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DIREITO PENAL 2

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DIREITO PENAL 
 
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DIREITO PENAL 
 
 
 
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DIREITO PENAL 
• CONCEITO 
Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo estatal, 
em face dos atos humanos considerados infrações penais, tipificando com isso os crimes 
e cominando as respectivas penas. 
O Direito Penal tem como função básica a proteção do bem jurídico e a manutenção 
da paz social. É fragmentário, ou a ultima ratio do sistema, só protegendo os bens jurídicos 
que realmente são necessários, só incriminando os fatos mais graves, pois é um ramo de 
intervenção mínima. 
• FONTES 
Fonte é o local de onde provém o direito, bem como a maneira pela qual ele se 
exterioriza, podendo ser: 
1. Material / Substancial- É o local onde é criado o direito. No Direito Penal quem 
cria norma é a União, através de seu Poder Legislativo (art. 22, inciso I, da 
CRFB). Porém os Estados Membros também podem legislar sobre o assunto, 
desde que autorizados pela União por Lei Complementar (art. 22, parágrafo 
único, CRFB). 
2. Formal/ Cognitiva/ Conhecimento- É a forma pela qual o direito se 
exterioriza, pode ser imediata (é a lei), ou mediata (são os costumes, os 
princípios gerais de direito e, para alguns, atos administrativos). 
• PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL 
São as normas que extraídas da Constituição Federal, servem como base 
interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do sistema jurídico 
brasileiro. Os princípios constitucionais na atual gestão jurídica possuem força 
normativa, devendo ser respeitados, sob pena de inconstitucionalidade da norma que 
os contrariar. 
No que tange ao Direito Penal a CRFB/88 traz alguns, passemos a analisar: 
1. Princípio da Legalidade: O Princípio da Legalidade está previsto no artigo 5º, 
inciso XXXIX da Constituição Federal: 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal; 
 
 
 
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 Também previsto no artigo 1º do Código Penal, com a mesma redação do artigo 5º, XXXIX da CF. 
Este princípio que vem do latim nullum crimen sine praevia lege, que estabelece que uma conduta não pode 
ser considerada criminosa se antes da sua pratica não havia lei nesse sentido. Trata-se de uma segurança 
jurídica: imagine se pudéssemos responder por uma conduta, que quando praticamos, não era crime ? 
Simplesmente não faríamos mais nada, com medo de que, futuramente, a conduta fosse criminalizada e 
respondêssemos pelo delito. 
Divide-se em outros dois princípios: a Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal. 
1.1.1 Princípio da Reserva Legal: Estabelece este que somente lei em sentido estrito (editada Poder 
Legislativo) pode definir condutas criminosas e cominar as respectivas penas. Logo, Medidas Provisórias, 
Decretos e demais diplomas legislativos NÃO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS E 
COMINAR PENAS. 
O principio da Reserva Legal proíbe a edição de Leis de conteúdo vago, com conteúdo impreciso. 
Dado que, não se saberia ao certo qual é o conteúdo criminalizado, e em sendo assim iria ferir a Reserva 
Legal, que é dar segurança jurídica. Assim, não basta que se trate de lei em sentido estrito (lei formal) esta 
tem que estabelecer exatamente qual conduta esta sendo criminalizada, sob pena de ofender o princípio da 
legalidade. Trata-se do Princípio da Taxatividade da Lei Penal. 
ATENÇÃO! Existem as chamadas normas penais em branco. As normas penais em branco são 
aquelas que dependem de outra para que sua aplicação seja possível. Por exemplo: A Lei de Drogas (Lei 
11.343/06) estabelece diversas condutas criminosas referentes à comercialização, transporte, posse, etc., de 
substâncias entorpecentes. Mas quais seriam as substâncias entorpecentes proibidas? Essas estão descritas 
em uma portaria expedida pela ANVISA. Assim são as normas penais em branco, sua aplicação depende da 
análise de outras normas. 
Mas no exemplo acima citado, a portaria não seria uma violação à reserva? Não, pois a portaria 
estabelece quais são as substancias entorpecentes em razão de ter sido determinado pela própria lei de 
drogas. A doutrina divide, ainda, as normas penais em branco em: 
• HOMOGÊNEAS- A complementação da norma é realizada por uma fonte homóloga (igual), ou seja, 
pelo mesmo órgão que produziu a norma penal em branco. 
• HETEROGÊNEAS- A complementação da norma é realizada por uma fonte heteróloga (diferente), 
ou seja, por órgão diverso daquele que produziu a norma penal em branco. 
 Em razão da reserva legal, em Direito Penal é proibido a analogia in malam partem, 
que é analogia em desfavor do réu. Deste modo, não pode o juiz criar uma conduta 
criminosa não prevista em lei, com base em analogia. 
1.1.2 Princípio da anterioridade da Lei Penal: Neste princípio não basta que a 
criminalização de uma conduta se dê através de lei e sentido estrito, e que seja esta lei 
anterior ao fato, prática desta conduta. 
 
 
 
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Este princípio culmina no da irretroatividade da lei penal. Alguns doutrinadores, dizem 
que são sinônimos. Entretanto, a lei penal pode retroagir nas hipóteses em que beneficiar 
o réu, estabelecendo conduta menos gravosa, neste caso ocorre à irretroatividade da lei 
penal porque ela alcança fatos ocorridos antes da sua vigência (previsto no artigo 5º, XL 
da CRFB/88). 
Também pode ocorrer a hipótese de que ocorra uma lei nova, que estabeleça que uma 
conduta deixe de ser considerada crime, é o que chamamos de abolotio criminis, será 
aplicada aos fatos ocorridos antes de sua vigência, por ser benéfica ao réu. 
 
 
ATENÇÃO 
 
No que tange as LEIS TEMPORÁRIAS, a lei ainda 
produzirá seus efeitos mesmo após o término de sua vigência. 
Salvo disposição em contrário são auto-revogáveis e ultrativas 
(efeito carrapato). Portanto o efeito da retroatividade benéfica da 
lei não se aplica a lei temporária, salvo disposição em contrário. 
O que não é hipótese de abolitio criminis, porque nas leis 
temporárias o crime permanece, não deixa de ser após o seu 
termino da vigência da lei. Caso deixasse de ser crime ai sim 
estaríamos diante da abolitio. 
 
 
1.2 Princípio da Individualização da Pena: Cada réu deve ter sua pena 
analisada, aplicada e graduada individualmente, conforme preceitua o artigo 5º, XLVI, da 
CRFB: 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, 
entre outras, as seguintes: 
A individualização da pena ocorre em três esferas: legislativa, judicial e 
administrativa. 
Na legislativa, a individualização se dá com a cominação de penas proporcionais à 
gravidade dos crimes, e com o estabelecimento de penas mínimas e máximas a serem 
aplicadas no Judiciário. Na fase judicial, a individualização da pena é feita pelo magistrado, 
que analisando as circunstâncias do crime fixa a pena, de maneira mais apropriada para 
 
 
 
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o réu. Já na terceira e ultima fase, a individualização é feita na execução da pena, parte 
administrativa e parte judicial, onde o juiz decidirá questões de progressão de regime, 
concessão de saída e dentre outras, mas de acordo com as peculiaridades de cada 
detento. 
1.3 Princípio da Intrasncendência da pena: Previsto no artigo 5 º, XLV da 
CRFB/88, dispõe que nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Porém, nas 
hipóteses de reparação civil, não há impedimentos de que os sucessores do condenado 
falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato. 
EXEMPLO: Joaquim mata Caio, cometendo o crime do artigo 121 Código 
Penal (Homicídio). Joaquim é condenado a 12 anos de prisão, e na esfera cível é 
condenado ao pagamento de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) a título de 
indenização ao filho de Caio. Na execução Joaquim vem a falecer. Muito embora a 
pena privativanão passe aos herdeiros de Joaquim, sendo extinta pela morte,a 
obrigação de reparar os danos civis podem ser repassadas aos seus herdeiros, até 
o limite do patrimônio deixado pelo infrator falecido. 
 
OBS!!!!!!: A multa é uma espécie de pena e, portanto, não pode ser executada 
em face dos herdeiros, ainda que haja transferência de patrimônio. Com a morte do 
infrator, extingue-se a punibilidade não podendo ser executada a pena de multa. 
1.4 Princípio da limitação das penas ou da Humanidade: Previsto no art. 5º, 
XLVII da CRFB/88, estabelece que determinadas penas são proibidas no ordenamento 
jurídico brasileiro, quais sejam: a) pena de morte, salvo nos casos de guerra declarada; b) 
perpétua; c) trabalhos forçados; d) de banimento e por fim, e) cruéis. 
Esta vedação é clausula pétrea, tratando-se de direitos fundamentais de todos os 
cidadãos, que não podem ser restringidas e nem abolidas via emenda constitucional. 
1.5 Princípio da presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade: 
Segundo este princípio, nenhuma pessoa poderá ser considerada culpada ( e sofrer as 
consequências disto) antes do transito em julgado de sentença penal condenatória nos 
termos do artigo 5º,LVII da CF. É o maior pilar do Estado Democrático de Direito. 
OBS!!!!: O que é transito em julgado? Ocorre quando uma sentença não poderá 
ser mais modificada por recursos, é a sentença irrecorrível. 
 
 
 
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Desse princípio decorre a obrigação do MP do o ônus da prova. Ainda, decorre 
deste, o princípio in dubio pro reo ou favor rei, segundo o qual havendo dúvidas acerca da 
culpa ou não do acusado, deverá o juiz decidir em favor do réu. 
 
 
ATENÇÃO 
 
 
 
A existência de prisões provisórias (decretadas no 
curso do processo) NÃO ofende a presunção de inocência, 
porque nesse caso não se trata de uma prisão como 
cumprimento de pena, e sim de uma prisão cautelar, ou seja, 
para garantir que o processo seja devidamente instruído ou 
eventual sentença condenatória cumprida. 
 
