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Diabetes Mellitus e Lipidograma

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13/09/2021 17:50 Diabetes Mellitus e Lipidograma
https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/00212sa/01482/index.html#imprimir 1/98
Diabetes Mellitus e Lipidograma
Profa. Fabiana Vieira de Mello
Descrição
Diabetes mellitus e lipidograma, conceitos gerais e aspectos clínicos e laboratoriais.
Propósito
Compreender os conceitos básicos do metabolismo de carboidratos e lipídeos, destacando a
importância do diabetes mellitus e de quadros de dislipidemias; descrever os testes laboratoriais
utilizados e correlacionar os resultados obtidos com os aspectos clínicos das diferentes
subclassificações.
Objetivos
Módulo 1
Diabetes mellitus e seu diagnóstico
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Descrever os tipos, as fisiopatologias e as complicações do diabetes mellitus e seu
diagnóstico laboratorial.
Módulo 2
O metabolismo dos lipídeos
Reconhecer os pontos básicos do metabolismo dos lipídeos, as possíveis alterações
fisiológicas e laboratoriais e os diferentes subtipos de dislipidemias.
Neste conteúdo, vamos conhecer o incrível mundo metabólico dos carboidratos e lipídeos,
explorar as vias e os recursos utilizados em nosso organismo para aproveitar ao máximo
tais substâncias orgânicas provenientes de nossa alimentação.
Além disso, discutiremos as diferenças entre diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes
gestacional, percorrendo das causas às consequências, desmitificando e realçando
conhecimentos populares, como o “se tem formiga no banheiro, é melhor você parar de
comer doce”, de que as avós sempre falam. Será que elas têm razão?
Vamos esclarecer também o “código de letrinhas”, quando tratarmos do temido exame de
colesterol (HDL, LDL, IDL, VLDL), avaliar e ressaltar a importância de cada uma dessas
frações e seus valores de referência.
Introdução
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Orientações sobre unidade de medida
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por
questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um
espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais
materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos
números e das unidades.
Uma vez que conheçamos os atores envolvidos nos diferentes processos, ficará mais fácil
compreender os resultados dos exames, assim como olhar com outros olhos quando
recebermos uma amostra com plasma lipêmico, ou seja, com aspecto leitoso.
O conteúdo deste material merece destaque por sua relevância em nossa prática
profissional. Diabetes mellitus e alterações nas dosagens de triglicerídeos e colesterol
fazem parte de um quadro de alterações que atinge grande parte da população mundial.
AVISO: orientações sobre unidades de medida.
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1 - Diabetes mellitus e seu diagnóstico
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever os tipos, as fisiopatologias e
as complicações do diabetes mellitus e seu diagnóstico laboratorial.
Carboidratos e seu metabolismo
Os carboidratos são considerados as principais fontes alimentares de energia, mas sua função
vai além. Exercem papéis estruturais e metabólicos fundamentais, como na transdução de sinal e
interação célula-célula. De maneira geral, são compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio e
classificados em: monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos ou polissacarídeos.
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Monossacarídeos
Uma cadeia de açúcar. 
Exemplo: glicose, galactose, frutose, ribose.
Oligossacarídeos
Polímeros com diferentes quantidades de açúcares (2 a 10 monossacarídeos). 
Exemplo: rafinose, maltotriose e gentianose.
Dissacarídeos
Duas cadeias de açúcares. 
Exemplo: maltose, sacarose.
Polissacarídeos
Cadeias longas de monossacarídeos (mais de 10 monossacarídeos). 
Exemplo: amido, glicogênio.
No campo do metabolismo e geração de energia, a glicose ganha destaque, pois é a principal
fonte de energia de vários organismos. Ela está envolvida em diversas vias, seja para degradação
e/ou armazenamento de energia e é transportada pela corrente sanguínea.
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Quando os níveis celulares de energia estão baixos, a glicose é degradada pela via glicolítica;
mas, quando não é necessária a produção de energia, a glicose é armazenada como glicogênio
no fígado e nos músculos ou pode originar outras substâncias, como aminoácidos, ácidos graxos
e monossacarídeos.
A principal fonte de carboidratos é a dieta alimentar, principalmente a partir da ingestão de
amido, sacarose, lactose e frutose. Para que os carboidratos sejam absorvidos, é necessária a
hidrólise dos dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos em monossacarídeos. Essa
quebra é mediada por diferentes enzimas ao longo do sistema digestório. Veja mais sobre a
hidrólise dos carboidratos ao longo do sistema digestório a seguir:
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Passo 1
A digestão do amido começa no processo de mastigação, com a ação da α-amilase
salivar (ptialina). Essa enzima cliva as ligações glicosídicas α(1→4), obtendo maltose e
oligossacarídeos
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oligossacarídeos.
Mas a amilase salivar não tem função muito significativa na hidrólise dos
polissacarídeos, pois, ao entrar em contato com o ácido estomacal, ela é inativada em
razão do baixo pH.
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Passo 2
Posteriormente, o amido e o glicogênio são hidrolisados pela α-amilase pancreática no
duodeno, produzindo maltose (produto principal) e oligossacarídeos (dextrinas). 
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Passo 3
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Por fim, ocorre a hidrólise dos carboidratos em seus produtos finais (monossacarídeos)
através da ação de diversas enzimas presentes na superfície intestinal.
Após a absorção pelas células intestinais, a glicose cai na corrente sanguínea e, ao aumentar sua
concentração plasmática, as células β das ilhotas pancreáticas irão secretar insulina, que atua na
captação de glicose nos tecidos adiposo e muscular.
Saiba mais
Algumas pessoas, na fase adulta, apresentam carência da enzima lactase, o que
acarreta a diminuição da hidrólise de lactose. Com isso, a lactose se acumula no
intestino, gerando um influxo de água associado à ação bacteriana — há formação de
ácidos com liberação de dióxido de carbono. Tal combinação culmina nos efeitos
colaterais da “intolerância à lactose”, como cólicas, diarreia e distensão abdominal.

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Passivo (difusão facilitada)
A glicose se movimenta a favor do gradiente de concentração (de maior para menor
concentração), via transporte Na+ dependente. Transporta preferencialmente frutose.
Ativo
A glicose é captada pela célula epitelial do intestino, via bomba de Na+/K+ (com gasto de
ATP). Transporta, preferencialmente, glicose e galactose.
Após a absorção pelas células intestinais,a glicose cai na corrente sanguínea e, ao aumentar sua
concentração plasmática, as células β das ilhotas pancreáticas irão secretar insulina, que atua na
captação de glicose nos tecidos adiposo e muscular.
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Observe o corte histológico do pâncreas, com a ilhota de Langerhans, que aparece na figura
como uma estrutura pálida e redonda.
A captação de glicose pelo fígado, cérebro e eritrócitos não é insulinodependente. Mas por que
isso acontece?
A glicose passa pelas membranas por diferentes transportadores glicoproteicos que estão
distribuídos de formas diferentes pelas células do organismo. Os transportadores de glicose são
uma família de 14 membros que permitem a difusão facilitada de glicose por gradiente de
concentração de forma dependente ou não de insulina, dependendo do tipo de receptor presente.
Agora, vamos conhecer os principais transportadores.
