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1 - Educação Infantil Um direito da criança

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A EDUCAÇÃO 
INFANTIL E A 
GARANTIA DOS 
DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
DA INFÂNCIA
Glaucia Silva Bierwagen 
Educação Infantil: 
um direito da criança
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar a criança como um sujeito de direitos.
  Reconhecer a Educação Infantil como um direito assegurado por lei 
a todas as crianças de 0 a 5 anos de idade.
  Identificar as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil 
como o documento balizador das propostas pedagógicas e curricu-
lares da Educação Infantil. 
Introdução
A infância é um importante momento para o desenvolvimento da criança 
e de suas habilidades de expressão e comunicação. Entretanto, nem 
sempre foi assim: foi uma longa luta, em especial no final do século XIX 
e início do século XX. Esse movimento se mantém até hoje para chegar 
à compreensão da infância e da criança na sua condição como ser em 
desenvolvimento.
Nesse sentido, estabeleceram-se, ao longo desses anos, vários mar-
cos legais, como a Constituição de 1988; o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, de 1990; a Lei de Diretrizes e Bases, a partir de 1996; as 
Diretrizes Curriculares para Educação Infantil, de 2009. Esses documentos 
entenderam a criança como sujeito de direitos, tendo direito à educação 
proporcionada pelo Estado (especialmente nas instituições escolares), 
pela família e pela comunidade.
Neste capítulo, você verá quais foram as lutas e as conquistas sociais, 
assim como os principais elementos que identificam a criança como um 
sujeito de direitos, especialmente a partir da legislação.
Criança: sujeito de direitos
Korczak (1984, p. 45) acreditava que a infância se constituía de “[...] longos 
e importantes anos da vida de um homem [...]” e declarava que a criança tem 
direito de expressar as suas ideias livremente, e que os adultos deveriam 
considerar as opiniões, as sugestões e os pontos de vista de uma criança. O 
fi lósofo Rousseau, conceituado pensador do século XVIII, considerava que 
o processo educativo deveria respeitar o desenvolvimento natural da criança, 
dando atenção às diversas fases do seu desenvolvimento (ROSSEAU, 2004).
O reconhecimento da criança como sujeito de direitos é recente e foi mar-
cado por lutas e discussões da sociedade civil, assim como pela criação de 
políticas e de leis. No século XIX, período em que a população se concentrava 
na área rural, as responsáveis por cuidar das crianças eram as mulheres, 
enquanto os homens trabalhavam. No entanto, somente com o processo de 
urbanização, no século XX, com mudanças na estrutura familiar — com as 
mulheres indo trabalhar fora — é que se expôs a necessidade de atendimento 
às crianças. Com o advento dos movimentos operários lutando por melhores 
condições de trabalho e salários, uma das reivindicações das mulheres tra-
balhadoras eram a abertura de locais para deixar os filhos durante o período 
de trabalho (SOUZA; GARCIA, 2015).
No Brasil, por volta dos anos 1920, a partir das contribuições da psicologia 
de que o indivíduo é responsável pela aquisição do conhecimento e é partici-
pante no processo de construção desse conhecimento, despontou o movimento 
da Escola Nova. Por meio desse movimento, foi levantada a discussão acerca 
da mudança de atendimento às crianças nos jardins de infância. Porém, tal 
discussão estendeu-se somente ao atendimento das crianças das classes sociais 
mais favorecidas (ROMANELLI, 2012; SOUZA; GARCIA, 2015). 
Segundo Souza e Garcia (2015), na década de 1940, com a Consolidação 
das Leis do Trabalho (CLT), surgiu a primeira legislação que versava sobre 
a obrigatoriedade do atendimento às crianças (filhos de trabalhadoras) nas 
creches. Até 1980, foi a única legislação que abordou tal questão. 
Em 1961, promulgou-se a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (Lei nº 4.024) que determinava a obrigatoriedade do ensino público 
às crianças a partir dos 7 anos de idade e fazia referência à Educação Infantil, 
mencionando que ela deveria ocorrer nos maternais e jardins de infância. Nesse 
período, o governo estimulava as empresas que tivessem trabalhadoras com 
filhos de até 6 anos de idade a assumirem a educação destes. Desse modo, o 
processo de Educação Infantil estava vinculado com os interesses das famílias 
e dos empresários (SOUZA; GARCIA, 2015). 