OBS!! : Cuidado, o STF no julgamento do HC 126.292 decidiu que o cumprimento 
de pena pode se iniciar com a condenação em segunda instancia por um órgão 
colegiado (TJ, TRF, etc.),ou seja, o STF relativizou o princípio da presunção de inocência. 
2. OUTROS PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL 
2.1 Princípio da Alteridade: Tal princípio preconiza que para ser 
materialmente crime, em sua essência, ele deve causar lesão a bem jurídico de 
terceiro. Assim, Direito Penal não pune a autolesão. 
 
2.2 Princípio da Ofensividade: Além do fato ter que ser formalmente típico para ser 
considerado crime, é necessário que este ofenda (ou possa ofender, nos crimes de perigo) 
o bem jurídico pretensamente protegido pela norma penal. 
2.3 Princípio da Adequação social: Tal princípio prega que, ainda que uma conduta 
seja tipificada em lei, mas não afronte o sentido Social de Justiça não poderia ser 
considerado crime, em sentido material, por não possuir adequação social. A exemplo, o 
crime de adultério, que deixou de ser um fato criminoso, haja vista a evolução do 
pensamento da sociedade que hoje, considera este fato como particular. 
2.4 Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal: Direito Penal não deve ser usado 
a todo o momento, apenas quando os demais ramos do direito não puderem tutelar 
satisfatoriamente o bem jurídico que se busca proteger. 
2.5 Princípio da Intervenção Mínima: Decorrente do caráter fragmentário e 
subsidiário do Direito Penal é um limitador do poder punitivo estatal. Por força deste 
princípio, a criminalização de condutas só deve ocorrer quando se caracterizar 
 
 
 
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extremamente necessário a proteção de bens jurídicos cuja proteção, pelo Direito Penal 
seja absolutamente indispensável à sociedade. 
2.6 Princípio do ne bis in idem: Por conta deste princípio entende-se que uma pessoa 
não pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. 
2.7 Princípio da Proporcionalidade: As penas devem ser aplicadas de maneira 
proporcional à gravidade do fato. 
2.8 Princípio da Insignificância (ou bagatela): As condutas que ofendam, 
minimamente os bens jurídicos-penais não podem ser consideradas crimes, pois não são 
capazes de lesionar de maneira eficaz a paz social. Para a aplicação deste princípio é 
necessário seguir os vetores estabelecidos pelo STF: 
• Mínima ofensividade da conduta; 
• Ausência de periculosidade social; 
• Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
• Inexpressividade da lesão jurídica. 
Sendo aplicado este princípio, não há tipicidade MATERIAL, consistente no real 
potencial de que a conduta produza alguma lesão ao bem jurídico tutelado. Resta, 
somente, a tipicidade formal (subsunção entre a conduta e a previsão legal contida na lei), 
que é insuficiente para aplicar a norma penal. 
Os Tribunais superiores não aceitam a aplicação deste princípio no que se refere a 
crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa. E ainda, o STF entende que 
somente a reincidência específica (pratica reiterada de crimes da mesma espécie) é capaz 
de afastar a aplicação do princípio da insignificância. 
1.INFRAÇÃO PENAL 
A infração penal é uma conduta, em regra praticada por pessoa humana, que 
ofende bem jurídico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena, seja 
reclusão, detenção, prisão simples ou multa. É gênero, do qual são espécies, crime e 
contravenção penal. 
1.1 Conceito de Crime 
 Grande discussão doutrinária se fez acerca disso, tendo surgido inúmeras 
posições a respeito. Trataremos das principais. O crime pode ser entendido sob três 
aspectos: Material, legal e analítico. 
 Sob o aspecto material, crime é toda ação humana que lesa ou expõe a perigo 
bem jurídico de terceiro, que por sua relevância merece proteção penal. Esse aspecto 
 
 
 
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observa o crime na ótica do conteúdo, ou seja, verifica se a conduta é ou não apta a 
produzir lesão à bem jurídico. Por exemplo, se uma lei cria um tipo penal dizendo que é 
proibido chorar em público, tal lei não estará criando um crime em sentido material. Porque 
essa conduta não produz qualquer lesão ou exposição a bem jurídico de quem quer que 
seja. 
Sob o aspecto legal, ou formal, crime é toda infração que a lei comina pena de 
reclusão ou detenção, tal que esta descrita no artigo 1º da Lei De Introdução ao CP. Se a 
lei cominar pena de reclusão ou detenção, cumuladas ou alternativamente, estaremos 
diante de um crime. Por outro lado, se cominar prisão simples ou multa, alternada ou 
cumulativamente, estaremos diante de uma contravenção penal. 
O crime ainda pode ser conceituado sob o aspecto analítico, que o divide em 
partes, de forma tal a estruturar seu conceito. Primeiro, surgiu à teoria quadripartida do 
crime, que entendia que o crime era todo fato típico, ilícito, culpável e punível. Que hoje é 
praticamente inexistente. 
Depois, exsurgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que entendiam 
que o crime era fato típico, ilícito e culpável. E a terceira e ultima teoria é a bipartida, a 
qual o crime é fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade pressuposto de aplicação de pena. 
Muito embora essas duas últimas correntes possuam defensores e argumentos de peso, 
a teoria que predomina é a tripartida. 
1.2 Conceito de contravenção penal 
As contravenções penais são infrações que tutelam bens jurídicos menos 
relevantes para a sociedade, por isso, suas penas são mais brandas. Nos termos do artigo 
1º da Lei de introdução ao Código Penal: 
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena 
de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa 
ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a 
infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão 
simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamenteObserve-se que a lei estabelece que considera-se contravenção a infração penal 
que a lei comine pena de prisão simples ou multa. Mas ai que está, surge uma dúvida 
comum entre os alunos “Qual é a diferença prática em saber se a conduta é crime ou 
contravenção?” Muitas, vejamos: 
 
CRIMES CONTRAVENÇÕES 
 
 
 
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Admitem tentativa (art. 14, II). Não se admite prática de contravenção 
na modalidade tentada. Ou se pratica a 
contravenção consumada ou se trata de um 
indiferente penal 
Se cometido crime, tanto no Brasil 
quanto no estrangeiro, e vier o agente a 
cometer contravenção, haverá 
reincidência. 
A prática de contravenção no exterior 
não gera efeitos penais, inclusive para fins de 
reincidência. Só há efeitos penais em relação à 
contravenção praticada no Brasil! 
Tempo máximo de cumprimento de 
pena: 30 anos. 
Tempo máximo de cumprimento de pena: 
05 anos. 
Aplicam-se as hipóteses de 
extraterritorialidade (alguns crimes
 cometidos no 
estrangeiro, em determinadas 
circunstâncias, podem ser 
Não se aplicam as hipóteses de 
extraterritorialidade do art. 7° do Código 
Penal. 
 
2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
2.1 Aplicação da Lei penal no tempo 
 
 
Como toda e qualquer norma a Lei Penal entra no mundo jurídico em um 
determindao momento e vigor até sua revogação, regulando todos os fatos praticados 
nesse ínterim. No entanto, podem surgir situações excepcionais e complexas, onde uma 
lei pode considerar tal fato como crime, e amanha já não e vice-versa, acontecendo, 
portanto, a sucessão de leis no tempo. 
É claro, que quando uma lei revoga a outra, a lei revogadora deve abordar a 
matéria de forma diferente, ao menos um pouco, do que a norma anterior aboradava, caso 
contrário sera uma lei absoluatmente inútil. A esse fenômeno damos o nome de Princípio 
da Continuidade. 
A revogação, por sua vez, é o fenônemno que compreende a substituição de uma 
norma jurídica por outra. Pode ser total ou parcial. No primeiro caso, temos o que se chama 
de ab-rogação e no segundo caso, derrogação. 
 
 
 
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A revogação além de ser total ou parcial como vimos. Pode, ainda, ser expressa 
ou tácita. Diz-se que é expressa quando nova lei diz expressamente que revoga a lei 
anterior. Por sua vez, a revogação tácita ocorre quando a lei nova, embora não diga nada 
com relação a revogação da lei antiga, trata da mesma matéria, só que de forma diferente. 
 
CUIDADO! No período de vacatio legis (período entre a publicação da Lei e sua entrada 
em vigor, geralmente 45 dias) a lei ainda não vigora, ou seja, ela não produz efeitos! 
 
Em termos gráficos: 
Logo, percebemos que a lei penal, como qualquer outra lei, somente produz efeitos 
durante sua vigência. È o que se chama de Princípio da atividade da lei. Porém, em alguns 
casos a lei penal pode produzir efeitos e atingir fatos ocorridos antes de sua vigênica, ou 
após. È o que chamamos de conflito de leis penais no tempo. 
 
2.1.1 Conflito de leis penais no tempo 
Ocorrendo a revogação de uma lei penal por outra, algumas hipóteses podem 
surgur, e a consequencia de cada uma delas vai depender da norma revogadora. 
Analisemos: 
• Lei nova incriminadora: Aqui, a nova lei atribui caráter criminoso ao fato. 
Ou seja, até então, o fato não era crime, mas com a nova lei passa a ser. 
Nesse caso a solução é bastante simples: a lei nova produzirá efeitos a 
partir de sua entrada em vigor, como toda e qualquer lei, seguindo a 
regra de atividade da lei. 
• Lex gravior / novatio legis in pejus / lei nova mais gravosa: Aqui a lei 
posterio não inova no que se refere a natureza criminosa do fato,porque a 
lei anterior já considerava o fato como criminosa. No entanto a lei nova 
estabelece uma situação mais gravosa ao réu. Frise-se que a lei para 
ser considerada gravosa, basta que traga qualquer prejuizo para o réu. 
 
|----------|-------------------------------------------------------| 
Revogaç
ão 
Publicação Entrada em vigor 
 
 
 
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• Abolitio criminis: Ocorre quando uma lei penal incriminadora vem a ser 
revoagada por outra, que prevê que o fato em questão, deixa de ser 
considerado crime. Nesse caso, essa lei que deixa de considerar o fato 
como crime, produzirá efeitos retroativos, alcançando os fatos 
praticados antes mesmo de sua vigência. Em tais casos ocorre o que se 
chama de retroatividade da lei penal, que passa a produzir efeitos sobre 
fatos ocorridos antes de sua vigência. 
 
