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HISTOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 1. Diferencie as porções em que o trato respiratório é dividido. O sistema respiratório é constituído de três partes principais com funções distintas: - uma parte condutora de ar, correspondente as cavidades nasais e seios nasais, nasofaringe, orofaringe (também participa do transporte de alimentos), laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos; - uma parte respiratória para troca gasosa entre o sangue e o ar, que são os bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos; - um mecanismo de ventilação, induzido pelos movimentos inspiratórios e expiratórios da caixa torácica, dos músculos intercostais associados, do diafragma e do tecido conjuntivo elástico dos pulmões. Além de possibilitar a entrada e a saída de ar, a porção condutora exerce as importantes funções de limpar, umedecer e aquecer o ar inspirado, para proteger o delicado revestimento dos alvéolos pulmonares. Para assegurar a passagem contínua de ar, a parede da porção condutora é constituída por uma combinação de cartilagem, tecido conjuntivo e tecido muscular liso, o que lhe proporciona suporte estrutural, flexibilidade e extensibilidade. A mucosa da parte condutora é revestida por um epitélio especializado, o epitélio respiratório. 2. Caracterize o epitélio respiratório descrevendo as células envolvidas, suas funções e a lâmina própria associada. A maior parte da porção condutora é revestida por epitélio ciliado pseudoestratificado colunar com muitas células caliciformes, denominado epitélio respiratório. O epitélio respiratório típico consiste em cinco tipos celulares, identificáveis ao microscópio eletrônico: - Célula colunar ciliada: é o tipo mais abundante. Cada uma tem por volta de 300 cílios na superfície apical e embaixo dos corpúsculos basais dos cílios há numerosas mitocôndrias, as quais fornecem ATP para os batimentos ciliares; - Células caliciformes: está em segundo lugar em termos quantitativos. São células secretoras de muco, com região apical contendo numerosas gotículas de muco composto de glicoproteínas; - Células em escova (brush cells): chamadas assim em virtude das suas numerosas microvilosidades nas superfícies apicais, com terminações nervosas aferentes nas bases. São consideradas receptores sensoriais; - Células basais: pequenas e arredondadas, apoiadas na lâmina basal, são células-tronco (stem cells) que se multiplicam continuamente, por mitose, e originam os demais tipos celulares do epitélio respiratório; - Células granulares: semelhantes às células basais, mas que contêm grânulos, os quais apresentam a parte central mais densa, participam do sistema neuroendócrino difuso. Todas as células do epitélio pseudoestratificado colunar ciliado apoiam-se na lâmina basal. ➔ O epitélio é sustentado pela lâmina própria, que consiste em tecido conjuntivo com glândulas seromucosas - A lâmina própria tem um plexo venoso superficial rico, conhecido como tecido cavernoso ou erétil. A lâmina própria é contínua com o periósteo do osso ou pericôndrio da cartilagem formando a parede das cavidades nasais. ➔ Secreções das células caliciformes do epitélio respiratório e das glândulas seromucosas mantêm a superfície mucosa dos cornetos úmidos, que umidificam o ar inspirado. ➔ Outro mecanismo importante de defesa contra antígenos vindos do meio externo é representado por uma barreira de linfócitos. Essa barreira compreende uma camada de linfócitos isolados dispersos abaixo do epitélio, além de nódulos linfáticos e linfonodos distribuídos na mucosa ou externamente aos tubos da porção condutora do sistema respiratório. ➔ Além dos linfócitos, a mucosa da porção condutora apresenta grande quantidade de plasmócitos e macrófagos. As áreas da lâmina própria que contém nódulos linfáticos são recobertas por células M - são células que captam antígenos, transferindo-os para um compartimento abaixo da célula, onde têm acesso a macrófagos e linfócitos. Esses linfócitos migram, levando para linfonodos informações sobre as macromoléculas antigênicas, que podem fazer parte de um microrganismo. ➔ O ar é aquecido pelo sangue no plexo venoso, o qual flui na direção oposta à do ar inspirado (fluxo contracorrente). 