Educação Infantil: um direito da criança2
Com o golpe militar de 1964, o Estado privilegiou classes mais favorecidas 
e setores empresariais, descomprometendo-se com o financiamento público e 
incentivando a privatização do ensino. No caso da Educação Infantil, incentivava 
que as crianças menores de 7 anos deveriam receber atendimento educacional em 
“[...] escolas maternais, jardins da infância e instituições equivalentes [...]”, mas 
não especificava como deveria ser tal atendimento (BRASIL, 1971, Art. 19º). 
Por volta das décadas de 1970 e 1980, passaram-se a ocorrer discussões nas 
universidades e em setores da sociedade civil, abordando a questão se a Educa-
ção Infantil deveria ter caráter assistencialista ou educacional. Inicialmente, a 
proposta sob concepção educacional da infância estava relacionada a suprir as 
“carências culturais” das crianças das classes desfavorecidas (ROMANELLI, 
2012; SOUZA; GARCIA, 2015). 
Além dos eventos citados anteriormente, no decorrer do século XX, houve 
importantes eventos e legislações sobre a infância, tanto nacional como in-
ternacionalmente, que buscaram garantir à criança os seus direitos e a sua 
prioridade absoluta. Alguns exemplos são a Declaração de Genebra (de 1924), 
a Declaração dos Direitos da Criança (de 1959), a Convenção Internacional 
sobre os Direitos da Criança (de 1989), a Constituição Federal Brasileira (de 
1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente (de 1990) e a Lei de Diretrizes 
e Bases (de 1996) (GARCIA, 2015). 
Acesse os links a seguir para ler os documentos legais:
A Declaração dos Direitos da Criança (de 1959):
https://goo.gl/VRJpQz
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (de 1989):
https://goo.gl/MCMxC8
A Constituição Federal Brasileira (de 1988):
https://goo.gl/wUgZP
O Estatuto da Criança de do Adolescente (de 1990):
https://goo.gl/XE9ht
3Educação Infantil: um direito da criança
A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (UNICEF, 1989) 
estimulou a consolidação de uma nova doutrina: a da proteção integral da 
criança. Tal foi englobada no ano seguinte pelo Brasil, por meio do Estatuto 
da Criança e do Adolescente (SOARES, 2016).
Essa Convenção está estruturada em três importantes categorias: provisão, 
proteção e participação. Os direitos de provisão são relativos aos direitos 
sociais da criança como salvaguarda da saúde, da educação, da segurança 
social, dos cuidados físicos, da vida familiar, do recreio e da cultura. Os 
direitos de proteção estão relacionados ao direito da criança de ser protegida 
contra a discriminação, o abuso físico e sexual, a exploração, a injustiça e o 
conflito. Por fim, os direitos de participação estão identificados como direitos 
civis e políticos, isto é, aqueles que englobam o direito da criança ao nome e 
à identidade, o direito à liberdade de expressão e opinião, e o direito a tomar 
decisões em seu proveito (HAMMARBERG, 1990). 
A Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, 
reconheceu a necessidade de proteção à infância; o direito de atendimento 
às crianças em creches e pré-escolas; o direito à vida, à saúde, à alimenta-
ção, à educação, ao lazer, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e 
à convivência familiar e comunitária; além de proteção de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão 
(BRASIL, 1988, Art. 227º).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) confirmou que a criança é 
um sujeito de direitos, explicitando que “crianças e adolescentes são titulares 
dos direitos previstos” no ECA e em outras leis, bem como na Constituição 
Federal (BRASIL, 1990). O ECA declaraainda que “[...] considera-se criança, 
a pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos, e adolescente aquela pessoa 
entre 12 (doze) anos até 18 anos de idade [...]” (BRASIL, 1990, Art. 2º). Com 
relação aos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes, estes são 
considerados direitos especiais, por se referirem a indivíduos que estão em 
condições peculiares de desenvolvimento. 
A Constituição de 1988 foi a primeira constituição brasileira que reconheceu 
o direito das crianças pequenas de receberem educação em creches e pré-
-escolas. No entanto, somente com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases 
de 1996 é que a Educação Infantil beneficiou a criança pequena, especificando 
claramente que “[...] a Educação Infantil se destina a crianças de 0 a 3 anos em 
creches e de 4 a 5 anos em pré-escolas, tornando parte integrante da Educação 
Básica, com finalidade de promover o desenvolvimento integral da criança 
[...]” (BRASIL, 1996, Art. 29º). 