CUIDADO! Não confundam abolitio criminis com a continuidade típico-normativa. Em 
alguns casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, ela 
simultaneamente insere esse fato dentro do tipo penal. Nesse caso não há abolitio criminis, pois 
a conduta continua sendo crime, ainda que por outro tipo penal. 
 
• Lex mitior/ novatio legis in mellius: A lex mitior, ou Novatio legis in 
Mellius: Ocorre quando lei posterior revoga a anterior , trazendo uma 
situação mais benéfica para o réu. Nesse caso, em razão do artigo 5, XL da 
CRFB/88, a lei nova retroagirá para alcançar os fatos ocorridos 
anteriomente à sua vigência.Observe que , o Código Penal estabelece que 
a aplicação da lei nova se dará ainda que o fato (crime) já tenha sido julgado 
por sentença transitada em julgado. 
 
IMPORTANTE: Pode ocorrer situação em que, lei nova traga beneficios e 
prejuizos para o réu, ao mesmo momento. Neste caso, o STF adotou a Teoria da 
Ponderação Unitária, em que não é possivel combinar leis para se extrair pontos 
favoráveis de cada um delas, pois o juiz estaria criando uma terceira lei (lex tertia), 
o que seria uma violação ao Princípio da Separação dos Poderes. 
Outro ponto a ser tratado é referente a quem deve aplicar a leu mais 
benefica ou a nova lei penal abolitiva. O STF firmou entendimento que DEPENDE 
DO MOMENTO (súmula 601 STF): 
1) PARA PROCESSO AINDA EM CURSO: Compete ao juizo que está 
conduzindo o processo. 
2) PARA PROCESSO JÁ TRANSITADO EM JULGADO: Compete ao juizo 
da execução penal. 
• Leis Excepcionais e Temporárias: As leis excepcionais são aquelas 
produzidas para vigorardurante determinada situação, exemplo, estado de 
sítio, estado de guerra e etc. Já as leis temporárias, são aquelas editadas 
 
 
 
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para vigorar em determinado período certo, cuja revogação se dará 
automaticamente quando atingir o termo final de vigência. 
 O fato de essas leis terem caráter transitorio não influencia no que tange a 
revogação da lei. Assim, aquele que cometeu o crime durante a vigencia de uma destas 
leis responderá pelo fato, nos moldes em que prvisto na lei, mesmo após o fim do prazo 
da norma. Nos moldes do artigo 3º do Código Penal 
 
2.1.2 Tempo do Crime 
 Para podermos aplicar corretamente a lei penal, é imprescindível saber quando 
se considera praticado o delito. Para explicar temos três teorias, quais sejam: 
1)Teoria da atividade: O cirme se considera praticado quando da ação ou omissão 
,não importando quando ocorre o resultado. É a teoria adotada pelo Código Penal, 
em seu artigo 4º. 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
2) Teoria do resultado: Para esta teoria, considera-se praticado o crime quando 
da ocorrência do resultado, independentemente de quando fora praticada a ação 
ou omissão. 
3) Teoria da ubiquidade ou mista: Para esta teoria, considera-se praticado 
o crime tanto no momento da ação ou omissão quanto no momento do resultado. 
 OBS!! Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao final da permanência 
delitiva, ainda que mais gravosa que a lei do início. O mesmo ocorre nos crimes 
continuados, hipótese em que se aplica a lei vigente à época do ultimo ato (crime)praticado, tese ora consagrada no enunciado da súmula nº 711, vejamos : 
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a 
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
Isso não ofende o princípio da irretroatividade da lei mais gravosa? Não, pois neste 
caso NÃO HÁ RETROATIVIDADE. Neste caso, a lei mais grave está sendo aplicada um 
crime que ainda esta sendo praticado, e não a um crime que já foi praticado. 
2.2 Aplicação da Lei penal no espaço 
 Além das normas e minucias referentes a lei penal no tempo, merece grande 
destaque a lei penal no espaço. 
 
 
 
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 Toda lei é editada num tempo e em um espaço especifico. No que tange a lei 
penal via de regra, ela é aplicada o territorio do país que foi editada, pois este é o limite 
de sua soberania. 
 Vamos estudar, então, as regras referentes à aplicação da lei penal no espaço. 
2.2.1 Territorialidade 
 Trata-se da regra no que tange a aplicação da lei penal no espaço. Pelo 
princípio da terriorialidade, aplica-seà lei penal aos crimes cometidos em território 
nacional. Assim, não importa se o crime foi cometido por estrangeiro ou contra vítima 
estrangeira. Se o crime foi cometido no território nacional, se submete a lei brasileira. É o 
que prevê o artigo 5º do Código Penal. 
 Porém, como quase tudo no direito são exceções, a regra da territorialidade 
não foge a “regra”. Temos O PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE MITIGADA ou 
TEMPERADA. 
 Território pode ser considerado como o espaço em que o Estado exerce sua 
soberania. O território brasileiro compreende: o mar territorial; o espaço aéreo subjacente 
e o subsolo. 
 Ainda existem as extensões do território brasileiro, quais sejam: os navios e 
aeronaves públicos, onde quer que se encontrem; os navios e aeronaves particulares, que 
se encontrem em alto mar ou espaço aéreo. Assim, aos crimes praticados nestes locais 
aplica-se a lei brasileira, pelo princípio da territorialidade. 
 
ATENÇÃO! Como vimos, a lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos a 
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras, mercantes ou de propriedade privada, 
desde que se encontrem no espaço aéreo brasileiro ou em pouso no território nacional de 
ou no caso das embarcações, em porto ou no mar territorial brasileiro. Contudo a doutrina 
aponta uma exceção, trata-se do PRINCÍPIO DA PASSAGEM INOCENTE, este princípio 
decorre da Convenção de Montego Bay (1982), que foi assinada pelo Brasil, prevê que 
uma embarcação de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, possui o direito de 
atravessar o território de uma nação, desde que não ameace a paz, a segurança e a boa 
ordem do Estado. Neste ponto, se um crime fosse cometido em uma embarcação que tem 
passagem inocente, não será aplicável a lei brasileira, desde que o crime em questão não 
afete vem jurídico nacional. A doutrina também estende-o as aeronaves. 
 
CUIDADO! Só se aplica este princípio as aeronaves e embarcações que estejam de 
passagem, e não as que o destino sejam o território brasileiro. 
2.2.2 Extraterritorialidade 
 
 
 
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È a aplicação da lei penal brasileira a um fato criminoso que não ocorreu no 
território nacional, conforme previsto no artigo 7º do Código Penal. Se divide em: 
a) Incondicionada: É a combinação do inciso I com o paragrafo 1º do CP. “ I- nos 
crimes contra a vida ou liberdade do Presidente da República; contra o patrimônio 
ou fé pública da União, Do Distrito Federal, de Estado, De Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo poder 
Público; contra a Administração pública, por quem esta ao seu serviço; de 
genocídio quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil”. Nos casos do 
inciso I, o agente é punido conforme a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. OBS: na Lei de Tortura (lei nº 9.455/97), ocorre a 
hipótese da extraterritorialidade incondicionada nos casos de vítimas brasileiras ou 
se o agente, após cometer o crime de tortura, estiver em território brasileiro. 
b) Condicionada: É a combinação do inciso II com o paragrafo 2º do CP. “II- nos 
crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; praticados 
por brasileiros; praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes 
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados”. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira dependerá das 
seguintes condições: entrar o agente no território nacional; ser o fato punível 
também no país em que o delito foi praticado; estar o crime incluído entre aqueles 
pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido o agente absolvido 
no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; não ter sido o agente perdoado no 
estrangeiro ou, por outro motivo não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável. 
c) Crime praticado por estrangeiro contra brasileiro: É uma combinação do 
paragrafo 2º com o 3º do CP, “ a lei brasileira aplica-se também ao crime cometido 
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condições previstas 
no parágrafo anterior, combinada com mais dois requisitos: não for pedida ou for 
negada a extradição, e houver requisição do Ministro da Justiça.” 
Obs!!! NÃO HÁ EXTRATERRITORIALIDADE PARA CONTRAVENÇÕES PENAIS 
PRATICADAS NO EXTERIOR. 
OBS!! De acordo com o artigo 8º do CP, a pena cumprida no exterior, atenua a 
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime quando diversas, ou nela é computada, 
quando idênticas. 
OBS!! O artigo 9º do CP diz respeito a eficácia da sentença estrangeira no Brasil. 
Para que possa produzir efeitos a sentença estrangeira deverá ser homologada 
 
 
 
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pelo STJ, em se tratando de efeitos civis , devera ser requerido a homologação 
pelas partes interessadas. Para os efeitos penais, não é necessário a 
homologação, bastando à prova legal da existência da sentença estrangeira. 
2.2.3 Lugar do Crime 
Para entendermos o lugar do crime, é necessário que passemos por algumas 
teorias: 
1) Teoria da atividade: considera que o local do crime é aquele em que a conduta 
é praticada. 
2) Teoria do resultado: para esta teoria não importa onde é praticada a conduta, 
pois o local do crime aqui ,é onde ocorre a consumação. 
3) Teoria mista ou da ubiquidade: Esta teoria prevê que tanto o lugar onde a 
conduta é praticada, quando o lugar do resultado, podem ser considerados 
como lugar do crime. Esta é a teoria adotada pelo código penal, em seu artigo 
6º, entretanto essa regra só se aplica quando estivermos diante de uma 
pluralidade de países, ou seja, quando for necessário estabelecer o local do 
crime para fins de definição de qual lei (de quais pais) aplicar. 
Para finalizar deixo um macete para que vocês gravem as teorias adotadas para o 
tempo do crime e para o lugar do crime. 
Lugar=Ubiquidade 
Tempo=Atividade 
 Pois bem, muita LUTA, amigos !! 
 