3. Descreva os tipos de epitélio e glândulas encontradas nas fossas nasais. As fossas nasais são revestidas por uma mucosa cuja estrutura difere segundo a região considerada. Nas fossas nasais, há três regiões: o vestíbulo, a área respiratória e a área olfatória. O vestíbulo é a porção mais anterior e dilatada das fossas nasais; sua mucosa é a continuação da pele do nariz; porém, o epitélio estratificado pavimentoso da pele logo perde sua camada de queratina, e o tecido conjuntivo da derme dá origem à lâmina própria da mucosa. Os pelos curtos (vibrissas) e a secreção das glândulas sebáceas e sudoríparas existentes no vestíbulo constituem uma barreira à penetração de partículas grosseiras nas vias respiratórias. Parte das partículas de poeira e microrganismos adere à camada de muco que se distribui sobre o epitélio e não é transportada para outras regiões do sistema respiratório. A área respiratória compreende a maior parte das fossas nasais. A mucosa dessa região é recoberta por epitélio pseudoestratificado colunar ciliado, com muitas células caliciformes. Nesse local a lâmina própria contém glândulas mistas (serosas e mucosas), cuja secreção é lançada na superfície do epitélio. A superfície da parede lateral de cada cavidade nasal é irregular, em razão da existência de três expansões ósseas chamadas conchas ou cornetos. Nos cornetos inferior e médio, a lâmina própria contém um abundante plexo venoso. Ao passar pelas fossas nasais, o ar é aquecido, filtrado e umedecido, atribuindo-se ao plexo venoso função importante no aquecimento. ➔ A área olfatória é uma região situada na parte superior das fossas nasais, responsável pela sensibilidade olfatória. É revestida por EPITÉLIO OLFATÓRIO → contém quimiorreceptores da olfação e é um neuroepitélio colunar pseudoestratificado, formado por três tipos celulares: - Células de sustentação: são prismáticas, largas no ápice e estreitas na base; apresentam microvilos que se projetam para o interior da camada de muco que cobre o epitélio → possuem pigmento acastanhado responsável pela cor da mucosa olfatória; - Células basais: são pequenas, arredondadas e ficam na região basal do epitélio, entre as células olfatórias e as de sustentação → são as stem-cells do epitélio olfatório; - Células olfatórias: neurônios bipolares que têm o núcleo na posição basal, com os dendritos voltados para a cavidade nasal, onde apresentam dilatações, das quais partem seis a oito cílios imóveis, que contém quimiorreceptores excitáveis pelas substâncias odoríferas. Os axônios que se originam na porção basal desses neurônios sensoriais reúnem-se em pequenos feixes. O conjunto dos feixes atravessa o osso pela lâmina crivosa, e seus axônios estabelecem sinapses com outros neurônios cujos axônios se dirigem para o sistema nervoso central (SNC) em forma do nervo olfatório. Na lâmina própria dessa mucosa, além de abundantes vasos e nervos, observam-se glândulas ramificadas tubuloacinosas alveolares, as glândulas de Bowman (serosas). Os ductos dessas glândulas levam a secreção para a superfície epitelial, criando uma corrente líquida contínua, que limpa os cílios das células olfatórias, facilitando o acesso de novas substâncias odoríferas. Além disso, o produto secretor das glândulas de Bowman contém substâncias protetoras como a lisozima e a imunoglobulina A (IgA) secretada pelos plasmócitos. A via de transdução de odorantes envolve: 1. Proteína G e ativação da adenilato ciclase 3, que produz monofosfato cíclico de adenosina (cAMP). 2. O cAMP regula a fosforilação das proteínas e a transcrição dos genes envolvidos no crescimento e sobrevivência dos neurônios sensoriais olfatórios NSOs. 3. O cAMP se liga a um canal iônico nucleotídeo cíclico fechado (CNG), permitindo o fluxo de entrada do Ca 2+ e Na + e o fluxo de saída do Cl − intracelular. 4. Ofluxo iônico despolariza a membrana celular dos cílios modificados e gera potenciais de ação propagados para os axônios dos NSOs até as sinapses nos glomérulos do bulbo olfatório. 5. Os glomérulos se comportam como uma unidade funcional, para a qual convergem os sinais sensoriais, sendo esta unidade ativada antes da transmissão para uma parte do cérebro conhecida como amígdala corticomedial. 