Educação Infantil: um direito da criança4
Por conseguinte, a Educação Infantil passou a ser a primeira etapa da 
Educação Básica, integrando os sistemas de ensino brasileiros. Veja no 
Quadro 1 alguns detalhes sobre a formação da Educação Infantil no Brasil. 
Na Educação Infantil, deve-se associar a importância do cuidar e do educar, priorizando 
o direito da criança de se desenvolver com a ajuda de profissionais qualificados e em 
ambientes propícios para atender às suas carências cognitivas, físicas e motoras. Para 
Kramer (1999), é fundamental que o professor tenha firmeza, segurança e relações 
afetivas com as crianças. Para Friedman (1992, p. 23) “[...] os primeiros anos de vida são 
determinantes de todo processo físico, emocional, social e moral que cada um irá 
traçar no decorrer de sua história de vida [...]”. 
Legislação Principais contribuições
Declaração de 
Genebra (1924) 
Preocupação em assegurar os direitos às crianças e 
aos adolescentes. Tinha cinco princípios, que asse-
guravam o desenvolvimento normal da criança, a 
segurança, a alimentação, a saúde e a proteção. 
Declaração dos 
Direitos da Criança 
(1959)
Declaração dos direitos das crianças relacionados a 
proteção para desenvolvimento físico e mental e social; 
proteção contra abandono e exploração no trabalho; 
direito a ter um nome e uma nacionalidade, alimenta-
ção, moradia, assistência médica, amor e compreensão, 
educação gratuita e lazer; direito de ser socorrido em 
primeiro lugar em casos de catástrofes; igualdade sem 
distinção de raça, religião ou nacionalidade.
Convenção Interna-
cional sobre Direitos 
da Criança (1989)
Teve como princípios estabelecer o direito à vida, à li-
berdade, assim como as obrigações dos pais, do Estado 
e da sociedade com relação à proteção das crianças e à 
formulação de políticas públicas e educacionais. 
Constituição Brasileira 
(1988)
Primeira constituição brasileira que reconheceu o 
direito das crianças pequenas de receberem educação 
em creches e pré-escolas.
Quadro 1. Relação de principais marcos históricos e legislativos que buscaram garantir à 
criança os seus direitos e a sua prioridade absoluta
(Continua)
5Educação Infantil: um direito da criança
Educação Infantil: direito assegurado por lei
O reconhecimento da criança como sujeito de direitos é recente e foi marcado 
por embates e discussões da sociedade civil, que resultaram na criação de 
políticas e de leis. Você pode observar também que convenções internacionais 
inspiradas por concepções sobre a criança como sujeito de direitos — que, 
embora estejam em condições de desenvolvimento, são capazes de expressar 
opiniões, sentimentos, sugestões e pontos de vista — fomentaram a legislação 
brasileira, que indicou uma nova concepção sobre a criança e a infância. A 
seguir, você verá quais foram os principais eventos que culminaram em ações 
legislativas concernentes à Educação Infantil. 
A Educação Infantil, segundo Kuhlmann (2007), tem significados bastante 
amplos, que consideram a educação recebida na família, na comunidade e na 
sociedade, abrangendo também instituições fundamentadas nos direitos para as 
crianças. No século XIX, no Brasil, não havia programas de educação voltados 
para a Educação Infantil. As crianças das classes sociais mais favorecidas 
tinham acesso à educação por meio de professores em suas residências.
Legislação Principais contribuições
Estatuto da Criança e 
do Adolescente (1990)
Introduziu as crianças no mundo dos direitos e deveres, 
mais especificamente nos direitos humanos. Conforme 
já abordado, a partir do ECA as crianças e os adoles-
centes foram reconhecidos como cidadãos em desen-
volvimento, mas não comparados aos adultos, e sim 
assegurados por essa lei especial.
Lei de Diretrizes e 
Bases do Brasil (1996) 
e Lei nº 12.796 (2013)
Estabeleceu que a Educação Infantil será oferecida em 
“I – creches ou entidades equivalentes, para crianças 
de até três anos de idade; II – pré-escolas, para as 
crianças de quatro a seis anos de idade” e que a Edu-
cação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica. 
Diretrizes Curriculares 
Nacionais para Edu-
cação Infantil (DCNEI) 
(1999) e (2010)
Estabelece normativas em relação ao currículo e a 
outros aspectos envolvidos em uma proposta peda-
gógica para a Educação Infantil.
