Você pode mudar as categorias de observação para contemplar a realidade local. Caso sua escola não fique na zona urbana, por exemplo, certamente haverá mudanças naquilo que deve ser observado pelos jovens caminhantes. Glossário: Cartografia À noção da geografia, disciplina para a qual a cartografia é a elaboração de mapas que representam o espaço físico visível, acrescenta-se aqui um caráter subjetivo. O sentido do verbo cartografar significa, dessa maneira, perceber o território na relação com a vida das pessoas que nele habitam e convivem. Cartografar aqui, portanto, abarca a memória, as experiências, os sentimentos e os desejos dos sujeitos, na tentativa de construir um sentido para tais interações e, por outro lado, desconstruir estereótipos e ideias pré-concebidas. Inspire-se O primeiro episódio do podcast 37 graus conta a história de professores que criaram experimentos para explorar o mundo além do seu quintal. As histórias falam sobre o território em que se vive, mas também sobre como extrapolar esses limites. Ouça Cafundós: https://37grauspodcast.com/episodio1/ 44 RECONHECER 44 A cartografia convida a uma postura analítica constante da realidade mapeada. Permite não só reconhecer traçados objetivos dos nossos bairros, cidades, deslocamentos e relações mas também acessar a construção subjetiva dos significados presentes neles. Ao evidenciar as construções de significados presentes nos objetos de investigação, ela permite o reconhecimento das potencialidades pessoais e dos territórios para ativá-las em processos de construção coletiva de conhecimentos sobre as realidades locais. Nesse processo, a cartografia é uma estratégia que permite articular ações para a experimentação de novas práticas e novos olhares, abrindo possibilidades para a invenção de estratégias para a constituição de novos territórios, outros espaçosde vida e relações. Essa metodologia relaciona-se com um princípio de investigação que tem o sentido de desnaturalizar e problematizar os significados, provocando nos jovens o “desprendimento” de modelos e proporcionando o “pensar diferentemente”, o reconhecimento da alteridade e dos diferentes modos de viver. Trecho do livro Jovens urbanos – Marcos conceituais e metodológicos, uma iniciativa da Fundação Itaú Social e do Centro de Estudos e Pesquisas em Ação Comunitária – Cenpec https://www.cenpec.org.br/wp-content/uploads/2019/07/02MarcosConceituaisPJU.pdf https://www.cenpec.org.br/wp-content/uploads/2019/07/02MarcosConceituaisPJU.pdf Terminados os desenhos, organize uma ordem para que os grupos apresentem seus trabalhos. Estabeleça um limite de tempo – cerca de cinco minutos – para que esta etapa fique mais dinâmica. RECONHECER 45 NA PRÁTICA Mapas e afetos Tempo sugerido: 100 minutos Informações quantitativas e qualitativas se encontram no desenho coletivo de mapas afetivos. De posse das observações, cada grupo deverá desenhar um mapa em escala maior do que aquele levado para o trabalho em campo. Você pode fazer cópias dos mapas em tamanho A3 ou distribuir cartolinas e pedir que eles mesmos desenhem o contorno da região, o traçado das ruas e elementos geográficos – como praias, rios e montanhas – que a compõem. A qualidade e a precisão da imagem são menos importantes do que as informações qualitativas que serão acrescentadas a ele. Quando o desenho do mapa estiver terminado, solicite que eles incluam as observações feitas pelo grupo nos lugares correspondentes. Depois, sugira que acrescentem sentimentos, sensações e outros dados que puderam perceber enquanto caminhavam. Eles podem fazer isso por meio de palavras-chave, emoticons, desenhos, versos de músicas e poemas. Também é possível incluir lugares que dizem respeito a experiências pessoais, como a casa da avó, um balanço no parque que lembra a infância ou uma pizzaria que frequentam com os amigos. Oriente os estudantes a usar cores diferentes de caneta para identificar quais são as contribuições de cada pessoa do grupo. 