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Geografia da População: Conceitos e Evolução

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GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. Izabela de Gracia Yabe 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Qual é a relação da população com o espaço e com o tempo? Para 
responder essa questão, é preciso refletir sobre as relações sociais cotidianas 
construídas ao longo da vida, o que nem sempre fazemos. 
Discutiremos sobre o que é população, o que esse conceito tem de 
diferente. Também discutiremos a relação da população ao longo do tempo, 
ou seja, o tempo é essencial para que a gente compreenda como, com o 
passar dos séculos, a população foi adquirindo nuances diferentes de 
interpretação demográfica. 
Também veremos termos demográficos, bem como os principais 
conceitos demográficos e a relação da geografia da população e o ensino 
básico. Então, convido você a discutirmos essas relações, lembrando que a 
geografia da população fala de conjunto de pessoas, e não de indivíduos. 
TEMA 1 – O QUE É POPULAÇÃO? 
O que é esse ramo da ciência geográfica que nos permite discussões 
tão minuciosas acerca do nosso cotidiano? A geografia da população é uma 
análise interdisciplinar, pois precisamos dos conceitos demográficos, de 
cálculos matemáticos, de relações sociais, culturais, econômicas, todas 
entrelaçadas para a compreensão do que se estuda em geografia da 
população. Vale lembrar que a população foi mudando ao longo do tempo, o 
que é muito importante para refletir essas questões e relações, partindo de 
uma premissa de análise em relação à geografia da população e suas 
inter-relações. 
Mas quando se fala em população, será que a referência são apenas 
os seres humanos? Não, ao se falar de população, abordamos um conjunto. 
Por exemplo: baleias e golfinhos, dentre outros animais. Um conjunto de 
espécie formará uma população ou então, biologicamente falando, uma 
colônia. Por isso, a população pode ser entendida por diversos perfis de 
análises. É possível dizer que a geografia da população traz um olhar especial 
à sociedade humana, ao despertar as relações humanas para essa 
complexidade. Quando se fala de população, é considerado também um 
conjunto de análises. 
 
 
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E o que é que se vê no cotidiano que faz com que se entenda as 
análises de população? Nos próximos dias, experimente prestar atenção nos 
noticiários ou na internet e faça uma busca sobre quais termos desses 
encontros mais aparecem no nosso dia a dia. Por exemplo: quando se fala 
em mortes, em nascimentos, se analisa o perfil das famílias, tudo isso faz 
parte da geografia da população. Um exercício bem simples, bem básico, é 
pensar em quantos irmãos temos e quantos irmãos nossos pais tinham, ou, 
ainda, nas nossas bisavós; enfim, os nossos antepassados. Isso vai mostrar 
um pouquinho como esse perfil foi se diferenciando ao longo dos anos. Nessa 
pequena análise, temos vários conceitos embutidos que serão vistos e que 
farão parte do nosso cotidiano, a exemplo de quando se fala em planejamento 
familiar, que serão reflexões muito importantes. 
Figura 1 – O crescimento da população 
 
Crédito: Arthimedes/Shutterstock. 
A análise dessa imagem nos leva a pensar que a população foi 
crescendo ao longo do tempo. A flecha indica um crescimento exponencial 
dessa população. Perguntamos anteriormente qual era o tamanho da sua 
família e qual é o tamanho dela hoje para que tenhamos condições de refletir 
sobre essas questões. 
 