2.2.4 Das imunidades diplomáticas 
Estas imunidades se baseiam no princípio da reciprocidade, ou seja, o Brasil 
concede imunidade a estas pessoas, enquanto os países que representam conferem 
imunidades aos nossos representantes. Aqui não há violação do princípio da isonomia, 
pois a imunidade não é conferida em razão da pessoa imunizada, mas em razão do cargo 
que ocupa, ela é de caráter funcional. 
Estas imunidades estão previstas na Convenção de Viena, incorporada ao nosso 
ordenamento jurídico através do Decreto 56.435/65, que prevê imunidade total aos 
diplomatas que estão sujeitos à jurisdição de seu país apenas. Essa imunidade se estende 
aos funcionários dos órgãos internacionais (quando em serviço) e aos seus familiares, 
 
 
 
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bem como aoschefes de Governo e Ministros das Relações Exteriores de outros países. 
E ela é IRRENUNCIÁVEL, exatamente por não pertencer a pessoa, e sim ao cargo que 
exerce. 
Obs!! Com relação aos cônsules a imunidade só é conferida aos atos praticados 
em razão do ofício, não a qualquer crime. 
 
2.2.4.1 Imunidades parlamentares 
Trata-se de prerrogativas dos parlamentares , com vistas a preservar a o poder 
legislativo das ingerências externas. São duas as hipóteses de imunidades parlamentares: 
a) material (real ou inviolabilidade); b) formal (processual ou adjetiva). 
A primeira imunidade trata de prerrogativa prevista no artigo 53 da CRFB/88: 
 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e 
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
Deste modo o parlamentar não comete crime quando pratica estas condutas em 
razão do cargo. Não é necessário que o parlamentar tenha proferido palavras dentro do 
recinto, bastando que o exerça em razão da função. 
Tem-se ainda a imunidade material dos vereadores, prevista no artigo 29,VIII da 
CRFB/88, e nela , a imunidade se estende ao ato praticado na circunscrição do município, 
caso o contrário não haverá a incidência da proteção constitucional. 
Informativo 775 do STF: “Nos limites da 
circunscrição do Município e havendo pertinência com o exercício do mandato, 
garante-se a imunidade prevista no art. 29, VIII, da CF aos vereadores (...) O 
Colegiado reputou que, embora as manifestações fossem ofensivas, teriam sido 
proferidas durante a sessão da Câmara dos Vereadores — portanto na circunscrição do 
Município — e teriam como motivação questão de cunho político, tendo em conta a 
existência de representação contra o prefeito formulada junto ao Ministério Público — 
portanto no exercício do mandato.” (RE 600063/SP, rel. orig. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 25.2.2015. (RE-600063). 
Já a segunda prerrogativa prevista, é a imunidade formal, ela não está relacionada 
à caracterização ou não de uma conduta como crime. Esta relacionada a questões 
processuais como a possibilidade de prisão e seguimento de processo penal. 
 
 
 
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 Esta prevista no artigo 53,§§ 1 a 5º da Constituição da República. A primeira 
hipótese é a da imunidade formal para a prisão, que diz que , desde a expedição do 
diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante 
de crime inafiançáVel. 
 
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso 
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime 
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 
vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da 
maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
É importante ressaltar que o STF decidiu que os parlamentares podem ser presos 
, além desta hipótese (prisão em flagrante pela pratica de crime inafiançável), no caso se 
sentenças penais condenatórias transitadas em julgado 
Obs!! A imunidade se inicia com a diplomação do parlamentar e se encerra com o 
fim do mandato. 
No que tange a imunidade formal para o processo, está prevista no artigo 53,§3º 
da CRFB e diz: 
 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por 
crime 
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará 
ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político 
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, 
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. 
 
Deste modo, se um parlamentar cometer um crime após a sua diplomação e for 
denunciado por isso, e o STF receber esta denuncia, deverá dar ciência a Casa a qual 
pertence o parlamentar e esta, poderá por iniciativa do partido político que lá tenha 
representante, sustar o andamento da ação até o término 
CUIDADO: No caso de crime cometido antes da diplomação, não há essa regra. O 
STF tem que comunicar a Casa e não há possibilidade de sustação do andamento do 
processo! 
OBS: Prazo penal (ler art. 10, CP): “O dia do começo inclui-se no cômputo do 
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. No prazo 
penal, inclui-se o dia do começo, excluindo-se o dia do final. O prazo penal não se 
 
 
 
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prorroga, iniciando ou se vencendo mesmo que em dia não útil, ou seja, aquele dia 
sem expediente forense. 
2 TEORIA DO CRIME 
2.1 Infração Penal 
O Brasil adotou o critério dicotômico, onde infração penal é gênero de quais são 
espécies crime ou delito e contravenção. 
Não existe diferença ontológica de crime e contravenção. O artigo 1º da Lei de 
Introdução ao Código Penal faz distinção de acordo com a pena aplicada. “Considera-se 
crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer 
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a 
infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou 
ambas, alternativa ou cumulativamente”. 
Dentro da teoria geral do direito, o crime é um fato jurídico, que se encontra dentro 
do ato jurídico em sentido amplo, pois é um ato ilícito praticado pelo homem. 
2.1.1 Conceito de Crime 
a) conceito material de crime : É aquele que procura definir o crime pelo seu 
conteúdo, pela sua essência. Procura traçar um conceito ontológico de crime. É 
importantíssimo para os regimes democráticos, pois nesse sistema não se admite 
crime sem conteúdo de crime. Crime é toda conduta capaz de colocar em risco os 
interesses fundamentais da sociedade. É toda lesão ou ameaça de lesão ao bem 
jurídico tutelado. Ex: usar uma gravata colorida não coloca em risco os interesses 
fundamentais da sociedade. Se a lei formal não tiver conteúdo material, deverá ser 
declarada inconstitucional. Para André Estefam, crime é toda conduta que lesa ou 
expõe a perigo bens constitucionalmente assegurados, expondo-os a riscos 
juridicamente proibidos. 
ATENÇÃO!!! O conteúdo material de crime está relacionado com os princípios 
derivados da legalidade, já estudados, quais sejam, bagatela, alteridade, ofensividade, 
adequação social e intervenção mínima. Não presentes estes requisitos/princípios, o fato 
será materialmente atípico. 
b) conceito formal de crime: crime é aquele que está definido em lei como tal. O 
ideal é conjugar o conceito formal com o material. Tem que estar na lei, só que 
possuindo conteúdo material de crime. 
 
 
 
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c) conceito analítico de crime: Busca definir a estrutura do crime, para o crime poder 
ser estudado dogmaticamente. Existem duas correntes: 
1º) corrente tripartida: Crime é todo fato típico, antijurídico e culpável. (ADOTADA 
PELO CP). 
2º) corrente bipartida : crime é todo fato típico e antijurídico. 
OBS: ilícito é sinônimo de antijurídico. 
Saber se a culpabilidade é requisito do crime ou se não é requisito, mas 
pressuposto de aplicação da pena não traz mudanças substanciais. A importância reside 
em definir o conteúdo do fato típico, da antijuridicidade, da culpabilidade. Se não houver 
culpabilidade o réu será absolvido, não importando se a culpabilidade for considerada 
requisito do crime ou pressuposto de aplicação da pena. 
No ordenamento jurídico brasileiro a culpabilidade é pressuposto da pena 
(entendimento do Professor André Estefam, Fernando Capez, Damásio de Jesus, Cleber 
Masson). Quando o ordenamento jurídico trata do fato típico e da antijuridicidade refere-
se à inexistência de crime, mas quando examina os preceitos ligados à culpabilidade 
(artigos 21, 22, 26/28) o Código afirma que o réu estará isento de pena. Postura do Código 
Penal indica que a culpabilidade é pressuposto da pena. 
2.1.2 Elementar e circunstância 
Elementar é todo dado tipificante, essencial ao delito que, se ausente, o exclui Já 
a circunstância é dado acessório que, se ausente, só influina quantidade de pena. 
2.1.3 Sujeito ativo e passivo 
O sujeito ativo do crime pode ser a pessoa física ou jurídica (nos crimes ambientais, 
contra a economia popular e contra a ordem econômica ou financeira). Por hora, a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica se resume aos crimes ambientais (lei nº 
9.605/98), desde que o crime seja praticado por decisão de seu represente legal e no 
benefício da própria pessoa jurídica. O Sujeito Passivo, por seu turno, pode ser constante 
ou formal, que é o Estado, e eventual ou material, que é a vítima. 
OBS ! Não confundir o sujeito passivo com o sujeito prejudicado, que é aquele que 
o crime também traz prejuízos, como por exemplo, a família da pessoa que foi vítima do 
homicídio. 
 
