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pericia ambiental 1

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Projeto Pós-graduação 
Curso Perícia e Auditoria Ambiental 
Disciplina Perícia Ambiental 
Tema Introdução à Perícia Ambiental 
Professor Rubens Corrêa Secco 
Introdução 
Neste tema, abordaremos a evolução histórica da tutela legal sobre o meio 
ambiente e a contextualização da Perícia Ambiental como ferramenta de 
investigação e mensuração de danos ambientais. 
Esta visão nos dará condições de compreender as finalidades e 
aplicações práticas da Perícia Ambiental, os mecanismos mais indicados para 
cada situação em que for solicitada, e nos facilitará o entendimento quanto às 
qualificações exigidas do Perito e Assistentes Técnicos. Faremos ainda uma 
abordagem introdutória sobre as ferramentas e metodologias periciais. 
A Perícia Ambiental é uma modalidade de Perícia Judicial que tem o 
Código de Processo Civil como seu marco regulamentador, prevista a partir do 
artigo 464. Esse será um dos documentos importantes para as reflexões deste 
tema, por isso acesse a legislação disponível a seguir: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm 
No material on-line, o professor Rubens Corrêa apresenta os tópicos 
deste tema. Acesse e consulte o vídeo! 
Problematização 
Vamos iniciar a reflexão sobre a Perícia Ambiental analisando um caso de 
possível dano ambiental, onde uma Perícia poderia ser aplicável. O caso será 
exposto agora e retomado durante o desenvolvimento de nossa conversa, 
inclusive nas próximas aulas. 
Ao final da disciplina, teremos montado todo o cenário desta Perícia 
Ambiental e definido as necessidades e formas de condução do trabalho, até a 
geração do Laudo Pericial e Elaboração dos Quesitos pertinentes. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
O caso de estudo trata-se da seguinte situação: existe um terreno, de 2ha 
aproximadamente, localizado a 15 km do centro do município, em área pouco 
habitada. Foi construído um galpão em alvenaria de cerca de 1.000 m2. Nesse 
galpão, houve o armazenamento de produtos químicos, de alta toxicidade, nos 
estados sólido, líquido e pastoso, durante cerca de 10 anos. 
 Após esse período, os produtos foram retirados do local e incinerados. 
Existe a informação de que o armazenamento não foi feito de forma correta, 
algumas embalagens não eram apropriadas e não havia bacias de contenção 
para deter vazamentos. Existem relatos da ocorrência de vazamentos de 
produtos, há então risco de contaminação do meio ambiente no local, entretanto, 
existem apenas relatos orais de pessoas que trabalharam no local ou 
presenciaram os acontecimentos. 
O único documento físico apresentado é um laudo de análise do solo e 
água do local, datado da época em que os materiais foram retirados dos galpões. 
O terreno foi isolado e hoje se encontra abandonado, tendo se passado 15 anos 
da data da retirada dos produtos do local. 
Como a cidade cresceu neste período de 25 anos, a área do entorno 
sofreu naturalmente um processo de urbanização e agora se encontra bem 
valorizada. O proprietário do terreno tem o objetivo de utilizar a área para 
construção civil ou vendê-la. 
Analisando o caso, temos então as seguintes questões: 
A área pode ser utilizada para o desenvolvimento de uma nova atividade, 
como construção civil? A nova ocupação da área poderia conter moradias? A 
requisição de uma Perícia Ambiental seria aplicável? 
Veremos ao longo de nosso estudo a resposta a essas e outras questões 
relativas a esse exemplo, pontuando passo a passo e buscando a formulação 
completa da solução do problema. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
Introdução à Perícia Ambiental 
Contextualização Atual e Análise da Evolução Histórica da Tutela sobre o 
Meio Ambiente 
Para compreender as funções da Perícia Ambiental e em que situações 
ela é requisitada, é necessário analisar o surgimento da tutela do meio ambiente 
e seu desenvolvimento ao longo do tempo. 
Embora o ser humano tivesse instintivamente conhecimento de que o 
meio ambiente natural é essencialmente necessário para sua sobrevivência, 
apenas recentemente a proteção ambiental tornou-se matéria de preocupação 
tanto por parte das sociedades quanto pelos legisladores brasileiros. 
Anteriormente ao século XX havia uma verdadeira falta de consciência 
quanto ao dever de proteção e respeito à natureza. O desconhecimento quanto 
aos fenômenos naturais e o impacto do homem no meio em que vivia 
acarretavam em uma falsa certeza de inesgotabilidade daqueles recursos 
naturais até então abundantes (Jaques, 2014). 
A partir da Revolução Industrial e da introdução das premissas do 
Capitalismo, o qual pressupunha a produção em massa e uso indiscriminado dos 
recursos naturais, começaram a aparecer sinais de que a exploração desmedida 
poderia trazer desequilíbrio ao meio ambiente, o que poderia no futuro vir afetar 
a sociedade. 
Entretanto, naquela época, não havia uma consciência formada de que 
os desequilíbrios ambientais estariam sendo causados pelo homem, 
acreditando-se na capacidade de regeneração total do meio ambiente, muito 
embora tivesse havido um grande desenvolvimento das ciências até o século 
XIX, sobretudo da física e da biologia, matérias que, teoricamente, subsidiariam 
a construção de conceitos concretos sobre o tema. 
De acordo com o exposto por Soares (2003), nenhum grande pensador 
teria ousado antepor aos ideais do progresso do homem a necessidade de 
conservação da natureza e pelos mesmos motivos, ninguém teria interesse em 
 