É largamente distribuído por muitos tecidos e é muito numeroso nos capilares cerebrais
que formam a barreira hematoencefálica; não depende da ação de insulina.
Receptor de GLUT-1 
Receptor de GLUT-2 
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Age em glicemias elevadas, como no período pós-prandial. No fígado, é importante para
proporcionar a síntese de glicogênio, moléculas cuja finalidade é estocar glicose para que,
no jejum, os níveis plasmáticos de glicose possam ser mantidos. Nas células β-
pancreáticas, esse receptor serve como mediador da liberação de insulina. No intestino,
facilita a absorção de glicose da luz intestinal para a corrente sanguínea; nos túbulos
renais, promove a sua absorção do filtrado glomerular.
Atua em baixas concentrações de glicose, como no jejum prolongado, e pode ser
encontrado no Sistema Nervoso Central, cujo aporte de glicose é imprescindível.
Encontrado no músculo e tecido adiposo e é insulinodependente. Esses receptores
encontram-se em pool intracelular e só são recrutados para a membrana plasmática no
período pós-prandial, quando há liberação de insulina e necessidade de armazenamento
de glicose para utilização futura. Lembre-se que a glicose é estocada no músculo e no
tecido adiposo.
Dentro da célula, a glicose pode ser utilizada em diferentes processos metabólicos. São eles:
Receptor de GLUT-3 
Receptor de GLUT-4 
Saiba mais
Para saber com mais detalhes sobre esses receptores, não deixe de visitar o Explore+!
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Glicólise
É o processo de quebra de glicose para obtenção de energia (ATP).
Glicogênese
É o processo de síntese de glicogênio nos músculos e fígado. Quando os níveis de
glicose estão altos, tal processo é modulado pela insulina.
Glicogenólise
É o processo de quebra do glicogênio para obter energia, que ocorre quando os níveis
de glicose estão mais baixos. Tal processo é modulado pelo glucagon.
Gliconeogênese
É o processo de formação de glicose a partir de substâncias que não são
carboidratos, como os aminoácidos, lactato e glicerol, quando há baixas quantidades
de glicose no organismo.
Insulina e glucagon
O metabolismo energético precisa ser muito bem orquestrado para que não haja armazenamento
e/ou quebra de glicose em momentos não oportunos e sem necessidade. Para isso, existe um
controle mediado principalmente pela ação de dois hormônios — insulina e glucagon —
associados à atuação da adrenalina e noradrenalina de maneira coadjuvante.
A insulina é um hormônio que favorece o processo anabólico, ou seja, de síntese de glicogênio.
Ela tem sua síntese e liberação, pelas células β-pancreáticas, aumentadas quando há níveis
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elevados de glicose e aminoácidos na corrente sanguínea, assim como o aumento de hormônios
gastrointestinais.
Em contrapartida, a síntese e liberação da insulina diminui quando há pouca disponibilidade de
glicose, escassez alimentar e/ou períodos de estresse, momentos em que há maior liberação de
adrenalina, que impede a liberação da insulina.
Como já vimos, o efeito da insulina é tecido dependente, no fígado e nos músculos, sua atuação
tem como consequência a síntese de glicogênio; já no tecido adiposo, aumenta a quantidade de
receptores que atuam no transporte e na captação de glicose. No fígado, além de ter um
aumento da síntese de glicogênio, há uma diminuição/inibição da glicogenólise e
gliconeogênese.
Comentário
A administração de glicose via oral aumenta muito mais a produção e liberação de
insulina do que a administração intravenosa, pois, na administração oral, além da
resposta direta aos níveis de glicose, há também liberação de hormônios
gastrointestinais pelas células do intestino delgado, causando uma produção
antecipada de insulina que vai para a corrente sanguínea.
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Ativação dos receptores de glicose induzidos por insulina nos tecidos cardíaco, esquelético e adiposo.
O glucagon, por sua vez, é produzido pelas células α-pancreáticas. Associado a outros
hormônios, como adrenalina e hormônio do crescimento, desempenha papel muitas vezes
antagônico ao da insulina, uma vez que sua função, basicamente, é manter os níveis plasmáticos
de glicose através da glicogenólise e da gliconeogênese hepática. Em outras palavras, o
glucagon tenta impedir a hipoglicemia (glicose < 40hmg/dL) em períodos prolongados de jejum.
Sua síntese aumenta em situações de baixa glicemia sanguínea, aumento nos níveis de
aminoácidos plasmáticos e estresse.
A seguir, um comparativo da ação desses dois hormônios.
Insulina 
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Glucagon 
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A fim de que esses processos aconteçam de maneira correta, existem muitos mecanismos de
regulação da glicose, todos controlados pela concentração plasmática da mesma. Para
simplificar, a seguir apresentamos um esquema da regulação hormonal da glicose sanguínea.
Mas atenção: os sinais – e + na figura indicam a inibição e o estímulo para o aumento da
glicemia, respectivamente.
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Imagem: Regulação hormonal da glicose sanguínea.
Tipos de diabetes e sua �siopatologia
Saiba mais
As incretinas são hormônios polipeptídicos secretados pelas células enteroendocrinas,
principalmente o GIP (polipeptídio insulinotropico glicose-dependente) e o GLP-1
(peptideo-1 semelhante ao glucagon), que estimulam a liberação de insulina
pancreática e inibem a ação do glucagon.
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Estudos mostram que os primeiros casos de diabetes mellitus ocorreram no Egito Antigo (5000
-1085 a.C.), porém só foi descrito por volta dos anos 70 d.C., na Grécia. O médico Areteu
observou que existia uma doença silenciosa e intrigante que causava muita fome, sede e poliúria.
Apesar de toda oferta alimentar, o paciente se sentia com fraqueza e, em grande parte dos casos,
entrava em coma antes de falecer. Esse quadro foi associado ao nome “diabetes”, que significa
“sifão” (o líquido ingerido era eliminado rapidamente pelos rins).
Veja um pouco mais sobre a diabetes mellitus a seguir:
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Thomas Willis.
Thomas Willis
A ó l í d l d 1670 édi Th Willi d b i
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Após um longo período, por volta de 1670, o médico Thomas Willis descobriu que a
urina de pacientes que apresentavam esse quadro era muito doce.
Você deve estar se perguntando como Thomas Willis conseguiu detectar isso naquela
época!
Sim, o médico provou a urina desses pacientes.
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Michel Chevreul.
Michel Chevreul
Somente por volta de 1815 Michel Chevreul identificou que o açúcar encontrado na
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Somente por volta de 1815, Michel Chevreul identificou que o açúcar encontrado na
urina era a glicose.
Nessa época, o protocolo ainda era provar a urina dos indivíduos com suspeita de
diabetes.
A doença passou a ser chamada de diabetes mellitus, porque “mellitus” significa
“adocicado”.
