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Análise na Reta - Verão UFPA 1a lista - Números naturais; Corpos ordenados A lista abaixo é formada por um subconjunto dos exerćıcios dos seguintes livros: • Djairo G. de Figueiredo, Análise na reta • Júlio S.A. Corrêa, Introdução à Análise Real • Elon L. Lima, Curso de Análise, Vol. 1 Você deve encará-la como uma lista mı́nima, uma vez que quanto mais exerćıcios fizer, melhor vai ser o seu entendimento acerca dos conteúdos do curso. Os itens precedidos pelo śımbolo (v́ıdeo) são aqueles para os quais existe material adicional em v́ıdeo. Na maior parte dos casos o exerćıcio (ou parte dele) é resolvido no v́ıdeo, enquanto em outros temos algum tipo de explicação que pode ser útil na resolução. O link para os v́ıdeos podem ser encontrados no śıtio: www.mat.unb.br/furtado/veraoufpa.htm Uma última observação é que, na maior parte dos itens, você vai encontrar uma afirmação no enunciado. Nesse caso, o que você deve fazer é provar a veracidade dessa afirmação. Assim, vamos sempre que posśıvel suprimir a expressão ”Mostre que”. 1 Números naturais Nessa seção, e no que se segue, vamos denotar por N o conjunto dos números naturais e por s : N→ N a função sucessor. Lembremos que o par (N, s) satisfaz os axiomas de Peano: (P1) a função s é injetiva, isto é, dois números que têm o mesmo sucessor são iguais; (P2) N− s(N) contém apenas um elemento, isto é, existe apenas um elemento de N que não é sucessor de ninguém. Esse elemento é representado pelo śımbolo 1; (P3) (Prinćıpio de Indução Finita) se X ⊂ N é um subconjunto tal que 1 ∈ X e, para todo n ∈ X tem-se também s(n) ∈ X, então X = N. A maior parte das propriedades acerca dos números naturais podem ser provadas usando a propriedade (P3) acima. Prove as que listamos abaixo. 1. A soma dos n primeiros números naturais é dada por 1 + 2 + · · ·+ n = n(n+ 1) 2 . 1 2. (v́ıdeo) A soma dos n primeiros quadrados é dada por 12 + 22 + · · ·+ n2 = n(n+ 1)(2n+ 1) 6 . 3. Para todo a 6= 1 vale 1 + a+ a2 + ·+ an = 1− a n+1 1− a . 4. (Desigualdade de Bernoulli) Se r > −1 então, para todo n ∈ N, temos que (1 + r)n ≥ 1 + nr. 5. Se r ≥ 0 então, para todo n ∈ N, temos que (1 + r)n ≥ 1 + nr + n(n− 1)r 2 2 . 6. Se A é um conjunto finito denotamos por P(A) o conjunto das partes de A, isto é, o conjuntos de todos os subconjuntos de A. Mostre que, se A tem n elementos, então P(A) tem 2n elementos. 7. Para todo n ∈ N temos que n 6= s(n), isto é, nenhum número pode ser o sucessor dele mesmo. 8. (Prinćıpio da Boa Ordenação) Todo subconjunto não-vazio A ⊂ N possui um elemento mı́nimo. Dica: Para n ∈ N seja In = {p : p ∈ N, 1 ≤ p ≤ n} e X = {n : n ∈ N, In ⊂ X − A}. Supondo que 1 6∈ A e observando que X 6= N, mostre que existe n ∈ X tal que n + 1 6∈ X. Conclua que a = n + 1 é o menor elemento de A. 9. (Segundo Prinćıpio da Indução) Seja X ⊂ N um conjunto com a seguinte propriedade: dado n ∈ N, se X contém todos os números naturais m tais que m < n, então n ∈ X. Nestas condições, X = N. Dica: Use o Prinćıpio da Boa Ordenação. 