1 2 3 4 Inspire-se Insight Nesta etapa, é possível que o mapa expresse sentimentos conflitantes, pois cada um desenvolve experiências muito pessoais com o território. Diga-lhes que não há problema e que o valor da atividade está justamente em fazer com que essas incoerências se revelem – por meio delas conhecemos mais o outro e o território que frequentamos. RECONHECER 46 Inspire-se Insight Faça intervenções enquanto os grupos se apresentam e explore características que você mesmo observou no território em diálogo com jovens. Além disso, conforme a dinâmica avança, faça comparações que coloquem em evidência a pluralidade de olhares que pode haver sobre uma mesma região. Ao final, peça ajuda da turma para fazer uma síntese das percepções que o grupo teve em relação ao território e reforce a ideia de que é por meio do trabalho em equipe que podemos avançar tanto em um trabalho de diagnóstico local quanto de autoconhecimento a partir das relações que estabelecemos com os espaços em que vivemos. Não jogue fora os mapas, pois eles serão necessários na próxima atividade desta sequência didática. 5 6 Inspire-se Conheça o projeto Quebrada Maps, iniciativa de professores de Geografia do Ensino Fundamental e do Ensino Médio em escolas de São Paulo. Os docentes se valem da tecnologia para deslocar o eixo de diálogo na cidade do centro para a periferia por meio da confecção de mapas colaborativos e participativos. O site tem exemplos das produções que podem inspirar seu trabalho. https://quebradamaps. wordpress.com/ Imagem: https://quebradamaps.wordpress.com/ 47 RECONHECER 47 (...) Ao cartografar os lugares a partir das sensações das pessoas, os mapas afetivos dão materialidade para a subjetividade dos espaços vividos, conhecidos, desconhecidos ou imaginados, caminhando para uma representação da rua, do bairro, da cidade não pelo prisma político do Estado e sim pelo microcosmo do cotidiano e das construções imaginárias do EU sobre o espaço. Ao colocar na centralidade da representação as percepções sensoriais das pessoas, os mapas afetivos de forma direta ou indireta são capazes de desenvolver identidades territoriais, indicando lugar (afetividade com o espaço) e não-lugar (esvaziado de sentido para o ser). Ao ilustrar essa dicotomia entre afetivo e não efetivo, esses mapas sensoriais são capazes de iniciar a tessitura de experiências das pessoas e sua relação com os espaços-tempos por onde coabitam sentimentos plurais sobre o espaço (...). Luiz Augusto Ferreira Lourenço, para o Wikifavelas RECONHECER 48 NA PRÁTICA Fragilidades e forças Tempo sugerido: 100 minutos O que podem as pessoas que formam um território? Qual é a importância de reconhecer aquilo que ainda não podemos? Essas perguntas são o motor para a atividade a seguir. Prepare o espaço da aula com os mapas afetivos e recupere a síntese da atividade anterior. Na sequência, se houver possibilidade, exiba o vídeo Embarcar, um episódio da série Pense Grande.doc, que registrou iniciativas de empreendedorismo jovem em todo o Brasil. Ele está disponível aqui: youtu.be/FcLy8Y6yCkc&t=771s 1 2 Personalize sua aula A série Pense Grande.doc dispõe de 26 episódios com histórias de protagonismo juvenil. Escolha, para reflexão, a história que mais se adequa ao perfil de sua turma. A dica vale também para professores dos anos finais do Ensino Fundamental, que podem encontrar iniciativas mais apropriadas ao seu público. http://www.pensegrandedoc.org.br/ Em seguida, analise a história de Taissir Carvalho por meio de algumas questões: Que fragilidade o jovem identificou em seu território, a cidade de Santarém, no Pará, para desenvolver o projeto Embarcar? O que permitiu que ele desenvolvesse o projeto? Como a história de vida de Taissir permitiu que ele tomasse a iniciativa para intervir sobre um problema local? Que impactos a iniciativa provocou nas pessoas que precisam chegar ou sair de Santarém? Relacione a análise do vídeo com a exploração do território que aconteceu anteriormente. Enfatize como a dependência e a falta de informação a respeito do transporte – um problema que incomodava não apenas o jovem, mas boa parte da população – motivou a criação da startup. Mostre também como Taissir tinha algumas forças, como o conhecimento de programação, a capacidade de trabalhar em grupo e a facilidade de ir em busca de informações. Isso permitiu que o negócio ganhasse força. Distribua seis pedaços pequenos de papel, três de uma cor e três de outra, e explique que vamos tentar identificar as fragilidades e