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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Disciplina Perícia Ambiental Tema Caracterização do Dano Ambiental Professor Rubens Corrêa Secco Introdução Olá! Seja bem-vindo a mais um tema! A partir de agora, faremos uma abordagem sobre os riscos e fatores que podem ocasionar danos ambientais, e discutir os conceitos aplicáveis à compreensão de dano, avaliação deste dano através das metodologias de diagnóstico e prognóstico ambiental e, em sendo confirmada a ocorrência do dano ambiental, quais são as formas de valoração e recuperação ambiental. Esta visão nos dará condições de compreender os mecanismos mais indicados aplicáveis a cada caso onde pode ser requerida uma Perícia Ambiental, bem como nos facilitará o entendimento quanto às metodologias mais adequadas no seu desenvolvimento, com vistas à obtenção dos melhores resultados na produção de provas confiáveis acerca de um determinado dano ambiental. Você já sabe que a Perícia Ambiental é a ferramenta de investigação e esclarecimento acerca de danos ambientais em um determinado litígio, e sua finalidade é subsidiar o juiz com informações técnicas ou científicas apresentadas através de provas periciais idôneas. Para alcançar este objetivo, especificamente discorrer com propriedade de conhecimento sobre um dano, o perito necessita de uma visão interdisciplinar e abrangente acerca do todos os fatores ambientais potencialmente influenciáveis por atividades humanas, sejam estas operações regularmente executadas ou acidentes ambientais. No material on-line tem um vídeo do Professor Rubens apresentando tudo o que estuaremos neste tema. Não deixe de assistir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Problematização Uma área de preservação permanente (APP), localizada a margem de um curso d’água, foi atingida por uma obra civil. A faixa de delimitação da APP é de 30 metros, visto que o curso d’água possui menos de 10 metros de largura. Verificamos no artigo 7o, §1o e §2o, da Lei nº 12.651/2012, que a vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei. Esta obrigação tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel. Na área houve uma invasão popular, que data de aproximadamente 10 anos. Inicialmente foram construídas pequenas habitações de madeira. Com o passar do tempo, foram também construídas casas em alvenaria e algumas benfeitorias de apoio como venda, bar, calçadas, pequenas pavimentações de pátios e caminhos entre as casas. O ministério público deu início a uma ação judicial para que houvesse a desocupação da área e restauração da APP que existia originalmente naquele local. Neste caso houve um dano ambiental e este deve ser reparado. O juiz do caso indicou um Perito Ambiental para avaliar o dano, indicar a possibilidade de recuperação e, por fim, valorar e mensurar o valor econômico para o dano. Nesta situação, analisando o caso, temos então as seguintes questões: Existe dano? Há possibilidade de avaliação financeira dos prejuízos ambientais? Como o Perito vai fazer isso? Qual é o valor necessário para a reparação do dano? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Não precisa responder agora. Nós vamos estudar todo o conteúdo teórico e, no final, voltaremos a falar sobre isso. Bom estudo! Dano Ambiental, Conceitos Aplicáveis na Caracterização Para iniciar esta parte do nosso estudo, acesse o material on-line e assista ao vídeo do Professor Rubens falando sobre o dano ambiental e alguns conceitos. Os danos ambientais decorrem de atividades realizadas pelo homem sobre o meio ambiente, sejam estas regularmente ou conscientemente realizadas ou advindas de acidentes ambientais. Antes de analisarmos a definição teórica de dano ambiental, vamos retomar alguns conceitos apresentados na legislação brasileira quando esta versa sobre a tutela do meio ambiente: o que seria meio ambiente e qualidade ambiental? A interpretação das disposições da Carta Magna sobre as questões aplicáveis às Perícias Ambientais será detalhadamente abordada em outro tema, entretanto, faz necessário acessar os conceitos apresentados neste documento e nas leis que o regulamentam e o complementam, para melhor contextualizar as questões acerca de danos ambientais em contraposto ao que seria o desejável, a qualidade ambiental. Para isso, leia a legislação nos links a seguir, com acesso pelo material on-line: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm De acordo com o disposto no art. 3º da Lei n° 6.938/81, o meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Em uma definição mais técnica, o meio ambiente seria um conjunto de elementos, dentre estes o ar, a água, o solo e subsolo, a fauna e a flora, funcionando como um sistema que abriga e dá condições da existência da vida no planeta, importante salientar que o meio ambiente possui proteção jurídica constitucional. A Constituição Federal nos apresenta que o estado ideal é a manutenção do meio ambiente numa conformação de equilíbrio, quando pontua como situação desejável o “Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado” como direito de todos e premissa da sadia qualidade de vida para o ser humano (CF, Cap. IV, art. 225). Desta forma, além de proteger o meio ambiente como direito coletivo, a Carta Magna pretende compatibilizar o direito de propriedade e a função social da propriedade com o meio ambiente, mostrando que a compatibilidade entre eles é a arte de traçar limites lógicos para garantir a proteção ambiental e oportunizar os demais direitos previstos na Constituição, através de leis que garantam os processos ecológicos essenciais e vedem as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, o que vemos no art. 125, § 1º, VII – cabe ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”. A leitura da Constituição Federal acena com sanções penais e administrativas, ao mesmo tempo em que considera preocupante a lesão a processos ecológicos essenciais, risco de extinção de espécies e crueldade. Da existência de lesão, retiramos o nascimento de uma infração, e da sua gravidade a penalidade, a qual é necessariamente ligada ao prejuízo (Moraes, 2002). Começamos a entender a partir de então, com amparo na legislação, o conceito do dano ambiental. Se nos é apresentado que a conservação da natureza seria o “manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral” (Lei no 9.985/2000, art. 2º, II), em contraposto, definimos o dano como “uma conduta ou atividade consideradalesiva ao meio ambiente, a qual sujeita os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (CF, art. 225, § 3º). Compreendemos assim o dano ambiental como aquelas modificações ocorridas no meio ambiente, que acarretam um prejuízo aos recursos ambientais, o qual interfere no bem-estar e na qualidade de vida dos indivíduos, ou seja, o dano é o prejuízo ocasionado a um bem jurídico tutelado, no caso, o meio ambiente. É importante avaliarmos as características, as quais são muito peculiares quando em comparação a outros danos, eventualmente objetos de Perícias Judiciais, como uma avaliação patrimonial, litígios entre sócios ou irregularidade contábil, por exemplo. Os danos ambientais geralmente são de difícil reparação, possuem ampla dispersão geográfica e possibilitam atingir um grande número de vítimas, podendo ser muito difícil em certos casos identificar a vítima do dano. Ele também tem uma difícil valoração, existindo situações em que não é possível a quantificação do dano em termos monetários, ficando o montante do prejuízo estipulado a partir do custo de reparação do dano, ou seja, da implantação de um PRAD – Plano de Recuperação de Área Degradada. Pereira (2014) apresenta uma classificação categórica do dano com objetivo de distinguir os tipos de danos ambientais: Dano indireto: quando o fato não provoca o dano, mas desencadeia para que ocorra. Dano reflexo: atinge pessoas que não estariam sujeitas ao ato lesivo. Dano presente: decorrente concomitante com a deflagração do ato lesivo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Dano futuro: manifesta-se posteriormente à ocorrência do fato, havendo a possibilidade de prolongar-se no tempo. Dano remoto: aquele ocasionado por outros fatores. Dano imprevisível: quando o perito não consegue prever. Dano eventual: quando há prejuízos duvidosos e hipotéticos. As classificações e caracterizações do dano ambiental são os pressupostos a serem considerados pelo Perito quando da indicação de formas de reparação. Normalmente, a reparação pode se dar mediante a recuperação da área degradada e/ou da compensação ecológica que é o ressarcimento na forma material ou imaterial. A recuperação da área consiste na reparação dos bens naturais afetados, com o intuito de restabelecer o equilíbrio do ecossistema. Como este se apresentava anteriormente ao dano e a compensação ecológica pode ser arbitrada por “Equivalente in situ”, “Equivalente substituindo para outro local” - quando houver impossibilidade técnica de reparação no local, indicada na Perícia