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condicionar o desenvolvimento industrial e comercial das nações a valores 
relacionados ao equilíbrio ambiental. 
Assim, podemos concluir que a preocupação com o bem-estar do homem 
advindo da necessidade da proteção ambiental só viria a ter importância como 
matéria política e legal a partir do século XX, discutida principalmente em 
convenções internacionais. 
Sobre esse ponto, sugerimos que faça uma pesquisa sobre a Conferência 
de Estocolmo de 1972 e sua importância para a legislação ambiental brasileira 
a partir da introdução do pensamento ambientalista e da problemática ambiental, 
além de suas contribuições para outras Conferências, como a Rio 92. 
No âmbito do direito ambiental brasileiro, podemos dizer que até 1981 não 
havia um conceito formado sobre a definição legal de meio ambiente, o que 
prejudicava a sua tutela. 
Embora a Lei no 4.717/1965 tenha sido o primeiro diploma a destacar 
questões do Direito Material Fundamental, somente com a edição da Lei Federal 
nº 6.938/1981, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, foi conferida 
legitimidade à matéria ambiental, estabelecendo, pela primeira vez a definição, 
em seu artigo 3º, §1º, que meio ambiente é, sob a égide do conceito legal: “o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as formas”. 
A lei definiu ainda os conceitos de degradação da qualidade ambiental, 
poluição, poluidor e recursos ambientais, o que representou um grande impulso 
na evolução da tutela ambiental no país. Além dessa Lei havia ainda o Código 
Florestal de 1965, o Código da Caça, o Código das Águas, o Código de 
Mineração e outras leis esparsas que disciplinavam a matéria ambiental, 
tornando-a de difícil manuseio (Sirvinskas, 2003). 
A instituição da Lei 6.938/81 conferiu ao Ministério Público, empresas 
públicas, fundações entre outras, legitimidade para a proposição de ações de 
responsabilidade civil e penal por danos ambientais. Contudo, somente em 1985, 
com a criação da Lei 7.347, a qual veio disciplinar a ação civil pública de 
 
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5 
responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, as ações civis públicas 
tornaram-se constantes e eficazes.Nesse ponto aparece a primeira perspectiva da Perícia Ambiental como 
ferramenta de proteção legal ao meio ambiente, quando, em seu art. 8º, §1º, a 
lei 7.347/85 atribui aos organismos públicos e particulares a obrigação de 
atender às requisições de informações, exames ou Perícias, com vistas à 
instrução de procedimentos de investigação de mensuração de danos 
ambientais. 
Ainda, com a Lei 9.605/1998 de Crimes Ambientais, que dispõe sobre as 
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas, o 
meio ambiente passou a ser protegido administrativa, civil e penalmente. 
No material on-line, o professor detalha a evolução histórica do 
entendimento da necessidade de manutenção da qualidade ambiental. 
Caracterização da Perícia Ambiental, Conceitos Aplicáveis, Importância, 
Necessidade e Fatores para sua Requisição 
Já vimos que a Perícia Ambiental foi introduzida na legislação ambiental 
brasileira como ferramenta de investigação ou esclarecimento acerca de danos 
ambientais, para possibilitar a tutela deste bem no arcabouço legal do país, 
administrativa, civil e penalmente. 
 Agora, vejamos o que é uma Perícia Ambiental em seu conceito teórico. 
O Código de Processo Civil estabelece, no artigo 156, que o juiz será 
assistido por Perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico 
ou científico. 
A Perícia é conceituada, a partir desta premissa, como um exame ou 
vistoria de caráter técnico e especializado. É uma avaliação que necessita ser 
conduzida por um profissional com conhecimento técnico acerca de determinado 
assunto, para esclarecimento de algum fato ou valoração de um dano ocorrido. 
 De acordo com Cunha e Guerra, (2000) a Perícia Ambiental é o exame 
realizado por técnico ou pessoa de comprovada aptidão e estimação da coisa 
que é objeto de litígio ou processo, que com um deles tenha relação ou 
 