4. Caracterize os epitélios dos seios paranasais, da nasofaringe e orofaringe. SEIOS PARANASAIS: São cavidades nos ossos frontal, maxilar, etmoide e esfenoide revestidas por EPITÉLIO RESPIRATÓRIO, que se apresenta baixo e com poucas células caliciformes. A lâmina própria contém apenas algumas glândulas pequenas e é contínua com o periósteo adjacente → se comunicam com as fossas nasais por meio de pequenos orifícios, e o muco produzido nessas cavidades é drenado para as fossas nasais pela atividade das células epiteliais ciliadas. NASOFARINGE e OROFARINGE: A nasofaringe é a primeira parte da faringe, continuando caudalmente com a orofaringe, porção oral desse órgão. A nasofaringe, que é separada incompletamente da orofaringe pelo palato mole, é revestida por epitélio do tipo respiratório, enquanto na orofaringe o epitélio é estratificado pavimentoso. 5. Descreva as estruturas relacionadas à laringe e suas funções associando aos tipos teciduais nela encontrados. É um tubo de forma irregular que une a faringe à traquéia. Suas paredes contêm peças cartilaginosas de formas irregulares, unidas entre si por tecido conjuntivo fibroelástico. As cartilagens mantêm o lúmen da laringe sempre aberto, garantindo a livre passagem do ar. As peças cartilaginosas maiores (tireóide, cricóide e a maior parte das aritenóides) são do tipo hialino, enquanto as demais são do tipo elástico. As duas funções principais da laringe são: produzir os sons e fechar a entrada das vias aéreas durante a deglutição para impedir que alimento e saliva entrem. A epiglote é um prolongamento que se estende da laringe na direção da faringe, apresentando uma face dorsal e uma face ventral. Tem um eixo de cartilagem elástica revestida por tecido conjuntivo e epitélio. A mucosa da laringe forma dois pares de pregas salientes no lúmen do órgão: - O primeiro par, superior, constitui as pregas vestibulares (ou falsas cordas vocais); a lâmina própria dessa região é formada por tecido conjuntivo frouxo e contém glândulas. - O segundo par, inferior, constitui as pregas vocais (ou cordas vocais verdadeiras), que apresentam um eixo de tecido conjuntivo muito elástico, ao qual se seguem, externamente, os músculos intrínsecos da laringe, do tipo estriado esquelético. Quando o ar passa através da laringe, esses músculos podem contrair-se, modificando a posição das cordas vocais e a amplitude da fenda que existe entre elas, produzindo sons com diferentes tonalidades. Nas pregas vocais, o epitélio está sujeito a mais atritos e desgaste e é do tipo estratificado pavimentoso não queratinizado. Nas demais regiões, é do tipo respiratório, e seus cílios batem em direção à faringe. A mucosa da laringe é contínua à mucosa da faringe e da traquéia. Um epitélio escamoso estratificado cobre a superfície lingual e uma pequena extensão da superfície faríngea da epiglote, além das cordas vocais verdadeiras. No restante da laringe, o epitélio é ciliado pseudoestratificado, contendo células caliciformes. As glândulas seromucosas são encontradas por toda a lâmina própria, exceto no nível das cordas vocais verdadeiras. A lâmina própria das cordas vocais verdadeiras consiste em três camadas: - Uma camada superficial contendo a matriz extracelular e algumas fibras elásticas. Essa camada é conhecida como espaço de Reinke; - Uma camada intermediária com fibras elásticas; - Uma camada profunda com grande quantidade de fibras elásticas e colágenas. As camadas, intermediária e profunda, da lâmina própria constituem o ligamento vocal. O espaço de Reinke e o revestimento epitelial são responsáveis pela vibração das cordas vocais. Os nódulos de Singer são pequenos agrupamentos fibróticos na lâmina própria, cobertos por epitélio, onde as margens das cordas vocais verdadeiras entram em contato umas com as outras. A laringe é subdividida em três regiões: a supraglote, que inclui a epiglote, as cordas vocais (ou pregas) falsas e os ventrículos laríngeos; a glote, consistindo em cordas vocais verdadeiras e as comissuras anteriores e posteriores; a subglote, a região abaixo das cordas vocais verdadeiras, se estendendo até a borda inferior da cartilagem cricóide. 