e nas demais provas técnicas admitidas em direito, poderá então haver indicação de substituição por outro local ou “Indenização pecuniária” - condenação em dinheiro, quando houver a inviabilidade de reparação do dano ao meio ambiente. Existem casos de litígio em que pode ser também estabelecido um TAC – Termo de Ajuste de Conduta –, para reparação do dano. Acompanhe no vídeo a seguir mais detalhes sobre os danos ambientais. O Professor Rubens vai explicar para você não ficar com dúvidas. Confira pelo material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Responsabilidade Civil, Administrativa e Penal na Ocorrência de Danos Ambientais A responsabilidade pelos danos ambientais está bem definida na legislação: “quem, de qualquer forma, contribui para a prática dos crimes definidos, responderá também pelo crime na medida de sua culpabilidade”. A lei se refere às sanções penais e administrativas resultantes de ações lesivas ao meio ambiente (Lei de Crimes Ambientais no 9.605/1998). Assim, o arcabouço legal vigente proporciona o direito à sociedade de exigir do agente causador uma reparação quando constatado o dano ambiental. Conclui-se assim que toda pessoa, física ou jurídica, é responsável pelos danos causados ao meio ambiente. Cabe aqui analisarmos a questão da solidariedade passiva na reparação do dano. No ordenamento jurídico ambiental impera a responsabilidade civil objetiva, tendo em vista este ser um dano difuso em situações que possa ser muito difícil identificar a vítima do dano ambiental ou determinar o responsável por ele. Quando este envolver mais de uma pessoa ou empresa, aplica-se o princípio da solidariedade passiva (com fundamento no art. 942 do Código Civil), havendo mais de um causador do dano, todos responderão solidariamente. O art. 225, § 3º, da CF, dispõe que “as condutas lesivas ao meio ambiente sujeitarão infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independente da obrigação de reparar os danos causados”. Verificamos desta forma que a Carta Magna, para garantir a maior proteção do bem ambiental, adotou a cumulatividade das sanções, o legislador entendeu por bem adotar a proteção ao meio ambiente na esfera administrativa, civil e penal. Uma sanção civil visa, via de regra, uma limitação patrimonial, enquanto a penal normalmente importa numa limitação de liberdade (privação ou restrição), perda de bens, multa, prestação social alternativa ou suspensão/interdição de direitos (Fiorillo, 2003). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Ainda segundo o mesmo autor (Fiorillo, 2003), a responsabilidade civil pelos danos causados ao meio ambiente é do tipo objetiva, obrigação de reparar os danos causados ao meio ambiente, sem exigir qualquer elemento subjetivo para a configuração da responsabilidade civil. A sanção administrativa é imposta pelo órgão competente, em obediência ao princípio da legalidade, quando prevista em lei, quando o objeto da tutela são os interesses da sociedade. Já determinadas condutas, levando-se em conta sua repercussão social e a necessidade de uma intervenção mais severa do Estado, foram erigidas à categoria de tipos penais, sancionando o agente com multas, restrições de direito e privação da liberdade. Verificando a importância do meio ambiente, porquanto este é um direito fundamental, bem de uso comum do povo, fez-se com que a tutela do meio ambiente fosse implementada através da forma mais severa de nosso ordenamento: a tutela penal (Fiorillo, 2003). Leia agora a Lei de Crimes Ambientais no 9.605/1998 no link a seguir, acessando pelo material on-line, mas, agora, atente-se diretamente às penas previstas na lei e às circunstâncias que agravam a pena de um crime ambiental. Perceba que os artigos são claros em suas definições. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm Observando as particularidades dos danos ambientais, cabe ainda avaliarmos as considerações feitas por Sirvinskas (2003) acerca dos casos de força maior, fortuito e o fato de terceiro na definição das responsabilidades pelo dano ambiental. A Força Maior não afasta a responsabilidade pela reparação dos danos causados ao ambiente. Entende-se por força maior todo fato decorrente da natureza, sem que, direta ou indiretamente, tenha ocorrido a intervenção humana. Por exemplo, uma mineradora instalada em local de preservação http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 permanente, em decorrência de sua atividade, causa desmoronamento de pedras por forças das chuvas, ocasionando destruição de muitas árvores (Sirvinskas, 2003). O Caso Fortuito também não afasta a responsabilidade do causador dos danos ambientais. Ele decorre, por sua vez, de obra do acaso. Por exemplo, um agricultor armazena grande quantidade de agrotóxicos em determinado local, e, após um raio, esse produto vem a contaminar um rio causando grande mortandade de peixes (Sirvinskas, 2003). O Fato de Terceiro, do mesmo modo, não afasta a responsabilidade pelos danos ambientais. É aquele causado por pessoa diversa daquela queefetivamente deverá arcar com os danos causados ao meio ambiente. Por exemplo, funcionário, por imprudência ou negligencia, deixa vazar óleo em um rio causando danos ao ecossistema. Pode, contudo, o empresário voltar-se regressivamente contra o terceiro causador do dano (Sirvinskas, 2003). Avaliação de Impactos Ambientais e suas Aplicações como Ferramentas na Perícia Ambiental Na estruturação de um laudo pericial ambiental, alguns procedimentos são imprescindíveis, entre eles destacam-se: o levantamento e a avaliação de impactos, o diagnóstico, o prognóstico, a valoração e/ou dimensionamento do dano, os cálculos de indenização e as reparações ao dano. Já as metodologias de avaliação de impactos são muitas e o Perito irá definir qual é a mais adequada ao tipo de causa e ao dano existente no litígio. De uma forma geral, a avaliação de impactos ambientais tem o objetivo de fornecer subsídios técnicos à constatação e à valoração de um dano. Entre as metodologias para qualificação e posterior quantificação dos possíveis impactos ambientais decorrentes de dano ambiental estão a utilização de matrizes, listagens, superposição de cartas, entre outras. No entanto, a finalidade de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 qualquer metodologia é a identificação dos impactos em análise qualitativa e posterior atribuição de valores a eles, permitindo a comparação entre estes, através da análise quantitativa. Assim, conclui-se que avaliação dos impactos ambientais tem o objetivo de identificar as causas (aspectos) e consequências (impactos) decorrentes de um dano ambiental, levando em consideração sua área de influência, sendo um instrumento indicativo com objetivo de servir de parâmetro para a qualificação do impacto como positivo ou negativo e avaliação do seu grau de abrangência, duração, severidade, reversibilidade, importância, entre outros fatores. A definição de Impacto Ambiental está apresentada no artigo 1o da Resolução CONAMA 001/86, que considera como impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matérias ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem- estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. O IAP – Instituto Ambiental do Paraná – também define como a alteração significativa no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade, em qualquer um ou mais de seus componentes naturais, provocada pela ação humana. O Impacto Ambiental está associado à alteração ou efeito ambiental considerado significativo por meio da avaliação da proposta/projeto de um determinado empreendimento ou atividade, podendo ser negativo ou positivo (IAP, 2012). As ferramentas de avaliação de impactos ambientais, sendo considerados aqui efeitos sobre os diferentes meios, fatores ou atributos ambientais como, por exemplo, sobre os meios físicos – água, atmosfera, solo, meios bióticos – fauna e flora, e meio socioeconômico e cultural, vão subsidiar a elaboração do diagnóstico e do prognóstico ambiental, os quais objetivam a elucidação da prova pericial. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 O Professor Rubens vai explicar mais detalhes da Avaliação de Impactos Ambientais no vídeo disponível lá no material on-line. Diagnóstico e Prognóstico Ambiental Do ponto de vista metodológico para o desenvolvimento da perícia ambiental, a fase de levantamento de informações e coleta de dados sobre o impacto ambiental em questão é chamada de diagnóstico ambiental. O diagnóstico ambiental, portanto, é tido como o momento onde o perito “vai a campo” e juntamente com levantamento de dados secundários, ou seja, aqueles disponíveis na literatura, determina o grau de alteração do meio ambiente, relativa a um determinado impacto ambiental. O diagnóstico ambiental pode ser conduzido de diversas formas, dependendo do meio em que se está avaliando, por exemplo, quando o dano ambiental está sendo avaliado sobre o meio físico água, além das observações e constatações realizadas pelo perito a campo, constatações estas obtidas pela sua experiência técnica, ele poderá também solicitar análises laboratoriais para verificar padrões de qualidade da água estabelecidos na legislação pertinente e, ao final, seu diagnóstico será o resultado da interação entre suas observações e constatações a campo, e a interpretação do laudo analítico da água, comparando sempre com o que se esperava que o ambiente apresentasse quanto à qualidade, em condições normais de uso. O diagnóstico é agora correlacionado com o possível causador do impacto, por exemplo, um possível lançamento de determinado efluente líquido no corpo hídrico. Por fim, a correlação entre as constatações observadas no local, o laudo laboratorial que avaliou os padrões de qualidade da água e a origem do dano – lançamento de efluentes –, subsidiam a elaboração do diagnóstico ambiental. O prognóstico difere de forma muito simples, ainda não há dano ou consequência do dano ou da medida de recuperação sugestionada a ser CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 avaliada, quando se fala em prognóstico, está sendo considerado que em havendo a interferência, seja de um dano ou de uma ação corretiva, surgirão consequências, sendo estas definidas como prognóstico. De forma conclusiva, o perito ambiental deve ter clareza na indicação tanto de diagnósticos, quanto de prognósticos ambientais, pois destes serão determinadas as medidas de controle e ou de recuperação ambiental necessárias para aquele impacto, bem como a valoração econômica e financeira a serem impostas aos responsáveis pelo dano. Valoração de Danos e Recuperação Ambiental O dano ambiental geralmente apresenta dificuldade na valoração financeira dos prejuízos causados, principalmente devido a sua caracterização como bem difuso, uma vez que os impactos ambientais podem estender-se por uma ampla área geográfica e atingir grande número de indivíduos, além da possibilidade de perdurarem durante longos períodos de tempo ou serem irreversíveis. Desta forma, percebemos que mesmo havendo conhecimento e comprometimento técnico dos peritos envolvidos na causa, nem sempre é possível realizar o cálculo da totalidade do dano ambiental. Por isso, são adotadas duas formas de reparação do dano ambiental: a recuperação ou retorno ao estado anterior ao dano e a indenização em dinheiro. A recuperação da área ou restauração do ecossistema ao estado mais próximo possível do original é o mais desejável, visto que na ocorrência do dano, o mais importante é restabelecer o bem jurídico protegido ao seu estado de equilíbrio ecológico, o que é direito de todos e essencial à sadia qualidade de vida (CF, art. 225). Essa recuperação é feita através de um PRAD – Projeto de Recuperação de Área Degradada –, este PRAD deve ser desenvolvido por CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 profissional habilitado, com registro em conselho de classe e mediante recolhimento de ART – Anotação de Responsabilidade Técnica. O PRAD leva em consideração o estado anterior da área, os tipos de danos causados e as tecnologias disponíveis para recuperação da área, apresentando detalhadamente toda a metodologia necessária para sua correta implantação. Como parte integrante do projeto, deve ser prevista ainda uma fase de acompanhamento, posterior à implantação do projeto, o qual tem o objetivo de assegurar o bom desenvolvimento da recuperação da área e a adoção de medidas complementares em caso de necessidade. A duração da fase de recuperação é dependente da intensidade e do tipo de danoambiental causado. É importante ressaltar que, embora possa ser atingida a recuperação de uma área a um estado bem próximo ao original, um ambiente degradado não retornará a sua condição original. Já a indenização em dinheiro, também chamada compensação, pode ser aplicada quando a restauração ou recuperação ambiental não for tecnicamente viável, forma indireta de sanar o dano. As valorações a serem feitas nas Perícias Ambientais estão amparadas na Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98 conforme dispõem em seu art. 18: “a multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida”. Seguido pelos artigos 19 e 20: “a perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa”; “a sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente”. Peritos renomados e legisladores entendem a monetarização do resultado de uma Perícia Ambiental, embora muitas vezes de difícil execução, como um caminho importante para o convencimento sobre a importância e prevenção dos crimes contra o meio ambiente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 No vídeo a seguir, o Professor Rubens vai explicar tudo sobre a Valoração de Danos e Recuperação Ambiental. Não deixe de assistir! Revendo a problematização Agora que você já viu todo o conteúdo teórico, vamos voltar ao problema exposto lá no início. E então, naquela área de preservação ambiental existiu dano? Há possibilidade de avaliação financeira dos prejuízos ambientais? Como o perito vai fazer isso? Qual é o valor necessário para a reparação do dano? a. Resumo da conclusão do Laudo Pericial: não há elementos suficientes para caracterizar a existência de dano ambiental, uma vez que o loteamento ou ocupação já está estabelecido a cerca de 10 anos naquela área, estando a área já adaptada a nova situação em que se encontra. Foi comprovada a existência de alguma vegetação na área, principalmente no entorno das moradias, o que garante a proteção da manutenção do curso hídrico localizado no local, visto que o meio ambiente está em equilíbrio com a população da margem do rio. Como não foi possível constatar o dano, não há necessidade de valoração financeira para reparação deste, entretanto, sugere-se que o proprietário da área proceda a contratação de profissional habilitado para fazer e implantar um projeto de PRAD, com objetivo de realizar plantio de espécies arbóreas nativas em torno das residências no local. b. Resumo da conclusão do Laudo Pericial: sim, existe Dano Ambiental. A ocupação de área protegida (APP) pelo loteamento trouxe graves consequências ambientais, foram constatados na perícia ambiental: aterramento de nascente, alteração de curso d’água, assoreamento, enchentes, corte de vegetação protegida por lei. Entretanto, não há possibilidade de avaliação financeira dos prejuízos ambientais, por se tratar de estudo extremamente complexo. Neste caso, sugere-se que a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 valoração do dano ambiental, em termos monetários seja realizada a partir do custo de reparação do dano. Assim, com intuito de estabelecer um valor mínimo para a recuperação indireta do dano, sugere-se que seja considerado o somatório dos valores para a remoção completa das estruturas existentes no local com aqueles necessários para a elaboração e execução do PRAD. c. Resumo da conclusão do Laudo Pericial: sim, existe Dano Ambiental. A ocupação de área protegida (APP) pelo loteamento trouxe algumas consequências ambientais, foram constatados na perícia ambiental: aterramento de nascente, alteração de curso d’água e corte de vegetação protegida por lei. Quanto ao dano à nascente, este é irreversível, visto que as alterações na conformação do terreno não podem ser consertadas devido à presença das moradias e da população no local, para este item não há possibilidade de avaliação financeira dos prejuízos ambientais. Quanto ao dano causado à vegetação, sugere-se que o proprietário da área proceda a contratação de profissional habilitado para a elaboração de um projeto de PRAD, com objetivo de dimensionar o plantio de espécies arbóreas nativas que estariam ocupando originalmente aquele local e, na sequência, adquiram ou façam a doação de terreno ou área de dimensão equivalente ao ocupado e realizem o plantio da vegetação equivalente àquela que encontrava-se no local do dano, ficando assim estabelecido o valor mínimo para a recuperação indireta do dano, como necessário para a elaboração do PRAD e execução do plantio da vegetação na forma de compensação do dano. Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Síntese Concluímos mais um tema! Pudemos entender o quanto uma correta avaliação do dano ambiental é decisiva na produção confiável da prova pericial. O perito tem a responsabilidade de não somente identificar o dano, mas também mensurar a extensão e o impacto do dano e todas as alterações que este pode provocar no meio ambiente e, consequentemente, sobre os organismos que nele habitam. Portanto, a valoração do dano para fins de cálculo de multa ou indenização pode ser obtida pela mensuração dos custos com a recuperação da área, e se for o caso, acrescida de um percentual, visto que a abrangência e as consequências reais de determinados danos, por vezes são muito maiores do que o que se está constatando momentaneamente. O Professor Rubens vai recapitular tudo o que vimos no vídeo disponível lá no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Referências Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm FIORILLO, C. A. P. Curso de direito ambiental brasileiro. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2003. IAP-Instituto Ambiental do Paraná, 2009. Disponível em: http://creaweb.crea- pr.org.br/IAP/arquivos/EPIA_ESTUDO_PREVIO_IMPACTO_AMBIENTAL.pdf Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm Moraes, L. C. S. Curso de direito ambiental. São Paulo: Atlas, 2002. Pereira, L. F. Responsabilidade civil ambiental: um estudo prévio. 2014. Disponível em: http://drluizfernandopereira.jusbrasil.com.br/artigos/111913889/responsabilidad e-civil-ambiental-um-estudo-previo Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, Estabelece as definições, asresponsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html SIRVINSKAS, L. P. Manual de direito ambiental. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://creaweb.crea-pr.org.br/IAP/arquivos/EPIA_ESTUDO_PREVIO_IMPACTO_AMBIENTAL.pdf http://creaweb.crea-pr.org.br/IAP/arquivos/EPIA_ESTUDO_PREVIO_IMPACTO_AMBIENTAL.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://drluizfernandopereira.jusbrasil.com.br/artigos/111913889/responsabilidade-civil-ambiental-um-estudo-previo http://drluizfernandopereira.jusbrasil.com.br/artigos/111913889/responsabilidade-civil-ambiental-um-estudo-previo http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Atividades Na legislação brasileira existem diversos dispositivos legais os quais versam sobre a tutela do meio ambiente. Dentre eles, a Constituição Federal apresenta um estado ideal de manutenção do meio ambiente numa conformação de equilíbrio, pontuando como situação desejável o “Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado”. Marque a alternativa correta. A manutenção do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado, como nos impõe a CF, significa: a. A garantia, através de leis rigorosas, que todas as áreas identificadas como áreas naturais sejam preservadas da intervenção humana, sujeitando os infratores a sanções penais e administrativas. b. O pressuposto de compatibilizar a função social da propriedade e seu direito de uso, com a proteção do meio ambiente, com a utilização dos bens ambientais em bases sustentáveis. c. A manutenção do meio ambiente numa conformação de equilíbrio, através de leis que vedem o manejo ou uso humano. d. O manejo do uso humano da natureza, compreendendo, após cada utilização deste meio, a restauração do ambiente à conformação ecológica original, anterior ao uso. A partir do entendimento do que seria meio ambiente equilibrado e qualidade ambiental, podemos caracterizar o conceito de dano ambiental. Marque a alternativa correta. Dano Ambiental é: a. Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que rege a qualidade ambiental de uma determinada área. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 b. Uma prática prevista na legislação quando esta assegura o direito de propriedade e a função social da propriedade para o ser humano. c. Uma conduta ou atividade considerada lesiva ao meio ambiente que acarreta algum prejuízo aos recursos ambientais. d. A intervenção sobre um bem jurídico tutelado, que pode afetar negativamente ou não o bem ambiental, em decorrência do direito de uso previsto na constituição. Estudamos que uma Perícia Ambiental tem o objetivo fundamental de comprovar a ocorrência de um dano ambiental em determinado litígio. Entretanto, os danos ambientais possuem características muito diferentes quando comparados a outros danos eventualmente objetos de Perícias Judiciais como avaliação patrimonial, litígios entre sócios ou irregularidade contábil. Marque a alternativa correta. Os danos ambientais podem apresentar as seguintes características: a. Fácil reparação em vista das tecnologias disponíveis, dispersão geográfica restrita ao local do dano, difícil identificação das vítimas. b. Prejuízo de fácil quantificação em termos monetários, mas que depende de tecnologias avançadas para reparação. c. Ampla dispersão geográfica, sempre necessita tecnologias avançadas na determinação de ações reparadoras, fácil valoração destas tecnologias. d. Difícil reparação, ampla dispersão geográfica, grande número de vítimas atingidas e difícil valoração. Quando for constatado um dano ambiental, independente da extensão ou valoração monetária deste dano, o arcabouço legal vigente no país proporciona o direito à sociedade de exigir que o agente causador seja responsabilizado. Marque a alternativa correta. Quem pode ser CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 responsabilizado administrativa, civil e penalmente, quando da ocorrência de dano ambiental? a. Órgãos federais de meio ambiente, responsáveis pela tutela jurídica do meio ambiente no país; e solidariamente o perito ambiental responsável pela avaliação do dano. b. Qualquer pessoa física ou jurídica responsável pelo dano causado ao meio ambiente. c. O ministério público e o perito ambiental. d. A sociedade civil, visto que a responsabilidade pelo dano ao meio ambiente é do tipo objetiva. Quando analisamos as penalidades dispostas na legislação ambiental para garantir a maior proteção do meio ambiente, verificamos que o legislador adotou a cumulatividade das sanções, entendendo por bem adotar a proteção ao meio ambiente nas esferas administrativa, civil e penal. Marque a alternativa correta. A sanção penal, adotada quando existe grande repercussão do dano ambiental e há necessidade de uma intervenção mais severa do Estado compreende: a. Limitação patrimonial, pagamento de multa e obrigação de reparar o dano. b. Recolhimento domiciliar e imposição de sanção administrativa. c. Prestação de serviços à comunidade e limitação patrimonial. d. Multas, restrições de direito e privação da liberdade. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Disciplina Perícia Ambiental Tema Elaboração e Resposta a Quesitos Periciais Professor Rubens Corrêa Secco Introdução Vamos dar início agora a mais uma parte do nosso estudo. Já temos concretizado que a perícia judicial ambiental é necessária em alguns processos, nos quais o juiz recorre a especialistas de áreas técnicas ou científicas para produzir prova através de laudo, uma vez que ao magistrado não compete a obrigatoriedade do domínio pleno de todas as áreas do conhecimento, e que a perícia tem objetivo de buscar e apresentar à comprovação da verdade real, finalidade última no processo. Vimos que um laudo pericial traz as conclusões do perito acerca da matéria submetida à sua avaliação, podendo ser descritivo ou demandar resposta a quesitos, que são, por definição, perguntas ou questões formuladas ao perito ou aos assistentes técnicos concernentes aos fatos da causa. Nesta aula vamos entender a prática de formulação de quesitos periciais em decorrência de pontos de divergência entre as partes, conhecendo os tipos de quesitos e respostas, assim como sua estratégia de utilização de acordo com a natureza do litígio. Quem vai dar início ao nosso estudo é o Professor Rubens, apresentando tudo o que veremos neste tema através do vídeo disponível lá no material on- line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Problematização Para compreendermos e exercitarmos o tema da aula, elaboração e resposta a quesitos periciais vamos retomar o exemplo do caso 02, que temos estudado ao longo de nossas aulas: dano em APP ocasionado por desmatamento e construção de moradias em decorrência de uma invasão popular. Que tipo de perguntas, quesitos, o juiz teria feito ao perito para esclarecer a situação? Formule pelo menos 2 quesitos, para este caso. Vamos ainda nos servir de um caso novo para elucidarmos os temas a serem discutidos aqui, chamado de Caso (3) – Dano em Lavoura de Milho. Na safra agrícola de 2004/2005, um agricultor que cultivou lavoura de milho teve um rendimento muito abaixo do esperado. O rendimento médiode grãos de milho em sua propriedade foi o menor já registrado na propriedade, 1.537 kg por hectare, sendo a média de produção esperada para a lavoura 6.000 kg por hectare. Naquele ano, quando o agricultor fez a aplicação do adubo NPK havia percebido, com base na sua larga experiência com o produto, que a coloração do formulado apresentava-se diferente daquela usual, mas tendo feito a verificação da embalagem, onde as informações correspondiam ao formulado recomendado para a lavoura de milho em questão, fez seu uso. O adubo formulado NPK é um produto que fornece os três principais nutrientes que a planta precisa, representados pelo seu símbolo: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K). Apesar de serem os mais usados na agricultura, cada planta e cada solo precisa de uma proporção diferente desses nutrientes. Por isso, existem diferentes combinações de proporções nos produtos, os quais são vendidos ensacados e a embalagem traz as informações sobre a formulação. O adubo NPK tem forma de grânulos esféricos, sendo que a sua coloração é N grânulo cinza claro, P grânulo cinza escuro e K grânulo rosa, assim os fertilizantes comerciais apresentam coloração diferenciada que depende principalmente da quantidade de grânulos da matéria prima empregada, cor rosada, cinza claro ou cinza escuro. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 O agricultor estava certo de que as perdas ocasionadas na lavoura teriam ocorrido em virtude do uso do adubo errado, uma vez que pela coloração do produto ele suspeitou não ser o produto recomendado para a cultura do milho. Entrando, em contato com a empresa que produz o adubo, teve a confirmação de que um lote de um determinado formulado NPK havia sido ensacado, por erro do operador, na embalagem de outro formulado, portanto, as informações da embalagem não condiziam com o produto em seu interior. O agricultor julgou por bem ajuizar uma ação para receber uma indenização pelo dano que lhe foi causado em função do uso por engano do produto errado comercializado pelo réu, ou seja, pela parte contrária. O juiz (provavelmente) não é engenheiro agrônomo, agrícola ou técnico da área, e não possui necessariamente conhecimento técnico na matéria, por isso, nomeou um perito para esclarecer a situação, verificar se houve dano e valorar este dano. Que tipo de quesitos, perguntas, o juiz faria ao perito para esclarecer se o dano causado na lavoura de milho foi decorrente do uso do fertilizante incorreto? Indique um quesito que poderia ter sido formulado pelo juiz neste caso. Não precisa responder agora. Vamos falar novamente sobre isso no final deste tema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Critérios Básicos para a Formulação de Quesitos Estudamos até aqui diversas ferramentas e metodologias à disposição do Perito para permitir a avaliação técnica a respeito de um dano ambiental. O resultado esperado de uma Perícia Ambiental é uma prova técnica a ser juntada aos autos do processo, materializada em um laudo que deve expressar através de conclusões escritas, tecnicamente fundamentadas, os fatos, circunstâncias, princípios analisados e o parecer sobre o objeto da causa submetido ao exame do perito. O laudo pode ser descritivo, ou incluir a resposta a quesitos. Os quesitos são questões, perguntas sobre o objeto da causa, quando há necessidade de esclarecimentos advindos de conhecimento técnico ou científico, e tem o objetivo de nortear a perícia, fazendo com que o laudo pericial contenha dados efetivamente úteis à solução do litígio. Segundo Almeida (2008), os quesitos são perguntas ou questões formuladas ao perito e aos assistentes técnicos, concernentes aos fatos da causa, que constituem o objeto da perícia. Estão sujeitos à aprovação do juiz. Ainda o mesmo autor complementa que “os quesitos de uma perícia ambiental são as questões formuladas pelas partes envolvidas no processo e que devem ser respondidas de forma técnica e imparcial, buscando esclarecer os interessados a respeito da matéria em análise. Para se responder os quesitos de uma perícia ambiental utilizam-se dados técnicos das normas, fotografias, referências bibliográficas especializadas, modelos matemáticos, questionários de respostas, visitas ao local em análise, resultados de análises de laboratório, entre outros”. Os quesitos são peças importantes nos autos para o esclarecimento de pontos controversos ao juiz ou as partes. Entretanto, para que eles sejam ferramentas eficientes, é essencial que sua elaboração preconize a pertinência à matéria da causa, direcionamento somente ao propósito a ser dirimido, conduzindo o perito ou assistente técnico ao esclarecimento da verdade nos autos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Esse cuidado metodológico deve sempre ser observado pelo profissional, esteja este atuando como perito, na formulação de respostas, como assistente técnico ou como consultor ao advogado da parte, na elaboração destas questões. Vamos refletir sobre a afirmação do autor Lopes de Sá (2012), o qual discorre a seguir sobre a perícia contábil, entretanto, suas colocações são extremamente pertinentes e aplicáveis às Perícias Ambientais: o valor da resposta do quesito depende da qualidade da pergunta, ou seja, quesitos mal formulados podem gerar opiniões duvidosas e atém sem efeito para o fim desejado. O quesito em perícia (...) deve desenvolver-se em uma sequência lógica de raciocínios. Não se trata, pois de uma simples pergunta, mas sim de uma indagação objetiva que deve gerar todo um conjunto de verificações para que a opinião do perito seja confiável. Uma pergunta que não tenha objetividade ou que não seja pertinente a uma sequência de assuntos dentro de um objetivo maior; nesse caso, deixa de ser um quesito no sentido absoluto do conceito e por isto pode ser considerado impertinente, inconsistente ou até inoportuno. Em uma causa judicial, os quesitos podem ser formulados pelo juiz, pelo Ministério Público sempre que possível com a participação do assistente técnico, pelas partes através do assistente técnico ou advogados e por eventuais terceiros interessados quando habilitados nos autos com a participação do assistente técnico. Buscando respaldo no Código de Processo Civil, que rege a matéria pericial e a formulação e respostas aos quesitos, temos no art. 465, § 1o: “incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito, apresentar quesitos”. Ainda no art. 469 o CPC estabelece que as partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos. O art. 470 incumbe ao juiz: indeferir quesitos impertinentes e formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa. Os quesitos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 podem ainda ser apresentados após a entrega do laudo e análise deste pelas partes, conforme art. 477, § 1o, as partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer. Lá no material on-line, você vai poder acessar os seguintes links para leitura de dois documentos intitulados “Quesitos para Perícia Ambiental”, de autoria do Ministério Público do Estado de Goiás, e “Guia Prático de Requisição de Perícias Ambientais”, de autoria do Ministério Público de Minas Gerais, os quais apresentam diversos quesitos versando sobre as matérias ambientais. Consulte estes documentos, pois tomaremos alguns quesitos constantes nestes para os exemplos utilizados nos estudosde casos da problematização. http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2015/03/25/16_5 6_05_371_quesitos_para_pericia_ambiental.pdf https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/4 1/guia_pratico_de_requisicao_de_pericias_ambientais(1 ).pdf. O Professor Rubens vai explicar tudo sobre os critérios básicos para a formulação de quesitos no vídeo lá no material on-line. Não deixe de assistir. Relações Processuais Os quesitos são formulados em um litígio decorrente dos pontos de divergência entre as partes. Vamos entender as relações processuais que levam a requisição de uma perícia, o que em consequência pode levar ao estabelecimento dos quesitos. http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2015/03/25/16_56_05_371_quesitos_para_pericia_ambiental.pdf http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2015/03/25/16_56_05_371_quesitos_para_pericia_ambiental.pdf https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/41/guia_pratico_de_requisicao_de_pericias_ambientais(1).pdf https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/41/guia_pratico_de_requisicao_de_pericias_ambientais(1).pdf https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/41/guia_pratico_de_requisicao_de_pericias_ambientais(1).pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Conforme o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (2016), o processo é uma relação jurídica complexa e dinâmica, que nasce, desenvolve e se extingue, normalmente quando atinge a sua meta, que é a composição do litígio, encontrada na sentença de mérito (nas ações de cognição) ou na satisfação do credor (na execução forçada). A relação jurídica é o vínculo estabelecido entre pessoas, provocada por um fato que produz mudança de situação, regido por norma jurídica. Quando se propõe uma ação judicial, estabelece-se vínculo que une os diversos atos do processo judicial: autor, réu e juiz. Essa relação triangular tem a seguinte composição: em uma ponta está o proponente (autor da ação); em outra, aquele contra o qual o autor está se insurgindo (réu da ação) e, no vértice dessa relação, o juiz de direito, que exercerá o seu poder de jurisdição. Algumas causas, em razão da matéria ou da pessoa, exigem a participação do Ministério Público, que, por meio de seus membros, fiscaliza a aplicação e a execução das leis. O magistrado conduzirá o processo e, ao fim de todas as fases, decidirá a causa proferindo uma sentença. Constituída a relação processual, passa-se a desenvolver, mediante manifestação formal ou tácita dos sujeitos da relação. Em determinado momento processual o juiz, membro do Ministério Público ou mesmo as partes, poderão utilizar das provas admitidas no Código Processo Civil, conforme o Capítulo XII - Das Provas, para provar a verdade dos fatos e influir eficazmente na convicção do juiz. A prova pericial está disciplinada na Seção X – Da Prova Pericial, artigos 464 a 480. Segundo a OAB (2015), a sistemática das provas tem por fim obter-se com cada meio probante tipificado o máximo de resultado dentro do processo. O código civil reforça os poderes introdutórios do magistrado, como também autoriza liberdade para a participação ativa das partes litigantes na produção da prova, o que tende a afastar a malfadada lógica pretoriana de que o juiz é o destinatário da prova. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 É sabido que os destinatários da prova são todos os agentes envolvidos na relação jurídica processual, sendo importante a cooperação entre todos os sujeitos do processo, para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Classificação dos Quesitos Periciais Já conceituamos os quesitos como indagações de ordem técnica, a serem formulados pelo juiz, Ministério Público, pelas partes ou eventual terceiro admitido no processo, concernentes ao objeto da perícia e fatos discutidos na ação. Os quesitos periciais e sua aplicação no esclarecimento da causa que constitui o objeto da perícia podem ser classificados em originários, suplementares, intempestivos, elucidativos ou de esclarecimento e complementares. Essa classificação advém do momento em que estes são estabelecidos no desenvolvimento do processo judicial. Vamos conhecer a seguir cada um deles: Quesitos Originários: são aqueles apresentados até 15 dias após a nomeação do perito, conforme rege o art. 465 do CPC, o juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1o: Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: II - indicar assistente técnico; III - apresentar quesitos. Quesitos Suplementares: são apresentados após esse período inicial de 15 dias depois da nomeação do perito, entretanto, devem ser formulados antes da apresentação do laudo. Podem ser apresentados antes da perícia ou mesmo durante a diligência, adicionando elementos que se fazem necessários ao esclarecimento do litígio que não foram considerados anteriormente, entretanto, estes não podem ampliar o objetivo da perícia. Conforme rege o CPC art. 469, as partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento. Quesitos Intempestivos: são aqueles apresentados fora dos prazos legais. Intempestivo é o termo jurídico aplicado a peças processuais que são apresentadas, protocoladas ou arroladas nos autos fora do prazo estabelecido na legislação aplicável ao litígio. Quesitos Elucidativos ou de Esclarecimentos: são apresentados após a entrega do laudo ou em audiência e têm o objetivo de esclarecer dúvidas sobre o laudo ou parecer. Conforme está previsto na lei, depois de encerradas as diligências e entregue o laudo pericial, eventuais dúvidas ou aspectos sobre o conteúdo apresentado no laudo poderão ser superados pelas partes, ou pelo próprio magistrado, mediante esclarecimentos oferecidos pelo perito e pelo assistente técnico. (CPC art. 477, § 3o). Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando as perguntas sob forma de quesitos. Estes quesitos são limitados ao conteúdo do laudo apresentado. Quesitos Complementares: são quesitos que tratam de fatos novos, não constantes dos autos ou da quesitação anterior. Estes geram uma nova Perícia conforme art. 480, CPC,o juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida, § 1o: a segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados conduzidos por ela. Os quesitos podem ainda ser divididos em duas categorias: os Pertinentes e os Impertinentes. Os quesitos pertinentes têm por objetivo esclarecer as questões técnicas concernentes ao objeto da perícia, são, portanto, válidos na produção da prova pericial. Os impertinentes não se referem CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 à capacidade técnica e competência legal do perito, versando geralmente sob questões não relacionadas ao objeto do litígio ou então, são perguntas elaboradas intencionalmente, na tentativa de desviar o perito da verdade. Este tipo de quesito deve ser indeferido pelo juiz, conforme art. 470 do Código de Processo Civil. Cabe ao perito ter um senso apurado para identificar quando os quesitos impertinentes são elaborados por desconhecimento técnico ou intencionalmente e, caso não tenham sido indeferidos pelo juiz, deve dirigir-se ao magistrado por petição, para que este decida a respeito, com base no estabelecido de que é proibidoao perito responder matéria estranha ao objeto da causa ou fora da sua competência legal, (CPC, art. 473, IV, § 2o) é vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. No material on-line, o Professor Rubens vai explicar mais as classificações dos quesitos periciais. Formulação e Resposta a Quesitos Periciais A formulação e resposta de quesitos periciais exige adoção de técnica de linguagem adequada, objetividade e precisão de informações, para isso o profissional, perito ou assistente, deve ter facilidade de expressar-se clara e concisamente, mas, sobretudo, ter conhecimento técnico suficiente para o desempenho desta função. Vamos entender de início como deve se dar a formulação dos quesitos. Quem irá formulá-los deve ter em mente que a Perícia Ambiental é instituída para atender os objetivos fundamentais do litígio: caracterizar, mensurar e valorar o dano, caracterizar enquadrando legalmente a atividade lesiva e estabelecer o nexo causal entre o dano e a atividade do réu. Sob esta ótica, os quesitos serão elaborados como fator norteador da Perícia, de forma CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 abrangente, procurando contextualizar toda a extensão do objeto da causa, entretanto, de forma objetiva, sem perder o foco no objeto da perícia. Podemos adotar a seguinte estratégia na formulação dos quesitos: Observar o objeto da Perícia como um todo. Analisar a sequência de procedimentos necessários para elucidar o fato. Localizar e caracterizar o objeto e sua abrangência. Fazer perguntas ou afirmações sobre o ponto de controvérsia, sobre a dúvida que se quer a resposta do perito. Importante adotar uma sequência lógica dos fatos a serem esclarecidos, evitando-se perguntas atreladas a outras, visto que isso pode confundir quem lê. Ideal é a formulação de perguntas independentes, mas coesas entre si no contexto geral. Não há necessidade de formular um grande número de perguntas. Perguntas em excesso não necessariamente conduzem a verdade dos fatos. Importante as questões serem objetivas e esclarecedoras, desta forma não são empregados esforços desnecessários pelo perito e mais se ganha em tempo na conclusão da lide. Não se deve usar de redundância, nem afirmações longas demais, o que dificulta a leitura e compreensão da questão proposta. Quesitos objetivos, inerentes ao que consta nos autos são as melhores ferramentas em busca da verdade dos fatos. Os quesitos não devem ser introduzidos com textos do tipo “não é verdade que...”, ou “é correto afirmar que”..., textos como estes tem intenção de provocar uma assertiva positiva ao quesito, o que pode não se concretizar na análise do perito. Esta observação aplica-se de maneira análoga a frases com proposições negativas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Importante formular os quesitos de maneira clara, coesa, versando somente sobre as dúvidas para as quais são necessários esclarecimentos, mantendo as ideias centradas no objeto do litígio e na descoberta da verdade dos fatos. Portanto, vejamos agora orientações aos peritos e assistentes técnicos na resposta a quesitos. Já vimos anteriormente que é proibido ao perito responder matéria estranha ao quesito, mais do que foi perguntado, responder menos do que foi perguntado ou deixar de responder ao quesito, disto concluímos que embora todos os quesitos constantes dos autos devam ser obrigatoriamente respondidos pelo perito, as respostas podem ter algumas características especiais, de acordo com o tipo de quesito proposto. Vamos ao exemplo: quando o quesito apresentar conteúdo que envolva matéria de direito, o perito deve ter um cuidado especial na elaboração da sua resposta. Somente se for necessário reportar algo que atenda à questão técnica proposta o perito deve responder, caso contrário, se a pergunta estiver fora de sua competência legal, deve eximir-se de oferecer a resposta apresentando uma formulação específica para o caso. Conforme orienta Soares, (2015) nesses casos, quando da resposta, na elaboração do laudo, o perito deve indicar que o quesito ficou prejudicado, considerando que é alheio à matéria da lide e ao objeto ou foge a sua competência como profissional, utilizando uma formulação como: “Prejudicada a resposta, pois o indagado envolve mérito, matéria de exclusiva competência do MM. Juízo, fora, portanto, da competência técnica deste perito”, ou quando um quesito tiver sido indeferido pelo juiz a resposta do perito deve ser “Prejudicada a resposta ao presente quesito, pois ele foi indeferido pelo MM. Juízo, conforme despacho de fls...” (Soares, 2015). Assim, o perito deve