 
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Relembrando, a geografia da população necessita de uma análise 
interdisciplinar, porque serão vistas muitas questões e, portanto, é preciso se 
apropriar delas para fazer essas análises. Os aspectos biológicos também 
representam a população, mas, nesse caso específico, é importante que se 
compreendam ainda os aspectos socioculturais. Há também a relação entre 
os dados estáticos e os dados dinâmicos. Ou seja, na geografia da população 
temos diferentes maneiras de se trabalhar com dados. Quando falamos em 
dados estáticos, significa que são dados que levam mais tempo para mudar. 
E quando falamos em dados dinâmicos, são aqueles que estão 
constantemente em alteração. Todos os anos, o Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE) lança dados sobre a população, como 
expectativa de vida, número de nascimentos e de mortes etc. que farão parte 
das análises de geografia da população. 
Cabe a reflexão: o que é a geografia da população? E o que analisa? 
Reflitam e busquem essas relações entre os noticiários e esse conteúdo, 
lembrando que a interdisciplinaridade estará sempre presente. 
TEMA 2 – DA ANTIGUIDADE AOS DIAS ATUAIS 
A análise de uma população ao longo do tempo implica pensar em 
como mudaram, ou como a compreensão em relação ao tamanho da 
população foi mudando. Então, quando pensamos da Antiguidade até os dias 
atuais, não temos as mesmas relações sobre a população. Reflita: o que 
mudou? Quais foram as relações que foram se alterando ao longo do tempo 
e que fizeram com que a população fosse alterando suas nuances? 
O entendimento das dinâmicas populacionais parte da premissa de que 
foram se alterando com o desenvolvimento e a evolução da humanidade. Ou 
seja, o passar do tempo fez com que essas relações mudassem, devido ao 
desenvolvimento e a evolução da humanidade. Na Antiguidade, por exemplo, 
Platão e Aristóteles foram dois grandes pensadores que discutiram a 
importância da população. O aumento da população era uma preocupação 
presente, pois significava aumentar e defender o território e, assim, aumentar 
a quantidade de pessoas presentes para defender os territórios existentes. 
Havia também o incentivo à migração para áreas despovoadas. Por que era 
importante aumentar a população? Porque vastos territórios desocupados, 
despovoados, sem a presença de pessoas habitando-os necessitam de 
 
 
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segurança para garanti-los. Por isso, o tamanho da população era uma grande 
preocupação e havia, portanto, esse incentivo para o aumento da quantidade 
de pessoas habitando determinados espaços. 
Ressalta-se que a expectativa de vida, que, para nós, é entendida para 
uma população que vive mais de 60, 70, 80 anos (dependendo do país), não 
é a mesma da Antiguidade. Naquela época, não existiam os medicamentos 
que temos hoje, entre outros aspectos que aumentaram a expectativa de vida 
das pessoas. Por isso havia essa necessidade de aumento da população. Era 
preciso que a população fosse numerosa para que ocupasse território e fosse 
também uma massa que fizesse parte do exército de defesa desse território. 
Daremos um salto no tempo para o período medieval, em que também 
houve um estímulo à expansão. Nessa época, havia um sistema diferente, o 
feudal. Esse sistema tinha uma base agrícola, com boa parte da população 
se deslocando para o campo. Ou seja, uma vasta quantidade de pessoas 
vivendo e dependendo das questões agrícolas e com uma elite que fazia parte 
da nobreza e do clero, como visto em aulas de história. As populações faziam 
parte do clero ou da nobreza desses reinos, porque não existiam países como 
os conhecemos hoje. Naquela época, era necessário então que tivessem 
pessoas para produzir e também para defender o território. 
Na sequência vem o mercantilismo. Ainda relembrando as aulas de 
história, ao falarmos sobre mercantilismo damos um salto, pois não temos um 
tempo muito grande para explorar em minúcias essa mudança da população 
da Antiguidade até os dias atuais. Mas é importante que se reflita quando, na 
Antiguidade, se pensarmos nos gregos e nos romanos, as cidades estavam 
em evidência, se havia uma relação desse aumento da população. E quando 
há uma mudança nos séculos posteriores, percebe-se que a população migra 
para o campo. 
Assim, as cidades vão perdendo a importância nesse período. Isso não 
significa que elas deixam de existir, apenas perdem importância, pois grande 
parte da população passa a viver nos campos. E por que é preciso ter um 
aumento da população? Porque era preciso muitaspessoas para manter essa 
produção e fazer a manutenção da nobreza e do clero. Com o mercantilismo, 
há um comércio em evidência, há relações de troca, um início de uma abertura 
dessas relações que antes eram restritas aos feudos, o que, por 
consequência, muda a perspectiva em relação à população. Lembrando de 
 