6. Caracterize histologicamente a traquéia. A traqueia é uma continuação da laringe e termina ramificando-se nos dois brônquios extrapulmonares. É um tubo revestido internamente por epitélio do tipo respiratório. A lâmina própria da mucosa é formada por tecido conjuntivo frouxo, rico em fibras elásticas. Contém glândulas seromucosas, cujos ductos se abrem no lúmen traqueal. A traquéia apresenta um número variável (16 a 20) de cartilagens hialinas, em forma da letra C, cujas extremidades livres estão voltadas para o lado posterior. Ligamentos fibroelásticos e feixes de músculo liso prendem-se ao pericôndrio e unem os braços das porções abertas das peças cartilaginosas, fechando esse espaço. Os ligamentos impedem a excessiva distensão do lúmen, e os feixes musculares possibilitam sua regulação. A contração do músculo causa redução do lúmen traqueal, participando do reflexo da tosse. As células de Kulchitsky são células neuroendócrinas também situadas sobre a lâmina basal, sendo encontradas predominantemente na bifurcação dos brônquios lobares. Elas originam o câncer de pulmão de pequenas células (SCLC, também chamado carcinoma de células em grão de aveia). Essas células secretam hormônios peptídicos como a serotonina, calcitonina, hormônio antidiurético (ADH) e hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). A traqueia é revestida externamente por um tecido conjuntivo frouxo, constituindo a camada adventícia, que se continua com os tecidos análogos de órgãos adjacentes. A traquéia se ramifica dando origem aos brônquios primários, direito e esquerdo, que entram no hilo de cada pulmão, sendo o ângulo agudo formado na bifurcação denominada carina. 7. Diferencie as segmentações da árvore brônquica e caracterize histologicamente cada porção. Os brônquios primários ramificam-se no interior dos pulmões e originam três brônquios secundários no pulmão direito e dois no esquerdo → cada brônquio secundário supre um lobo pulmonar, sendo, por essa razão, também denominados brônquios lobares → que se dividem repetidas vezes, originando brônquios cada vez menos calibrosos → seus últimos ramos constituem os bronquíolos → que se ramificam originando de cinco a sete bronquíolos terminais → cada bronquíolo terminal origina um ou mais bronquíolos respiratórios, os quais marcam a transição para a porção respiratória → Essa transição envolve a perda de placas de cartilagem no bronquíolo e um aumento progressivo no número de fibras elásticas. ➔ Cada bronquíolo terminal e suas ramificações (até os alvéolos) constitui um lóbulo pulmonar. ➔ Os lóbulos têm forma aproximadamente piramidal, com seu ápice voltado para o hilo e a base dirigida para a superfície pulmonar → são delimitados por septos de tecido conjuntivo, de difícil visualização no adulto (septos incompletos), porém bem observados em fetos. 8. Na porção respiratória comente acerca da histologia e das estruturas celulares dos bronquíolos respiratórios e ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos. Lóbulo pulmonar e ácino pulmonar Um bronquíolo terminal e o parênquima pulmonar ao seu redor constituem um lóbulo pulmonar. Um lóbulo pulmonar inclui vários bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos. O ácino pulmonar, a unidade de troca gasosa, é a região do pulmão aerada por um bronquíolo respiratório. Portanto, os ácinos pulmonares são subcomponentes de um lóbulo respiratório, que inclui no seu eixo um bronquíolo terminal. O conceito lóbulo pulmonar-ácinopulmonar é importante para compreender os tipos de enfisema. Enfisema é o aumento permanente dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, associado com a destruição de suas paredes. O ducto alveolar é distal ao bronquíolo respiratório. O bronquíolo respiratório é a parte inicial do ducto alveolar caracterizada por uma parede descontínua com acúmulos focais de músculo liso e fibras elásticas dispersas associadas se projetando no lúmen. Na extremidade distal do ducto alveolar os acúmulos focais de músculo liso desaparecem e o epitélio de revestimento consiste basicamente em células epiteliais alveolares tipo I. Os ductos alveolares se ramificam e formam dois ou mais sacos alveolares. Os sacos alveolares são formados pelos alvéolos, a parte terminal da via aérea. As club cells, primeiramente chamadas células de Clara, são células epiteliais com um domínio apical dilatado e expandido em forma de domo (semelhante a uma língua) e sem cílios. Elas representam 80% da população de células epiteliais do bronquíolo terminal. Sua função é proteger o epitélio bronquiolar. Após uma lesão na via aérea, as club cells proliferam e migram para repor as células epiteliais alveolares. Esse processo é conhecido como bronquiolização alveolar. Além disso, as club cells proliferativas podem produzir células ciliadas e outras club cells. As club cells produzem: proteínas de surfactantes SP-A e SP-D, revestindo a superfície do epitélio bronquiolar e também regulando o transporte de íons cloro através de um regulador de condutância transmembranar de fibrose cística; polímeros do muco da via aérea; proteína secretória de club cell anti-inflamatória, envolvida na proteção do epitélio da via aérea contra a lesão ou infecção crônica. 