inicialmente avaliar os quesitos de forma minuciosa, com discernimento para entender o que está sendo perguntado, verificar a pertinência ao que está sendo tratado nos autos e sua competência para respondê-los. Cabe ainda ao perito destreza para identificar onde há falta de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 conhecimento técnico na elaboração do quesito e onde há propósito de se tentar desviar o objetivo final da perícia, confundir as respostas ou suscitar contradições. Lembrando que há sempre a possibilidade de recorrer ao juiz, para solucionar tais questões. Quanto aos quesitos pertinentes, que são úteis e importantes para esclarecimento às partes e ao juiz sobre o objeto da causa, eles devem ser respondidos de forma clara, com objetividade e uso de linguagem simples. É recomendável, sempre que possível, utilizar na resposta os termos técnicos contidos no quesito. Entretanto, importante observar que o juiz e demais pessoas envolvidas no processo podem não ter o domínio dos termos técnicos utilizados, mas precisam necessariamente compreender o conteúdo da prova técnica produzida pelo perito, portanto, sempre que possível, o perito deve fazer uso de linguagem de senso comum e, acrescentar aos termos técnicos definições explicativas que facilitem o seu entendimento. Não devem ser usadas palavras que tenham duplo sentido ou possam tornar a resposta imprecisa. A resposta deve ser escrita com palavras que permitam, exclusivamente, uma leitura de significado único. As respostas devem ser curtas na medida do possível, mas é inadmissível uso simples de respostas “sim” ou “não”. Tanto as respostas positivas quanto as negativas precisam ser contextualizadas, apresentando razões técnicas em seu embasamento. Da mesma forma, textos longos demais devem ser evitados, pois podem confundir o leitor ou trazer ambiguidade. Palavras como “acho” ou “talvez” não devem ser utilizadas no texto do laudo pericial, uma vez que a prova deve ser conclusiva, sendo inadmissíveis convicções pessoais, dúvidas ou incertezas. O perito deve ter extremo cuidado para não emitir opiniões pessoais, apresentar apenas a sua apreciação sobre o objeto da causa analisado, fundamentada em seu trabalho de acordo com suas averiguações, exames, avaliações e vistorias, não fazendo qualquer tipo de julgamento, o que cabe somente ao juiz. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Vejamos na sequência exemplos de resposta a quesitos. O Professor Rubens vai falar ainda sobre isso no vídeo disponível no material on-line. Não deixe de assistir. Prática de Elaboração e Resposta a Quesitos Para exercitarmos o raciocínio lógico e sequencial na elaboração de quesitos, bem como as recomendações apresentadas anteriormente, vamos retomar os dois casos da problematização desta aula: Caso (2) - Dano em APP -, e o exemplo Caso (3) - Dano sobre a produtividade da lavoura de milho. No caso (2), poderiam inicialmente ser elaborados e respondidos quesitos sobre a caracterização da área na sua conformação anterior ao dano,com o objetivo de provar que a área é uma APP e houve dano em APP, seguindo a sequência lógica dos fatos. Neste caso são exemplos de quesitos aplicáveis: Quesito 1 – Qual a localização geográfica da área investigada? Resposta: a propriedade do litígio está situada no município de (...), PR, na localidade de (...), à margem da rodovia (...), logradouro (...), no (...), possuindo coordenadas geográficas (...). A localização exata da área está apresentada em mapa de localização e foto aérea, documentos 1 e 2 respectivamente, apresentadas no anexo deste laudo. Quesito (2) – Houve supressão da vegetação nativa em área de preservação permanente (APP)? Resposta: sim. A área objeto da investigação está localizada às margens do rio (...), conforme ilustrado nas fotos no 1 e 2, e no mapa de localização (doc1), situada dentro da faixa de delimitação da APP (área de preservação permanente), que é definida como faixa marginal de qualquer curso d’água desde a borda da calha do leito regular, até a largura mínima de 30 (trinta) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 metros para o caso objeto de análise, conforme disposto no código florestal, Lei nº 12.651/2012. Quesito (3) - Qual a tipologia da vegetação atingida? Resposta: a vegetação existente no local caracteriza-se por formação típica da Floresta Ombrófila Mista, ou Floresta com Araucária, conforme ilustrado nas fotos no 3 a 5. Com a resposta destes três quesitos é possível confirmar a existência do dano na APP. Já para o caso (3), o objetivo da formulação dos quesitos é descobrir se o agricultor usou as práticas adequadas no plantio da lavoura de milho para obter a produtividade que esperava, verificando outros fatores que podem ter causado o dano (baixa produtividade), independentes da qualidade do adubo. Para isso deve ser verificado, por exemplo, se a qualidade das sementes utilizadas e a densidade de plantio (número de plantas de milho por hectare) eram condizentes com a produtividade esperada inicialmente, vejamos: Quesito 1 - Fatores inerentes ao plantio, como qualidade de semente interferem significativamente na produtividade da cultura. No caso da safra em questão (04/05), quais as especificações de produtividade da semente utilizada? Resposta: foi utilizada no plantio da safra objeto de investigação (04/05) a semente especificada como (...), comercializada pela empresa (...), a qual possui estimativa de produtividade esperada de 6.000 kg por hectare. Quesito 2 – A densidade populacional (quantidade de plantas por unidade de área) é fator preponderante para a produtividade da cultura. No caso da safra em questão (04/05) qual a densidade populacional adotada no plantio? Resposta: a densidade populacional adotada no plantio da safra (04/05) foi aquela recomendada pelo fornecedor da semente, 60 mil plantas por hectare. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Com as respostas destes dois quesitos é possível confirmar a estimativa inicial da produtividade do milho em 6.000 kg por hectare. Acesse o site do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná no link https://www.tjpr.jus.br, e no campo de busca, localizado no canto superior direito da página, utilize a palavra-chave “laudo”. Encontre na lista de processos os casos listados a seguir (entre outros) e verifique como as conclusões das perícias ambientais realizadas foram utilizadas pelos juízes em seu convencimento e definição de sentença. Fabricante prova que consumidor utilizou fertilizante falsificado e se exime do dever de indenizar pelo insucesso da colheita. Responsáveis por extração irregular de argila das margens do Rio Tibagi são condenados por dano ambiental. Seguradora é condenada a pagar indenização, antes negada, a agricultor cuja colheita foi afetada pela estiagem. https://www.tjpr.jus.br/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Revendo a problematização De acordo com o conteúdo apresentado neste tema, em relação ao problema apresentado no início para os dois diferentes casos de Perícia Ambiental estudados, denominados para efeito desta análise como Caso (2) - Dano em APP, e Caso (3) - Dano em lavoura de milho. Que tipo de perguntas, quesitos, o juiz teria feito ao perito para esclarecer a situação do Caso (2)? E no Caso (3) foi decorrente do uso do fertilizante incorreto? a. Caso Dano em APP: Quesito A – houve desmatamento de mata ciliar (retirada da vegetação nativa) da área de APP? Qual a extensão da área desmatada? Quesito B – o desmatamento de mata ciliar, localizada em área de APP, acarretou o assoreamento do leito do rio ou o desvio de seu curso? Especificar se houve alteração do regime hídrico do rio e erosão do solo no local. Caso Dano em lavoura de milho: Quesito (C) do juiz – a produtividade da lavoura de milho na safra (04/05), objeto da causa, seria maior sem uso de adubação em comparação àquela alcançada com o uso da formulação incorreta? b. Caso Dano em APP: Quesito A – o corte da vegetação na APP foi precedido de autorização ambiental do IAP- Instituto Ambiental do Paraná? Quesito B – especificar as condicionantes estabelecidas na autorização ambiental referida no quesito anterior. Caso Dano em lavoura de milho: Quesito (C) do juiz – a empresa que comercializou o adubo incorreto possui registros de autuações no Ministério do Trabalho? c. Caso Dano em APP: Quesito A – o desmatamento na APP objeto da perícia teve a finalidade de transformação para carvão de madeira de lei, assim classificada por ato de poder público para fins industriais e energéticos? Quesito B – É correto afirmar que a recuperação daquela APP depende apenas do plantio de espécies nativas daquela formação vegetacional? Caso Dano em lavoura de milho: Quesito (C) do juiz – a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 propriedade já sofreu alguma autuação do órgão ambiental relativa à conservação de APP? Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Síntese Avançando na sistemática do desenvolvimento da prática da perícia ambiental, é chegada a hora da discussão de um ponto de extrema relevância nesta atividade, a elaboração e resposta a quesitos periciais. Como vimos, quesitos são perguntas específicas relativas ao objeto da causa, respondidas tecnicamente pelo perito e têm como objetivo o direcionamento da perícia, para que ela seja realmente útil à solução do litígio. É importante lembrar que quesitos não são obrigatórios em um laudo, pois ele pode ser descritivo, porém, quando há presença de quesitos, pode apresentar-se de forma mais clara e objetiva, da mesma forma que os quesitos podem surgir até mesmo após a entrega do laudo, neste caso, com o objetivo de dirimir eventuais dúvidas do próprio juiz ou das partes. Resumidamente, os quesitos periciais classificam-se de acordo com a fase da perícia em que são formulados, desde aqueles apresentados já no início do processo, os originários, passando pelos suplementares, elucidativos ou de esclarecimento e complementares, que são tratados a parte, como uma nova perícia, por exemplo. Ainda dentro da classificação dos quesitos, tem-se os Pertinentes e os Impertinentes, que como a própria denominação inspira, o primeiro tem objetivo de esclarecimento e o segundo de confundimento. Você viu que para responder aos quesitos, o perito deve ter sólido conhecimento na matéria, facilidade de expressão e uso adequado da linguagem escrita. As respostas, assim como as questões, devem ser pontuais e objetivas, não deixando margem para segundas interpretações, ou falsas e indutoras afirmativas, e por óbvio, não expor opiniões pessoais muito menos transparecer qualquer tipo de julgamento ou suposição.O Professor Rubens vai fazer uma síntese da nossa aula no vídeo disponível no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Referências Almeida, R. J. Perícia ambiental judiciária e securitária: impactos e danos. Rio de Janeiro: Thex, 2008. Fiorillo, C. A. P. Curso de direito ambiental brasileiro. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2003. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Código Florestal. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2012/Lei/L12651compilado.htm Acesso em 17/05/2016. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm Acesso em 17/05/2016. Lopes de Sá, A. Fundamentos da Contabilidade Geral. 4ª ed. Curitiba: Juruá Editora, 2012. OAB. Novo código de processo civil anotado. Porto Alegre: OAB RS, 2015. Santos, F. A. A formulação de quesitos nos autos para perícia. 2008. Disponível em: http://www.artigonal.com/doutrina-artigos/a-formulacao-de- quesitos-no-autos-para-a-pericia-624274.html Acesso em 17/05/2016. Sirvinskas, L. P. Manual de direito ambiental. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. Soares, S. Perícia Contábil. 2015. Disponível em: http://www.ceap.br/material/MAT09042012205545.pdf Acesso em 17/05/2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm http://www.artigonal.com/doutrina-artigos/a-formulacao-de-quesitos-no-autos-para-a-pericia-624274.html http://www.artigonal.com/doutrina-artigos/a-formulacao-de-quesitos-no-autos-para-a-pericia-624274.html http://www.ceap.br/material/MAT09042012205545.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Atividades A elaboração de quesitos tem o objetivo de nortear a perícia, fazendo com que o laudo pericial contenha dados efetivamente úteis à solução do litígio. Marque a alternativa correta. Os quesitos podem ser formulados em um processo judicial: a. Pelo oficial de justiça, pelo juiz e pela parte proponente da ação judicial. b. Pelo juiz, pelas partes, pelo Ministério Público e terceiro habilitado nos autos. c. Pelo Ministério Público, pelo réu, pelo oficial de justiça e pelo assistente técnico. d. Pelo perito, por terceiros desde que habilitados nos autos, pelo juiz. O resultado esperado de uma Perícia Ambiental é uma prova técnica a ser juntada aos autos do processo, materializada em um laudo pericial, o qual pode ser descritivo ou conter respostas a quesitos. Marque a alternativa correta. O laudo pericial o qual traz respostas do perito a quesitos é: a. Peça escrita contendo indagações feitas pelo perito na busca de informações, mediante conhecimento do objeto da perícia, solicitado nos autos. b. Peça escrita que contém dados de investigação através de diligência acerca das circunstâncias apresentadas nos autos que não podem ser esclarecidas através de documentos. c. Peça escrita, na qual o perito faz perguntas através de quesitos, de forma abrangente sobre os aspectos que envolvem a causa do litígio e faz comparações com o que está disposto na legislação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 d. Peça escrita, na qual o perito deve registrar o seu conhecimento técnico e científico acerca do objeto da perícia, apresentando a resposta aos quesitos que constam nos autos. Os quesitos são formulados em um processo judicial quando há necessidade de esclarecimentos de ordem técnica ou científica sobre um determinado dano, que é o objeto da causa. Marque a alternativa correta. Os quesitos na perícia judicial ambiental são: a. Questões sobre determinado tema para o qual se requer esclarecimento ou parecer de profissional com conhecimento técnico ou científico e especializado. b. Respostas conhecidas, positivas ou negativas, elaboradas pela parte que ajuizou o processo, que servirão como base de argumentos a esta parte interessada. c. Questões formuladas pelo réu no processo, para confundir as respostas, ou, para suscitar contradições da parte contrária, influenciando na decisão do juiz. d. Questões sobre um tema diverso da causa, que embora não conste nos autos é interessante para análise do juiz quando da tomada de decisão sobre a sentença. Os quesitos podem ser classificados em diferentes tipos, em decorrência do momento em que estes são estabelecidos no desenvolvimento do processo judicial. Marque a alternativa correta. Quesitos suplementares são aqueles: a. Apresentados no início do processo, até 15 dias após a nomeação do perito. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 b. Apresentados antes da perícia ou durante a diligência, os quais poderão ser respondidos pelo perito na audiência de instrução e julgamento. c. Apresentados ou arrolados nos autos fora do prazo estabelecido na legislação aplicável ao litígio. d. Apresentados após a entrega do laudo ou em audiência. O Perito quando da elaboração do laudo pericial utilizará os dados, informações e meios necessários para responder aos quesitos, esclarecendo os questionamentos relativos ao objeto da perícia. Marque a alternativa correta. Quanto à resposta aos quesitos: a. Todos os quesitos constantes dos autos devem ser respondidos pelo perito, entretanto pode ser usada uma formulação específica quando o quesito não for pertinente. b. O perito deve analisar criteriosamente os quesitos e responder somente aqueles que forem pertinentes a sua capacidade técnica, deixando aqueles considerados impertinentes fora do laudo. c. O perito deve analisar criteriosamente os quesitos e responder somente aqueles que forem pertinentes às matérias de direito. d. O perito pode selecionar, dentre os quesitos que constam dos autos, quais são pertinentes ao objeto do litígio e responder tecnicamente a estes somente. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Disciplina Perícia Ambiental Tema Legislação Aplicável a Perícias Ambientais Professor Rubens Corrêa Secco Introdução O Direito Ambiental Brasileiro foi consolidado como um instrumental de extrema importância para disciplinar juridicamente a matéria ambiental como patrimônio público a ser necessariamente tutelado e protegido, sempre em benefício das presentes e futuras gerações. Como a matéria ambiental é, devido as suas especificidades, originalmente multidisciplinar e dependente de diversas áreas do conhecimento, incluindo as ciências, ela exige o envolvimento de profissionais com conhecimento técnico e científico para tornar possível a tutela do bem ambiental em juízo. Disto entendemos que o perito deve conhecer de maneira abrangente a legislação ambiental e os dispositivos legais aplicáveis a sua área de conhecimento e atuação, garantindo a correta aplicação das normativas na perícia ambiental sob sua responsabilidade. Ainda, de acordo com o princípio de que todos são responsáveis por seus atos e devem arcar com as consequências que destes advirem, vamos conhecer a responsabilidade penal da pessoa física, jurídica e do perito; dever jurídico indispensável; princípio do direito que possibilita a harmonia em uma sociedade justa. Finalizaremos este tema analisando as responsabilidades quando ocorrem danos ao meio ambiente advindos de questões internacionais. No material on-line tem o vídeo do Professor Rubens apresentando tudo o que veremos aqui. Não deixe de assistir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Problematização De acordo com o conteúdo que será apresentado nesta aula, vamos conhecer um novo
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