 
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que essa é uma visão eurocentrista de análise. É possível construir outras 
relações, por exemplo, com base no conhecimento oriental, mas que não é o 
caso aqui, já que o nosso foco é no conhecimento eurocentrista de mundo. 
Por isso, as análises feitas aqui partem dos gregos, dos romanos, com a 
sequência no período medieval, que faz parte dessa análise histórica. 
Temos um novo salto histórico ao mudar as relações mercantilistas, 
com o homem saindo para explorar “novos mundos” até a Modernidade. O 
conceito de “homem estatístico”, com uma mudança drástica nas análises. Da 
Modernidade até o século XVIII, o homem era visto como um ser que produzia 
muito no campo e, nessa época, as relações tecnológicas eram diferentes. Já 
na modernidade, há uma diferença para o homem, pois houve uma mudança 
drástica a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial. Há uma nova 
mudança nas relações de produção, o que altera também as relações 
populacionais. A quantidade de pessoas continua sendo importante. Há um 
estímulo para mais homens e mulheres aptos para o trabalho, até mesmo as 
crianças, que desde muito cedo passam a fazer parte dessa linha de 
produção. 
Outra mudança drástica é a relação entre consumo e natureza, que 
muda com a Modernidade, principalmente a relação do homem visto na 
natureza. Com a Modernidade, temos essas relações diferenciadas; então, o 
tempo das máquinas é o tempo do relógio, com o homem cada vez mais 
apressado. É o tempo da produtividade. É preciso buscar essas análises 
quando se fala de Modernidade. Agora, o homem passa a ser visto fora da 
natureza. Até então, o homem ficava à mercê de todas as questões da 
existência em relação à natureza. A partir dessa Modernidade da Revolução 
Industrial, da evolução tecnológica, há uma mudança drástica da relação do 
homem com a natureza. O homem, que era visto como parte fundamental, 
sempre atrelado à natureza, vai para fora dessa visão. 
Quem hoje se vê como parte da natureza? Pode-se dizer que nos 
vemos como parte da natureza, que somos como os outros animais. Mas é 
uma relação diferente da dos animais que temos com a natureza. Essa 
diferença é essencial nas análises do homem, pois este passa a ser visto 
como um ser que está além da natureza, fora da natureza, e passa a olhá-la 
como algo ao qual não pertence. O homem como um ser superior à natureza. 
 
 
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Lembrando que temos várias tragédias que mostram que não é bem assim 
que funciona na prática. 
Esse tempo do relógio da máquina e da produtividade faz lembrar o 
quê? O nosso dia a dia. Todo mundo tem que trabalhar, tem que produzir para 
receber o seu salário, para construir a sua vida; para além das relações de 
consumo, temos a relação entre natureza e consumo. Então, temos produtos 
cada vez mais industrializados, mais processados, que mostram essa 
diferença essencial existente na atualidade. A diferença da Antiguidade até os 
dias atuais é enfatizada com essa relação do homem com a natureza e com 
essa sociedade do consumo cada vez maior. É importante que respeitemos 
essas questões, pensando sempre que essas relações foram mudando ao 
longo do tempo, devido ao nível tecnológico, de conhecimento, às formas de 
apropriação da natureza e como ainda irá se desenvolver em sociedade. 
TEMA 3 – TERMOS DEMOGRÁFICOS 
Ao abordarmos assuntos relacionados à geografia da população, é 
importante que haja compreensão de quais termos aparecem em artigos, em 
livros, pois todos são recheados de significados. Por exemplo, ao pensarmos 
“qual é a taxa de natalidade do Brasil”, o que isso significa? A palavra taxa 
significa o quê? Esse é um dos termos que aparecerão constantemente nas 
nossas leituras, e, por isso, é fundamental compreendermos o seu significado, 
o qual pode mudar a percepção em relação à construção da nossa análise. 
Ao falar de uma taxa de natalidade, por exemplo, é preciso 
compreender, então, o que isso significa, se faz referência à taxa de 
natalidade de um país, de um município, de um estado etc., ou seja, se aquele 
número representa uma determinada relação. 
A taxa é o primeiro termo mais utilizado e significa volume. Então, 
quando se menciona a taxa de natalidade, fala-se do volume de crianças que 
nasceram numa dada população, logo, taxa representa sempre o volume. 
Dessa forma, se mencionamos a taxa de mortalidade, estamos pensando na 
quantidade, volume, de pessoas que estão morrendo. Esses conceitos 
sempre estão relacionados. Já quando falamos sobre razão, significa a 
diferença entre esses dados. Por exemplo: a diferença entre crianças e idosos 
em uma população. Qual é a razão entre esses grupos etários? Qual é a maior 
quantidade? Há mais crianças ou mais idosos? Pois existe diferença entre 
 