 
 
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2.1.4 Objeto do crime 
Se divide em objeto jurídico (é o bem ou interesse jurídico tutelado pela norma 
penal- ex: a vida, no crime de homicídio) e objeto material (é a pessoa ou o objeto atingido- 
ex: o homem vivo, no crime de homicídio). 
2.1.5 Classificação doutrinária dos crimes 
A) Quanto ao diploma normativo: 
 
• Comum- São os crimes descritos no Código Penal; 
• Especial- São os crimes descritos na Legislação Especial. Ex: 
tráfico de drogas (art. 33, lei nº 11.343/06); 
B) Quanto à qualidade especial do sujeito ativo: 
• Comum- São aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. 
Ex: homicídio; 
• Próprio- São aqueles que exigem uma qualidade especial do sujeito 
ativo. Ex: infanticídio; 
• De mão própria- São aqueles que não existe coautor, podendo, 
contudo, haver partícipe, eis que deve ser cometido pessoalmente 
pelo autor designado pelo tipo penal. Ex: falso testemunho; 
C) Quanto ao resultado jurídico ou normativo: 
• De dano- Sua consumação depende da efetiva lesão ao bem jurídico. 
Ex: homicídio; 
• De perigo- Sua consumação se dá com a simples possibilidade de 
dano. Ex: perigo de contágio venéreo. Podem ser de perigo abstrato 
ou de perigo concreto, conforme será estudado; 
D) Quanto ao resultado naturalístico ou material: 
• Material- São aqueles em que a ocorrência do resultado naturalístico 
é imprescindível para a consumação. Ex: homicídio; 
• Formal ou de consumação antecipada- São aqueles em que a lei 
penal prevê a possibilidade de resultado naturalístico, mas ele se 
consuma independentemente da ocorrência o resultado. Ex: extorsão 
mediante sequestro; 
• De mera conduta ou de simples atividade- são aqueles em que não 
existe resultado naturalístico. Ex: omissão de socorro; 
 
 
 
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E) Quanto à conduta: 
• Omissivo- Praticados mediante omissão. Podem ser próprios 
ou impróprios, conforme será estudado; 
• Comissivos- Praticados mediante uma ação. 
F) Quanto à possibilidade de fracionamento da conduta típica: 
 
• Unissubsistente- São aqueles que se perfazem em um único ato, não 
admitindo assim a tentativa. Ex: ato obsceno; 
• Plurissubsistentes- São aqueles que se perfazem com vários atos, 
admitindo assim tentativa. Ex: furto; 
G) Quanto à pluralidade de sujeitos como requisito do fato típico: 
• Unissubjetivo, monossubjetivo ou de concurso eventual- São 
aqueles que podem ser cometidos por um único agente. Ex: roubo; 
• Plurissubjetivo ou de concurso necessário- São aqueles que se 
exige mais de um autor. Ex: rixa; 
H) Quanto ao elemento subjetivo ou normativo: 
• Culposo- O agente age por negligência, imprudência ou imperícia; 
• Doloso- O agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo; 
• Preterdoloso- Dolo na conduta antecedente e culpa na consequente; 
H) Quanto à objetividade jurídica: 
• Mono-ofensivo ou simples- A conduta lesa apenas um objeto jurídico. 
Ex: homicídio; 
• Pluriofensivo ou complexo- a conduta lesa mais de um objeto 
jurídico. Ex: latrocínio. 
I) Quanto ao momento consumativo: 
• Instantâneos: São os que se consumam em um determinado 
momento, sem continuidade no tempo. Ex: homicídio; 
• Permanentes: Crime permanente é aquele em que a execução se 
protrai no tempo por determinação do sujeito ativo. Ou seja, é a 
modalidade de crime em que a ofensa ao bem jurídico se dá de 
maneira constante e cessa de acordo com a vontade do agente. Ex: 
extorsão mediante sequestro; 
• À prazo: São aqueles que a consumação dependem de um 
determinado lapso de tempo. Ex: artigo 129, § 1º, do CP; 
 
 
 
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• Instantâneo de efeito permanente: São aqueles que embora se 
consumem em um determinado momento, o efeito permanece 
independentemente da vontade do agente. Ex: homicídio; 
J) Quanto à natureza do comportamento nuclear: 
 
• De forma livre- Admitem inúmeros meios de execução. Ex: homicídio; 
• De forma vinculada: Só podem ser executados através dos meios 
especificados no tipo legal. Ex: curandeirismo (art. 130, do CP). 
K) Quanto à autonomia: 
• Principal: São os que têm existência autônoma. Ex: furto; 
• Acessório: são os que pressupõe a existência de outro delito. Ex: 
receptação. 
L) Quanto ao sujeito passivo: 
• Vago: É aquele que o sujeito passivo não possui personalidade jurídica. 
Ex: tráfico de drogas; 
• Não vago: É aquele que o sujeito passivo possui personalidade jurídica. 
M) Quanto ao lugar do crime: 
• A Distância: A conduta e o resultado se desenvolvem em países 
distintos; 
• Plurilocal: A conduta e o resultado se desenvolvem em cidades 
distintas, mais dentro de um mesmo país; 
• Em trânsito: Quando uma parcela da conduta se realiza em um país, 
sem lesar ou por em risco bem jurídico de seus cidadãos; 
N) Quanto a existência de vestígios: 
• Transeuntes: São os que não deixam vestígios materiais. Ex: 
calúnia. 
• Não transeuntes: São os que deixam vestígios materiais. Ex: 
homicídio. 
O) Quanto ao iter criminis: 
• Consumado: Quando nele se reúnem todos os elementos de sua 
definição legal. 
• Tentado: Quando iniciada a execução, o crime não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. Crime tentado (artigo 14, 
inciso II) São espéceis de tentativa: 
 
 
 
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a) Imperfeita ou propriamente dita: o agente não consegue realizar 
todos os atos de execução, por circunstâncias alheias à sua vontade; 
b) Perfeita ou crime falho: o agente realiza todos os atos de 
execução, mas o crime não se consuma por circunstâncias alheias à 
sua vontade; 
c) Branca:o objeto material sequer é atingido pela conduta do agente 
d) Cruenta: o objeto material é atingido pela conduta do agente; 
e) Abandonada ou qualificada: são os casos de desistência 
voluntária e arrependimento eficaz, que serão estudados em seguida; 
f) Quase crime: é o crime impossível.. 
• Exaurido: Quando depois da consumação, o bem jurídico sofre novo 
ataque ou ultimam-se as suas consequências. 
• Atentado ou de empreendimento: São aqueles que a forma tentada 
e consumada são equiparadas para fins de aplicação da pena. 
P) Quanto à pluralidade de verbos nucleares: 
• Ação simples: Possui somente um verbo nuclear. 
• Ação múltipla ou de conteúdo variado: Possui dois ou mais verbos 
nucleares. 
Q) Quanto à condição de funcionário público do sujeito ativo: 
• funcional próprio: São aqueles que só existem quando o sujeito ativo 
for funcionário público. 
• funcional impróprio: São aqueles que existem mesmo quando o 
sujeito ativo não for funcionário público, ou seja, caso seja, é crime 
funcional; não sendo, ainda haverá crime. 
R) Outras Classificações: 
• Putativo: É aquele que o agente supõe, por erro, que está praticando 
uma conduta típica, quando na verdade o fato não constitui crime; 
• De ímpeto: É aquele que à vontade é repentina, sem qualquer 
deliberação. 
• Multitudinários: É aquele praticado por multidão em tumulto. Ex: briga 
de torcidas. 
• Opinião: São os decorrentes de abuso de liberdade de pensamento. 
• Hediondos: São aqueles descritos no artigo1º e 2º, caput, da lei nº 
8.072/90. 
 
 
 
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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES, ANTES DE PASSARMOS A ANALISE DO 
CONCEITO DE CRIME: 
 
ATENÇÃO! A tentativa é causa obrigatória de diminuição de pena, aplicando a 
pena do delito consumado reduzida de 1/3 a 2/3, dependendo do iter criminis percorrido 
(artigo 14, parágrafo único). Porém, existem alguns crimes que mesmo a tentativa será 
punida com a pena do delito consumado, como por exemplo o artigo 352 do CP. 
 
ATENÇÃO ! Crimes que não admitem a tentativa: 
a) Crimes culposos, exceto no caso de culpa imprópria; 
b) Crimes preterdolosos; 
c) Crimes omissivos próprios; 
d) Crimes habituais; 
 e) Crimes unissubsistentes; 
f) Contravenções penais. 
 
ATENÇÃO! Desistência voluntária e arrependimento eficaz (artigo 15, CP): 
 Na desistência voluntária o agente, antes de terminar os atos de execução, 
desiste de forma voluntária em não prosseguir com a prática do delito, respondendo assim 
apenas pelos atos até então praticados. Ex: após dar a primeira facada, e podendo dar a 
segunda, o agente desiste de prosseguir com a ação, respondendo apenas pela lesão 
corporal. Já no arrependimento eficaz o agente, após esgotar os atos executórios, não 
permite que o delito se consume, respondendo assim apenas pelos atos até então 
praticados. Se o delito se consumar, não terá o benefício. Ex: o agente, após dar todas as 
facadas necessárias, se arrepende a socorre a vítima, que não vem a óbito. Responderá 
apenas por lesão corporal. Veja que em ambos os casos, se exige a voluntariedade, e não 
a espontaneidade. 
 
ATENÇÃO! Arrependimento posterior (artigo 16, CP): 
 Nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, restituindo a agente a 
coisa ou reparando o dano, até o recebimento da denúncia ou queixa, por ato voluntário, 
a pena deve ser diminuída de 1/3 a 2/3. 
 