Alguns anos depois, médicos e cientistas dedicados à pesquisa identificaram que o pâncreas era
responsável por produzir “alguma substância” que controlava o açúcar no sangue, e que os
pacientes com diabetes tinham alguma deficiência nessa produção. Atualmente, sabemos que o
diabetes mellitus não é uma doença, mas um grupo heterogêneo de diferentes síndromes
metabólicas multifatoriais que tem como característica em comum os níveis aumentados de
glicemia em jejum em razão de defeitos de produção, secreção e/ou ação da insulina. O
metabolismo diabético é semelhante ao metabolismo de uma pessoa em jejum prolongado, pois,
embora ela possua muita glicose, esta não é processada pela ausência ou deficiência da insulina.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a expansão do diabetes mellitus pelo mundo
pode ser considerada uma epidemia. A doença tornou-se um desafio mundial, pois com o
envelhecimento cada vez maior da população e a adoção de estilos de vida menos saudáveis
(crescente obesidade e sedentarismo) há uma maior propensão a desenvolver diabetes.
Imagem: Estimativa para casos de diabetes mellitus em 2030, baseada em cálculos de 2011.
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O diabetes mellitus (DM) é classificado de acordo com sua etiologia, em:
diabetes tipo 1;
diabetes tipo 2;
diabetes gestacional;
outras diabetes.
No quadro a seguir, apresentamos a classificação etiológica do diabetes mellitus.
Tipo Classificação etiológica do diabetes mellitus
Saiba mais
Por ser uma patologia que atinge o mundo todo e gera prejuízos para a qualidade de
vida das pessoas, criou-se o “Dia Mundial do Diabetes”, com o intuito de prevenção,
diagnóstico precoce e disseminação dos cuidados necessários após o diagnóstico.

Comentário
Por muito tempo, não foi assim. Era dividido apenas em tipo 1 ou tipo 2, de acordo com
a idade do paciente, em que o tipo 1 era o diabetes juvenil e o tipo 2, o diabetes tardio.
Com o avanço dos estudos, já sabemos que são necessárias diversas avaliações
conjuntas para que seja dado o diagnóstico correto.
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Tipo Classificação etiológica do diabetes mellitus
Diabetes tipo 1
Destruição das células β-
pancreáticas gerando a deficiência
absoluta de insulina, comprovada
por exames laboratoriais
Mediado pelo
sistema imunológico;
idiopático
Diabetes tipo 2
Pode variar de resistência à
insulina predominante e defeito
secretório com resistência à
insulina
Associado à
obesidade e ao
distúrbio do
metabolismo de
lipídeos
Outros tipos
específicos
Defeitos genéticos da fração de
células β
Cromossomo 12
(fator nuclear
hepático (HNF-1A)
(MODY 3);
Cromossomo 7
(MODY 2) 
Cromossomo 20
HNF-1ª (MODY 1);
Cromossomo 13,
fator promotor de
insulina -1 (IFF-1
MODY4) 
Cromossomo 17,
HNF-1B (MODY 5);
Cromossomo 2,
NeuroDI (MODY6);
DNA mitocondrial
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Tipo Classificação etiológica do diabetes mellitus
Defeitos genéticos na ação da
insulina
Resistência à insulina
do tipo A,
leprechaunismo,
síndrome Rabson-
Mendenhall, diabetes
lipotrófico
Doença do pâncreas exócrino
Pancreatite, trauma
pancreatectomia,
neoplasia, fibrose
cística,
hemocromatose,
pancreatopatia
fibrocalcificada
Endocrinopatias
Acromegalia,
síndrome de Cushing,
glucagonoma,
feocromocitoma,
hipertireoidismo,
somatostatinoma,
aldosteronoma
Induzida por fármacos ou
químicos
Vacor, pentamidina,
ácido nicotínico,
glicocorticóides,
hormônios
tireoidianos,
diazoxida, agonistas
β-adrenérgicos,
tiazidas, dilantina, α-
interferon
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Tipo Classificação etiológica do diabetes mellitus
Infecções
Rubéola,
citomegalovírus e
outras
Formas incomuns de diabetes
mediadas pelo sistema
imunológico
Síndrome da pessoa
rígida, anticorpos
contra os receptores
de insulina etc.
Outras síndromes genéticas
associadas às vezes ao diabetes
Síndrome de Down,
síndrome de Turner,
síndrome de
Klinefelter, síndrome
de Wolfram, ataxia de
Friederich, distrofia
miotônica etc.
Diabetes mellitus
gestacional
Pessoas com tolerância normal à
glicose, mas com risco
substancialmente elevado de
desenvolver diabetes.
Hiperglicemia de graus variados
diagnosticada durante a gestação,
na ausência de critérios de DM
prévio
Alteração prévia de
tolerância à glicose 
Alteração potencial
de tolerância à
glicose
Quadro: Classificação etiológica do diabetes mellitus.
Adaptado de: MARSHALL, 2016, p. 459.
O diabetes tipo 1 está relacionado a um mau funcionamento das células β do pâncreas, em que a
produção de insulina se encontra prejudicada ou ausente. Sem a produção e/ou liberação de
insulina, a glicose não é captada pelas células. Como consequência, há hiperglicemia.
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Normalmente, este diagnóstico é realizado antes dos 35 anos, e o paciente fica dependente do
uso de insulina exógena.
Indivíduo diabético autoaplicando insulina.
Já o diabetes tipo 2 está relacionado a alguma alteração nos receptores celulares de insulina,
seja por questões quantitativas ou qualitativas. Como consequência, não há captação de glicose
pelas células e o paciente apresenta hiperglicemia, porém a dosagem de insulina pode estar com
níveis normais ou até mesmo aumentados, não necessitando de intervenção insulínica.
Assim, levando essas características em consideração, podemos classificar os diabetes de
acordo com a dependência terapêutica de insulina: diabetes insulinodependentes ou diabetes
não insulinodependentes.
Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2
Idade de início
Geralmente durante
a infância ou a
puberdade
Frequentemente após os 35 anos,
sintomas desenvolvem-se
gradualmente
Estado nutricional
do momento do
início da doença
Frequentemente
desnutridos
Obesidade geralmente presente
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Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2
Predisposição
genética
Moderada Muito forte
Prevalência
10% dos diabéticos
diagnosticados
90% dos diabéticos diagnosticados
Defeito ou
deficiência
Células β são
destruídas
eliminando a
produção de
insulina
Resistência à insulina combinada
com incapacidade das células de
produzirem quantidades adequadas
de insulina
Frequênciade
cetose
Comum Rara
Insulina plasmática De baixa a ausente
Alta no início da doença, baixa na
doença crônica
Complicações
agudas
Cetoacidose Estado hiperosmolar
Tratamento com
fármacos
hipoglicemiantes
orais
Não é responsivo Responsivo
Tratamento
Insulina é sempre
necessária
Dieta, exercícios, fármacos
hipoglicemiantes orais, insulina pode
ou não ser necessária. Redução de
fatores de risco (pausa no
tabagismo, controle da pressão
sanguínea, tratamento de
dislipidemias) é essencial para a
terapia
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Quadro: Comparação do diabetes tipo 1 x tipo 2
Adaptado de: HARVEY; CHAMP; FERRIER, 2012, cap. 25, p. 337.
O diabetes gestacional recebe esse nome porque é diagnosticado durante a gravidez. Pode
persistir ou não após o parto. O quadro de diabetes se dá em razão de intolerância aos
carboidratos de maneira geral e normalmente ocorre no terceiro trimestre da gestação. Entre as
mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional, somente cerca de 3% possuem diabetes
gestacional realmente.
Grávida medindo a glicemia.
