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Com a predisposição social de ver o psíquico (nosso interior) e o social (nosso exterior) como componentes separados e diferentes, enxergar esses dois fatores integrados não é um trabalho tão simples. Essa dualidade construída socialmente se tornou comum aos olhos da ciência compartimentada, em que o comportamento humano é segmentado em diversas áreas. A área da Psicologia Social que apoderou-se da interação humana como sendo um agente entre sociedade, grupo e indivíduo. Porém, toda Psicologia (ciência da interioridade) é social, visto que não há um ser humano que possa construir seu interior, sua psique sem a vivência e conexão com outro. Portanto, seres humanos só se desenvolvem com o psíquico em contato com o social, dessa forma o social só pode ser psíquico, a composição do interior e a relação em coletivo são somente uma única realidade psicossocial. Como então pode haver a classificação de um fato psicológico sendo social, já que não há como interpretar este fenômeno sem conceituar o lugar social de quem está interpretando? A percepção do indivíduo perante a sociedade advém das suas circunstâncias sociais, pela ótica do que ele possui e do que foi construído socialmente em suas determinadas condições culturais, espirituais, econômicas, entre várias outras. Quem está olhando por essas lentes? Como essas lentes foram construídas? Esse espectador possui um contexto que o torna uma unidade com o mesmo, se tornando indissociáveis. Processos psicossociais podem ser considerados como fenômenos em múltiplas dimensões, bio, psíquico e social. Tentando se colocar o senso de coletividade sobre o individual, podemos pensar como considerar mais a multiplicidade epistemológica e formas de se colocar, viver e achar-se no mundo. Exibindo outras perspectivas psicológicas, podemos encontrar a Psicologia Africana, Psicologia Crítica, Psicologia da Libertação, a Descolonização da Psicologia, a Psicologia Rural e a Psicologia Política. Considerando todo esse contexto constituído acima, agora levamos em conta que psicólogos sociais atuam como Agentes Externos (AE), que necessitam de consciência ao entrar no contexto dos Agentes Internos (AI). Dessa forma, todos têm um mesmo ponto de partida, a formação e os valores que adquirem ao longo da vida, as crenças e visões de mundo que adentram e interferem nessa percepção, estas devem estar presentes na consciência para então adentrar um contexto diferente. Podemos ver que deve haver muita responsabilidade social naqueles profissionais que forem adentrar nas diferentes comunidades, grupos, coletivos e instituições. Na minha opinião, deve haver um planejamento pré definido para que as interações entre AE e AI não sejam conflituosas e irrelevantes para a comunidade que está recebendo o programa ou o projeto, é importante considerar e levar a sério todos os âmbitos existentes nessa relação, dos dois lados. Considerando que é um costume da sociedade uns se manterem como colonizadores sobre outros, essa prática deve ser esquecida quando se trata do trabalho de um psicólogo social na comunidade, o verdadeiro processo deve ser um de verificar qual a necessidade do coletivo, além de colocar um limite no que pode ser feito. Por isso, a reflexão primordial deve ser: como um psicólogo social deve se inserir na comunidade? Levando em conta que é um desconhecido adentrando a realidade do outro, interferindo e modificando a rotina, os conhecimentos para uma melhora da condição social, bem estar e da qualidade da vida, é necessário haver a avaliação dos valores e da ética do profissional. Não deve se romantizar, se colocar em um lugar de salvador da condição alheia, e sim em um lugar de facilitadores da mentalidade dos processos psicossociais. Há então duas chances de início do trabalho comunitário, o primeiro de se dispor para trabalhar com as comunidades e o outro de ser buscado para adentrar nesse contexto de forma profissional, ambos necessitam levar em consideração todos esses tópicos apresentados acima.
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