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dependência, a fim de concretizar uma prova ou oferecer o elemento que 
necessita a justiça para poder julgar. Para Lazari et al. (2007), a Perícia é o meio 
de prova destinado a esclarecer o juiz sobre circunstâncias relativas aos fatos 
conflituosos, que envolvem conhecimentos técnicos ou científicos que não 
competem ao julgador. 
Analisando esses conceitos, verificamos que a Perícia Ambiental se aplica 
em ações judiciais sobre o meio ambiente em que há necessidade da 
averiguação da existência de fatos danosos e da extensão destes efeitos 
prejudiciais por profissionais que tenham conhecimentos técnico-científicos 
especializados, sendo seu objetivo final esclarecer tecnicamente a existência (ou 
não) e a extensão de dano ambiental em um determinado litígio. 
As Perícias Ambientais podem ser solicitadas por um juiz, pelo Ministério 
Público, pelas partes ou eventualmente por algum terceiro interessado no caso. 
No material on-line, o professor fala sobre a caracterização da Perícia 
Ambiental. 
Classificação, Aplicações, Tipos de Perícias Ambientais 
Conforme vimos anteriormente, a necessidade de produzir uma prova 
pericial está baseada na sistemática adotada no Código de Processo Civil (CPC) 
nos artigos 156 e 464, quando se verifica uma necessidade de esclarecimentos 
técnicos ou aprofundamento da instrução, onde um profissional especializado 
fará o exame dos fatos da causa e transmitirá o conhecimento ao magistrado, 
por meio de um parecer. 
Ainda neste mesmo dispositivo legal tem-se que a Perícia pode ser 
classificada em exame, vistoria e avaliação, sendo que cada uma dessas provas 
periciais tem um objetivo específico: 
a. Exame: este tipo de Perícia destina-se a inspeção ou análise de pessoas, 
coisas (livros, documentos, papéis em geral), ou semoventes (bens 
móveis), entre outros; 
 
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b. Vistoria: para a produção de prova pericial neste item, o Perito deve 
inspecionar locais ou bens imóveis (terrenos, prédios, propriedades); 
c. Avaliação: geralmente a avaliação é requerida quando há necessidade de 
estimar valores e quantificar monetariamente determinado bens ou danos. 
A Perícia pode ainda ser classificada como judicial, extrajudicial e 
informal: 
 A Perícia Judicial ocorre nos autos do processo, a requerimento das 
partes em litígio ou decretada pelo juiz. 
 A Perícia Extrajudicial é aplicada nas situações em que é dispensável a 
presença do Estado através do Poder Judiciário. É um acordo, ajustado 
entre as partes onde o processo é instruído com o laudo de um Perito o 
qual, regra geral, conta com a confiança recíproca. 
 É chamada Perícia Informal ou alternativa a que se dispensa a confecção 
e apresentação do laudo pericial, sendo que o juiz apenas ouve o Perito 
e os assistentes técnicos em audiência. 
 
A prova pericial pode ainda ser dispensada pelo juiz, conforme o CPC, 
quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões 
de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar 
suficientes. Além disso, o juiz tem livre convencimento e não está adstrito a 
conclusão do laudo pericial. 
No material on-line, o professor fala sobre as classificações, aplicações e 
tipos de Perícia Ambiental. 
Perito: Qualificação Necessária do Perito Ambiental e dos Assistentes 
Técnicos, Funções e Responsabilidades 
O Perito Ambiental é declarado como auxiliar da justiça no artigo 149 do 
Código Civil. Como o juiz pode não ter o conhecimento técnico ou científico 
específico para a dedução judicial de determinado fato ou causa, ele pode 
 