 
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eles. Quando pensamos em proporção, estamos nos referindo à quantidade 
que representa um determinado universo. Por exemplo, na população de um 
município, qual é a proporção de mulheres naquela naquele universo? A idade 
ou grupos etários também são termos que mais aparecem em artigos. 
Assim, os termos taxa, razão, proporção, grupos etários ou idade 
permeiam constantemente nossas análises. A todo momento esses termos 
serão discutidos. Dessa maneira, é importante que essas relações possam 
ser compreendidas nas mais variadas formas possíveis. Por exemplo: ao 
falarmos em taxa de fecundidade, o que isso representa em uma população? 
Lembrando que a população, também, tem diferentes escalas de análise. Por 
isso, é importante reconhecer a diferença entre esses termos. 
TEMA 4 – CONCEITOS DEMOGRÁFICOS 
Falar em geografia da população envolve o trabalho com dinâmicas 
mutáveis. Então, essas mudanças fazem com que essas análises também 
sejam permeadas por flexibilidade, mas é preciso saber, também, que os 
conceitos dessas análises de geografia da população são pontuais. Dessa 
maneira, uma análise pode ser a mesma entre municípios distintos, mas 
provavelmente com situações diferentes. A geografia da população tem por 
intuito identificar e analisar quais são os fenômenos que acontecem e que se 
reproduzem no espaço. 
A geografia é uma ciência que trabalha com relações espaciais e que 
visam entender as relações na sociedade, que podem ser relações culturais, 
econômicas e sociais. Cada vez que lemos um artigo, buscamos identificar os 
fenômenos que acontecem; se produzem em determinados espaços; durante 
um período; e que vão se reproduzir nesse mesmo espaço ou em espaços 
diferentes. Em relação à geografia da população, um termo é amplamente 
utilizado: população absoluta, que é o tamanho dessa população e o que 
representa. 
O exemplo clássico é a China, com 1 bilhão e 376 milhões de 
habitantes. Vale ressaltar o uso do termo habitantes. Sendo assim, quando se 
fala em números, é preciso dizer o que eles representam. O dado numérico, 
no caso dos habitantes, deve vir sempre acompanhado da sigla “/hab”. 
Quando abordamos o item população absoluta, ou outros temas como 
densidade demográfica, também vai aparecer essa relação quantidade de 
 
