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METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTES ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? Metodologia do Ensino de Artes é uma disciplina de grande importância na formação de professores, pois tem por objetivo refletir a respeito dos fundamentos da prática docente e a construção da formação e do profissional de Arte na educação. Iniciamos também um diálogo sobre uma área que trabalha diretamente com o conhecimento sensível, histórico e cultural, a Arte. Conhecer a história da Arte/educação e as contribuições de pesquisadores para o desenvolvimento do ensino da Arte no Brasil nos permite compreender influências históricas que até se fazem presentes nas metodologias adotadas em sala de aula. Saber selecionar melhor os conteúdos, elaborar bons objetivos, escolher procedimentos adequados de ensino, planejar melhor nossas aulas, compreender os nossos processos de formação e qualificação como professores trará contribuições substanciais à nossa prática. E é a isso que nos propusemos ao elaborar esse Curso. Vamos nos sensibilizar juntos, conhecendo a trajetória desta área de conhecimento que vem ganhando espaço nos currículos escolares. Bom estudo e muita sensibilidade artística nas suas discussões! Profª Tatiana dos Santos da Silveira APRESENTAÇÃO Organização Tatiana dos Santos da Silveira Tutoria Interna de Artes Visuais Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? .02 1 INTRODUÇÃO Na etapa anterior, apresentamos a você, caro acadêmico, a Proposta Triangular do Ensino da Arte e as Categorias do Conhecimento Sensível. Estas duas propostas devem ser articuladas com o registro e a avaliação, itens da metodologia de trabalho dos professores de todas as áreas de conhecimento. Assim como nas demais áreas, no Ensino de Arte, faz-se necessário um trabalho integrado entre estes dois itens metodológicos. Agora, abordaremos a prática de artes visuais, a partir dos estereótipos construídos em sala de aula, até a avaliação em Arte. 2 CONSTRUINDO E DESCONTRUINDO ESTEREÓTIPOS Quando falamos em estereótipos, você imediatamente pensa na história da flor vermelha com o caule verde? Conseguiu lembrar-se da história? Identificou semelhanças com seus desenhos? A Arte como área de conhecimento deve ser compreendida como momento de criação do aluno e não como momento de apresentação de modelos e trabalhos homogêneos. A função da Arte na educação não deve ser compreendida como meio de repetição e trabalho com desenhos prontos, CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? cópias feitas em série que não possibilitam a criação da criança. A Arte é possibilidade, é imaginação, é criação, é expressão. Quem consegue criar quando recebe a proposta pronta? Neste momento, é importante você compreender que muitas dessas atitudes, também fazem parte da nossa trajetória como alunos e professores. Pense rapidamente: Se solicitássemos que você desenhasse uma árvore, como ela seria? E se solicitássemos o desenho de uma flor ou de uma pessoa? Veja a seguir, alguns exemplos claros do que estamos falando: FONTE: Autora. FIGURA 1 – DESENHOS ESTEREOTIPADOS Estes são exemplos de trabalhos prontos que até hoje são oferecidos para as crianças colorirem em sala de aula? Oferecendo um trabalho pronto para o meu aluno colorir, possibilito a criação individual de alguma criança? Consigo enquanto educador explorar seu repertório visual e artístico? Por vezes, os professores acabam limitando a capacidade de criação das crianças, por não permitirem a autonomia e a expressão individual no momento das propostas metodológicas. “Lidamos quase que o tempo todo com as linguagens da arte: desenho, modelagem, corporeidade, sonoridade, pintura, gravura, escultura, cinema, desenho animado e tantas outras. Mas de que forma nos apropriamos dessas linguagens?”. (MIGUEL, 2007, p. 19) A preocupação da autora está no modo como nos apropriamos das diferentes linguagens da Arte, presente no nosso dia a dia e trabalhamos com estas linguagens em sala de aula. O modo como levamos a Arte para dentro da esfera escolar. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? Qual a função da arte na escola? Deixar as paredes das escolas bonitinhas, enfeitadas com desenhos estereotipados? Desenvolver a coordenação motora das crianças, através de atividades pontilhadas com diferentes linhas e formas? Esses modelos estereotipados não surgem do nada, é importante compreender este processo de construção social de estereótipos para então refletir antes de propor atividades aos alunos, antes de decorar a sala de aula e expor imagens nas paredes. Podemos dizer que a palavra estereótipo vem de estereotipia, processo de impressão descoberto no ano 1.000, na China. Estereotipia vem do grego “stereós”, que significa firme, compacto, imóvel, e “typos”, sinal, molde, representação. Já a palavra clichê