Saiba mais
A hiperglicemia materna leva o feto a produzir mais insulina, resultando em maior
estímulo ao crescimento. Isso leva a um quadro de macrossomia, ou seja, o recém-
nascido apresenta peso igual ou superior a 4kg. Para a mãe, pode levar à hipertensão
crônica. Normalmente, após o parto, a mãe retorna à glicemia normal, mas depois de
alguns anos ela pode desenvolver o diabetes mellitus.

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Já o grupo das outras diabetes tem causas bem diversas: defeitos genéticos da ação da insulina,
doenças no pâncreas, endocrinopatias induzidas por drogas, infecções e síndromes genéticas,
conforme foi mencionado no quadro “Classificação etiológica do diabetes mellitus”.
Agora que já sabemos um pouco sobre os diferentes tipos de diabetes mellitus, precisamos
discutir a fisiopatologia dessa doença. Vamos lá?
Fisiopatologia do diabetes mellitus
Como vimos anteriormente, a glicose não consegue entrar nas células de pessoas que possuem
alteração na produção e/ou liberação da insulina ou dos receptores celulares.
Consequentemente, seus níveis plasmáticos aumentam devido ao acúmulo de glicose, gerando a
hiperglicemia (> 100mg/dL).
Concomitante à hiperglicemia, o quantitativo de glicose extrapola o limiar renal
(aproximadamente 160mg/dL) e acontece a glicosúria (excreção de glicose pela urina). Além
disso, em razão da diferença osmótica, há uma maior perda de água, gerando poliúria
(eliminação de grande volume de urina num dado período) que, por sua vez, pode levar a quadros
de desidratação — por isso o indivíduo entra em polidipsia (consumo exacerbado de água). Esse
cenário pode ser um sinal de alerta como os primeiros sintomas de um quadro de diabetes.
Em relação às questões metabólicas, como a glicose não consegue entrar nas células, os níveis
intracelulares ficam baixos, acarretando uma sinalização para o fígado da necessidade de gerar
glicose, induzindo à realização de neoglicogênese. Além disso, pode haver também sinalização
para que o tecido adiposo produza energia a partir dos ácidos graxos. Ou seja, o organismo não
entende que o baixo nível de glicose intracelular não está proporcional à oferta de glicose
plasmática e, com isso, aciona seus recursos para produzir glicose com o intuito de que o
metabolismo intracelular não cesse. A consequência é cada vez mais glicose na corrente
sanguínea.
Como fatores de risco para o diabete gestacional, temos: histórico familiar, obesidade,
idade avançada da gestante e macrossomia em gestações anteriores.
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Com esse acionamento das reservas do fígado e do tecido adiposo, o paciente pode começar a
emagrecer e sentir fraqueza, aumentando a busca por alimentos devido à polifagia (fome
intensa), o que vai aumentar ainda mais os níveis de glicemia.
Após o período de emagrecimento, com a cronicidade da doença, pode haver um efeito rebote e
o paciente iniciar um processo de engorda — por causa da polifagia e do aumento da síntese de
ácidos graxos. Vale destacar que existem casos em que o quadro de obesidade é prévio ao
aparecimento do diabetes, considerado até um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes
mellitus tipo 2.
Veja seguir um resumo com possíveis sintomas iniciais de diabetes mellitus.
Perda de peso repentina
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Fadiga excessiva
Poliúria
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Polidipsia
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Fomigamento/dormência dos dedos
Polifagia
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Critérios para diagnóstico laboratorial do diabetes
mellitus
O diagnóstico de diabetes se baseia na glicemia, porém vários parâmetros devem ser avaliados
para que o diagnóstico seja fechado com segurança. Em diversos casos, os pacientes são
assintomáticos e a dosagem da glicemia funciona como um alerta. Em outros casos, possibilita
intervenção terapêutica precoce e/ou mudança no estilo de vida, o que pode reverter o quadro
pré-diabético.
Entre os parâmetros avaliados, temos diversos ensaios laboratoriais que são amplamente
utilizados não só para auxiliar o diagnóstico, como também para monitorar a doença. Os testes
laboratoriais de rotina para diabetes são:
glicemia em jejum;
curva glicêmica ou teste oral de tolerância à glicose (TOTG);
hemoglobina glicada;
frutosamina.
Dosagem da glicemia em jejum
Atenção
O recrutamento e a queima de gorduras para produzir energia geram subprodutos
(corpos cetônicos) que são liberados pela respiração e urina. Por isso, quando um
indivíduo diabético fica muito tempo sem comer, ele pode apresentar um hálito mais
adocicado (cetônico), que lembra maçã verde. Este hálito é muito característico e pode
ser utilizado para orientar os médicos em um primeiro diagnóstico.
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Para a realização de dosagem de glicemia em jejum, um fator muito importante é o tempo de
jejum do paciente, pois ele pode influenciar diretamente nos resultados obtidos. O tempo de
jejum requerido varia de laboratório para laboratório, mas o mínimo exigido são 8 horas e o
máximo, 16 horas.
Além disso, após a coleta de sangue, a amostra precisa ser tratada de maneira adequada.
Recomenda-se a separação do soro ou plasma em 1 hora. Esse cuidado é necessário por causa
do consumo de glicose via glicólise. Estima-se que aproximadamente 5% da glicose possa ser
consumida a cada hora (a depender das condições da amostra, como leucometria e temperatura
de armazenamento).
A glicose pode ser estimada a partir de testes colorimétricos, como por exemplo método da
glicose oxidase (GOD). Nesse teste, a glicose é oxidada pela ação da enzima GOD gerando ácido
glicônico e água oxigenada que, através da enzima peroxidase (POD), é convertida em um
produto com coloração vermelha. Esse produto deverá ser lido em espectrofotômetro a 510nm.
Essa técnica não pode ser utilizada para outros líquidos que não seja o soro e o plasma.
Dica
É possível inibir a glicólise e estabilizar a glicose em amostras sanguíneas adicionando
fluoreto de sódio. Existem tubos especiais para esta coleta: têm tampa cinza. Nesse
caso, as amostras ficamestáveis durante três dias em temperatura ambiente. Isso
ocorre porque o fluoreto liga-se ao magnésio formando complexos inorgânicos e
impedindo que a enolase, uma enzima da via glicolítica, ligue-se ao substrato. Essa
enzima é responsável pela conversão do 2-fosfoglicerato em fosfoenolpiruvato, uma
das últimas etapas da via glicolítica.
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Imagem: Reação de glicose- Trinder para dosagem de glicose.
Diferente dessa metodologia, o método de hexoquinase-UV apresenta menos interferentes,
podendo ser utilizado em todos os líquidos biológicos. É facilmente adaptado à automação.
Entretanto, o reagente é menos estável e precisa de um equipamento UV para a leitura, que deve
ser feita em 340nm.
Imagem: Reação de hexoquinase para dosagem de glicose.
Para a glicemia em jejum, os valores de referência são:
Crianças
60 a 100mg/dL
Adultos
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74 a 100mg/dL
É importante ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) emprega o valor de referência
máximo de 110mg/dL para a normalidade, mas a Sociedade Brasileira de Diabetes adota
100mg/dL, de acordo com as Diretrizes de Diabetes 2019-2020.
Hipoglicemia
Se o resultado encontrado for abaixo do valor mínimo de referência.
