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1 Propedêutica Insuficiência venosa crônica – trombose venosa profunda OBJETIVOS DA AULA – apresentar e discutir os aspectos semiológicos e clínicos relevantes das principais doenças do sistema venoso periférico. Parte 1 – insuficiência venosa crônica Parte 2 – trombose venosa profunda SISTEMA VENOSO PERIFÉRICO – MEMBROS INFERIORES -É composto pelas veias superficiais, profundas e comunicantes. →FLUXO VENOSO EM DUAS DIREÇÕES -distal para proximal (da periferia para o coração) -superficial para profundo →MECÂNICA DO FLUXO -contrações dos músculos da panturrilha: “sístole muscular” que bombeia o sangue. -Válvulas venosas: impedem o refluxo na direção oposta. -Fluxo arterial periférico: garante o enchimento das vênulas. ALEXANDRE PRIMON 2 INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA →Falha no bombeamento no sangue periférico ●incompetência das válvulas ●sobrecarga pressórica sobre a circulação venosa (mulheres gravidas, obesidade...) ●alteração na parede dos vasos venosos PRIMÁRIA: defeito no sistema que faz o bombeamento, por patologias ou características pessoais do indivíduo. SECUNDÁRIA: o sistema é competente, mas há sobrecarga por um fator externo. Exemplo: trombose venosa ou compressão extrínseca por um tumor. →FATORES DE RISCO -Sexo feminino, idade acima de 50 anos, hereditariedade. -Ortostase mantida por longos períodos. -Sobrecarga hormonal: estrogênio e progesterona *estrogênio: reduz o tônus das vênulas *progesterona: causa dilatação venosa -TVP e compressões extrínsecas (IVC “secundária”) →FISIOPATOLOGIA -refluxo de sangue para a periferia (MMII distais) e para os vasos superficiais, com sobrecargas pressórica nesses territórios. -Extravasamento de hemácias e produtos de sua decomposição (hemossiderina) para o interstício. -Passagem de macromoléculas: fibrinogênio, bradicinina, citocinas e outros mediadores inflamatórios. -Aumento da produção local de colágeno intersticial: fibrose local de tecido cutâneo e adiposo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – ANAMNESE -Edema bilateral, pior ao final do dia, melhor ao se elevar os membros, mole, com cacifo, sem sinais flogísticos (dor, calor, rubor) -Prurido e sensação de desconforto (“peso” nas pernas) pela congestão venosa. EXAME FÍSICO →VARIZES- dilatações superficiais, tortuosas, as vezes dolorosas. →TELANGECTASIAS - “aranhas vasculares” – relacionam-se a sobrecarga de estrogênio, que fragiliza as paredes dos vasos, diferente das varizes, não há dilatação dos vasos. →EDEMA E DERMATITE OCRE – deposição de hemossiderina no interstício, pelo fato da decomposição da hemoglobina. 3 →ÚLCERA VENOSA- caso mais grave, doença mais avançada, relacionada as mudanças na arquitetura local na pele e as reações inflamatórias locais mediadas por citocinas. -geralmente se abrem espontaneamente. *Características da úlcera venosa: - se localizam na região medial da perna - contorno irregular - fundo muito sujo - não é muito dolorosa COMPLICAÇÕES DA DOENCA - IVC CELULITES – infecções de pele relacionadas a perda da função de barreira da pele contra patógenos do meio ambiente. Mais comum em associação com ulceras. LINFEDEMA – a drenagem linfática também é comprometida pelo extravasamento intersticial e a produção desordenada de colágeno. Aspecto de “pé de boneca”, com pele mais áspera e grossa (em “casca de laranja”). É um edema bem mais endurecido, por vezes sem cacifo. E ainda.... TROMBOSE VENOSAS SUPERFICIAIS E PROFUNDAS: por estase venosa e lesão endotelial. →COMO AVALIAR IVC? -ANAMNESE E EXAME FISICO, o diagnóstico é quase 100% de especificidade com a anamnese e exame físico. -Para definir a localização e a extensão do problema: US de membros inferiores com Doppler Colorido, identificando as direções e velocidades dos fluxos. →IVC – TRATAMENTO -Medidas conservadoras (em casos leves): uso de meias elásticas compressivas durante o dia, elevação dos membros a noite, deambulação regular. Algumas medicações (como diosmina) produzem certo alivio dos sintomas, porém não interferem no curso da doença. -Escleroterapia de varizes superficiais: para alterações locais que produzam dor ou desconforto estético. -Bota de Unna: é um curativo compressivo que pode ser aplicado em regiões ulceradas, com medicações tópicas que facilitam sua cicatrização. -Cirurgia: Safenectomia. Indicada em casos de refluxo mais importante ou ulceras cutâneas. -Antibióticos: apenas para o tratamento de ulcera infectada. 