as forças do território que observaram na atividade do mapa. Peça que escolham três fragilidades percebidas e registrem uma em cada papel. Depois, que pensem em três forças do território e façam o mesmo processo de registro individualmente. Escolha um suporte, como uma parede ou um quadro de cortiça, para reunir de um lado as forças e de outro as fragilidades do território. Peça que os jovens colem com fita crepe ou tachinhas suas contribuições. Quando tiverem terminado, solicite que leiam o que diz cada pedaço de papel e procurem agrupá-los por semelhança. Que fragilidades mais apareceram? Que forças são mais evidentes? A ideia aqui é fazer inferências da percepção do grupo. RECONHECER 49 3 4 5 6 Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças RECONHECER 50 Inspire-se Insight O documentário visto pela turma fala de uma questão relacionada ao transporte, mas a mesma lógica se aplica a outras áreas. Se o mapa for feito de maneira comprometida, ele revelará questões como a falta de espaços de lazer para a juventude, a evasão escolar, a vulnerabilidade social. Por outro lado, pode dar a ver a capacidade associativa que existe em templos religiosos ou na associação de moradores, a liderança e o potencial de mobilização de uma diretorade escola, os projetos de extensão e parcerias viáveis com universidades públicas. Glossário: Análise FOFA Esta atividade é uma adaptação de uma ferramenta de planejamento e gestão de projetos chamada Análise FOFA ou, em inglês SWAT, que ajuda na avaliação de cenários e na tomada de decisões. No modelo original, identificam-se as Forças e as Fraquezas internas (do projeto que se quer colocar em prática; no nosso caso, do território) e as Ameaças e Oportunidades externas. 7 8 Então, em mais uma rodada de reorganização dos papéis, peça que eles conectem as fragilidades e forças identificadas no mural. Dito de outra maneira, que conectem as necessidades às potencialidades do território com o objetivo de resolver problemas, assim como fez Taissir, o jovem protagonista do vídeo. Novamente, procure amarrar as pontas do debate a fim de garantir que o objetivo da atividade seja cumprido. Nesse sentido, indique como nem sempre é óbvio juntar as habilidades e características de que dispomos com os problemas que afetam nossa vida e que precisamos resolver. Trata-se de um exercício ligado às competências empreendedoras. . RECONHECER 51 NA PRÁTICA O meu lugar Tempo sugerido: 50 minutos Comece a atividade escrevendo o título desta proposta na lousa ou em outro suporte que estiver disponível: O meu lugar. Explore com os(as) jovens os diferentes significados da frase. Ao que ela se refere? Enfatize que ela pode remeter ao lugar de onde viemos, ou seja, às nossas origem e identidade. Pode também falar sobre o lugar em que vivemos, por onde circulamos, nosso território. Por fim, fazer pensar sobre qual é nosso lugar, de modo subjetivo, em um mundo de muitas possibilidades. 2 1 Personalize sua aula Para completar a reflexão, você pode ouvir com os(as) estudantes músicas representativas dessa pluralidade de significados que acompanham a frase discutida. Uma delas é De Santo Amaro a Xerém (assista aqui: https://youtu.be/h0UAAfOaEmc), de Caetano Veloso, interpretada por Maria Bethânia e Zeca Pagodinho, conhecidos pelo valor que dão ao lugar em que nasceram ou se criaram. Estas são sugestões, pois a seleção musical deve dialogar com as preferências e origens do seu grupo. RECONHECER 52 Recupere com o grupo de estudantes as atividades de autoconhecimento feitas no primeiro capítulo desta unidade. É importante que retomem, em especial, o exercício de brainstorm Janelas para o futuro. Peça que eles releiam o que haviam escrito em seus quadros pessoais e em seguida observem os mapas afetivos que foram confeccionados após a exploração do território. Prepare, com antecedência, duas caixas. Escreva em uma delas a frase “Eu recebo” e na outra “Eu ofereço”. Entregue dois pedaços de papel coloridos a cada jovem. Em um, eles(as) devem escrever o que oferecem como habilidade ou desejo a esse território – por exemplo, “ofereço criatividade” ou “ofereço o desejo de ajudar as pessoas. No outro, devem registrar o que recebem desse território – por exemplo, “recebo um modelo de solidariedade”, “recebo o bom humor cotidiano da comunidade”. Depois que os registros forem feitos, peça que a turma deposite os papéis nas caixas. Abra um círculo e peça a cada um que retire das caixas uma resposta e leia para o grupo, de modo dinâmico. Quando terminarem de ler os papéis, peça que tentem responder a razão pela qual conectamos as duas atividades: a de autoconhecimento com a de exploração do território. Ouça as hipóteses e reafirme o que for necessário para um processo impulsionador da educação empreendedora. 