 
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habitantes. Então, resumindo, em população absoluta sempre vai aparecer o 
número “/hab”. 
A Índia apresenta a segunda maior população absoluta do mundo, com 
mais de 1 bilhão e 311 mil habitantes. Os Estados Unidos são a terceira maior 
população, com mais de 321 milhões de habitantes. A China e a Índia, se não 
tivessem cada uma seu 1 bilhão de habitantes, ainda assim continuariam 
sendo nações com grandes populações; a China, inclusive, manteria o 
primeiro lugar, com a Índia caindo para terceiro em relação à população dos 
Estados Unidos, por uma pequenadiferença. O Brasil, em dado atualizado 
disponível no site do IBGE países, conta com 204 milhões de habitantes. 
Indonésia, Paquistão, Rússia e Japão são outros países que têm grandes 
populações absolutas. 
Seguimos com a densidade demográfica. Esse é outro conceito que 
utiliza um cálculo da população absoluta com o território dessa população. Ao 
falarmos em população absoluta, estamos referindo o tamanho da população, 
ou seja, à quantidade de pessoas que existem naquele país, naquele território. 
Ao falarmos sobre população ou densidade demográfica, ou então população 
relativa, que é outro termo que representa a densidade demográfica e que 
aparece muitas vezes em artigos, virá sempre acompanhada do valor, do 
número que está representando, mais a sigla “hab./km2”. É muito importante 
estar atento a esse símbolo, porque, muitas vezes, em um texto não vai estar 
escrito “a população relativa de tal país é essa” ou mesmo “a densidade 
demográfica do Brasil é essa”, mas aparecerá apenas o número e o símbolo. 
A densidade demográfica representa outra relação. A Holanda, por 
exemplo, não aparecia com uma grande população quando abordamos a 
população absoluta, ou seja, a quantidade. No entanto, o território holandês é 
bem menor e aí a quantidade de habitantes pelo tamanho do território fica 
saturada. Na Holanda, temos 501,9 hab./km2. Se pensarmos no Brasil, que é 
um dos maiores países do mundo em relação ao território e com grande 
população, mesmo assim temos uma taxa de densidade demográfica de 24,9 
hab./km2. Dessa maneira, é muito diferente se compararmos Brasil e Holanda. 
Se fizermos uma leitura de Bangladesh, país localizado na Ásia, temos uma 
densidade demográfica de 1236,8 hab./km2 – o que significa que temos toda 
essa quantidade de pessoas por quilômetro quadrado do país. Quando 
pegamos o exemplo do Canadá, que é um país em uma área que é não é tão 
 
 
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densamente habitada, temos 4 hab./km2. Para fechar, temos China e Índia. A 
China tem a maior população do mundo, mas com densidade demográfica de 
146,6 hab./km2. Já a Índia tem uma densidade demográfica maior do que a 
China. 
Na América do Sul, mais especificamente no Brasil, o país é 
densamente habitado na costa leste, em sua faixa litorânea. Na América do 
Norte, também temos essa relação do leste densamente habitado e da faixa 
litorânea maior; assim como Europa, Ásia, Índia, leste chinês densamente 
habitado e o Japão. 
Já a expectativa de vida é baseada, quando a criança nasce, na 
quantidade de anos, em média, que essa população está vivendo. Nos 
Estados Unidos, a expectativa de vida é de aproximadamente 81,6 anos; no 
Japão, há uma das maiores expectativas de vida do mundo, de 83,5 anos. O 
caso brasileiro é de 74,6 anos, mas temos, também, os dados de 
Moçambique, que na tabela mostram faixa etária de 55,1 anos, ou seja, uma 
esperança de vida menor se comparada aos dados do Brasil, que tem, como 
dito, a expectativa de vida de 74,6 anos. Hoje, o brasileiro quando nasce, vive 
até os 75 anos, em média. Podemos pensar “nossa, mas eu tenho uma avó 
que está com 80 e poucos anos”, ou “eu conheço uma tia”, “uma amiga da 
minha mãe”, enfim, sempre temos alguns conhecidos que são mais velhos do 
que a média. O mais interessante disso é observar que, cada vez mais, a 
expectativa de vida vem aumentando por conta do nosso modo de vida atual. 
TEMA 5 – A GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO E O ENSINO BÁSICO 
Qual é a relação entre a geografia da população e o ensino básico? No 
ensino básico, quando estamos na escola, a geografia da população era um 
dos temas mais comentados entre os alunos. O assunto agrada porque 
aborda diferentes localidades, diferentes relações. Dessa maneira, é 
extremamente necessário que aproveitemos esse momento para transformar 
esse conteúdo acadêmico e científico em conteúdo escolar. Como 
professores, devemos transformar esse material complexo em um conteúdo 
que seja acessível ao nosso aluno, às suas análises e interpretações. Não 
tornar mais fácil, mas fazer com que ele compreenda essa relação em uma 
linguagem mais clara, não tão complexa. Quando pensamos nas relações que 
podem ser construídas da geografia da população no ambiente escolar, as 
 