Hiperglicemia
Caso o valor seja acima do valor máximo do intervalo de referência.

Atenção
Vale ressaltar que uma dosagem entre ≥ 100 e < 126mg/dL significa glicose alterada, e
mais duas aferições devem ser realizadas em momentos e dias diferentes, pois o
resultado pode estar relacionado a picos de estresse, infecções etc.
No entanto, dois testes com glicemia em jejum superior a 126mg/dL verificadas em
dias diferentes confirma o diagnóstico de diabetes.
Além disso, deve-se realizar testes complementares, independentemente do resultado
da glicemia.
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Teste oral de tolerância à glicose (TOTG)
O teste oral de tolerância à glicose ou curva glicêmica se baseia na administração de uma
solução com concentração conhecida de glicose e posterior monitoramento da glicemia em
intervalos padronizados. Esse teste é preconizado para pacientes que apresentarem a glicemia
com valores limítrofes (100-126mg/dL) e para os que apresentarem algumas complicações do
diabetes (nefropatia, retinopatia ou neuropatia).
Para a realização desse ensaio, a pessoa deve consumir pelo menos 150g de carboidratos nos
três dias prévios. No momento do exame, a glicemia em jejum deve ser dosada, pois servirá
como base do estado em jejum do paciente. Então o paciente recebe a solução com 75g de
glicose dissolvidas em 300mL de água.
Características Comentários
O teste deve ser realizado em
jejum
Jejum preconizado de 8 a 10 horas
O teste deve ser realizado pela
manhã
O diagnóstico do diabetes pode ser perdido em
ensaios realizados à tarde
Dieta prévia ao teste com, no
mínimo, 150 gramas de
carboidratos
Evitar falso negativo
Dose de glicose oral
75g em solução aquosa (25%) adultos. Tomar a
dose em até 2 horas. 
1,75g de glicose por kg de peso até no máximo 75
gramas (crianças)
Suspensão do teste no caso de
vômitos e diarreia
Fatores que afetam o trânsito intestinal e
absorção da glicose
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Características Comentários
Verificação de possíveis
interferentes
Exercícios extenuantes antes do exame 
Alterações hormonais (TSH, cortisol, GH e
catecolaminas) 
Medicamentos (anticoncepcionais orais, aspirina,
ácido nicotínico, diuréticos, hipoglicemiantes)
Quadro: Características e fatores que afetam o TOTG.
Adaptado de: BARCELOS; AQUINO, 2018, cap. 5, p. 63.
Após a administração da glicose, serão realizadas mais três coletas de sangue em períodos pré-
determinados, normalmente 30 minutos, 60 minutos e 120 minutos. O teste deve ser iniciado
preferencialmente entre 7 e 9 horas da manhã. Durante o intervalo das coletas, o paciente deve
ficar sentado confortavelmente, não pode fumar e nem consumir café.
Curva glicêmica comparativa de indivíduo saudável e indivíduo diabético.
A interpretação do TOTG pode seguir diferentes critérios, como, por exemplo, o critério do NDDG
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(National Diabetes Data Group), que preconiza uma avaliação gráfica da glicemia na qual um
resultado >200mg/dL após o intervalo de duas horas da ingestão da glicose é um indicativo de
diabetes. Mas por que esse tempo? O intervalo de duas horas é considerado o mais significativo
para determinar se o indivíduo é ou não diabético. No quadro a seguir, vemos um resumo disso.
Quadro: Interpretação dos valores do TOTG.
Adaptado de: BARCELOS; AQUINO, 2018, cap. 5, p. 64.
Para gestantes, o corte da glicemia em jejum durante a gestação difere do considerado normal
para não gestantes (< 92mg/dL em qualquer fase da gestação). Os valores entre 92 e 126mg/dL
são diagnósticos de DMG em qualquer fase da gestação.
Na primeira consulta do pré-natal, deve ser realizada a verificação prévia de diabetes mellitus. O
diagnóstico de DM será feito se um dos testes a seguir apresentar-se alterado:
Glicemia em jejum ≥ 126mg/dL;
Glicemia 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose ≥ 200mg/dL;
HbA1c ≥ 6,5% (que estudaremos no próximo tópico);
Glicemia aleatória ≥ 200mg/dL na presença de sintomas.
Além disso, é recomendado também um rastreamento entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez,
com jejum de 8 horas com coleta de amostra em jejum e após 1 e 2 horas de sobrecarga de 75g.
O diagnóstico de diabetes é considerado quando, no mínimo, um dos valores a seguir encontram-
se alterados.
Glicemia em jejum ≥ 92mg/dL;
Glicemia 1 hora após sobrecarga ≥ 180mg/dL;
Critérios Normal
Tolerância à
glicose diminuída
Diabetes me
Jejum Até 100 mg/dL 100-126 mg/dL > 126 mg/d
Duas horas após a
ingestão de glicose
Valor menor de 140
mg/dL
Valores entre 140 a
200 mg/dL
Valor acima d
mg/dL
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Glicemia 2 horas após sobrecarga ≥ 153mg/dL.
Dosagem de hemoglobina glicada
Essa dosagem indica a exposição contínua dos eritrócitos (hemácias) a concentrações elevadas
de glicose nas últimas 8 a 12 semanas, aproximadamente. Assim, essa dosagem é importante
para monitorar a longo prazo os indivíduos com diabetes e traz como principal vantagem a não
flutuação observada nos ensaios de dosagens de concentrações de glicose.
Vale lembrar que o eritrócito possui diferentes subtipos de hemoglobinas (HbA, HbA2, HbF) que,
por sua vez, podem apresentar subfrações (HbA1a, HbA1b e HbA1c) que são as hemoglobinas
glicadas formadas devido a interação das hemoglobinas com a glicose, que levam a adição não
enzimática de um resíduo de açúcar no processo conhecido como glicação. A principal
subfração avaliada nesse teste é a HbA1c, e os valores encontrados refletem o grau de exposição
das células à glicose.
Na figura a seguir, observe a formação da hemoglobina glicada A1c. Note que o grupo aldeído da
glicose reage não enzimaticamente com o grupo amino livre da hemoglobina, formando uma
base de Schiff que sofre rearranjo e gera uma cetoamina ou produto de Amadori estável, a
hemoglobina glicada.
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Imagem: Formação da hemoglobina glicada.
Pacientes com valores normais de glicose apresentam valores de HbA1c menores que 5,7%.
Quando o valor encontrado está entre ≥5,7a < 6,5%, o indicativo é de um quadro pré-diabético;
quando é ≥6,5%, há um forte indicativo de diabetes.
Esse teste também pode ser usado no controle da doença, assim como no ajuste
medicamentoso e terapêutico. Ele é de suma importância para evitar e se precaver de
complicações crônicas da doença.
Com base na dosagem de hemoglobina glicada, pode-se calcular a glicemia média estimada a
partir da fórmula: glicemia média estimada (mg/dL) = 28,7 x HbA1c (%) – 46,7.
No quadro a seguir, vemos uma comparação dessas medidas.
HbA1c (%) HbA1c (mmol/mol) Glicemia média estimada (mg/dL)
5 31 97
6 42 126
6,5 47 140
Dica
Normalmente, nos laboratórios, a hemoglobina glicada é expressa em porcentagem,
mas o Sistema Internacional (SI) preconiza que ela seja expressa em mmol/mol, ou
seja, correspondendo à quantidade de HbA1c em mmol em relação à quantidade total
de Hb em mol.