2.2 ANÁLISE DOS ELEMENTOS DO CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME 
2.2.1 FATO TÍPICO: É o primeiro elemento do crime no conceito analítico. Em 
regra, mais precisamente nos crimes materiais, é formado pelos seguintes elementos: 
 
 
 
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conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. Já nos crimes formais e de mera conduta, o 
fato típico é formado apenas por conduta e tipicidade. Estudaremos a partir de agora todos 
os seus elementos: 
A) CONDUTA: É toda ação ou omissão humana, voluntária e consciente, dolosa 
ou culposa, dirigida à uma finalidade. 
Para melhor compreensão do tema, vamos dividir o conceito em três partes: 
A.1) AÇÃO OU OMISSÃO HUMANA- a conduta pode ser positiva (fazer) ou 
negativa (não fazer). A conduta positiva é ação; a conduta negativa é a omissão. 
Todo crime nada mais é do que a salvaguarda de uma norma,é a proteção de um 
bem jurídico. Exemplo: furto. Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. Toda 
norma penal contém um comando a ser observado. No furto, é proibido furtar. A norma é 
proibitiva. 
Por outro lado, no crime omissivo a norma é mandamental, quer que se faça uma 
conduta. Exemplo: no crime de omissão de socorro, a norma é mandamental ou 
imperativa. O comando é: preste socorro. 
A omissão, por si só, não gera punição alguma, a não ser nos casos em que a lei 
determina um dever jurídico de agir, resultando daqui os crimes omissivos, que se dividem 
em próprios e impróprios. 
Nos omissivos próprios, o tipo penal descreve uma conduta omissiva, devendo o 
agente agir para não praticar o delito. O tipo penal não descreve qualquer resultado 
naturalístico (são crimes de mera conduta). Ex: art. 135, CP (omissão de socorro). POR 
ESSA RAZÃO, NÃO ADMITEM TENTATIVA. 
Já nos impróprios ou comissivos por omissão, o agente se omite e ocorre um 
resultado naturalístico (mudança no mundo exterior), sendo que a lei obrigava o agente a 
agir e evitar a produção do resultado (tinha o dever jurídico de agir e de evitar o resultado, 
se possível de ser evitado). Como não evitou, responde pelo resultado praticado. Ex: mãe 
descobre que o marido estupra a filha de 06 anos. Se não denunciar o marido e os estupros 
continuarem, responderá por estupro, na forma omissa imprópria. Para que haja a 
responsabilização, deve haver o binômio “devia e podia agir”. Essas hipóteses estão 
previstas no artigo 13, parágrafo 2º, do CP: “A omissão é penalmente relevante quando o 
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: tenha 
por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assumiu a 
 
 
 
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responsabilidade de impedir o resultado; com seu comportamento anterior, criou o risco 
da ocorrência do resultado”. 
 OBS!! O CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO ADMITE A POSSIBILIDADE DE 
TENTATIVA!!! 
A.2) VOLUNTÁRIA E CONSCIENTE: A conduta deve ser voluntária, já que a 
involuntariedade gera a atipicidade da conduta, que exclui a ação da pessoa. Exemplo de 
condutas involuntárias doutrinariamente: coação física irresistível, atos reflexos e hipnose. 
Cuidado que tanto nos crimes dolosos como nos crimes culposos a conduta tem 
que ser voluntária, porque caso não seja não há que se falar em fato típico. A conduta 
também tem que ser consciente. Ex: empregada que empresta sal, quando do patrão e 
sem ela saber, o sal na verdade tinha veneno e acaba matando o vizinho, não pode assim 
a empregada ser punida, punindo-se apenas o patrão (autoria mediata). A doutrina aponta 
também as doenças do sono como excludente da consciência. 
A.3) DOLO, CULPA E PRETERDOLO: O artigo 18, inciso I, do CP, traz os 
conceitos de dolo direto (teoria da vontade: o agente prevê e quer o resultado) e indireto, 
que pode ser alternativo e eventual, na modalidade eventual (teoria do assentimento: o 
agente prevê e assume o risco de produzir o resultado, é indiferente para o resultado). 
 A culpa (negligência, imprudência e imperícia) está prevista no artigo 18, inciso II 
do CP. Fora os requisitos normais de qualquer delito (conduta, resultado, nexo causal e 
tipicidade), deve haver a inobservância do dever de cuidado objetivo e a 
previsibilidade do resultado objetivo (são aqueles exigidos de qualquer pessoa 
mediana), para que exista a culpa, a figura do crime culposo. 
Só existirá crime culposo quando houver expressa disposição legal (artigo 
18, parágrafo único). São espécies de culpa: inconsciente (o agente não prevê o 
resultado, que é previsível, agindo por negligência, imprudência ou imperícia); consciente 
ou com previsão (o agente prevê o resultado, mais acredita que conseguirá evitá-lo, que 
o resultado não ocorrerá, não obtendo êxito em seu intento); imprópria ou por equiparação 
(o agente age de forma dolosa, acreditando estar acobertado por alguma excludente que, 
se existisse, tornaria legítima a sua conduta. É a única espécie de culpa que admite 
tentativa). 
 No direito Penal não há compensação de culpas (culpa concorrente), só se 
livrando o agente da pena nos casos de culpa exclusiva da vítima. No crime preterdoloso, 
existe dolo na conduta antecedente e culpa na consequente. São crimes que se qualificam 
 
 
 
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pelo resultado culposo. O agente quer produzir um resultado, mas em virtude de sua 
conduta dolosa, acaba produzindo um resultado mais grave, a título de culpa. O 
crime preterdoloso é uma espécie de crime agravado pelo resultado, no qual o agente 
pratica uma conduta anterior dolosa, e desta decorre um resultado posterior culposo. Há 
dolo no fato antecedente e culpa no consequente. Ex: lesão seguida de morte. Nos 
crimes preterdolosos, como regra, não há que se falar em possibilidade de tentativa. 
ATENÇÃO O crime preterdoloso é uma das espécies de crime qualificado pelo 
resultado, de crime de duplo resultado. O crime qualificado pelo resultado pode ter dolo 
no antecedente e dolo no consequente, e dolo no antecedentee culpa no consequente, 
sendo que apenas este último é crime preterdoloso. 
OBSERVAÇÕES DOUTRINÁRIAS: 
1ª DOLO: Conforme mencionado no estudo do fato típico, mais precisamente no 
estudo de seu primeiro elemento, qual seja, da conduta, o CP, em seu artigo 18, diz que 
o crime é doloso quando o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. 
Para a doutrina, “dolo é a vontade de concretizar os elementos objetivos do 
tipo penal”. Isso porque o dolo deve abranger as qualificadoras, as causas de aumento 
de pena, as agravantes e atenuantes genéricas. 
CUIDADO: O dolo direto do agente abrange: 
I) o resultado pretendido (dolo de 1º grau); 
II) os meios escolhidos (dolo de 1º grau); 
III) as consequências secundárias inerentes aos meios escolhidos (dolo de 2º 
grau). 
Dolo eventual é aquela consequência secundária que não é inerente aos meios 
escolhidos. 
Tenham atenção para não confundir o dolo direto de segundo grau com o dolo 
eventual. No dolo direto de segundo grau, o réu tem certeza que os resultados 
necessariamente ocorrerão. Ex: para matar o piloto do avião, o réu coloca uma bomba. 
Ele tem certeza que todos os passageiros morrerão. Dolo direto de primeiro grau em 
relação ao piloto, e direto de segundo grau para os passageiros. No dolo eventual, o réu 
não tem certeza se irá ou não produzir o resultado, sendo, porém, irrelevante, 
indiferente para eles. 
 
 
 
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2ª CULPA: No artigo 18, inciso II, o CP diz que o crime é culposo quando o agente 
deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Porém, são elementos do crime culposo: 
I- conduta inicial voluntária; 
II- violação do dever de cuidado objetivo através da negligência, imprudência 
ou imperícia: é o dever de cuidado exigido de uma pessoa mediana de discernimento. 
Portanto, para haver crime culposo, é necessário a quebra do dever de cuidado exigido 
de uma pessoa mediana. Se houver essa quebra, haverá Imprudência (é a culpa que se 
manifesta de forma atípica, por meio de um comportamento descuidado, afoito, etc. Ex: o 
motorista que ultrapassa sinal vermelho); Negligência (é a culpa que se manifesta de 
forma omissiva, por meio da falta de uma cautela exigida pela experiência. Ex: andar com 
pneu careca; mãe que põe veneno em garrafa de refrigerante, sendo que o filho morre por 
achar que ali havia refrigerante, etc); Imperícia (é a culpa manifestada no desempenho 
de arte ou profissão. Ex: é o médico que amputa perna errada, médico que deixa bisturi 
dentro do paciente, etc). 
III) Resultado involuntário: lembrando que se o resultado não ocorrer, não há 
crime culposo. Por isso que o crime culposo em regra não há tentativa, salvo na culpa 
imprópria ou por equiparação; 
IV) Nexo causal entre a conduta e o resultado causado: o crime culposo é 
material, porque exige a ocorrência do resultado naturalístico. Excepcionalmente pode 
ocorrer um crime culposo de mera conduta (ex: artigo 270, § 2º, que é o envenenamento 
de água potável); 
V) Previsibilidade objetiva do resultado: é a possibilidade de prever o resultado 
levando em conta o que seria previsível para uma pessoa mediana, de prudência e de 
discernimento. É a possibilidade de prevê aquilo que normalmente acontece. É a 
imprevisão do previsível; 
VI) Ausência de previsão: salvo na culpa consciente, no crime culposo o réu 
não prevê o previsível; 
VI) Tipicidade: Quando resultado é objetivamente imprevisível, o fato é atípico (não 
é crime) . Se o fato fosse previsível e havendo tipicidade do resultado, estaria presente os 
elementos do fato típico, passando o juiz analisar a ilicitude e a culpabilidade. 
 