2 4 5 6 7 8 3 Inspire-se Insight As oportunidades estão também nos lugares por onde circulamos, mas para percebê-las, em primeiro lugar, é necessário que saibamos quais são as nossas metas, estabelecer parâmetros para um projeto de vida. Em segundo lugar, para empreender é preciso enxergar o mundo com novas lentes, a fim de perceber relações que não se dão a ver tão facilmente e de enxergar possibilidades em lugares que parecem hostis ou inférteis – tal como na epígrafe desta unidade, trata-se de ser como o inseto que busca um caminho no terremoto. 53 RECONHECER 53 Quero, terei — Se não aqui, Noutro lugar que inda não sei. Nada perdi. Tudo serei. Fernando Pessoa, poeta português 54 CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 3 “O alimento da inteligência é aquilo que ela nunca pensou. Ela o procura sem saber. Ela espera sem saber aquilo em que nunca teria pensado.” Paul Valéry CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 55 O futuro do trabalho Objetivos Promover a reflexão sobre o mundo do trabalho diante das transformações do século XXI. Relacionar projeto de vida e educação empreendedora no contexto das referidas transformações. Público Estudantes do Ensino Médio e estudantes do Ensino Fundamental – Anos finais Competências empreendedoras IDEIAS & OPORTUN ID A D ES A ÇÕ ES RECURSOS Identificar oportunid ad es Criatividade Visão Valorização das ideias Pensam ento ético e sustentável A p re n d er c om a e xp eri ên cia Tr ab al ha r c om o s o ut ros Li d ar c om a in ce rt ez a, a m bi gu ida de e r isco P la n ej am en to e a dm in ist ra çã o To m ar in ic ia tiv a Autoconsciência e auto efic ác ia Motivação e persever anç a Mobilização de recu rsos Educação financeira e eco nôm ica Mobilização de pessoa s Fonte: Entrecomp CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 56 Competências gerais da BNCC Conhecimento Pensamento científico, crítico e criativo Repertório cultural Trabalho e projeto de vida Área do conhecimento Ciências Humanas e Sociais Aplicadas #ensinomédio Linguagens e suas Tecnologias #ensinomédio Ciências Humanas #ensinofundamental Linguagens #ensinofundamental Atividades desta sequência didática Ensino Médio Mudanças em curso “Eu sonho mais alto que drones” Ensino Fundamental – Anos finais Transformar-se em outros(as) CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 57 NA PRÁTICA Mudanças em curso #ensinomédio Tempo sugerido: 100 minutos Faremos um levantamento das relações de trabalho presentes nas famílias e nas figuras de referência dos(as) estudantes para traçar hipóteses a respeito das transformações dessa área que se percebem no mundo contemporâneo. Como preparação para esta atividade, oriente os(as) jovens a pesquisarem as relações de trabalho que as pessoas com quem convivem tiveram ao longo da vida. Para pautar a investigação, você pode oferecer a eles(as) uma lista de questões como a que apresentamos a seguir. 1 Qual é o seu nome? Qual é a sua data de nascimento? Quando você era criança, sonhava em exercer que profissão quando adulto? Que profissão você exerce hoje? Quando você começou a trabalhar? Até hoje, que ocupações você teve? Em que diferentes lugares você já trabalhou? Já ficou ou está desempregado(a)? Como se sente em relação a isso? Como eram/são os contratos de trabalho? Você trabalhou com carteira assinada ou formalizou sua atividade de alguma outra maneira, por exemplo, por meio de um cadastro como Microempreendedor Individual? Que importância o trabalho tem em sua vida? Se pudesse dar um conselho a um(a) jovem que está prestes a começar a trabalhar, que conselho daria? CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 58 Combine um prazo para que