9. Quais as funções dos pneumócitos tipo I e tipo II? O ar alveolar é separado do sangue capilar por quatro estruturas, que são o citoplasma do pneumócito tipo I, a lâmina basal dessa célula, a lâmina basal do capilar e o citoplasma da célula endotelial. O oxigênio do ar alveolar passa para o sangue capilar através das membranas citadas; o C02 difunde-se em direção contrária. A liberação do C02 a partir de H2C03 é catalisada pela enzima anidrase carbônica existente nas hemácias. A parede interalveolar é formada por três tipos celulares principais: células endoteliais dos capilares, pneumócitos tipo I e pneumócitos tipo II. O pneumócito tipo I, também chamado de célula alveolar pavimentosa, tem núcleo achatado, fazendo uma ligeira saliência para o interior do alvéolo. Em razão da extensão do citoplasma, os núcleos estão muito separados uns dos outros. O citoplasma é muito delgado, exceto na região perinuclear, e apresenta desmossomos, ligando células adjacentes. Além dos desmossomos, os pneumócitos tipo I apresentam zônulas de oclusão Uunções oclusivas), que impedem a passagem de fluidos do espaço tecidual (interstício) para o interior dos alvéolos. A principal função dos pneumócitos tipo I é constituir uma barreira de espessura mínima para possibilitar as trocas de gases e ao mesmo tempo impedir a passagem de líquido. Os pneumócitos tipo II, também chamados de células septais, localizam-se entre os pneumócitos tipo l, com os quais formam desmossomos e junções unitivas. Os pneumócitos tipo II são células arredondadas que ficam sempre sobre a membrana basal do epitélio alveolar, como parte desse epitélio. Aparecem de preferência em grupos de duas ou três células, nos pontos em que as paredes alveolares se tocam. O núcleo é maior e mais vesicular, em relação às demais células da parede interalveolar. O citoplasma não se adelgaça. Os corpos lamelares originam o material que se espalha sobre a superfície dos alvéolos. Esse material forma uma camada extracelular nos alvéolos, denominada surfatante pulmonar. A camada surfatante consiste em uma hipofase aquosa e proteica, coberta por uma camada monomolecular de fosfolipídios, composta principalmente de dipalmitoilfosfatidilcolina e fosfatidilglicerol. A função mais importante do surfatante é reduzir a tensão superficial dos alvéolos, o que reduz também a força necessária para a inspiração, facilitando a respiração. Além disso, sem o surfatante os alvéolos tenderiam a entrar em colapso durante a expiração. A camada surfatante não é estática; ao contrário, ela é renovada constantemente. As moléculas de lipoproteínas são continuamente removidas pelos dois tipos de pneumócitos (I e II) por pinocitose e pelos macrófagos alveolares. 10. Onde se localizam e qual o papel dos macrófagos alveolares e células dendríticas? Os macrófagos alveolares, também chamados de células de poeira, são encontrados no interior dos septos interalveolares e na superfície dos alvéolos. Os macrófagos alveolares localizados na camada surfatante que limpam a superfície do epitélio alveolar são transportados para a faringe, de onde são deglutidos. Os numerosos macrófagos carregados de partículas de carbono ou de poeira, encontrados no tecido conjuntivo, em volta dos vasos sanguíneos e no conjuntivo da pleura, provavelmente não são macrófagos alveolares que migraram através do epitélio alveolar. O material fagocitado que aparece no citoplasma desses macrófagos passou dos alvéolos para o interstício dos septos alveolares pela atividade pinocitótica dos pneumócitos tipo I. 11. Qual(is) a(s) função(ões) da pleura e como é caracterizada histologicamente? Pleura é a serosa que envolve o pulmão, sendo formada por dois folhetos, o parietal e o visceral, que são contínuos na região do hilo do pulmão. Ambos os folhetos são formados por mesotélio e uma fina camada