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solicitar a atuação de um auxiliar, o qual tem a função de levar elementos de 
convicção, que dependem de conhecimento especial técnico, sobre fatos 
relevantes da causa, devendo o Perito cumprir as determinações do juiz no 
tempo e modo por ele estabelecidos. 
Isso ocorre especialmente em matérias ambientais, em situações em que 
informações e documentos não são suficientes para elucidar o caso e comprovar 
a existência de dano, fazendo-se necessária a produção de prova técnica, 
produzida por profissional especializado na área ambiental. 
Dependendo da abrangência e da complexidade dos fatos a serem 
avaliados, o juiz pode nomear mais de um Perito e assistentes técnicos. 
Conforme já vimos, a atividade pericial em meio ambiente é regida pelo 
Código de Processo Civil, da mesma forma que as demais modalidades de 
Perícias. Entretanto, em razão das especificidades das questões ambientais, as 
Perícias Ambientais também são amparadas pela legislação ambiental vigente 
no país. 
O artigo 156, §1º, do CPC, elucida que os Peritos serão nomeados entre 
os profissionais legalmente habilitados, portanto necessitam de formação de 
nível superior e registro no conselho de classe competente e, no caso das 
Perícias Ambientais, estejam capacitados na matéria ambiental através de 
formação universitária ou especialização. 
Devem ser pessoas idôneas, comprovar sua especialidade através de 
uma certidão expedida pelo órgão de classe em que estão inscritos e estarem 
registrados em um cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. 
Uma lista de Peritos passíveis de nomeação, bem como sua capacidade 
técnica e área de conhecimento, fica disponível na vara ou na secretaria para 
consulta de interessados. 
As partes que integram uma causa judicial têm o direito de nomear 
Assistentes Técnicos para acompanhar o processo e a atuação do Perito 
nomeado pelo juiz. Esses assistentes devem ser profissionais legalmente 
habilitados na matéria a ser julgada e sua função principal é defender o interesse 
 
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9 
da parte que o contratou para o deslinde do processo da forma mais favorável 
possível, dentro dos limites da legalidade e da razoabilidade. 
O Assistente acompanha o desenrolar da prova pericial, podeapresentar 
sugestões, criticar o laudo do Perito nomeado pelo juiz e apresentar as hipóteses 
possíveis, desde que técnica e juridicamente sustentáveis, colaborar com os 
advogados das partes na elaboração de quesitos para esclarecimento 
concernentes ao objeto da Perícia e fatos discutidos na ação. 
A sua contratação ocorre pela parte, ou pelas partes com objetivo de 
assistir aos trabalhos periciais e orientar essa parte em caso de necessidade, 
podendo tais assistentes emitirem pareceres técnicos. 
Diferentemente dos Peritos, os assistentes técnicos são de confiança da 
parte e não estão sujeitos a impedimentos ou suspeição, como ressalta o Art. 
446, §1º, do CPC, o que lhes permite ter parentesco com a parte ou trabalhar 
sem o recebimento de honorários. 
Além dos Assistentes Técnicos das partes, existe uma outra modalidade 
de assistente técnico, que é o Assistente Técnico do Perito ou Perito Assistente. 
Para essa função também é preciso possuir curso superior, registro em conselho 
de classe e habilidades técnicas relacionadas à natureza da Perícia. 
A existência de Peritos Assistentes em uma causa pode ocorrer de duas 
formas: ou é nomeada uma equipe de Peritos pelo juiz, ou o Perito nomeado 
admite um Perito assistente para o desenvolvimento de seu trabalho, o que irá 
contribuir para produção da prova pericial, possibilitando que não reine absoluto 
o entendimento de um Perito apenas, mas um consenso, e ainda haja facilidade 
e divisão dos trabalhos que poderão ser realizados em menor espaço de tempo 
para produção do laudo pericial. 
A posição de Perito Assistente é uma ótima oportunidade para os 
profissionais que têm pouca experiência na execução de Perícias, pois no 
desempenho dessa função vão adquirir habilidades, conhecimento jurídico e 
experiência na produção de provas periciais. 
 