Quadro 1. Relação de principais marcos históricos e legislativos que buscaram garantir à 
criança os seus direitos e a sua prioridade absoluta
(Continuação)
Educação Infantil: um direito da criança6
A partir de 1920, surgiram jardins de infância, mas ainda voltados às classes 
favorecidas. Muitas crianças de classes trabalhadoras trabalhavam, e aquelas 
que eram órfãs ou consideradas delinquentes recebiam atendimento assistencial 
em internatos ou orfanatos (SOUZA; GARCIA, 2015; SOARES, 2016). 
Em 1934, promulgou-se uma Constituição no Brasil que tinha princípios 
significativos para a educação, inspirados pelo Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova. Todavia, com a promulgação da Constituição de 1937, tais 
avanços previstos na Constituição anterior foram suprimidos. Em 1940, com 
a criação do Departamento Nacional da Criança, estabeleceram-se normas 
para o funcionamento de creches, que incluíam preocupações com a higiene 
do ambiente físico e a atuação de profissionais da saúde. Em 1941, surgiu 
o Serviço de Assistência ao Menor, que oferecia serviços de internação às 
crianças abandonadas e delinquentes (SOUZA, GARCIA, 2015). 
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi um documento escrito por 26 edu-
cadores (entre eles Anísio Teixeira, Cecília Meireles, Lourenço Filho), em 1932, sob o 
título A reconstrução educacional no Brasil: ao povo e ao governo. Tal documento previa 
um sistema completo de educação (do jardim da infância até a universidade), gratuito 
até os 18 anos de idade. Ele também defendia a criação de fundos para a manutenção 
do ensino (AZEVEDO et al., 2010). 
Durante a década de 1970, foi possível observar a expansão de berçários 
mantidos por instituições privadas, os quais beneficiavam crianças economi-
camente favorecidas. Por outro lado, havia as instituições como creches desti-
nadas às crianças das mães trabalhadoras e operárias (MOMMA-BARDELA; 
PASSONE, 2015). 
Nas décadas de 1970 e 1980, nota-se que, na Educação Infantil, a luta 
por creches recebeu a participação dos grupos feministas, deixando claras 
as modificações do papel da mulher na sociedade. Desse modo, o direito 
da criança à Educação Infantil está diretamente relacionado ao direito da 
mulher, garantindo o respeito e sua cidadania plena. Tal correlação entre o 
direito da criança e da mulher aparece na reivindicação por creches para as 
crianças de mães trabalhadoras e no direito de as mães voltarem ao trabalho 
após os 120 ou 180 dias de licença maternidade (MOMMA-BARDELA; 
PASSONE, 2015).
7Educação Infantil: um direito da criança
O salário-maternidade ou licença à gestante constitui a remuneração paga pelo 
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) à gestante durante o seu afastamento,de acordo com o período estabelecido por lei e mediante comprovação médica. A 
Lei 11.770, de 2017, ampliou o direito da licença maternidade de 120 para 180 dias. O 
período dessa licença foi um longa luta das mulheres durante os séculos XX e XXI. 
Em 1943, com o surgimento da Consolidação da Leis Trabalhistas (CLT), a licença era 
de 82 dias e devia ser paga pelo empregador. A partir de 1973, a licença maternidade 
passou a ser paga pela Previdência Social. A partir de 1991, ela passou a ser direito 
de trabalhadoras urbanas, rurais e temporárias — inclusive mães adotivas passaram 
a ter direito (LESSA, 2007).
Como já comentado, as definições da Constituição (BRASIL, 1988), da 
Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996) e do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (BRASIL, 1990) trouxeram um novo período de discussões sobre 
a criança pequena. É possível observar tal texto na Constituição: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao ado-
lescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo 
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade 
e opressão (BRASIL, 1988, Art. 227º).
Além desse artigo, é possível encontrar na Constituição referências à 
educação como direito de todos (BRASIL, 1988, Art. 205º); à igualdade de 
condições para acesso e permanência na escola; à gratuidade de ensino nos 
estabelecimentos públicos (BRASIL, 1988, Art. 206º) e ao dever do Estado 
de garantir atendimento “[...] em creche e pré-escolas a crianças de zero a seis 
anos de idade [...]” (BRASIL, 1988, Art. 208º).
Nesse contexto, observam-se dois impasses referentes às creches: o ques-
tionamento da função destas (assistência e/ou ensino) e a competência da 
educação pública. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi criado em obediência ao 
Artigo 227 da Constituição de 1988 e introduziu as crianças em questões 
referentes aos seus direitos e deveres — mais especificamente no mundo 
dos direitos humanos (BRASIL, 1988). Conforme já abordado, a partir do 
ECA as crianças e os adolescentes foram reconhecidos como cidadãos em 
Educação Infantil: um direito da criança8
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desenvolvimento; no entanto, eles não passaram a ser comparados com os 
adultos, mas sim assegurados por essa lei especial. Com isso, a ideia de 
punição e afastamento social presente até então foi substituída e limitou o 
poder judiciário em relação aos menores de 18 anos.