A conversão pode ser realizada pela equação [(HbA1c (%) -2,15) × 10,929].
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HbA1c (%) HbA1c (mmol/mol) Glicemia média estimada (mg/dL)
7 53 154
8 64 183
9 75 212
10 86 240
11 97 269
12 108 298
Quadro: Correlação entre a HbA1c em (%) e HbA1c (mmol/mol) e glicemia média estimada
Elaborador por: Fabiana Vieira de Mello.
A dosagem de hemoglobina glicada vai depender da meia vida das hemácias. Pacientes com
anemia hemolítica ou hemorragia podem apresentar resultados baixos. No entanto, pacientes
com presença de hemoglobina carbamilada (ligação com ureia) em pacientes com insuficiência
renal, deficiência de ferro, presença de hemoglobina acetilada (ligação com ácido acetilsalicílico
em pacientes que recebem altas doses) e pacientes com aumento da quantidade de eritrócitos
ou do hematócrito promovem aumento dos valores de HbA1c.
Veja as vantagens e as desvantagens dos métodos de diagnóstico de diabetes mellitus vistos até
aqui.
Método Vantagens Desvantagens
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Método Vantagens Desvantagens
Glicemia de jejum
Padrão
estabelecido
Método rápido
simples
Baixo custo
Reprodutível
Amostra não é estável
(glicólise)
Variabilidade biológica
elevada
Necessário jejum
Medida da homeostasia da
glicose em um único
período de tempo
TOTG
Padrão
estabelecido
Boa
sensibilidade
Amostra não é estável
(glicólise)
Variabilidade biológica
elevada
Baixa reprodutibilidade
A glicose tem um sabor
impalatável
Custo maior
HbA1c
Conveniente
(não precisa
jejum)
Necessária
apenas uma
amostra
Reflete a
glicemia de
longo período
(glicemia média)
Custo elevado do teste
Dosagem afetada por
hemoglobinopatias e outras
alterações hematológicas
Necessidade de padronizar
o ensaio
Quadro: Vantagens e as desvantagens dos métodos de diagnóstico de diabetes mellitus.
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Adaptado de: BARCELOS; AQUINO, 2018, cap. 5, p. 65.
Frutosamina
A dosagem de frutosamina é uma opção quando, por algum motivo, o paciente esteja
impossibilitado de realizar a dosagem de hemoglobina glicada. Essa dosagem reflete na
exposição das proteínas plasmáticas à glicose, na qual a albumina representa cerca de 50% de
todas as proteínas plasmáticas. Diferente da hemoglobina, que apresenta meia vida de ±120 dias,
o tempo de meia vida das proteínas plasmáticas é menor, a albumina tem meia vida de
aproximadamente 20 dias. Assim, a dosagem de frutosamina, reflete a concentração de glicose
nas últimas três semanas.
Além das dosagens preconizadas para o diagnóstico e monitoramento do diabetes mellitus,
existem outras dosagens também importantes, são elas:
dosagem de insulina e precursores;
dosagem de proteínas na urina;
dosagem de autoanticorpos.
Veja mais sobre cada uma delas a seguir:
Dosagem de insulina e precursores
Atenção
Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, a frutosamina não é
validada para o diagnóstico de DM e, portanto, não deve ser utilizada.

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A insulina é sintetizada em prepróinsulina no retículo endoplasmático rugoso das células β-
pancreáticas e rapidamente é convertida em pró-insulina e armazenada nos grânulos secretórios
do complexo de Golgi, onde ocorre clivagem em insulina e peptídeo C. O peptídeo C e a insulina
são secretados para a circulação porta nas mesmas concentrações, mas o peptídeo C não é
captado pelo fígado (fica com maior concentração plasmática do que a insulina). A pró-insulina
tem pouca atividade biológica e encontra-se em pequenas quantidades na circulação.
Representação da Pró-insulina.
A quantificação de insulina pode ser realizada para identificar problemas pancreáticos na
produção e/ou liberação de insulina. É mais indicada para suspeitas ou casos de diabetes
mellitus tipo 1 e para avaliar se pacientes com diabetes mellitus tipo 2 precisam realizar a
reposição exógena de insulina. Além disso, a quantificação de insulina possibilita a avaliação da
hipoglicemia em jejum. Normalmente, a hipoglicemia está associada a uma doença e pode
ameaçar a vida.
Entretanto, a dosagem de peptídeo C apresenta algumas vantagens em relação à insulina:
1
O peptídeo C não sofre metabolismo hepático.
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2
O ensaio não mede administração exógena de insulina.
3
O ensaio não mede administração exógena de insulina.
4
O ensaio adotado para a medida da insulina usa anticorpos anti-insulina. Se o plasma
apresentar esses anticorpos, interfere na dosagem de insulina, mas não na de peptídeo
C.
5
Essa dosagem pode ser realizada em soro sanguíneo ou urina pelos testes de ELISA
(teste imunoenzimático).
Identi�cação de autoanticorpos
A pesquisa de autoanticorpos é muito importante em casos de diagnóstico de diabetes tipo 1, já
que sabidamente essa doença pode ocorrer devido a presença de anticorpos anti-ilhota
pancreática, anti-insulina e anti-GAD (glutamic acid decarboxilase). Para a detecção desses
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anticorpos, diferentes técnicas podem ser empregadas, como ELISA, imunoprecipitação,
fluorescência indireta etc.
Para avaliação diagnóstica recente, a melhor escolha é a detecção de anticorpos anti-GAD, pois
tem sido relatada sua identificação até oito anos antes da instalação da doença. Ela é de suma
importância para o estudo familiar de indivíduos com parentes em primeiro grau diagnosticados
para diabetes tipo 1.
Dosagem de proteínas na urina
Este é um exame importante a ser realizado em pacientes com diabetes. A dosagem de
proteínas na urina, diferentemente dos exames já citados, não visa o diagnóstico de diabetes,
mas sim avaliar uma possível nefropatia que pode ser consequência do quadro de diabetes.
Em condições normais, as proteínas de baixo peso molecular e uma parte da albumina presente
no sangue são filtradas pelos glomérulos renais e reabsorvidas. Porém, uma pequena
concentração pode ser excretada em pequenas quantidades diárias.
Nesse teste, a proteína de interesse a ser dosada é a albumina. O valor de referência para a sua
excreção é de até 20mg/dia. Caso seja detectada excreção entre 30 a 300mg/dia, tem-se um
quadro de microalbuminúria. Essa alteração em pacientes com diabetes mellitus pode ser um
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marcador de nefropatia incipiente. Já os valores superiores a 300mg/dia são chamados de
proteinúria ou macroalbuminúria, podendoindicar anormalidades glomerulares, por exemplo.
Acredita-se que a perda de albumina esteja relacionada ao aumento da pressão intraglomerular,
levando a uma hiperfiltração.
É comum encontrar formigas no banheiro de pessoas diabéticas que estão com as taxas de
açúcar descontroladas em razão da presença de grandes quantidades de açúcar na urina.