tem relação com o ato de estereotipar, produzir um estereótipo. A maioria dos desenhos estereotipados oferecidos às crianças parece uma caixa de tipos que juntos formam matrizes firmes e de certa forma enraizadas de tal maneira que é muito difícil desprender-se delas. Muitos professores apresentam estas matrizes aos alunos de forma tão natural que parece até inconsciente. É importante perceber que estas matrizes das quais estamos falando nem sempre estão impressas, algumas fazem parte da nossa memória, onde as máquinas copiadoras facilitam a sua reprodução constantemente. A mais conhecida das matrizes é a folha de papel reproduzida no mimeógrafo a álcool, largamente utilizada nas escolas. Além do mimeógrafo, temos diversos recursos para reproduzir estereótipos: todos conhecem processos simples de transferência da imagem de um suporte para outro. Atualmente, nas escolas, as máquinas fotocopiadoras fazem estas reproduções muito melhor e em menos tempo. (VIANNA, 2010, p. 1) Os estereótipos não marcam presença apenas nos trabalhos prontos oferecidos aos alunos, mas também nas representações apresentadas pelos professores. Nos dias atuais, o mercado de Produtos Decorativos para os ambientes escolares está muito amplo. É necessário avaliar estes produtos, pois com o surgimento do E.V.A, esta oferta aumentou muito. É importante pensar neste material como recurso de criação para as crianças, que podem utilizá-lo para recorte, colagem e modelagem, no entanto os professores devem criar os cartazes e a decoração dos ambientes com as crianças ao invés de adquirir produtos prontos e estereotipados para a decoração de paredes. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? O ambiente escolar não é a casa do professor, é o espaço de aprendizagem das crianças e são os trabalhos delas que devem ser valorizados e expostos no ambiente. Cabe ao professor construir esta “decoração” com os alunos e não “para eles”. Professores são referência para as crianças, principalmente para as menores, que acreditam que tudo aquilo apresentado pelo professor é o correto, “é belo”. É necessário cuidado e cautela em tudo que é exposto em sala de aula e nos ambientes escolares, pois o que o professor expõe faz sentido para a criança, é um modelo valorizado pelo professor, automaticamente é o belo. Daí a importância de construir os cartazes das salas de aula com os alunos, possibilitando a criação e não a repetição e a cópia. Se o professor expuser um cartaz de aniversário composto por um solzinho de olhinhos, como será o sol desenhado pela criança? Como formadores de opinião precisamos propiciar a construção das crianças e não a repetição de modelos apresentados a ela.FONTE: Disponível em: <http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/03/ cartazes-com-o-alfabeto-do-livro.html> e <http://elisacarla.blogspot. com/2009_04_01_archive.html>. Acesso em: 7 abr. 2011. FIGURA 2 – CARTAZES PARA SALA DE AULA Pensar nos estereótipos deve ser um exercício constante! Não baste ler o Caderno de Estudos, refletir e esquecer os dizeres dos autores. É necessário mudar as atitudes em sala de aula e esta é uma construção, ninguém consegue mudar atitudes enraizadas de uma hora para outra. Há uma desconstrução daquilo que se acredita e uma construção de um novo olhar que implicará novas atitudes e quebra de barreias frente às metodologias, frente à educação. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? 3 PRÁTICA DE ARTES VISUAIS Para iniciar nossa conversa sobre a prática de Artes Visuais, vamos pensar nos planos de aula e nos projetos de trabalho. Atentamos para o fato de que as propostas de educação estética, artística e cultural são propostas que exigem certo tempo de concentração e trabalho dos alunos. Normalmente, a aula de artes não dispõe de grande carga horária nas escolas, o que justifica os planejamentos articulados aos projetos de trabalho. Muitos professores acreditam que trabalhar a Proposta Triangular do Ensino da Arte ou as Categorias do Conhecimento Sensível em apenas uma ou duas aulas, é uma tarefa difícil, no entanto, cabe ressaltar que este trabalho não pode ser pensado em uma ou duas aulas, este é um processo que deve garantir uma continuidade de aprendizagem e trabalho. É necessário realizar cada uma das etapas com as crianças sem a preocupação do tempo, valorizando a qualidade do trabalho e não a quantidade de produções apresentadas pelas crianças, pois quantidade de trabalho nem sempre significa qualidade. Os planejamentos em Arte devem ser pensados de forma contínua, respeitando o tempo dos alunos para as construções poéticas. É necessár io como em todo planejamento a preocupação com conhecimento prévio e a realidade do aluno, articulados aos objetivos da disciplina e os procedimentos metodológicos embasados pelos autores escolhidos como referência. Após os procedimentos metodológicos é necessário o registro