Uma das principais mudanças ocorridas com o estabelecimento do ECA 
é que as escolas passaram a ser locais de realização de direitos das crianças. 
No ano de 1996, tornou-se claro o direito de educar crianças de 0 a 6 anos no 
que seria a primeira etapa da Educação Básica. O texto da LDB/1996 comenta: 
“Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como 
finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, 
em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando 
a ação da família e da comunidade [...]” (BRASIL, 1996, Art. 29º).
Torna-se importante destacar que, a partir de 2013, houve nova redação do 
Art. 29: “Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem 
como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, 
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a 
ação da família e da comunidade [...]” (BRASIL, 2013, Art. 29).
Na LDB observar-se também a preocupação em assegurar “[...] o direito ao 
pleno desenvolvimento [...]” de crianças e adolescentes (BRASIL, 1996, Art. 
3º) e o direito à educação como complemento desse pleno desenvolvimento 
(BRASIL, 1996, Art. 53º). Esse documento declara ainda que o acesso ao ensino 
é um direito subjetivo (obrigatório) e define que qualquer cidadão, grupo de 
cidadãos, associações, organizações sindicais, entre outros, poderá exigi-lo 
ao Poder Público (BRASIL, 1996, Art. 54º). Mostra que a Educação Infantil 
seria oferecida em: “I – creches ou entidades equivalentes, para crianças de 
até três anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos 
de idade [...]” (BRASIL, 1996, Art. 29º). Posteriormente, com a 
promulgação da Emenda Constitucional nº 59, de 2009, que alterou o Artigo 
208 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) ao tornar a Educação Básica 
obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de idade, o texto foi 
modificado para o oferecimento de Educação Infantil em “I – creches ou 
entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-
escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade” por meio 
da Lei 12.796 (BRASIL, 2013). Então, temos que a Educação Infantil é um 
direito assegurado por lei para crianças de 0 a 5 anos de idade, sendo 
obrigatória a matrícula de crianças de quatro anos em escolas desde 2016, 
pois corresponde à primeira etapa da Educação Básica. 
Segundo Momma-Bardela e Passone (2015), há uma lacuna concernente 
ao atendimento gratuito de crianças de 0 a 4 anos na educação pública, 
sabendo-se que “[...] algumas famílias vêm acionando o poder público, pela 
via judicial, 
9Educação Infantil: um direito da criança
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para garantir o direito (da criança) à educação — à custa da precarização de 
condições de trabalho de professores, monitores/agentes de educação básica [...]” 
(MOMMA-BARDELA; PASSONE, 2015, p. 27). Segundo as autoras, não nos 
cabe julgar o que cada família entende por direito da criança no tocante a acionar 
o Poder Público pela vida judicial (MOMMA-BARDELA; PASSONE, 2015).
Embora o ECA previsse a destinação privilegiada de recursos públicos às 
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (BRASIL, 1990, Art. 
4º), observou-se no caso da educação que a destinação de recursos dos municí-
pios com vinculação direta à Educação Infantil (0-5 anos) ocorreu somente em 
2007, com a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação 
Básica e de Valorização do Magistério (FUNDEB). A partir da Lei nº 11.494, de 
2007, o FUNDEB incluiu as matrículas da Educação Infantil, inclusive da rede 
conveniada (BRASIL, 2007, Art. 8º; MOMMA-BARDELA; PASSONE, 2015).
No final do século XX, o Banco Mundial, entre outras agências, passou a 
influenciar direta ou indiretamente as políticas de Educação Infantil no mundo, 
principalmente para os países em desenvolvimento, como o Brasil, em que o 
modelo de desenvolvimento humano representa o modelo de desenvolvimento 
econômico (MOMMA-BARDELA; PASSONE, 2015). 
No entanto, ainda que a Constituição (BRASIL, 1988), o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (BRASIL, 1990) e a Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 
1996) reforcem o conceito dos direitos das crianças e a importância da Edu-
cação Infantil como direito assegurado a ser oferecido pelo Poder Público, 
tais legislações não apontaram detalhadamente como a Educação Infantil 
deveria ser realizada no âmbito das instituições escolares. Assim, o Ministé-
rio da Educação e da Cultura (MEC) assumiu, a partir de 1994, a função de 
organizar uma política nacional de Educação Infantil, bem como introduzir 
documentos como os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil e as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. 