10. (Teorema Fundamental da Aritmética) Todo número natural se decompõe, de modo único, como um produto de fatores primos. Prove que existe tal de composição. Dica: lembre que um número natural p é primo se p 6= 1 e não existe uma decomposição p = mn com m, n ∈ N e m, n < p. 2 2 Corpos ordenados e números racionais 1. Explique por que as operações usuais não fazem com que o conjunto Z seja um corpo. 2. Sejam a um racional diferente de zero e x irracional. Mostre que ax e a + x são irracionais. Dê exemplo de dois números irracionais x, y tais que x + y e xy são racionais. 3. (v́ıdeo) O número √ 2 não é racional. 4. Se p ∈ N é primo, então √p não é racional. 5. Seja (F,+, ·) um corpo cujo elemento neutro da adição é 0, e o elemento neutro da- multiplicação é 1. Prove as afirmações seguintes: (a) Se 0′ ∈ F é tal que x+ 0′ = x para todo x ∈ F , então 0′ = 0. (b) Se 1′ ∈ F é tal que x · 1′ = x para todo x ∈ F , então 1′ = 1. (c) Dados a, b ∈ F , a equação a+x = b tem solução única. Se a 6= 0, então o mesmo ocorre com a equação ax = b. (d) 0 · x = 0 para todo x ∈ F . (e) 1 = 0 se, e somente se, F = {0}. 6. Com a mesma notação do exerćıcio acima, suponha que a, b ∈ F e verifique as afirmações seguintes: (a) Se a, b ∈ F são tais que a2 + b2 = 0, então a = b = 0. (b) A equação a+ x = b tem solução única. O mesmo ocorre para a equação ax = b, se a 6= 0. 7. Nesse exerćıcio vamos supor que (F,+, ·) é um corpo ordenado. Isso significa que, além de ser um corpo, existe um conjunto P ⊂ F , chamado o conjunto dos elementos positivos de F , com as seguintes propriedades: (P1) se x, y ∈ P , então x+ y ∈ P e x · y ∈ P ; (P2) dado x ∈ F , ocorre exatamente uma das seguintes alternativas: x = 0 ou x ∈ P ou −x ∈ P Dados x, y ∈ F , escrevemos x < y se, e somente se, y − x ∈ P . Para esse corpo ordenado arbitrário e essa ordem, é posśıvel provar todas as proprie- dades usuais da comparação entre números racionais. Listamos algumas delas abaixo para que você exercite, sempre considerando que x, y, z ∈ F : 3 (a) se x < y e y < z, então x < z. (b) se x < y, então x+ z < y + z. (c) se x < y e z ∈ P , então x · z < y · z; (d) se x < y e −z ∈ P , então x · z > y · z; (e) se 0 < x < y e 0 < x′ < y′, com x′, y′ ∈ F , então x · x′ < y · y′ (f) se 0 < x < y, então 0 < 1 y < 1 x . 3 Ínfimo e Supremo 1. O conjunto B = {x ∈ Q : x2 < 2, x > 0} não possui supremo em Q. 2. Exiba um conjunto A ⊂ Q limitado que não possui supremo nem ı́nfimo em Q. 3. Determine o supremo e o ı́nfimo do conjunto A = { (−1)n n : n = 1, 2, · · · } . 4. Se A ⊂ R é limitado superiormente e ε > 0, então existe aε ∈ A tal que supA − ε ≤ aε ≤ supA. 5. (v́ıdeo) Se A ⊂ R é limitado superiormente e existe uma cota superior α de A, com α ∈ A, então α = supA. 6. (v́ıdeo) Seja A ⊂ R limitado e α ∈ R. Se αA = {αa : a ∈ A}, valem as seguintes afirmações: (a) se α > 0, então inf(αA) = α inf A e sup(αA)− α supA; (b) se α < 0, então inf(αA) = α supA e sup(αA) = α inf A. 7. Se A, B ⊂ R são tais que a ≤ b, sempre que a ∈ A e b ∈ B, então supA ≤ inf B. 8. Se A ⊂ B ⊂ R são não-vazios e limitados então inf B ≤ inf A ≤ supA ≤ supB. 9. Sejam A, B ⊂ R conjuntos de números positivos e defina A·B = {a·b : a ∈ A, b ∈ B}. Se A e B são limitados então A · B é limitado com sup(A · B) = supA · supB e inf(A ·B) = inf A · inf B. 10. Analise o exerćıcio acima sem as hipóteses de positividade nele feitas. 