e a avaliação como elementos fundamentais para a conclusão das propostas junto aos alunos. Normalmente, o que percebemos no ensino da Arte são projetos de trabalho agregados de procedimentos metodológicos pensados para cada aula, como podemos visualizar nos exemplos a seguir. Seu planejamento deve apresentar principalmente os seguintes pontos: tema, objetivos, procedimentos metodológicos e avaliação. Cabe lembrar que se você for desenvolver um projeto de trabalho este deve partir de um questionamento ou de uma necessidade da turma e deve ser construído com os alunos. Projetos são construções coletivas. No planejamento de Artes Visuais, podemos trabalhar com as obras de Arte de forma bem diversificada. A seguir citamos alguns procedimentos que podem ser desenvolvidos com os alunos de forma crítica e criativa. Podemos citar: • Ressignificação da obra: A criança produz uma representação pessoal da obra ressignificando-a. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? FONTE: Disponível em: <http:// escolahumberto.blogspot.com/>. Acesso em: 7 abr. 2011.FONTE: Disponível em: <www. brincadeirasdecriança.com.br>. Acesso em: 7 abr. 2011. FIGURA 3 – BOLA DE GUDE – IVAN CRUZ FIGURA 4 – RESSIGNIFICAÇÃO 1 FONTE: Disponível em: <www. brincadeirasdecriança.com.br>. Acesso em: 7 abr. 2011. FONTE: Disponível em: <www. portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 7 abr. 2011. FIGURA 5 – FUTEBOL – IVAN CRUZ FIGURA 6 – RESSIGNIFICAÇÃO 2 • Intervenção com fragmento da obra do artista: A criança cria um novo contexto, partindo de um fragmento da obra de arte. Esta proposta pode ser realizada com imagens dos livros de literatura, principalmente com imagens de livro-imagem. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? FONTE: Disponível em: <Zumblick. com.br>. Acesso em: 7 abr. 2011. FONTE: A autora. FIGURA 7 – RENDEIRAS DE FLORIANÓPOLIS – WILLY ZUMBLICK FIGURA 8 – INTERVENÇÃO 1 FONTE: Disponível em: <www. portinari.org.br>. Acesso em: 7 abr. 2011. FIGURA 9 – RETIRANTES FONTE: Disponível em: <www. portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 7 abr. 2011. FIGURA 10 – QUADRO VIVO • Intertexto: A criança procura imagens que se assemelham ou fazem relação direta à obra. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? FONTE: Disponível em: <www. http://rosafera.blogspot.com/>. Acesso em: 7 abr. 2011. FONTE: Disponível em: <www.historiadaarte.com. br>. Acesso em: 7 abr. 2011. FIGURA 11 – INTERTEXTO FIGURA 12 – O NASCIMENTO DE VÊNUS Esses são alguns exemplos de fazer artístico que podemos trabalhar com as crianças. Além da linguagem visual ainda cabe lembrar que a arte permite conexão entre as diferentes linguagens. Selecionamos junto ao site portal do professor, um planejamento de Artes Visuais, adaptamos estes planejamentos e apresentamos para você a fim de contribuir com a sua prática pedagógica. Este é um dos s ites onde você encontrará muitos planejamentos interessantes para enriquecer a sua prática, porém nunca esqueça adaptá- los a sua realidade. Não deixe de consultá-lo. 3.1 PLANEJAMENTO DE ARTES VISUAIS Professora Claudia Matos Pereira. Mulher de cabelos verdes. Objetivos da aula: CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? Propiciar ao aluno contato com as obras de Anita Malfatti e com o universo expressionista a partir do livro “Anita Malfatti - Mestres das Artes no Brasil” utilizado nas aulas de arte. Perceber a importância da artista na pintura brasileira com o foco de apreciação a obra Mulher de Cabelos Verdes. O aluno deverá criar uma expressão particular da obra. Procedimentos metodológicos: O professor pode iniciar sua aula apresentando a artista e narrando fatos de sua vida, conforme o livro indicado “Anita Malfatti (Mestres das artes no Brasil)”. Os alunos poderão seguir o histórico da vida da artista e acompanhar as imagens de suas obras em cada período. O professor deve dialogar com os alunos sobre as obras que despertarem maior interesse, explicando as influências do expressionismo em seus quadros. A seguir deverá passar o vídeo sobre a obra Mulher de cabelos verdes. Disponível em: <HTTP://www.youtube.com/watch?v=oo1vRvctdT8>. Distribuir cópias da obra para uma visualização mais atenta. Refletir com os alunos a respeito das características pictóricas e plásticas da obra para avaliar se eles perceberam áreas verdes e amarelas no rosto da mulher, quais são as características das pinceladas e linhas do fundo, se há dramaticidade nas cores etc. Desenho: O desenho inicial da mulher deverá ser feito em lápis grafite no verso da folha de papel camurça, no lado branco (lado avesso). Assim, o aluno poderá apagar o desenho sem problemas. Com o esboço inicial pronto deverá seguir as orientações da próxima aula - aula 02. Observe as imagens a seguir. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? FONTE: Autora. FIGURA 13 – ESBOÇO INICIAL Utilização de giz de cera e giz de quadro colorido sobre o fundo preto do papel camurça Desenho branco sobre preto Com o esboço pronto, o aluno deverá reforçar com o lápis os traços de contorno, fazendo maior pressão sobre o papel, tomando cuidado para não rasgá-lo. Desta forma, seu desenho aparecerá do lado preto suavemente, de forma oposta. O professor deverá orientar os alunos a passarem o lápis de cor branco sobre os traços principais do desenho no lado preto do papel camurça, podendo também ser feito com a ponta fina de um giz de cera branco. Veja algumas imagens a seguir. FONTE: Autora. FIGURA 14 – DESENHOBRANCO SOBRE PRETO CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? Colorido com giz de cera e giz de quadro O professor deverá explicar aos alunos as diferenças do colorido com o giz de cera e com o giz de quadro sobre a superfície do papel camurça. Ela se torna aderente ao giz de quadro, permitindo o esfumaçado, quando o aluno esfregar o dedo sobre um traço ou região. Já o giz de cera fixa a cor sobre o papel com maior aderência e não permite gradações de tom. O aluno deverá combinar as duas possibilidades no mesmo trabalho. O fundo preto possibilita maior dramaticidade na expressividade das cores. Veja a seguir algumas imagens dos trabalhos realizados pelos alunos da professora Cláudia. FONTE: Autora. FIGURA 15 – IMAGENS DOS TRABALHOS REALIZADOS POR ALUNOS Avaliação O professor deverá trabalhar dentro da perspectiva da Proposta Triangular de Ana Mae e suas seis possibilidades de articulações nas dinâmicas do apreciar, contextualizar e fazer. Avaliar o processo de construção dos alunos. 4 REGISTRO E AVALIAÇÃO EM ARTE A avaliação em Arte é processo que deve acompanhar intensamente o desenvolvimento da criança através do ato de produzir e da própria produção individual e coletiva. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? Se pensarmos o Ensino da Arte por meio da Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa e pelo desenvolvimento das categorias do conhecimento sensível, não podemos pensar a avaliação de outra forma, se não de forma processual sobre o desenvolvimento artístico e cultural dos alunos. Nesta perspectiva, a avaliação não pode ser vista como um fim em si mesmo, avaliando apenas a produção final das crianças, mas sim como um processo de construção artística, histórica e cultural, onde as possibilidades e os avanços individuais são levados em consideração a fim de compreender a construção e as representações infantis. Mas como avaliar o processo, sem a prática do registro? Avaliação e registro são dois procedimentos que devem caminhar juntos. Uma das possibilidades para este registro e avaliação em arte é o portfólio. Hernandez (1998) acredita que o portfólio é uma boa alternativa para o processo de avaliação, compreende como possibilidade de aprendizagem, pois envolve anotações pessoais, experiências de sala de aula, conexões com outros temas dentro e fora da escola. Ações que possibilitam ao professor e ao aluno compreender a construção das aprendizagens, a trajetória individual e coletiva da turma e as ações que podem ser pensadas a partir das construções poéticas. Além do portfólio, Vilas Boas (2001) ainda sugere a pasta de atividades, registro que permite o olhar sobre o processo de construção do aluno, seus avanços, dificuldades e transformações. Através da pasta de atividades, alunos e professores compreendem o processo de construção e desenvolvimento do ensino-aprendizagem em Arte. A avaliação deve acompanhar o processo de construção das crianças, através do registro e através dos tópicos metodológicos definidos pelos professores. É necessário refletir sobre a leitura de imagem, a reflexão, contextualização e produção, fazer artístico das crianças. Além do respeito à diversidade e ao conhecimento histórico e social que esta criança traz consigo. Faz-se necessário para a avaliação em Arte a definição de alguns instrumentos de avaliação que podem ser definidos junto com os alunos, ou professores da instituição onde você trabalha. Sugerimos alguns instrumentos como; a pasta de atividades ou portfólios, a autoavaliação, as conversas de roda, as observações e considerações dos professores e alunos, o diálogo, as construções e as interações, entre os pares. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? O importante é compreender a avaliação e o registro como possibilidade de aprendizado e acompanhamento dos processos metodológicos dos professores e o desenvolvimento ensino-aprendizagem dos alunos. Estes procedimentos possibilitam um novo olhar sobre o planejamento, possibilitam ao professor uma melhor compreensão da sua prática pedagógica, através das devolutivas dos seus alunos. É um ato de julgamento sim, porém não apenas das produções dos alunos, mas sim da prática do professor. É a possibilidade de ampliar a humildade e aceitar as vitórias e os acertos, como também os erros e dificuldades. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? LEITURA COMPLEMENTAR DESENHOS ESTEREOTIPADOS: UM MAL NECESSÁRIO OU É NECESSÁRIO ACABAR COM ESTE MAL? Maria Letícia Rauen Vianna Estereótipo, esta erva daninha Quando eu era pequena, como todas as crianças, gostava muito de desenhar. Passava horas com lápis e papel na mão desenhando. No Jardim de Infância fui considerada “talentosa” tendo sido convidada a frequentar uma escolinha de arte. Os desenhos que fazia nunca iam para a exposição dos melhores trabalhos. Logo percebi como devia desenhar para “entrar no mural” e foi assim que, um dia, fiz uma paisagem que eu sempre via em desenhos: um barco à vela navegando no mar, com uma ilha ao lado, onde havia uma palmeira, três montanhas ao fundo e um sol que se punha. Nuvens e gaivotas preenchiam o espaço do céu. Naquele dia meu trabalho foi finalmente exposto. Depo i s des ta expe r iênc ia “ bem suced ida” passe i a desenhar estereotipadamente, porque assim meus trabalhos eram aceitos e valorizados. Minha expressão estereotipada teve novo reforço quando, já aluna do Curso Normal (hoje Curso de Magistério), tive aulas de uma disciplina chamada “Desenho Pedagógico”, cuja professora tinha bastante talento para fazer desenhos estereotipados. Possuindo um arquivo com modelos de todos os tipos, passava-os para o quadro de giz e nós os copiávamos no caderno. Lembro-me da figura de uma formiguinha de pé’, feito gente, com saia rodada, sapato de salto alto, bolsinha a tira colo e lacinho na cabeça. Também copiávamos encantadas outros bichinhos e flores, só pensando em nossos futuros alunos e no quanto eles ficariam felizes se enfeitássemos a sala da aula, seus cadernos e pastas com tais desenhos. Ansiávamos pela oportunidade de introduzir os estereótipos na prática docente! Mas ao entrar para a Faculdade de Belas Artes e frequentar também um curso de atividades criadoras, descobri que os estereótipos não mais me agradavam, parecendo-me extremamente monótonos. Ao aprender que podia criar, comecei a rejeitar os desenhos sempre iguais. Eu tomava consciência de meu poder criador e me lançava em busca de um desenho que era meu e que eu perdera pela vida. Quando passei a ministrar aulas para adolescentes via, em seus trabalhos, incontáveis estereótipos que me incomodavam tremendamente. Tentava questionar com os alunos a validade de tais desenhos, sugerindo-lhes outras possibilidades de representação, chamando atenção para a impessoalidade dessas expressões. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? Porém, só quando fui dar aulas em cursos de formação e reciclagem de professores é que realmente “declarei guerra” aos estereótipos. No entanto, era ainda uma guerra verbal: discursava aulas inteiras sobre os males, os prejuízos e consequências do uso indiscriminado dos estereótipos nas escolas. Embora meu discurso contasse com razoável poder de convencimento, poucas vezes, na sua prática de sala de aula, os alunos-professores conseguiam resistir à ditadura ou sedução dos estereótipos e eu constatava que pouca coisa mudava. Comparava os estereótipos a uma erva-daninha, do tipo: “quanto mais se arranca, mais ela volta a crescer”. Percebi que medidas mais enérgicas precisavam ser adotadas, percebi ser necessário mudar toda uma mentalidade e me dei conta da extensão e da complexidade da questão. Em 1987, quando assumi a disciplina de “MaterialDidático” numa Escola Normal na rede pública do Rio de Janeiro, decidi que, ao invés de ensinar às futuras professoras a construir quadros de pregas e flanelógrafos, ou a enfeitar murais, trabalharia sobre os estereótipos que aparecem em todos estes materiais. Foi nessa época que desenvolvi um “método” para desestereotipar os desenhos. Estereótipos: fôrmas em gavetas Para entendermos porque cer tos desenhos levam o nome de estereotipados, é necessário nos remetermos ao ano 1.000, quando na China, um tipógrafo chamado Pi Ching inventou um processo de impressão que, mais tarde, veio a ser adotado na Europa com o nome de estereotipia. Antes do aparecimento da estereotipia, a impressão de livros se dava através da composição manual de cada página: as letras e sinais que constituem a escrita se apresentavam em forma de tipos (peças móveis e isoladas) que combinados, e colocados em suportes especiais, formavam as palavras e as frases, compondo assim, linha por linha, cada página do texto a ser impresso. Este processo de obtenção da página, embora eficiente, tornava-se lento e trabalhoso por necessitar ser refeito a cada nova impressão. Muito antes dos europeus, Pi Ching, ao invés de fazer e desfazer as páginas, havia inventado uma maneira inteligente de conservá-las. Através do uso de uma espécie de cera derretida, conseguia fundir a página composta em uma placa inteiriça, obtendo assim uma fôrma da referida página, o que permitia sucessivas