Diretrizes Curriculares Nacionais 
de Educação Infantil
A Educação Infantil teve uma enorme expansão do número de matrículas e 
também uma grande mudança em sua função social e política, atrelada à visão 
de criança e o seu processo de aprendizado. 
O Parecer CNE/CEB nº 20/09 e a Resolução CNE/CEB nº 05/09, que 
instituíram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 
(BRASIL, 2010), foram posteriormente alterados e revisados pelo Parecer CNE/
Educação Infantil: um direito da criança10aalan
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CEB nº 20/2009. Este explicita que a Educação Infantil tem como condição 
indispensável o estabelecimento de normativas em relação ao currículo e a 
outros aspectos envolvidos em uma proposta pedagógica. Expõe o que deve 
ser a função sociopolítica e pedagógica das instituições de Educação Infantil: 
I – [oferecer] condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos 
civis, humanos e sociais;
II – [assumir] a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação 
e cuidado das crianças com as famílias;
III – [possibilitar] tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças 
quanto a ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas; 
IV – [promover] a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças 
de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às 
possibilidades de vivência da infância; 
V – [construir] novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprome-
tidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o 
rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, 
de gênero, regional, linguística e religiosa (BRASIL, 2009, art. 7º).
Nesses últimos anos, foram acumulados conhecimentos sobre as formas 
de organização do cotidiano das unidades de Educação Infantil como meio 
de promover o desenvolvimento das crianças. A integração de creches e pré-
-escolas à educação formal possibilita à Educação Infantil discutir o conceito 
de currículo e articular ao projeto pedagógico da escola (OLIVEIRA, 2010). 
O projeto pedagógico é o plano que orienta as ações da instituição, defi-
nindo as metas pretendidas para o desenvolvimento das crianças. Assim, ele 
possibilita garantir determinadas aprendizagens e, para alcançar essas metas 
no seu projeto pedagógico, a instituição de Educação Infantil organiza o 
currículo. Para Oliveira (2010, p. 5): 
O currículo busca articular as experiências e os saberes das crianças com os 
conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e 
tecnológico da sociedade por meio de práticas planejadas e permanentemente 
avaliadas que estruturam o cotidiano das instituições.
Oliveira (2010) destaca que as DCNEI/2010 reconhecem o valor das interações 
das crianças com outras crianças e com parceiros adultos e a importância de se 
olhar para as práticas culturais em que as crianças se envolvem. Elas ainda desta-
cam a brincadeira como atividade privilegiada na promoção do desenvolvimento 
nessa fase da vida humana. A brincadeira possibilita à criança imitar o conhecido, 
construir o novo, produzir comunicação, indagar sobre o mundo e aprender papéis 
11Educação Infantil: um direito da criança
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diferentes (OLIVEIRA, 2010). Assim, segundo o Artigo 9º das Diretrizes Curri-
culares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010), os eixos norteadores 
das práticas pedagógicas devem ser as “interações e as brincadeiras”. 
 As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os se-
guintes princípios: 
I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito 
ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e 
singularidades. 
II – Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do 
respeito à ordem democrática. 
III – Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade 
de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 
2009, Art. 6º).
Para operacionalizá-los, o texto das DCNEI/2010 traz algumas medidas 
as quais as instituições de Educação Infantil devem adotar. Com relação aos 
princípios éticos, as instituições devem: 
a) assegurar às crianças a manifestação de seus interesses, desejos e curiosi-
dades ao participar das práticas educativas; 
b) valorizar suas produções, individuais e coletivas; 
c) apoiar a conquista pelas crianças de autonomia na escolha de brincadeiras 
e de atividades e para a realização de cuidados pessoais diários;
d) ampliar as possibilidades de aprendizado e de compreensão de mundo e 
de si próprias trazidas por diferentes tradições culturais;
e) construir atitudes de respeito e solidariedade, fortalecendo a auto-estima e os 
vínculos afetivos de todas as crianças, combatendo preconceitos que incidem 
sobre as diferentes formas dos seres humanos se constituírem como pessoas; 
f) aprender sobre o valor de cada pessoa e dos diferentes grupos culturais; 
g) adquirir valores como os da inviolabilidade da vida humana, a liberdade 
e a integridade individuais, a igualdade de direitos de todas as pessoas, a 
igualdade entre homens e mulheres, assim como a solidariedade com grupos 
enfraquecidos e vulneráveis política e economicamente; 
h) respeitar todas as formas de vida, o cuidado de seres vivos e a preservação 
dos recursos naturais (OLIVEIRA, 2010, p. 7).