4 4 Números reais No que segue vamos assumir que vale o seguinte: Postulado de Dedekind: Todo subconjunto não-vazio de R, constitúıdo de elementos positivos, tem um ı́nfimo. 1. Se A ⊂ R possui cota inferior, então A tem ı́nfimo. 2. Exiba um conjunto limitado que não possui supremo nem ı́nfimo. 3. Se B é um conjunto que tem cota superior, então supB = − inf(−B), onde −B = {x ∈ R : x = −b, b ∈ B}. Segue que todo conjunto não-vazio que tem cota superior tem um sup. 4. Use o fato de que 2n ∈ N para todo n ∈ N para mostrar que N não é limitado superiormente. 5. Dado a > 0, existe um natural n tal que 1 n < a. 6. O corpo dos reais é arquimediando, isto é, que dados 0 < a ≤ b em R, existe n ∈ N tal que b < na. 7. Uma propriedade importante dos números racionais é que Q é denso em R, no seguinte sentido: dados quaiquer x < y em R, existe r ∈ Q tal que x < r < y. Essa propriedade está relacionada com o fato de R ser arquimediano, com ilustra os itens a seguir. (a) Usando o fato de R se arquimediano conclua que, dados x < y em R, existe n0 ∈ N tal que 1 n0 < y − x. (b) Com o valor de n0 acima, use a propriedade arquimediana para mostrar que o conjunto A = {m ∈ Z; y ≤ m 1 n0 } é não vazio. Em seguida, conclua que existe m0 = inf A, onde m0 ∈ A. (c) Finalmente, conclua que r = m0−1 n0 ∈ Q é tal que x < r < y. 8. Se x ∈ R e A = {r ∈ Q : x <r}, então x = inf A. 9. Sejam A e B subconjuntos não-vazios de números reais tais que todo número real pertence a A ou B e se a ∈ A e b ∈ B, então a < b. Prove que existe um único número real x tal que todo número real menor do que x está em A e todo número real maior do que x está em B. 5 5 Desigualdades 1. (v́ıdeo) Dados a, b ∈ R, as relações abaixo são válidas: (a) |ab| = |a||b|; (b) |a+ b| ≤ |a|+ |b| (desigualdade triangular); (c) ||a| − |b|| ≤ |a− b| 2. Faça o que se pede nos itens a seguir, relativos ao uso do valor absoluto para descrever subconjuntos da reta. (a) Descreva o conjunto A = {x ∈ R; a distância de x a 1 é menor ou igual a 4} usando o valor absoluto. (b) Descreva o conjunto B = {x ∈ R; a distância de x a − 5 é menor do que 2} usando o valor absoluto. (c) Em geral, dados r ∈ R e � > 0, use o valor absoluto para descrever o conjunto C = {x ∈ R; a distância de x a r é menor do que �}. (d) Descreva o conjunto D = {x ∈ R; |3x+ 2| ≥ 4} sem usar o valor absoluto. (e) Descreva o conjunto E = {x ∈ R; |x− 2| < |x− 6|} sem usar o valor absoluto. 3. Descreva geometricamente o conjunto {x ∈ R : |x− 2| ≤ |a− 2|}, considerando os vários casos posśıveis para o parâmetro a ∈ R. 4. Se |x| ≤ 1, então |x− 3| ≥ 2. 5. Se a < x < b, então |x| < |a|+ |b|. 6. Se x, y ∈ R, então |x+ y| = |x|+ |y| se, e somente se, xy ≥ 0. 6
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