 
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análises e interpretações são construídas em conjunto, do professor com o 
aluno. 
Essa relação permite ao estudante uma leitura de mundo diferente. 
Discutir essas relações da população com eles farão com que compreendam 
o mundo de uma maneira diferente, globalizada, de constantes trocas e 
relações. Assim, é preciso ter esse cuidado para com o aluno, sobre a 
diversidade social e cultural existentes em relação à população. Os conceitos 
e temas do cotidiano estão repletos de geografia da população. Por isso, cabe 
a nós, professores de geografia, apresentarmos todas as possibilidades do 
olhar geográfico para diferentes escalas de interpretação. 
Quando buscamos a relação da geografia da população com o 
ambiente escolar, não é só a disciplina daquele momento; não é só, por 
exemplo, em alguns currículos que a geografia da população vai aparecer 
(sétimo ano ou oitavo ano), mas ao longo de toda a vida escolar. Isso porque 
fazem parte da realidade de cada indivíduo. 
Entretanto, existem assuntos que podem fugir da realidade do aluno, 
mas que exigem a mesma atenção. As questões indígenas, por exemplo, não 
são só uma questão brasileira, mas de diferentes localidades do mundo. É 
preciso levar em conta, inclusive, que o Brasil é um país extremamente 
miscigenado, que dá origem a diversas discussões, como questões culturais, 
étnicas, religiosas etc. E isso tudo faz parte da análise da geografia da 
população. 
E em relação às questões culturais, como a festa junina, tão tradicional 
em nosso país, o que que nós podemos propor quando pensamos nos nossos 
alunos, ao discutir os conteúdos? Como é que nós transformamos este 
conteúdo em conteúdo escolar? Não podemos apresentá-los da mesma 
maneira. Como é que vamos trabalhar grupos populares diferentes? Como é 
que discutimos com meu aluno, por exemplo, taxas de nascimento, taxa de 
mortalidade etc.? Temos um universo para discutir com nossos alunos. Então 
esse tempo é para discutir e para instigar a luz. 
NA PRÁTICA 
Para fixar os conhecimentos adquiridos nesta aula, convidamos você 
para praticar. No site do IBGE, é possível pesquisar dados referentes a 
inúmeros países. 
 
 
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Digite “IBGE países” e escolha três países, um em cada continente, 
para que você construa uma tabela e compare os dados. Quais são esses 
dados? Natalidade, mortalidade e esperança de vida ao nascer. Na abertura 
do site IBGE países, aparece um mapa-múndi. Você pode, então, clicar em 
cima dos diferentes países e aparecerão os dados de cada país. Separem e 
anotem esses dados para estabelecer essa comparação. Em seguida, 
organize um texto que mostre as relações encontradas nesses dados e divida 
o resultado com os seus colegas. 
Este exercício tem o objetivo de fazer com que você fixe o 
conhecimento adquirido. Explore o site do IBGE e veja que não são todos os 
países do mundo que realizam levantamento dos seus dados, e alguns dados 
estão com anos diferentes. Você vai encontrar países que fizeram o último 
levantamento oficial em 2010, por exemplo, como é o caso brasileiro. É um 
exercício de análise, então aproveite esse momento para construir essa 
comparação, criar uma tabela e organizar suas ideias em texto para debater 
com os seus colegas. A troca de informações é muito importante neste 
processo de construção do conhecimento geográfico. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, vimos quais são os conceitos de termos demográficos 
utilizados na geografia da população. Tratamos, também, dos fatores sociais 
e culturais que são essenciais para o entendimento desta disciplina, das 
relações e de como as mudanças foram ocorrendo ao longo do tempo. Além 
disso, analisamos diferentes escalas e leituras dedados estatísticos. 
Por fim, exploramos a população no ensino básico. Com esse assunto, 
foi possível discutir um pouco o que é a geografia da população, quais são os 
conceitos fundamentais, as reflexões que devemos fazer e as relações a 
serem estabelecidas. 
Dessa maneira, a influência do modo de vida em nossas relações, as 
dinâmicas sociais, culturais e econômicas também mudam a nossa maneira 
de encarar a geografia da população.

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