De acordo com Oliveira (2010), para a concretização dos princípios políticos, 
as instituições escolares devem: 
a) promover a formação participativa e crítica das crianças; 
b) criar contextos que permitam às crianças a expressão de sentimentos, 
ideias, questionamentos, comprometidos com a busca do bem-estar coletivo 
e individual, com a preocupação com o outro e com a coletividade;
Educação Infantil: um direito da criança12
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c) criar condições para que a criança aprenda a opinar e a considerar os sen-
timentos e a opinião dos outros sobre um acontecimento, uma reação afetiva, 
uma ideia, um conflito. 
d) garantir uma experiência bem-sucedida de aprendizagem a todas as crian-
ças, sem discriminação, e lhes proporcionar oportunidades para o alcance de 
conhecimentos básicos que são considerados aquisições valiosas para elas 
(OLIVEIRA, 2010, p. 8).
 Com relação aos princípios estéticos, as instituições devem: 
a) valorizar o ato criador e a construção pelas crianças de respostas singulares, 
garantindo-lhes a participação em diversificadas experiências; 
b) organizar um cotidiano de situações agradáveis, estimulantes, que desa-
fiem o que cada criança e seu grupo de crianças já sabem sem ameaçar sua 
autoestima nem promover competitividade; 
c) ampliar as possibilidades da criança de cuidar e ser cuidada, de se expressar, 
comunicar e criar, de organizar pensamentos e ideias, de conviver, brincar e 
trabalhar em grupo, de ter iniciativa e buscar soluções para os problemas e 
conflitos que se apresentam às mais diferentes idades; 
d) possibilitar às crianças apropriar-se de diferentes linguagens e saberes que 
circulam em nossa sociedade, selecionados pelo valor formativo que pos-
suem em relação aos objetivos definidos em seu projeto político pedagógico 
(OLIVEIRA, 2010, p. 8).
Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2010, Art. 8º 
e 9º) e de acordo com Oliveira (2010), as instituições escolares de Educação 
Infantil devem: 
  garantir espaços e tempos para a participação, o diálogo e a escuta 
cotidiana das famílias, o respeito e a valorização das diferentes formas 
como elas se organizam; 
  trabalhar com os saberes que as crianças vão construindo ao mesmo 
tempo em que se garante a apropriação ou construção por elas de novos 
conhecimentos; 
  considerar a brincadeira como a atividade fundamental nessa fase 
do desenvolvimento e criar condições para que as crianças brinquem 
diariamente; 
  propiciar experiências promotoras de aprendizagem e consequente 
desenvolvimento das crianças em uma frequência regular; 
  selecionar aprendizagens a serem promovidas com as crianças, não as 
restringindo a tópicos tradicionalmente valorizados pelos professores, 
mas ampliando-as na direção do aprendizado delas para assumir o 
13Educação Infantil: um direito da criança
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cuidado pessoal, fazer amigos e conhecer as suas próprias preferências 
e características;
  organizar os espaços, tempos, materiais e as interações nas atividades 
realizadaspara que as crianças possam expressar a sua imaginação 
nos gestos, no corpo, na oralidade e/ou na língua de sinais, no faz de 
conta, no desenho, na dança e em suas primeiras tentativas de escrita; 
  considerar, no planejamento do currículo, as especificidades e os in-
teresses singulares e coletivos dos bebês e das crianças das demais 
faixas etárias, vendo a criança em cada momento como uma pessoa 
inteira na qual os aspectos motores, afetivos, cognitivos e linguísticos 
integram-se, embora em permanente mudança; 
  abolir todos os procedimentos que não reconheçam a atividade cria-
dora e o protagonismo da criança pequena e que promovam atividades 
mecânicas e não significativas para as crianças; 
  oferecer oportunidade para que a criança, no processo de elaborar 
sentidos pessoais, aproprie-se de elementos significativos de sua cul-
tura, não como verdades absolutas, mas como elaborações dinâmicas 
e provisórias; 
  criar condições para que as crianças participem de diversas formas de 
agrupamento (grupos de mesma idade e grupos de diferentes idades), 
formados com base em critérios estritamente pedagógicos, respeitando 
o desenvolvimento físico, social e linguístico de cada criança; 
  possibilitar oportunidades para a criança fazer deslocamentos e mo-
vimentos amplos nos espaços internos e externos às salas de refe-
rência das turmas e à instituição, e para envolver-se em exploração 
e brincadeiras; 
  oferecer objetos e materiais diversificados às crianças, que contem-
plem as particularidades dos bebês e das crianças maiores, as condi-
ções específicas das crianças com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, e as diversidades 
sociais, culturais, étnico-raciais e linguísticas das crianças, famílias e 
comunidade regional;
  organizar oportunidades para as crianças brincarem em pátios, quintais, 
praças, bosques, jardins, praias, e viverem experiências de semear, 
Educação Infantil: um direito da criança14
plantar e colher os frutos da terra, permitindo-lhes construir uma relação 
de identidade, reverência e respeito para com a natureza; 
  possibilitar o acesso das crianças a espaços culturais diversificados e a 
práticas culturais da comunidade, como apresentações musicais, teatrais, 
fotográficas e plásticas, e visitas a bibliotecas, brinquedotecas, museus, 
monumentos, equipamentos públicos, parques, jardins.