reimpressões. Obtida esta fôrma, CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? o arranjo dos tipos podia ser desfeito e os mesmos serem reutilizados para compor outras páginas. Esse novo processo acelerou em muito o processo de impressão. A página fundida em placa dura funcionava como uma matriz e ao ser adotada pelos europeus, no século XVIII, recebeu o nome de estereótipo ou clichê, enquanto que estereotipia passou a ser a designação do novo processo tipográfico. Etimologicamente, estereotipia vem do grego “stereós”, que quer dizer: firme, compacto, imóvel, constante e de “typos” que significa: sinal, molde, representação. Já a palavra clichê vem do verbo francês “clicher” e quer dizer “coar matéria derretida” (em geral chumbo ou cobre) sobre a matriz de uma página composta, o que resultava em uma placa sólida, o clichê, do qual se podia imprimir grande número de exemplares. Clicher queria então dizer: estereotipar, produzir um estereótipo. Creio que não fica difícil perceber qual a relação que a história acima tem com a nossa questão: a dos desenhos estereotipados. Voltemos à pergunta inicial: por que a maioria dos desenhos que se oferecem às crianças são clichês, estereótipos? Para responder, vamos imaginar que a caixa dos tipos móveis, ao invés de conter letras e sinais, contivesse formas para compor desenhos. Por exemplo, ela poderia conter, entre outros, tipos específicos para se formar desenhos de olhos. Poderíamos então tomar 2 tipos em forma de meia-lua, acrescentar 2 tipos em forma de pupila e colocá-los no canto das meias-luas (canto esquerdo ou direito, nunca no meio, senão não se consegue o efeito estereotipadamente desejado de “gaiatice” ou de “ar maroto”) e por último, acrescentar alguns traços meio curvos sobre cada meia-lua para obter os cílios. Temos aí a composição, a matriz dos olhos. Para facilitar o trabalho, como fazia PI Ching, conservamos este clichê para usá-lo em todos os desenhos em que “necessitamos” colocar olhos: não só nos de pessoas ou bonecos, mas também no miolo das flores, na bola do sol, no tronco das árvores. Para que seja um verdadeiro estereótipo, é preciso que o clichê seja sempre o mesmo, que “a matriz seja sempre reimpressa”. A partir deste exemplo, podemos imaginar outros tantos clichês que conhecemos e utilizamos: matrizes manuais e matrizes mentais. A mais conhecida das matrizes é a folha de papel reproduzida no mimeógrafo a álcool, largamente utilizada nas escolas. Além do mimeógrafo, temos diversos recursos para reproduzir estereótipos: todos conhecem processos simples de transferência da imagem de um suporte para outro. Atualmente, nas escolas, as máquinas fotocopiadoras fazem estas reproduções muito melhor e em menos tempo. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? Podemos também simplesmente olhar um molde e copiá-lo, bem como podemos conseguir uma cópia perfeita, ampliada ou reduzida, na fotocopiadora. Por serem basicamente os mesmos, os estereótipos de tão reproduzidos, multiplicados e utilizados, se tornaram largamente difundidos e aceitos, constituindo-se já em uma espécie de estereótipos mentais, isto é, os clichês estão armazenados nas gavetas de nosso cérebro e basta querermos para que nossas mãos consigam sem muito esforço, representá-los. Estereótipo, uma bola de neve Onde encontrar os desenhos estereotipados? Sempre os mesmos, enfadonhamente repetidos, eles estão em todos os lugares, mas principalmente nas escolas. É lá onde podemos apreciar a maior quantidade e variedade deles, é onde melhor podemos acompanhar sua utilização. Vemo-los nos murais, nas janelas, nas portas, nas paredes, nos materiais didáticos, nos trabalhos das crianças. A escola parece ser o habitat natural dos estereótipos, um terreno fértil onde vicejam e se reproduzem à exaustão, sob o pretexto ou a ilusão de tornar o ambiente ou a aprendizagem mais atraente, agradável, interessante para a criança. Todos gostam e as crianças desde cedo aprendem a amar os estereótipos. Eles vêm não se sabe e vão para onde não se sabe. Nós os usamos simplesmente porque gostamos, achamos “bonitinhos”, “fofinhos”, “uma gracinha”. Com exceção das representações de personagens da comunicação de massa, (antes Mickey, Garfield, Snoopy, hoje Pokemon, Superpoderosas, Bob Esponja), as outras não sabemos quem criou, de onde aprendemos, e nem para que servem. Mesmo assim, as adotamos indiscriminadamente. Pior, impunemente! Elas nos parecem tão familiares, tão inofensivas. Diretores e donos de escola, sabendo que pais gostam destas enfeitadas, abusam dos estereótipos com o objetivo de atrair alunos. Salvo raros pais esclarecidos, a maioria se deixa envolver pelo aspecto externo do prédio, julgando, equivocadamente, ser bom o colégio que enfeita suas paredes. Dificilmente, pais gostam de matricular filhos em escolas de “paredes nuas”. Se é assim, o que os estereótipos têm de tão negativo? Se crianças adoram, seus pais também, se as professoras se sentem bem em fazê-los, se as diretoras se orgulham de ter a escola enfeitada, por que combatê-los? Por que não aceitá-los? Não podemos aceitá-los porque como educadores, acreditamos no poder de criatividade das pessoas, na individualidade de cada ser humano, acreditamos na necessidade vital que a criança tem de se expressar; porque somos contra a acomodação e desejamos a transformação. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? Admirando os estereótipos as crianças querem imitá-los e copiá-los: dos murais, das cartilhas, das folhas mimeografadas que são obrigadas a colorir. Assim, aos poucos, vão desaprendendo o seu próprio desenho, perdendo a expressão individual e a confiança nos seus traços, começando a considerá- los “feios” ou “mal feitos”. Algumas crianças dizem então “não saber desenhar” e com isso estão querendo dizer que “não sabem fazer estereótipos”, que “não sabem desenhar igual à professora”. Estão, em última análise, mostrando que já se tornaram inseguras em relação ao desenho, não acreditam que são capazes. Os desenhos estereotipados empobrecem a percepção e a imaginação da criança, inibem sua necessidade expressiva; embotam seus processos mentais, não permitem que desenvolvam naturalmente suas potencialidades. Estereotipar quer dizer então, simplificar, esquematizar, reduzir à expressão mais simples. Para compreendermelhor esses aspectos negativos, basta dar um rápido passeio pelos eventos do calendário. Comemorar datas festivas, cívicas, folclóricas ou religiosas, é, em muitas escolas, o fio condutor do trabalho pedagógico, especialmente nas infantis. Nos primeiros anos de escolaridade é quando se verifica mais explicitamente a existência dos estereótipos. Nelas, via de regra, as coordenadoras possuem verdadeiras coleções de riscos e modelos para todas as ocasiões e situações. Dificilmente, professores que não se submetem à feitura de estereótipos são mantidos nessas escolas. Há professores que têm “o maior jeito e gosto”, para fazê-los. Gostam de desenhar, copiam bem, sabem ampliar, acrescentar detalhes. Toda escola conta com pelo menos uma professora assim e ela é a mais requisitada pelas outras, na hora “do que fazer para tal data?” Em geral, é a mais apreciada pelos pais, porque sua sala é sempre considerada “a mais bonita”. Aquelas que não têm nenhum jeito, nenhum gosto, ou não sabem fazer estes desenhos, passam por momentos desesperantes. A obrigação de enfeitar a sala se transforma em uma verdadeira tortura. É quando apelam à colega habilidosa ou então às revistas de modelos, recorrem aos “riscos” da coordenadora ou conseguem modelos com as colegas. Quando se cansam das mesmas imagens, procuram novas. Acontecem então as trocas de estereótipos, para conseguir novidades que ainda não usaram. Há professores que passam horas inteiras preparando desenhos para os alunos pintarem, recortarem, colarem, sejam presentinhos para mães e pais, sejam enfeites para Páscoa ou Natal. Em todo este comportamento, há um enorme equívoco: a escola não é a casa da professora nem da diretora. É o espaço da criança, ela é quem tem o direito de ocupá-lo e cabe a ela, se quiser, “decorá-lo”. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? No entanto, é preciso compreender essas pessoas. Em geral, nunca tiveram oportunidade de exercitar o seu poder criador. Ninguém lhes ensinou o verdadeiro sentido da palavra criatividade, nem lhes proporcionou na infância, a alegria criadora. Para suprir essa carência, fazem tudo para suas crianças e sempre com a melhor das intenções. Procedendo assim, repetem sua própria experiência e a estereotipia se parece cada vez mais a uma “bola de neve” que nunca para de crescer. Desestereotipização: um processo possível A experiência que venho realizando a partir de 1987 nos cursos de formação e especialização de professores de 1ª à 4ª série e de pré-escolar, resultou na estruturação de um método que passei a denominar de “processo de des-estereotipi-zação, entendido aqui o prefixo des como “negação”, “transformação”, “ação contrária” à estereotipia. O “método” em si nada tem de extraordinário: tomei emprestado do conjunto das atividades das artes plásticas, algumas propostas que agrupei e sequenciei em forma de exercícios que me pareceram adequados para atingir alguns aspectos mais evidentes dos desenhos estereotipados: o desenho mecânico, a esquematização, os artifícios para facilitar o desenho, camuflando dificuldades de representação. Se há alguma novidade nisso, ela reside justamente na organização dos exercícios em sequências de desenhos sucessivos, com o objetivo de transformar um estereótipo em um não estereótipo. Os exercícios que compõem o “método”, experimentados um após outro, levam o aluno a compreender as inúmeras possibilidades de desestereotipização, através da mobilização de diferentes