4 TROMBOSE VENOSA PROFUNDA É o surgimento abrupto de um coagulo que obstrui parcial ou totalmente a circulação venosa em um dos vasos do sistema venoso profundo dos MMII. →FATORES DE RISCO -igual em ambos sexos, mais frequente em idosos e pessoas da raça negra, história familiar positiva. -obesidade, gravidez: porque aumenta a pressão sobre o retorno venoso nos membros inferiores, consequentemente, estase venosa. -sedentarismo -pós-operatório de grandes cirurgias (ortopédica, vascular): cirurgias na qual, no pós operatório da cirurgia o paciente fica deitado, imobilizado por muito tempo, levando a estase venosa. -traumatismos, imobilizações, pacientes acamados -viagens prolongadas -neoplasias: qualquer tipo de câncer, principalmente de grandes órgãos, levam a hipercoagulabilidade -doenças que promovem inflamação crônica: ICC, Cirrose, DPOC, levam a hipercoagulabilidade -tabagismo, leva a uma lesão endotelial. -uso de reposições hormonais (estrogênio, progesterona) -doenças que interferem na coagulação: trombofilias (SAAF, fator V de Leiden, etc.) →TRIADE DE VIRCHOW -ESTASE VENOSA -LESAO ENDOTELIAL -HIPERCOAGULABILIDADE -três grandes fatores de riscos, para que um paciente tenha trombose venosa profunda. →LOCALIZACOES -Tibiais e Poplíteas (distais): MAIS COMUNS -Femorais e Ilíacas (proximais): MAIS PERIGOSAS →ANAMNESE E EXAME FISICO -DOR em pontada, não muito intensa, de início sub-agudo (alguns dias de evolução) -EDEMA unilateral, com sinais flogísticos (calor, rubor, dor). -PANTURRILHA empastada: dolorosa ao toque, de consistência endurecida. -Possível CIRCULACAO colateral. ***ESSENCIAL INVESTIGAR OS POSSIVEIS FATORES DE RISCO PARA TVP*** →MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ●SINAL DE HOMANS: dorsiflexao súbita do pé, com dor na panturrilhas. -NÃO Ë CONFIAVEL. 5 ●FLEGMASIA ALBA DOLENS OU FLEGMASIA CERÚLEA DOLENS: o membro se torna esbranquiçado (por compressão das artérias pelas veias ingurgitadas) ou azulado (pelo acumulo de sangue venoso). TVP – COMO DIAGNOSTICAR? -ACHADOS CLINICOS – anamnese e exame físico. -DOSAGEM DO D-DIMERO: É um marcador que indica lesão vascular aguda, medindo produtos de decomposição do trombo. Muito sensível, mas pouco especifico. Ou seja, é mais útil quando negativo, porque se o d-dimero for negativo, podemos ter a certeza que não é tvp, mas, caso seja positivo, não teremos 100% de certeza que será tvp, não é muito especifico. -normal até 500 -ESCORE DE WELLS: usa diversos parâmetros para calcular uma pontuação que indica a probabilidade de TVP → presença de imobilizações nos membros, características do edema e outras alterações do exame físico, neoplasia em atividade, etc. DOPPLER VENOSO DE MMII: se o paciente estiver com tvp, a sensibilidade do doppler é completa, padrão ouro. -aspecto do fluxo e compressibilidade das veias -extensão do trombo e o seu grau de aderência a parede, se o trombo é total ou parcial. →COMPLICAÇÕES DA TVP EMBOLIA PULMONAR (TEP) -os trombos se deslocam de seu local de origem em direção a circulação pulmonar e lá se alojam. - estima-se que 90% dos TEPs se originem de TVPs do membro inferior. É a complicação mais temida da TVP. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS -início súbito de taquidispneia,dor torácica (pleurítica) e taquicardia. Em casos mais graves: cianose, esforço respiratório, congestão periférica por sobrecarga do ventrículo direito. Pode também haver tosse e broncoespasmo. - assim, em pacientes com os fatores de risco para TVP, o inicio súbito desses sintomas deve imediatamente motivar a suspeita de TEP e a investigação de TEP e TVP. SINDROME PÓS-TROMBÓTICA -É uma forma de IVC, podendo cursar com dor , peso, sensação de edema local e até ulcerações. Além das medidas de tratamento iniciais para o TVP, o tratamento de longo prazo 6 TRATAMENTO -ANTICOAGULACAO→ inicialmente heparina (de baixo peso molecular ou não fracionada) na fase de indução. Em seguida, manutenção com anticoagulantes orais (varfarina, rivaroxabana). Tempo variável, dependendo dos fatores de risco. -USO DE MEIAS COMPRESSIVAS→ para prevenir novos episódios. -TROMBECTOMIA CIRURGICA→ em casos de trombos grandes, proximais, de alto risco. -FILTROS DE VEIA CAVA→ para pacientes com alto risco de TEP ou aqueles que não podem anticoagular.
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