As instituições de Educação Infantil têm o compromisso de oferecer edu-
cação de qualidade para as crianças com deficiências, transtornos globais e 
altas habilidades/superdotação. Também devem atender demandas de povos 
da floresta e dos rios, indígenas e quilombolas, além de reconhecer a consti-
tuição plural das crianças brasileiras quanto à identidade cultural e regional 
e à filiação socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e 
religiosa (OLIVEIRA, 2010). 
A avaliação deve se fundamentar na observação crítica e criativa das 
brincadeiras e interações de cada criança, utilizando-se múltiplos registros 
realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns, etc.) 
ao longo da trajetória da criança na Educação Infantil, em diversos momentos. 
Tais consistirão na criação de uma documentação específica e guardarão 
os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. É importante 
possibilitar a continuidade dos processos de aprendizagem por meio da criação 
de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela 
criança — “[...] transição casa/instituição de Educação Infantil, transições 
no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/
Ensino Fundamental [...]” (BRASIL, 2009, p. 29).
A partir dos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Di-
retrizes Curriculares Nacionais de Educação Básica, elaborou-se a Base 
Nacional Comum Curricular — fruto de longa discussão entre academia, 
educadores e sociedade civil — com o objetivo de direcionar a educação 
brasileira para a formação humana integral e, consequentemente, para a 
construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva desde a 
Educação Infantil. O Quadro 2 apresenta uma síntese dos documentos mais 
importantes em relação aos direitos das crianças, e os seus respectivos 
momentos históricos.
15Educação Infantil: um direito da criança
Ano Documentos legais
1994 Política Nacional de Educação Infantil, elaborada pela Comissão 
instituída pelo MEC por meio da Portaria nº 1.263/1993. 
1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em 20 de 
dezembro de 1996. 
1998 Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
1999 Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil, aprovadas pelo Conse-
lho Nacional de Educação, Resolução nº 1, de abril de 1999. 
2001 Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001.
2010 Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil – Revisão aprovada por 
meio do Parecer CNE/CEB nº 20/2009 e Resolução CNE/ CEB nº 05/2009.
2007 Criação do FUNDEB.
2013 Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013.
Alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para 
dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras 
providências.
2014 Plano Nacional de Educação, Lei nº 13005, 2014. 
2017 Base Nacional Comum Curricular. 
Quadro 2. Síntese dos principais documentos legais que contribuíram para os direitos das 
crianças e a valorização da Educação Infantil no Brasil
AZEVEDO, F. et. al. Manifestos dos pioneiros da Educação Nova (1932) e dos educadores 
(1959). Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. (Coleção Educa-
dores). Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4707.
pdf>. Acesso em: 01 nov. 2018. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso 
em: 01 nov. 2018. 
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/CCivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 01 nov. 2018. 
Educação Infantil: um direito da criança16
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 
2º graus, e dá outras providências. Brasília, 1971. Disponível em: <http://www2.camara.
leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.
html>. Acesso em: 01 nov. 2018. 
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/
arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2018.
BRASIL. Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação 
- FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 
altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, 
de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março 
de 2004; e dá outras providências. Brasília, 2007. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11494.htm>. Acesso em: 02 nov. 2018.
BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre 
a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Brasília, 2013. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.
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19Educação Infantil: um direito da criança
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