processos mentais: ora a observação ou a memória visual, ora a imaginação e/ou a fantasia, para citar apenas alguns. O “método” inicialmente propõe ações específicas sobre determinados desenhos e em seguida dá oportunidade para que cada pessoa desenvolva seu próprio processo, escolhendo um estereótipo para trabalhar. Seja utilizando, separada ou combinadamente qualquer dos caminhos percorridos nas propostas iniciais, seja tentando outras direções, a pessoa deve perseguir a transformação do estereótipo em um desenho pessoal. A apreciação do processo desenvolvido pelo conjunto das pessoas de uma mesma turma, através de seus relatos e do material visual produzido, permite avaliar a rapidez e a eficácia do “método”, além de se constituir em forte fator de conscientização. Em seguida, outro desafio se coloca: como promover as necessárias mudanças no contexto educacional? O primeiro resultado palpável que se pode observar nas professoras que passaram pelo processo de desestereotipização é uma mudança de atitude CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? para com seus alunos: por terem se descoberto como seres criadores, passam a acreditar no potencial criador de seus alunos e oferecer-lhes maior espaço para a expressão. Ao se espantarem (só agora!) com a estereotipia que as cerca no local de trabalho, passam a questioná-la em reuniões com coordenadores, diretores e pais. Embora com pouco poder para transformar tudo rapidamente, começam a levantar a questão (que antes para elas não existia), tentando mobilizar as colegas. Em pouco tempo, algumas são vistas, na melhor das hipóteses, como “diferentes”. Outras resolvendo “comprar a briga”, se envolvem em discussões intermináveis, enquanto algumas poucas chegam até a perder o emprego por causa de suas (novas) convicções. É preciso dizer que há também aquelas que se sentem impotentes para lutar, mudar alguma coisa e se acomodam onde sempre estiveram. Agora se pode, talvez, compreender melhor porque me referi no início deste artigo à extensão e complexidade da questão. Espero que tudo que aqui escrevi venha a se constituir em uma “contribuição a mais” para favorecer uma tomada de consciência dos educadores frente ao problema, porque acredito ter deixado claro ser necessário e urgente interrompermos o crescimento alarmante da bola-de-neve e extirparmos, de uma vez por todas, a erva daninha dos estereótipos. Bibliografia: ARAÚJO, Emanuel. A Construção do Livro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. GOMBRICH, E. H. Arte e Ilusão. São Paulo: Martins Fontes, 1986. RICHTER, Ivone. Estereótipos em arte e conceitos que professores de arte interpretaram como estereótipos no trabalho de seus alunos”. In: Revista do Centro de Artes e Letras da UFSM. Santa Maria, 1983. FONTE: Disponível em: <www.artenaescola.org.br>. Acesso em: 7 abr. 2011. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? AUTOATIVIDADE Nesta última autoatividade, você acadêmico(a) deverá elaborar uma síntese, contextualizando os aspectos positivos e negativos em relação ao trabalho com desenhos prontos em sala de aula, fundamentados no texto: “Desenhos esteriotipados: um mal necessário ou é necessário acabar com este mal?”, de Maria Rauen Vianna. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? REFERÊNCIAS HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998. MIGUEL, Marelenquelem. O lúdico e o imaginário no desenvolvimento infantil. In PILLOTTO, Silvia Sell Duarte . (org.) Linguagens da arte na infância. Joinville: Ed. da Univille, 2007. VIANNA. Maria Letícia Rauen. Desenhos estereotipados: um mal necessário ou é necessário acabar com este mal? Disponível em: www.artenaecola. org.br. Acesso em: 22 jun. 2010. VILAS BOAS, B. M. F. O projeto Político-Pedagógico e a avaliação. In: VEIGA, L. Resende. (Orgs.). Escola: Espaço e Projeto Político-Pedagógico. São Paulo: Papirus, 2001. CURSO LIVRE - ONDE FICA O ESTEREÓTIPO, A PRÁTICA, O REGISTRO E A AVALIAÇÃO EM ARTES VISUAIS? GABARITO Nesta última autoatividade, você acadêmico(a) deverá elaborar uma síntese, contextualizando os aspectos positivos e negativos em relação ao trabalho com desenhos prontos em sala de aula, fundamentados no texto: “Desenhos esteriotipados: um mal necessárioou é necessário acabar com este mal?”, de Maria Rauen Vianna. R .: A arte deve ser compreendida como vetor de desenvolvimento da criatividade, através das construções individuais e coletivas das crianças e não através de propostas de pinturas de cópias de desenhos prontos e esteriotipados. E a principal discussão sobre os cartazes diz respeito a uma análise sobre o quanto os materiais visuais expostos pelos professores influenciam na criação e no repertório artístico e cultural das crianças. É importante destacar que professores são formadores de opinião e referência para os seus alunos.
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