de tecido conjuntivo, que contém fibras colágenas e elásticas. As fibras elásticas do folheto visceral se continuam com as do parênquima pulmonar. Os dois folhetos delimitam, para cada pulmão, uma cavidade independente e inteiramente revestida pelo mesotélio. Em condições normais, essa cavidade pleural é virtual, contendo apenas uma película de líquido que age como lubrificante, tornando possível o deslizamento suave dos dois folhetos durante os movimentos respiratórios e impossibilitando o atrito entre o mesotélio visceral e o parietal. A pleura, assim como o revestimento de outras cavidades serosas (peritônio e pericárdio), é uma estrutura de grande permeabilidade, o que explica a frequência de acúmulo de líquidos entre os dois folhetos pleurais (derrame pleural). Esse líquido deriva do plasma sanguíneo por transudação através da parede dos capilares, provocada por processos patológicos. .Em contrapartida, em determinadas condições, líquidos ou gases contidos na cavidade da pleura são rapidamente absorvidos. ALGUMAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS: Enfisema Pulmonar A destruição dos alvéolos reduz a área de superfície para as trocas gasosas. Asma A asma consiste na hiper-responsividade aérea, definida por três características principais: 1. Inflamação da via aérea, envolvendo neutrófilos, células T (CD8 +), células dendríticas alveolares e macrófagos. A asma é caracterizada pelo recrutamento de células T (CD4 +) pelas células dendríticas nos espaços aéreos alveolares e de eosinófilos nos bronquíolos. 2. Obstrução luminal das vias aéreas por muco, ocasionada pela hipersecreção das glândulas mucosas brônquicas, junto com infiltração pelas células inflamatórias. 3. Vasodilatação da microvasculatura brônquica com maior permeabilidade vascular e edema. A asma pode ser desencadeada pela exposição repetida ao antígeno (asma alérgica) ou pela alteração da regulação autônoma da via aérea (asma não alérgica). Os aspectos fisiopatológicos da asma parecem resultar da proliferação das células Th2 CD4 + que produzem três citocinas: interleucina (IL)-4, IL-5 e IL-13. A IL-4 estimula as células T imaturas a se desenvolverem no tipo celular Th2, que produz IL-3 e precipita uma crise de asma. Fibrose cística É uma doença genética recessiva que afeta as crianças e jovens. A fibrose cística é ocasionada por mutações no gene que codifica o regulador da condutância transmembranar de fibrose cística (CFTR), que resulta em menos secreçãode cloro, maior absorção de sódio e quantidade insuficiente de fluido luminal na via aérea. As alterações nos tratos respiratório e gastrointestinal resultam em: 1. Depuração deficiente de muco, que determina um ciclo crônico de inflamação, infecção e lesão. 2. Formação de uma matriz gelatinosa de muco, consistindo em moléculas poliméricas de MUC5AC e MUC5B altamente emaranhadas e infiltradas com patógenos e neutrófilos imobilizados que poderiam depurar a infecção. A doença respiratória resulta da obstrução das vias aéreas pulmonares por tampões espessos de muco, seguida por infecções bacterianas. Tosse crônica e secreções purulentas resultantes de um maior número de células secretoras e maior produção de mucina pelas glândulas submucosas, além de dispneia, são sintomas típicos da DPOC. Esses eventos se manifestam radiograficamente como bronquiectasias (dilatação dos brônquios). Na maioria dos pacientes, o bloqueio dos ductos pancreáticos pelo muco provoca disfunção pancreática. Os ductos pancreáticos liberam um fluido rico em bicarbonato sob a regulação da secretina. A secretina é produzida pelas células enteroendócrinas em resposta ao conteúdo gástrico ácido que entra no duodeno. Na pele, a presença excessiva de secreção salina pelas glândulas sudoríparas é suspeita do diagnóstico da fibrose cística. O tratamento da doença consiste em fisioterapia para facilitar a drenagem brônquica, tratamento das infecções com antibióticos e reposição das enzimas pancreáticas. REFERÊNCIAS: Capítulo 17: Aparelho Respiratório (JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia Básica Texto e Atlas. 12ª Edição, Guanabara Koogan, 2013). Capítulo 13: Sistema Respiratório (KIERSZENBAUM, AL; TRES, LL. Histologia e Biologia celular: Uma Introdução à Patologia, 3ª Edição, Elsevier, 2012.
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