Saiba mais
A dosagem de proteínas pode ser realizada durante o EAS para o rastreio de proteínas
na urina. Caso seja positivo, pode ser solicitada a dosagem de albumina a partir de uma
amostra de urina ou pela urina de 24 horas.

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Complicações do diabetes
As complicações clínicas encontradas em pacientes com diabetes mellitus podem ser as mais
variadas. São classificadas em agudas (hipoglicemia, cetoacidose metabólica (CAD) e estado
hiperglicêmico hiperosmolar) ou crônicas (macrovascular – lesões nos membros inferiores,
doenças cerebrovasculares, hipertensão – ou microvascular — retinopatia, nefropatia e
neuropatia).
Complicações do diabetes.
Entre as complicações agudas do diabetes, a hipoglicemia é a mais recorrente e pode trazer
consequências permanentes. A hipoglicemia é um quadro que se estabelece de forma rápida,
sendo responsável por 2 a 4% das mortes, sem contar a perda da qualidade de vida do indivíduo.
Em termos fisiológicos, a primeira tentativa de resposta à hipoglicemia é a diminuição de insulina
(não se aplica a pacientes com diabetes mellitus tipo 1). Logo após, há um estímulo para
aumentar a secreção de glucagon, com o intuito de estimular a glicólise no fígado, assim como a
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gliconeogênese. Por fim, como última tentativa do organismo à hipoglicemia, temos a ativação
do sistema simpático-adrenomedular, com o intuito de aumentar a lipólise e o estímulo da
produção de glucagon.
Um dos primeiros sinais de alerta de quadros de hipoglicemia é confusão mental e/ou déficit
neurológico. Nesses casos, deve-se realizar a dosagem de glicose imediatamente.
Outra complicação aguda, que tem caráter “emergencial”, é a cetoacidose diabética, considerada
uma complicação grave nos casos de diabetes tipo 1 (acomete cerca de 30% dos pacientes).
Tem por característica hiperglicemia associada à acidose e à cetonemia. Apesar de ser uma
complicação aguda e emergencial, é mais recorrente em pacientes com diagnóstico mais antigo.
Apresenta como características desidratação, episódios de vômito, dores abdominais e acidose
com compensação respiratória, podendo culminar em perda parcial da consciência.
A acidose é resultante de um ciclo de hiperglicemia com lipólise excessiva, causando
desidratação. A acidose aumenta a secreção de hormônios contrarreguladores. Esse conjunto
gera uma resistência insulínica, aumentando a hiperglicemia e a lipólise. Para interromper esse
ciclo vicioso, é necessária infusão venosa contínua de insulina, hidratação e remoção fisiológica
da cetona via oxidação e excreção renal.
Dica
Os pacientes diabéticos são aconselhados a carregar pequenas porções de glicose ou
carboidratos de rápida absorção, para que possa se recuperar do quadro de
hipoglicemia antes que acabe perdendo a consciência.
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Atenção
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Em pacientes com diabetes tipo 2, encontramos quadros parecidos com a cetoacidose diabética,
porém são quadros de estado hiperglicêmico hiperosmolar que apresenta desidratação,
hiperglicemia e hiperosmolaridade sanguínea, sem cetoacidose, podendo levar o paciente à
sonolência e coma. Caso a reposição volêmica não seja realizada adequadamente, esse estado
pode levar a lesões renais graves. A queda brusca de glicose ou da osmolaridade pode resultar
em edemas cerebrais.
No quadro a seguir, vemos um resumo de como realizar o diagnóstico da cetoacidose diabética e
do estado hiperglicêmico hiperosmolar.
Cetoacidose metabólica
Leve Moderada Grave
Glicemia > 250 > 250 > 250
pH 7,25-7,3 7,0-7,24 < 7,0
HCO₃- 15-18 10-14,99 < 10
Corpos cetônicos
urinários
+ ++ +++
Osmolaridade Variável Variável Variável
Anion gap >10 >12 >12
Sensório Alerta Obnubilado Torporoso
Uma das consequências da cetoacidose diabética em crianças e jovens é o edema
cerebral. Ocorre em aproximadamente 1% dos casos de cetoacidose nessa faixa etária,
com um índice de mortalidade de até 90%.
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Quadro: Diagnóstico/classificação da cetoacidose diabética e do estado hiperglicêmico hiperosmolar.
Adaptado de: ZOPPI, 2018, p. 6.
Outros tipos de possíveis complicações clínicas são as consequências metabólicas. Em geral,
pacientes de diabetes mellitus tipo 2 apresentam alterações como resistência à insulina,
dislipidemia, obesidade e hipertensão. Com esse combo, os pacientes possuem maior
predisposição a quadros de aterosclerose.
A hipertensão está presente em aproximadamente 50% dos pacientes com diabetes mellitus tipo
2, assim como a estenose da artéria renal. Além das modificações arteriais, nota-se um aumento
na retenção de sódio, cerca de 10% a mais, que pode ser um indicativo de hiperatividade dos
transportadores tubulares de sódio em resposta a altos níveis de insulina, assim como filtração
glomerular alta de glicose, podendo culminar num futuro prejuízo renal.
A pressão arterial deve ser controlada — e é de suma importância que seja—, para reduzir a
incidência de nefropatia por hipertensão.
Avaliação da pressão arterial.
A dislipidemia, muito característica em pacientes diabéticos, pode ocorrer em razão das diversas
alterações no metabolismo dos lipídeos. Entre elas, a liberação descontrolada de ácidos graxos
livres, que acabam captados pelo fígado para serem oxidados.
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Quando o quantitativo excede a capacidade do fígado, eles são esterificados, formando
triglicerídeos com consequente aumento da formação de VLDL (lipoproteína de densidade muito
baixa). Além disso, a eliminação de VLDL-triglicéride é dependente de insulina, logo, além das
alterações que propiciam sua formação, tem-se uma dificuldade na eliminação de VLDL,
acumulando tais substâncias.
Paralelamente, os pacientes diabéticos possuem baixos níveis de HDL (lipoproteínas de alta
densidade), que poderiam agir como agentes antioxidantes (diminuindo os riscos de
aterosclerose). Diante de tal panorama, temos um aumento do risco cardiovascular nesses
pacientes.
Muitas das complicações do diabetes mellitus giram em torno de danos teciduais, sejam por
complicações microvasculares ou macrovasculares. Fato é que, devido a tais complicações, a
expectativa de vida nesses indivíduos é menor, e as consequências macrovasculares são as mais
determinantes para isso.
Poucos órgãos e/ou tecidos conseguem permanecer ilesos ao dano tecidual consequente do
diabetes, alguns sofrendo diretamente pela hiperglicemia, como as células β, as células
endoteliais vasculares e outras apenas com as consequências em cadeia.
Ainda não se sabe ao certo quais seriam os mecanismos desses danos teciduais relacionados
aos quadros de hiperglicemia, mas acredita-se que se deva ao acúmulo de produtos “tóxicos”,
ativação de citocinas inflamatórias e/ou acúmulos de espécies reativas de oxigênio.
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Mas que produtos tóxicos seriam esses?
Como já vimos, a glicação não enzimática de proteínas de longa duração leva à formação dos
produtos de amadori que, com o passar do tempo,sofrem rearranjos, desidratação e reação de
fragmentação que dão origem aos AGEs (produtos finais resultantes da glicação prolongada),
que apresentam potencial patogênico, como ativação das células do sistema imunológico e
aceleração do processo de aterosclerose, pois estimulam a deposição do LDL e colesterol na
parede dos vasos.