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A função do Perito é produzir a Prova Pericial, o que pode ser feito através 
da confecção de um laudo pericial ou através da resposta a quesitos elaborados 
pelo juiz, pelo Ministério Público, pelas partes ou por terceiros eventualmente 
interessados nos autos. 
Conforme assegura o Código Civil em seu artigo 473, § 3º, para o 
desempenho de sua função, o Perito e os assistentes técnicos podem valer-se 
de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, 
solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em 
repartições públicas, bem como complementar o laudo com planilhas, mapas, 
plantas, desenhos, fotografias e outros elementos necessários ao 
esclarecimento do objeto da Perícia. 
Cabe neste momento observar que a elaboração do laudo é 
responsabilidade do Perito, sendo que, a partir da liberdade que o Perito e o 
assistente técnico dispõem para realizar o laudo ou o parecer, utilizadas as 
ferramentas aplicáveis e fundamentado na produção de provas idôneas, o laudo 
pericial – objeto final da Perícia Ambiental – apresentará: 
I – A exposição do objeto da Perícia; 
II – A análise técnica ou científica realizada pelo Perito; 
III – A indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser 
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual 
se originou; 
IV – Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, 
pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. 
No material on-line, o professor traz mais detalhes sobre as qualificações, 
funções e responsabilidades do Perito Ambiental! 
 
Introdução à Metodologia Utilizada em Perícias Ambientais 
Independente da metodologia aplicável ao caso ou escolhida pelo Perito 
para produção das provas pertinentes e confecção do Laudo Pericial, o processo 
segue a dinâmica apresentada na sequência. 
 
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11 
 Inicialmente, acontece a nomeação do Perito (art. 465 do CPC): “o juiz 
nomeará o Perito especializado no objeto da Perícia, e fixará de imediato 
o prazo para a entrega do laudo”. 
 Logo após a nomeação, o Perito deve estudar os autos e elaborar uma 
proposta de honorários. Se não houver impedimentos, ciente da 
nomeação, o Perito apresentará a proposta de honorários, o seu currículo 
com a comprovação da especialização pertinente ao objeto da causa e 
seus contatos profissionais. 
 As partes podem neste mesmo tempo indicar seus assistentes técnicos e 
elaborar quesitos a serem apreciados pelo Perito do juiz. Após a 
nomeação, o Perito deve retirar pessoalmente o processo no cartório da 
vara em que esse foi nomeado e iniciar os trabalhos da Perícia 
propriamente dita. 
 A partir desse momento são feitos os contatos com os assistentes 
técnicos e os procedimentos para a realização da Perícia: análises de 
informações técnicas e documentos, laudos, vistorias, averiguação de 
fatos, visitas, entrevistas, coleta de testemunhos, registros fotográficos, 
análises laboratoriais, reuniões, enfim, o que for pertinente para o 
levantamento de provas acerca da causa. Essa fase do processo é 
também chamada de diligência e estará em curso até a entrega do laudo 
pericial, o que é feito em Cartório, juntamente com a devolução do 
processo. 
 Após a entrega do laudo pelo Perito, as partes o analisam e os assistentes 
técnicos podem apresentar pareceres técnicos ou quesitos adicionais e 
de esclarecimento sobre o laudo pericial, podendo inclusive o juiz intimá-
los a comparecer em audiência para prestar esclarecimentos. 
 O juiz pode também determinar a realização de nova Perícia, quando a 
matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida, como está previsto 
 
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no art. 480 do CPC, o qual em seu § 3º observa que a segunda Perícia 
não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de 
uma e outra. 
 Na sequência, o juiz faz a apreciação da prova pericial de acordo com o 
disposto no art. 371 do CPC, indicando na sentença as razões da 
formação de seu convencimento, apresentando os motivos que o levaram 
a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando 
em conta o método utilizado pelo Perito. 
Revendo a problematização 
Após estudar o conteúdo, vamos retomar as questões em relação à 
situação problema apresentada no início do tema: a área em questão pode ser 
utilizada para o desenvolvimento de uma nova atividade, como a construção 
civil? A nova ocupação da área poderia conter moradias? A requisição de uma 
Perícia Ambiental seria aplicável na resposta a essas questões? 
Considere as alternativas a seguir: 
 
a. Sim, a área pode ser utilizada para qualquer finalidade, visto já terem se 
passado 15 anos desde que os resíduos foram retirados do local, por isso, 
possíveis contaminantes de solo e água presentes naquela época já 
foram totalmente degradados. O local encontra-se livre de contaminação, 
pois como é sabido o meio ambiente possui capacidade de regeneração 
e recuperação de danos ambientais, especialmente em longos períodos 
de tempo. Não há necessidade de requisitar uma Perícia Ambiental. 
b. Sim, a área pode ser utilizada para construção civil, inclusive de moradias. 
Entretanto, o proprietário precisa fornecer ao comprador informações que 
comprovem que os produtos químicos armazenados no local, que 
eventualmente poderiam causar dano ambiental, foram removidos e 
destinados corretamente através de incineração. Devem ser fornecidos 
inventário dos produtos armazenados, certificado de destinação correta 
 