 
 
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CUIDADO Culpa consciente é diferente de dolo eventual. Nos dois casos o 
agente não quer, não tem intenção, mas o agente prevê o resultado. A diferença é 
que na culpa consciente ele tenta evitar o resultado. Já no dolo eventual ele não 
tenta, ele assume o risco de produzir, não se importando como resultado (é 
indiferente para ele). 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPA: 
I- Culpa exclusiva da vítima: Ocorre quando não há culpa por parte do réu; 
II- Caso fortuito e força maior; 
III- Erro profissional: É o caso da falha da ciência, onde por exemplo o médico 
toma todas as cautelas necessárias, mais a reação tida pela vítima ainda é desconhecida 
pela própria ciência médica; 
IV- Princípio da confiança: O usuário da via pública que cumpre todas as 
normas de circulação de veículo tem que acreditar que todos também irão respeitar as 
normas. Por isso, pode passar sem parar no sinal verde, mesmo que veja outra pessoa 
furando o sinal vermelho, pois tem o direito de acreditar que a outra pessoa irá parar, é o 
exemplo clássico para que se possa entender o Princípio da Confiança. 
B) RESULTADO: Seu conceito varia de acordo com a teoria, trazemos: 
B.1) RESULTADO NATURALÍSTICO OU MATERIAL: É a modificação no mundo 
exterior provocada pela conduta do agente. É o resultado aferível, perceptível 
sensorialmente. Exemplo: homicídio, crime que deixa um cadáver. Lembrem que a 
conduta produz uma série de efeitos, de modificações no mundo exterior, mas nem todos 
esses efeitos são classificados como resultado naturalístico, que são apenas aqueles 
resultados mencionados pelo tipo penal. Daqui surgem os crimes materiais, formais e 
de mera conduta. 
• Crimes materiais ou de resultado: O tipo descreve a conduta e o 
resultado naturalístico, exigindo ambos para a condenação. 
Exemplo: roubo, homicídio. 
• Crimes formais ou de consumação antecipada: São tipos 
incongruentes, conforme será estudado. O tipo descreve a conduta 
e o resultado naturalístico, mas se contenta com a conduta dirigida 
ao resultado para fins de consumação. Não exige que o resultado 
naturalístico ocorra. A produção do resultado conduz ao 
 
 
 
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exaurimento do crime que pode influir na pena. Exemplo: crime de 
extorsão mediante sequestro (Súmula 96 do STJ: O crime de 
extorsão consuma-se independentemente da obtenção da 
vantagem indevida). 
• Crimes de mera conduta ou de simples atividade: O tipo se limita 
a descrever a conduta, sem fazer qualquer menção ou alusão ao 
resultado naturalístico. Exemplo: uso de documento falso; omissão 
de socorro, porte de arma de fogo. 
B.2) RESULTADO JURÍDICO OU NORMATIVO : É a modificação gerada no 
mundo jurídico, seja na forma de dano efetivo ou na de dano potencial, ferindo interesse 
protegido pela norma penal. Sob esse ponto de vista, toda conduta que fere um interesse 
juridicamente protegido causa um resultado. Ex.: a invasão de um domicílio, embora possa 
nada causar sob o ponto de vista naturalístico, certamente provoca um resultado jurídico, 
que é ferir o direito à inviolabilidade de domicílio do dono da casa. O critério jurídico foi o 
adotado pelo legislador, bastando analisar o disposto na Exposição de Motivos do Código 
Penal de 1940, que a Reforma Penal de 1984 manteve, mencionando que “não há crime 
sem resultado”. Daqui surgem os crimes de dano e de perigo, vejamos: 
• Crimes de dano ou de lesão: É aquele que depende de lesão ao bem para fins 
de consumação. Ex: homicídio, lesão corporal, etc; 
• Crimes de ameaça ou de perigo: É aquele cujo a consumação se dá quando o 
bem sofre um risco, um perigo. Se subdividem em crimes de perigo concreto (real) 
ou abstrato (presumido). No concreto, o perigo deve ser provado. Ex: abandono 
de incapaz, onde é preciso demonstrar que não houve apenas o abandono, mas 
que desse abandono resultou perigo ao incapaz. Aqui haverá resultado 
naturalístico, que é exatamente o perigo concreto. No perigo abstrato, a lei 
presume aquele comportamento como perigoso. Geralmente são crimes de mera 
conduta, pois não possuem resultado naturalístico. Ex: porte de arma, onde o 
perigo de se andar armado para a sociedade comoum todo é presumido. 
ATENÇÃO Portanto, há crime sem resultado naturalístico (formais, embora neste 
possa existir o resultado naturalístico, e de mera conduta), mas não há crime sem 
resultado normativo, sob pena de não haver o conteúdo material de crime, ou seja, sem 
resultado normativo, o fato é atípico. 
 C) NEXO DE CAUSALIDADE: É o liame entre a conduta e o resultado 
naturalístico. Sempre que a lei exigir a produção do resultado naturalístico, o que se faz 
 
 
 
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necessário apenas nos crimes materiais, nos crimes de perigo concreto e nos crimes 
omissivos impróprios, se faz necessário um vínculo, um elo entre a conduta e o resultado 
naturalístico, o que se denomina de nexo de causalidade. O Código Penal expressamente 
exige sua comprovação, no artigo 13, caput: “O resultado, de que depende a existência 
do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou 
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. 
O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem 
lhe deu causa. A imputação exige que esta conduta lhe tenha dado causa, exige então, o 
nexo causal. As teorias mais lembradas, mais conhecidas sobre o nexo causal são: 
I) Teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua 
non) 
Para a teoria da equivalência dos antecedentes causais, tudo o que influenciar o 
resultado será considerado sua causa. 
Portanto, é considera causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido. Deve ser feito um processo hipotético de eliminação, ou seja, se a conduta 
excluída não interferir no resultado, não será considerada causa. Essa teoria foi criada 
pelo professor sueco Thyren. 
II) Teoria da causalidade adequada 
Para a teoria da causalidade adequada, causa é somente o fator adequado à 
produção do resultado, segundo um juízo de prognose póstuma objetiva. 
Em outras palavras, a conduta só é causa se tiver condição idônea para produzir 
por si só o resultado. 
O juiz deve verificar se no momento da realização da conduta, o resultado 
potencialmente produzido afigurava-se como possível, segundo o que normalmente 
acontece. 
QUAL TEORIA O CÓDIGO PENAL ADOTOU ? O Código Penal elegeu como 
teoria do nexo causal, na parte final do caput do art. 13 do CP, a teoria da equivalência 
dos antecedentes causais. 
A principal crítica a essa teoria é que ela levaria ao regresso “ad infinitum”, isto é, 
um número infinito de causas. Exemplo: homicídio com arma de fogo. Causa: parada 
 
 
 
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cardiorrespiratória provocada pelo projétil. O vendedor da loja de arma também deu causa 
ao resultado, pois se não tivesse vendido a arma ao réu, a vítima estaria viva. 
ATENÇÃO Essa crítica não procede. O nexo causal possui três filtros, que são a 
causalidade física, a causalidade normativa e a teoria da imputação objetiva. A teoria da 
equivalência dos antecedentes causais cuida apenas da causalidade física. Agora, a 
pessoa para responder pelo delito também deve ter causalidade normativa, que é o dolo 
e a culpa. Portanto, o vendedor da loja de arma, embora tenha dado causalidade física, 
não responde pelo crime de homicídio, pois ele vender a arma para o réu sem a intenção 
(dolo) de que ele matasse determinada pessoa, evitando-se assim o regresso ao infinito. 
• TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA: A teoria da imputação objetiva, 
desenvolvida por Claus Roxin, diz que a imputação só poderia ocorrer quando o 
agente tivesse dado causa ao fato (causalidade física) mas, ao 
mesmo tempo, houvesse uma relação de causalidade NORMATIVA, assim 
compreendida como a criação de um risco não permitido para o bem 
jurídico que se pretende tutelar. Para esta teoria, a conduta deve: 
a) Criar ou aumentar um risco: Assim, se a conduta do agente não 
aumentou nem criou um risco, não há crime. Exemplo clássico: João 
conversa com Paulo na calçada. Pedro, inimigo de Paulo, atira um vaso 
de planta do 10º andar, com a finalidade de matar Paulo. João vê que 
o vaso irá cair sobre a cabeça de Paulo e o empurra. Paulo cai no chão 
e fratura levemente o braço. Neste caso, José deu causa (causalidade 
física) às lesões corporais sofridas por Paulo. Contudo, sua conduta não 
criou nem aumentou um risco. Ao contrário, João diminuiu um risco, ao 
evitar a morte de Paulo. 
 
b) Risco deve ser proibido pelo Direito: Aquele que cria um risco de lesão 
para alguém, em tese não comete crime, a menos que esse risco seja 
proibido pelo Direito. Assim, o filho que manda os pais em viagem para 
a Europa, na intenção de que o avião caia, os pais morram, e ele receba 
a herança, não comete crime, pois o risco por ele criado não é proibido 
pelo Direito. 
 
c) Risco deve ser criado no resultado: Assim, um crime não pode ser 
imputado àquele que não criou o risco para aquela ocorrência. Explico: 
Imaginem que José ateia fogo na casa de Maria. José causou um risco, 
 
 
 
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não permitido pelo Direito. Deve responder pelo crime de incêndio 
doloso, art. 250 do CP. Entretanto, Maria invade a casa em chamas para 
resgatar a única foto que restou de seu filho falecido, sendo lambida 
pelo fogo, vindo a falecer. Nesse caso, José não responde pelo crime de 
homicídio, pois o risco por ele criado não se insere nesse resultado, que 
foi provocado pela conduta exclusiva de Maria. 
ATENÇÃO 2 No artigo 13, § 1º, o CP adotou a teoria da causalidade adequada, 
conforme será abaixo estudado! 
• CONCAUSAS OU CURSOS CAUSAIS HIPOTÉTICOS: É a convergência de uma 
causa externa (paralela) à vontade do autor da conduta, que produz ou concorre 
para a produção do resultado naturalístico. Podem ser absolutamente 
independentes da conduta do agente ou relativamente independentes da conduta 
do agente. 
As absolutamente independentes são as que, por si só, produzem com 
exclusividade o resultado naturalístico. Sejam preexistentes, concomitantes ou 
supervenientes sempre rompem o nexo causal, respondendo o agente apenas pelos atos 
praticados. 
Em outras palavras, são fatores que não tem nenhuma relação com a conduta e, por 
si só, produzem o resultado. 
Sempre que houver causa absolutamente independente não haverá nexo entre a 
conduta e o resultado. Mesmo que a conduta não existisse, o resultado ocorreria. Por essa 
razão, o agente só responde pelos atos praticados. Podem ser: 
- Preexistentes (antes): Sujeito quer matar, invade a casa da vítima e 
desfere tiros enquanto a vítima que está na cama. Ocorre que a vítima já estava morta na 
cama em razão de infarto do coração. Ainda que o sujeito não tivesse desferido o tiro, a 
morte ocorreria, pois é fato independente. Exemplo de crime impossível. 
- Concomitantes (ao mesmo tempo): Pessoa no alto do prédio dispara 
arma de fogo para matar a vítima. Neste momento cai um piano na cabeça da vítima que 
morre. Sujeito não responde pelo resultado, mas pela tentativa, isto porque no momento 
em que disparou o tiro, a vítima estava viva. 
 