eles(as) façam as entrevistas e peça que, se possível, conversem com mais de uma pessoa. É importante ouvir diferentes pontos de vista sobre o tema. Vale estimular que entrevistem alguém que admiram como profissional, pode ser um professor, um funcionário da escola ou alguém com quem trabalham, já que no Ensino Médio há uma série de estudantes que exercem atividade remunerada. Com os dados coletados, promova entre os(as) jovens uma atividade de registro. Peça-lhes que elejam uma das pessoas entrevistadas e escrevam uma narrativa em primeira pessoa, que registre a trajetória do(a) escolhido(a) no mundo do trabalho. Como os textos serão lidos depois, limite o tamanhodas produções a uma folha de tamanho A4. 2 3 Inspire-se Insight O registro escrito oferece um importante instrumento de avaliação para educadores(as). Que aspectos da trajetória do(a) entrevistado(a) os(as) estudantes escolhem valorizar? Quais preferem deixar de lado? O que essas escolhas revelam sobre a visão de mundo do(a) próprio(a) jovem? Solicite que voluntários(as) compartilhem em voz alta trechos que gostaram das narrativas que escreveram. Na sequência, peça que reflitam sobre as narrativas que ouviram e que analisem as experiências de diferentes faixas etárias em relação ao trabalho. Ao compararmos as diferentes histórias, o que mudou? 4 CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 59 Personalize sua aula Caso seu grupo tenha dificuldade para traçar paralelos entre o passado e o presente no campo do trabalho, selecione imagens que retratam diferentes épocas. Selecionamos algumas possibilidades: O francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) trabalhou como pintor da corte portuguesa no Brasil e retratou, entre outros temas, o cotidiano das pessoas escravizadas naquele período. Acesse algumas de suas obras na Enciclopédia Itaú Cultural: https://enciclopedia.itaucultural. org.br/pessoa18749/jean-baptiste-debret O brasileiro Sebastião Salgado registrou, entre 1980 e 1990, o esforço humano na série de fotografias Trabalhadores. Algumas das imagens estão disponíveis no site Nutrição Visual: https://nutricaovisual.art.br/ historia/artistas-em-pesquisa/sebastiao-salgado/ É famosa a foto de Charles Clyde Ebbets, de 1932, que registra operários almoçando sentados em uma viga posicionada nas alturas durante a construção de um edifício em Nova York. Acesse no site do G1. As videoinstalações do artista alemão Harun Farocki tematizam o trabalho ao longo da história. Conheça Farocki a partir da exposição organizada pelo Instituto Moreira Salles: youtu.be/ZXcr2wmTnxs Inspire-se Insight São muitos os tópicos que podem ser abordados pela turma nessa reflexão. Há, ainda assim, pontos importantes que não podem ser ignorados por quem faz a mediação da atividade. É importante ressaltar o crescimento da informalidade – e, no caso do Brasil, do empreendedorismo, como resposta à redução das vagas formais. Também podem ser tematizadas as mudanças na produção, como a redução do número de operários que trabalham em fábricas ou no campo, em razão da automatização e da inteligência artificial. Ainda, não perca de vista os efeitos da pandemia sobre o mundo do trabalho. Cresceu o número de pessoas que trabalham em home office e dos entregadores ou motoristas de aplicativo, como resultado da uberização. Após construir a comparação em relação às transformações do mundo do trabalho em diferentes épocas, exiba a palestra de Maira Habimorad, especialista em Recursos Humanos, em uma edição do TEDx Talks de 2018, que discute o que não muda em relação ao futuro além de questões éticas e morais ligadas à produção. Assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Dy9O3oOVnho No desfecho da conversa, procure sintetizar as reflexões construídas ao longo deste percurso: O que o futuro do trabalho reserva a quem ingressará nesse mundo em breve? Como encontramos correspondência entre essas conclusões e nosso projeto de vida? Aprofundaremos esta questão na próxima atividade. 