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fornecido pela empresa que incinerou os produtos e imagens fotográficas 
do local, demonstrando que a área está limpa e livre de qualquer tipo de 
contaminante. Não há necessidade da requisição de Perícia Ambiental. 
c. Não há como determinar se e para que fins a área pode ser utilizada, 
como construção de moradias, sem a avaliação criteriosa da existênciade dano ambiental e da extensão deste dano. As partes (o proprietário da 
área, o potencial comprador) ou eventualmente algum terceiro 
interessado no caso deve solicitar um profissional qualificado para realizar 
uma Perícia Ambiental e produzir um Laudo Técnico sobre a 
contaminação ou não da área, em função do armazenamento dos 
produtos químicos perigosos no local. 
Para conferir o feedback das alternativas, consulte o material on-line! 
Síntese 
Nesse tema, conhecemos o histórico da Perícia Ambiental e sua inserção 
no contexto atual, entendendo que ela é prevista no Código de Processo Civil 
como mecanismo de apoio ao juiz em sua tomada de decisão. 
Como o magistrado não precisa ter o conhecimento técnico das questões 
de controle e qualidade ambiental, danos ambientais e consequentes perdas 
ocasionadas por esses danos, é necessário que um profissional habilitado e 
qualificado avalie o dano ambiental, sua origem e consequências, elaborando 
uma prova pericial que possa subsidiar a tomada de decisão do juiz quanto ao 
litígio julgado. 
Essa figura é a do Perito Ambiental, que se vale de seu comprovado 
conhecimento técnico para auxiliar a justiça em casos de discussões acerca da 
manutenção da qualidade ambiental. 
Por fim, confira o vídeo de síntese do professor no material on-line! 
 
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14 
Referências 
Cunha, S. B.; Guerra, A. J. T. Avaliação e pericia ambiental. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 2000. 284p. 
 
Jaques, M. D. A tutela internacional do meio ambiente: um contexto histórico. 
Veredas do Direito, Belo Horizonte: 2014, v.11, n.22, p.299-315. 
 
Lazari, A. C.; Coutinho, L. E.; Heinen, M. I.; Maidana, M. H.; Maurer, R. R. Da 
prova pericial - comentários aos arts. 420 a 439 do CPC. 2007. Disponível 
em: http://www.tex.pro.br/home/artigos/71-artigos-nov-2007/5732-comentarios-
aos-arts-420-a-439-do-cpc. Acesso em 13 de abril de 2016. 
 
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio 
ambiente, e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm 
 
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm 
 
Melo, R. F.; Brito, L. T. L.; Giongo, V.; Angelotti, F. M. Pesticidas e seus 
impactos no meio ambiente. Embrapa Semiárido, 2010. Disponível em: 
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/89981/1/Roseli.pdf 
 
OAB. Novo código de processo civil anotado. Porto Alegre: OAB RS, 2015. 
 
Pimenta, A. S.; Vital, B. R.; Nunes, G. S.; Jordão, C. P. Contaminação de 
pintores profissionais por metais pesados provenientes de tintas e 
vernizes. Química Nova,17(4), 1994. Disponível em: 
http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/Vol17No4_277_v17_n4_(1).pdf 
 
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15 
RDC 306/04 - Resolução da Diretoria Colegiada, RDC nº 306, de 7 de dezembro 
de 2004. Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de 
resíduos de serviços de saúde. Disponível em: 
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/10d6dd00474597439fb6df3fbc4c67
35/RDC+N%C2%BA+306,+DE+7+DE+DEZEMBRO+DE+2004.pdf?MOD=AJP
ERES 
 
Sirvinskas, L. P. Manual de direito ambiental. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
Soares, G. F. S. A proteção internacional do meio ambiente. Imprenta, 
Barueri: Manole, 2003, 204p. 
 