 
 
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- Supervenientes: Mulher decide matar o marido com veneno na comida. 
Marido come, mas antes de o veneno surtir efeito, cai viga na cabeça da vítima que acaba 
morrendo. Mulher responde por tentativa de homicídio. 
Já as concausas relativamente independentes surgem da conduta do autor. Como 
regra, elas não produzem por si só o resultado. As preexistentes, concomitantes e 
supervenientes que por si só não produziriam o resultado não rompem o nexo causal, 
respondendo o agente pelo resultado. 
Em outras palavras, trata-se do fator que somado à conduta do agente, conduz a 
produção do resultado. Conclusão: pela teoria da equivalência dos antecedentes, pode-se 
afirmar, nestes casos, que há nexo entre a conduta e o resultado? Sim. Sem a conduta, o 
resultado não ocorreria.- Preexistentes: “A”, com um canivete, corta o braço de “B”, que é hemofílico. 
“B” vai sangrar até a morte, é “A” responde pelo homicídio, pois não haverá o rompimento 
do nexo causal. 
- Concomitantes: “A” atira em “B”, que, devido ao susto pelo barulho do tiro, 
enfarta. “A” responderá por homicídio, pois não houve o rompimento do nexo causal. 
- Superveniente: “A” fere “B” que, após alguns dias, morre de infecção 
hospitalar contraída no local do ferimento. A linha de perigo é a mesma, e por isso não há 
o rompimento do nexo causal, respondendo “A” por homicídio. 
ATENÇÃO ARTIGO 13, § 1º, DO CP ! CONFORME MENCIONADO, O CP 
ADOTOU A TOERIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA, PARA A CONCAUSA 
RELATIVAMENTE INDEPENDENTE SUPERVENIENTE QUE, POR SI SÓ, PRODUZ O 
RESULTADO! “§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a 
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, 
imputam-se a quem os praticou”. Ex: O agente dá uma facada na perna da vítima em 
região não letal, que falece ao caminho do hospital, em razão de um acidente 
automobilístico. O agente responderá apenas pelo crime de lesão corporal, pois aqui há 
um desdobramento físico, uma nova linha de perigo. Nucci ensina que para saber se 
haverá o rompimento do nexo causal deve-se fazer duas perguntas: a causa relativamente 
independente superveniente era imprevisível para o agente? Sozinha, provocaria o 
resultado? Respondendo afirmativamente as duas questões, rompe-se o nexo causal, 
respondendo o agente apenas pelos atos praticados. 
 
 
 
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D) TIPICIDADE : Tipo penal é a descrição abstrata da conduta criminosa pela lei. 
Ex: artigo 121. Tipicidade é a adequação do fato concreto em um tipo legal, fenômeno este 
chamado de adequação típica. 
Evolução do conceito de tipicidade: antes de 1906, mais precisamente da teoria 
criada pelo penalista alemão Beling, a tipicidade tinha um significado muito amplo, pois 
abrangia a materialidade, o fato típico, a antijuridicidade, a culpabilidade e a punibilidade. 
Era um aspecto mais processual, pois só saberíamos de sua existência após a sentença 
condenatória, pois a absolvição mostrava que não havia tipicidade. Beling criou a teoria 
dogmática jurídica, dizendo que a tipicidade era o enquadramento do fato concreto aos 
elementos objetivos/descritivos do tipo penal. 
A segunda teoria foi criada pelo também alemão Mayer, que aderiu as ideias de 
Beling e complementou em dois aspectos: a tipicidade seria o indício da antijuridicidade, 
pois havendo a adequação típica cabe ao réu provar alguma das excludentes de ilicitude. 
O enquadramento não seria apenas dos elementos objetivos, mas também dos elementos 
normativos do tipo penal. Essa teoria ficou conhecida como teoria Beling/Mayer. 
A terceira teoria foi criada em 1930 por Hanz Welzel, o pai do finalismo. Como o 
dolo e a culpa saíram da culpabilidade para integrar o fato típico, a tipicidade seria o 
enquadramento do fato concreto aos elementos objetivos, normativos e subjetivos do tipo 
penal. 
Para muitos penalistas, a evolução para aqui. Porém, existe uma quarta teoria, da 
Tipicidade Conglobante, que foi construída pelo jurista argentino Eugênio Raul Zaffaroni. 
Para essa teoria, a tipicidade em matéria penal exige o cumprimento de dois requisitos: 
tipicidade legal (subsunção do fato concreto a lei) junto com a tipicidade conglobante 
(antinormatividade). Para que o fato seja penalmente típico são necessárias às duas 
tipicidades. 
 Na Tipicidade Conglobante é necessário o exame das normas extrapenais. 
Exemplo: violência desportiva. Se um atleta lesiona o adversário respeitando as regras da 
atividade desportiva que desempenha, essas (lesões corporais) são penalmente atípicas, 
pois são comportamentos autorizados em normas extrapenais. Seria os casos de exercício 
regular de um direito e do estrito cumprimento do dever legal. Para essa teoria, só seriam 
duas causas de exclusão da ilicitude, a legítima defesa e o estado de necessidade, pois o 
exercício regular de um direito e o estrito cumprimento do dever legal seriam causas de 
exclusão da tipicidade. 
 
 
 
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O aplicador da lei penal deve ter visão conglobada, ampla, do ordenamento 
jurídico. O aplicador deve mirar não só as leis penais, mas também as extrapenais, pois 
uma mesma conduta é enfocada por vários âmbitos jurídicos. Todos estes enfoques 
devem ser trazidos para o âmbito da tipicidade. 
A tipicidade desdobra-se em dois aspectos: 
• Formal -> subsunção. 
• Material -> lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado. 
A lesão ao bem jurídico deve ser relevante e significante. Caso contrário, o fato 
será materialmente atípico (ausência de tipicidade material). O STF já decidiu que para a 
conduta ser considerada insignificante, é necessário: a mínima ofensividade da conduta 
do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade 
do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada. Ex: Princípio da 
insignificância torna o fato atípico. Em todos os casos o fato se encaixa no tipo penal , 
existe a tipicidade formal. Fato formalmente típico e materialmente atípico. 
Nos crimes tributários (lei nº 8.137/90, artigos 168-A, 334, caput, 337-A, todos do 
Código Penal), o STF e o STJ entendem que haverá aplicação do princípio da 
insignificância nos tributos sonegados de até R$ 20.000,00. 
CUIDADO: Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos 
crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações 
domésticas. 
CUIDADO 2: Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é inaplicável 
aos crimes contra a Administração Pública. 
2.2.2 ANTIJURIDICIDADE OU ILICITUDE: Ilicitude é o segundo elemento do 
conceito analítico de crime. É a condição de contrariedade da conduta o ordenamento 
jurídico, constituindo a lesão de um interesse penalmente protegido. Conforme outrora 
mencionado, a tipicidade é indício da ilicitude, pois praticada uma conduta típica, presume-
se que ela seja antijurídica, salvo quando existente alguma causa excludente de ilicitude, 
que tornará a conduta típica em lícita. 
São excludentes legais de ilicitude (artigo 23, CP), também chamadas de causas 
de justificação, descriminantes ou tipos permissivos justificantes: 
 
 
 
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a) ESTADO DE NECESSIDADE (ARTIGO 24): Ocorre quando diante de uma 
situação de perigo, dois bens penalmente tutelados são colocados em conflito, e, 
não havendo como tutelar ambos, permite-se a proteção de um dos bens jurídicos 
mediante a lesão do outro. Deve-se lesionar o bem de menor valor, ou qualquer 
um deles, se tiverem valores idênticos (estado de necessidade justificante). O 
Brasil adotou, portanto, a teoria unitária. Se o agente lesionar o bem de maior valor, 
não haverá a exclusão da ilicitude, mas apenas, nos termos do artigo 24, § 2º, do 
CP, a redução da pena de 1/3 a 2/3 (estado de necessidade exculpante, podendo 
até o juiz absolver o réu, não por exclusão da ilicitude, mas por exclusão da 
culpabilidade, devido a inexigibilidade de conduta diversa, que será posteriormente 
estudada). São requisitos para a configuração do estado de necessidade: 
I- Perigo atual ou iminente proveniente de fato da natureza, humano ou 
animal, perigo é a probabilidade do dano; 
II- Ameaça a direito próprio ou alheio: Pode ser contra pessoa, animal ou 
coisa, podendo ser próprio (quando esse direito pertence ao agente) ou de 
terceiro (quando o direito pertence à terceiro, mesmo que sem qualquer 
reação com o agente); 
III- Situação de perigo não causada voluntariamente pelo agente: A doutrina 
diverge se apenas a conduta dolosa não afasta a possibilidade de invocar 
o estado de necessidade, ou se a conduta culposa também afastaria

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