60 5 6 Glossário: Uberização O termo reflete transformações no modelo de trabalho, que passa a ser gerenciado por plataformas digitais, como aplicativos, as quais conectam os clientes às empresas. As relações são caracterizadas, ao mesmo tempo, pela eficácia e pela informalidade. Dados do Instituto Locomotiva mostraram que, em 2021, 11,4 milhões de pessoas recorreram a aplicativos para obter ao menos parte de sua renda. Experiências promovidas por uma escola que acolhe as juventudes e percebe os desafios da sociedade contemporânea] favorecem a preparação básica para o trabalho e a cidadania, o que não significa a profissionalização precoce ou precária dos jovens ou o atendimento de necessidades imediatas do mercado de trabalho. Ao contrário, supõe o desenvolvimento de competências que possibilitem aos estudantes inserir- se de forma ativa, crítica, criativa e responsável em um mundo cada vez mais complexo e imprevisível, criando possibilidades para viabilizar seu projeto de vida e continuar aprendendo, de modo a ser capazes de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores. Base Nacional Comum Curricular, p. 465-466. CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 61 CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 62 NA PRÁTICA “Eu sonho mais alto que drones” #ensinomédio Tempo sugerido: 150 minutos O título desta atividade se refere a um verso da música AmarElo, do rapper Emicida. O objetivo é estimular os(as) jovens a compreender que valor tem ou terá o trabalho em suas vidas a fim de que possam refletir sobre seu projeto de vida e sobre o que desejam alcançar no curto, no médio e no longo prazo – sem esquecer de sonhar alto. Comece a atividade lendo as frases a seguir, que trazem diferentes visões sobre o trabalho tanto no âmbito pessoal como social e histórico. As citações podem ser projetadas em slides ou impressas em papel e coladas nas paredes ou no mural da sala. 1 “O trabalho danifica o homem.” Maguila, boxeador brasileiro. “[...] o chefe da casa, trabalha e nunca está Ninguém vê sair, ninguém escuta chegar O trabalho ocupa todo o seu tempo Hora extra é necessário pro alimento” Racionais MC’s, Periferia é periferia (em qualquer lugar) “Eta povo pra lutar, vai gostar de trabalhar/ Nunca vi tão disposto (esse é o povo brasileiro).” Trecho da canção Eta povo pra lutar, de Zeca Pagodinho “Amor, trabalho e conhecimento são as fontes de nossa vida. Deveriam também governá-la.” Wilhelm Reich CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 63 “E do caboclo que vive Com a enxada na mão Trabalhando o dia inteiro Com a maior diversão Sem invejar a ninguém Satisfeito a trabalhar Cada vez mais animado Esse teu suor pingado Grandeza e honra te dá.” Trecho de Caboclo Nordestino, música de Luiz Gonzaga “Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.” Steve Jobs, criador da Apple “Hoje o indivíduo se explora e acredita que isso é realização.” Fala do filósofo sul-coreano e contemporâneo Byung Chul-Han, em entrevista ao jornal El País. Na sequência, pergunte aos(às) jovens que frase mais se relaciona com o modo como percebem o trabalho. Abra espaço para as críticas e acolha as falas que expressem falta de perspectiva. 2 Inspire-se Insight A falta de perspectiva em relação ao trabalho pode ser explicada pelos exemplos familiares, pela ausência de figuras de referência ou pelo índice de vulnerabilidade social do território. Daí a importância de dar voz às histórias de vida dos(as) estudantes e das atividades de tutoria na escola, que ampliem os horizontes sobre o tema. CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR 64 Depois que eles(as) escolherem as frases, investigue com a turma o que elas evidenciam sobre a relação entre humanidade e trabalho, sobretudo, na contemporaneidade. É importante deixar claro como convivem, simultaneamente, percepções que idealizam o trabalho e outras que o menosprezam. Questione se é possível encontrar um equilíbrio em relação a essas visões polarizadas. Após a provocação inicial, dê aos(às) jovens uma tarefa ligada à cultura digital. Eles(as) devem planejar e criar gifs animados ou um vídeo por meio do qual expressem suas metas para os próximos 5, 10, 15 e 20 anos. O formato pede que a tarefa seja cumprida com bom humor, o que não tira dela a seriedade da reflexão sobre o futuro. 3 4 Pegada digital O site CanalTech explica como usar o WhatsApp para criar gifs animados: youtu.be/951xPftI28s Quando os trabalhos estiverem terminados, organize