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Atividades 
 
 Historicamente, observa-se que a tutela legal sobre o meio ambiente foi 
sendo aprimorada em decorrência do contexto social e se modificando. 
No contexto social entre o final do século XIX e início do século XX, a 
proteção ambiental como matéria política e legal era: 
a. Muito importante, sendo a proteção ambiental objeto de vasta legislação, 
inclusive considerada avançada em comparação às leis vigentes em 
outros países. 
b. Eficiente, visto que o arcabouço legal e institucional da época era uma 
ferramenta eficiente para coibir as ações lesivas ao meio ambiente. 
c. Pouco significativa, pois a produção em massa pressupunha o uso dos 
recursos naturais de forma não regrada, visto que imperava na época a 
ideia de que o meio ambiente possuía capacidade de regeneração total, 
não havendo necessidade de preocupação com sua proteção legal. 
d. Pouco significativa, pois o conhecimento científico alcançado na época, 
especialmente na física e na biologia, assegurava a certeza da 
inesgotabilidade dos recursos naturais, os quais até hoje são muito 
abundantes. 
 
 Após a estruturação da legislação ambiental brasileira, ocorrida a partir 
dos anos 1980, o meio ambiente passou a ser protegido administrativa, 
civil e penalmente. Surge então a Perícia Ambiental como: 
a. Ferramenta para instrução de procedimentos de investigação na 
determinação da ocorrência de danos ambientais advindos de condutas 
consideradas lesivas ao meio ambiente, bem como a mensuração destes 
danos. 
 
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b. Ferramenta para a implantação de planos de gestão que versavam sobre 
o meio ambiente e tinham como função principal a proteção ambiental e 
a prevenção da ocorrência de danos. 
c. Ferramenta de ordenamento jurídico com objetivo de solucionar os 
problemas decorrentes da degradação ambiental, instituída devido a 
necessidade da criação de uma hierarquia para a tutela do meio ambiente. 
d. Ferramenta instituída para coibir as ações lesivas ao meio ambiente, 
como através da aplicação de multas em decorrência de dano, uma vez 
que o arcabouço legal da época conferia ao juiz as funções de Perito 
ambiental. 
 
 O Código de Processo Civil prevê o uso da Perícia Ambiental como 
ferramenta de produção de prova técnica ou científica em um litígio em 
qual das seguintes situações? 
a. Quando o dano ambiental não estiver previsto na legislação pertinente 
como dano passível de ser indenizado pelo causador. 
b. Quando uma das partes tiver situação financeira adequada para arcar 
com a remuneração do Perito indicado pelo juiz. 
c. Quando o convencimento do juiz acerca de determinado fato, no decorrer 
da causa, precisar da produção de uma prova que dependa de 
conhecimento técnico ou científico. 
d. Quando o dano ambiental for causado por um Perito ambiental no 
exercício da sua profissão e para julgamento da causa for necessária a 
valoração desse dano. 
 
 
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 A solicitação de uma Perícia Ambiental em determinado litígio acontece 
quando existem circunstâncias e fatos conflituosos, que envolvem 
conhecimentos técnicos ou científicos que não competem ao julgador. A 
quem cabe a solicitação de uma Perícia ambiental judicial acerca de um 
dano ambiental? 
a. Ao advogado do réu e ao oficial de justiça, uma vez que a Perícia judicial 
só pode ser solicitada após a condenação do réu. 
b. Ao juiz, ao Ministério Público, às partes ou a um terceiro com interesse no 
caso. 
c. À sociedade civil organizada, visto que a Perícia é solicitada através de 
ação popular e tem função de esclarecer a sociedade sobre um possível 
dano que afeta a comunidade. 
d. Somente ao Ministério Público, pois a Perícia judicial tem o objetivo de 
investigar se a decisão tomada pelo juiz foi correta. 
 
 A função do Perito Ambiental é produzir uma prova técnica a ser utilizada 
em um determinado litígio, chamada Prova Pericial, que pode ser um 
laudo pericial ou um laudo com respostas a quesitos. Para exercer a 
função de Perito Ambiental em uma causa judicial, é necessário: 
a. Que o profissional tenha curso superior em Perícia Ambiental ou Auditoria 
Ambiental, registro em conselho de classe e esteja inscrito em um 
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. 
b. Que o profissional tenha formaçãode nível superior em Direito, registro 
na OAB e conhecimento na matéria ambiental. 
 
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c. Que o profissional seja idôneo e tenha participado de no mínimo 40 horas 
de Perícias ambientais como assistente técnico, não sendo necessária 
formação superior. 
d. Que o profissional seja legalmente habilitado, tendo formação de nível 
superior, registro no conselho de classe e esteja capacitado na matéria 
ambiental objeto da causa. 
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