Paralelamente aos danos teciduais diretos, acredita-se na existência de uma associação da
calcificação vascular, envolvendo artérias de pequeno e médio porte no aporte sanguíneo, com
consequente aumento da possibilidade de infarto do miocárdio.
Outro dano tecidual específico é a neuropatia que, dentre várias possibilidades de causa e
consequência, está a hiperglicemia resultando em lesões dos nervos periféricos, principalmente
os nervos mais longos, podendo levar à perda sensorial nos membros concomitante à perda de
força, sensações de toque leve, de dor e diminuição dos reflexos. Existem relatos de pacientes
com sensações de formigamento, queimação e hiperalgesia. Além disso, manifestações
neuropáticas autonômicas, como hipotensão ortostática/postural, sudorese, disfunção da bexiga,
prisão de ventre, taquicardia de repouso, disfunção erétil etc.
Produtos de amadori
Comentário
Além desses fatores, vale destacar que o dano tecidual também pode ser consequência
do aumento da suscetibilidade à infecção, em razão da disfunção fagocitária,
quimiotaxia e aderência anormais.
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São produtos resultantes da glicação de hemoglobina e frutosamina. São moléculas que
apresentam grupos carbonilas reativos, que se condensam com grupos aminas primárias
acessíveis, dando origem os produtos avançados da reação de Maillard – AGEs.
Pé diabético com ulceração.
Uma consequência da neuropatia clássica do diabetes (assim como das doenças vasculares
periféricas) são as lesões e ulcerações nos pés, podendo culminar em deformações, chamadas
de “pé de charcot”. Tais lesões, além de poderem influenciar diretamente a qualidade de vida,
podem ser uma porta para infecções (e, de maneira mais grave, a sepse). Em razão da
vascularização pobre, a cicatrização é bem arrastada.
Por fim, vale destacar mais uma complicação clínica do mau controle glicêmico associada à
hipertensão e à nefropatia diabética: a retinopatia. Tal complicação clínica é crônica,
normalmente se apresenta após 20 anos de diabetes e torna o paciente vulnerável à catarata, ao
glaucoma, podendo chegar à perda da visão.
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Acantose nigricans.
A acantose nigricans é uma mancha escura que aparece em locais de dobrinhas, como axilas,
pescoço, barriga. Normalmente, está relacionada com alterações hormonais, podendo ser um
indicativo de resistência insulínica e, consequentemente, um quadro de pré-diabetes tipo 2.
Cetoacidose x estado hiperosmolar
No vídeo a seguir, veja um caso clínico que retrata a diferença entre os tipos de complicações do
diabetes. Vamos assistir!

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Vimos que a dosagem da hemoglobina glicada é um teste muito importante para a avaliação
do controle glicêmico. Sobre essa dosagem, analise as afirmativas a seguir:
I. Deve ser coletado em pacientes com jejum obrigatório de pelo menos 8 horas.
II. Quando o valor encontrado está entre ≥5,7 a < 6,5%, o indicativo é de um quadro pré-
diabético.
III. Indica a exposição dos eritrócitos à glicose nas últimas 8 a 12 semanas.
É correto o que se afirma em:
A I
B II
C III
D I e II
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E II e III
Responder
Questão 2
Aprendemos que o indivíduo diabético pode apresentar variadas complicações clínicas de
acordo com o seu quadro. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.
A A retinopatia é a complicação clínica mais recorrente.
B
A cetoacidose é uma complicação clínica muito comum em pacientes com
diabetes tipo 2.
C
O estado hiperglicêmico hiperosmolar é característico de diabetes
gestacional..
D
A neuropatia pode estar associada a lesões dos nervos periféricos devido
a quadros de hiperglicemia.
E
O pé de charcot é uma complicação clínica característica de pacientes
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2 - O metabolismo dos lipídios
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os pontos básicos do
metabolismo dos lipídeos, as possíveis alterações fisiológicas e laboratoriais e os
diferentes subtipos de dislipidemias.
E
recém-nascidos.
Responder

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Lipídeos
Os lipídeos constituem um heterogêneo grupo de substâncias orgânicas com grande variedade
estrutural, mas que possuem uma característica em comum: são hidrofóbicos. Participam na
composição de membranas, vitaminas (A, D, E e K), hormônios e como sinalizadores biológicos e
fonte de energia. São frequentemente classificados de acordo com sua composição.
Agora, vamos entender esses grupos mais detalhadamente.
Ácidos graxos e derivados
São moléculas orgânicas formadas por ácidos monocarboxílicos de cadeias longas de
hidrocarbonetos, sem ramificações. Podem ser saturados (sem dupla ligação), monoinsaturados
(com uma dupla ligação) ou poli-insaturados (com várias ligações duplas).
Relembrando
Os principais grupos de lipídeos são os ácidos graxos e derivados, triacilgliceróis
(Triglicerídeos/TAG), fosfolipídeos e os esfingolipídeos.
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Estrutura base do ácido graxo.
Triacilgliceróis (Triglicerídeos/TAG)
São moléculas orgânicas compostas de ácidos graxos associados ao glicerol. Correspondem à
principal forma de armazenamento e transporte de ácido graxos (sua “energia” é mais eficiente
Atenção
O homem é capaz de produzir a maioria dos ácidos graxos, mas é incapaz de sintetizar
o ácido linolênico e o ácido linoléico, sendo considerados ácidos graxos essenciais
com obtenção somente pela dieta.
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do que o glicogênio, por exemplo). Além disso, estão envolvidos com o isolamento térmico do
tecido adiposo.
Estrutura base do triglicerídeo.
Os adipócitos (células do tecido adiposo) possuem em seu interior uma
vesícula repleta de triglicerídeos e, por serem péssimos condutores térmicos,
promovem um isolamento térmico essencial para o homem.
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Estrutura de um adipócito.
Fosfolipídeos
São componentes orgânicos constituídos de caudas apolares de ácidos graxos e cabeças
polares com fosfato. Correspondem ao principal componente da bicamada lipídica da membrana
celular.
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Estrutura base do fosfolipídeo.
Es�ngolipídeos
São moléculas orgânicas com aminoálcool em sua composição.
Representam o segundo maior componente lipídico das membranas celulares.
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Estrutura base de um esfingolipídeo.
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Veja na figura a seguir, a comparação da composição das principais classes de lipídeos.
Estrutura base de um esfingolipídeo.
Além desses grupos de lipídeos, há também o colesterol, que pode atuar estabilizando as
membranas lipídicas, é também precursor dos sais biliares e dos hormônios esteroides
(envolvidos com reprodução, crescimento e regulação metabólica).
Metabolismo dos lipídeos da dieta alimentar
Os lipídeos começam a ser degradados no estômago pelas lipases lingual e gástrica (elas se
mantêm estáveis mesmo com o ácido estomacal). Com a ação dessas enzimas ácidas, os TAG
de cadeia curta e média são degradados.
O processamento dos lipídeos, em sua maioria, acontece no duodeno. Nele, os lipídeos são
emulsificados, aumentando a superfície de contato para as enzimas agirem. Tal emulsificação
ocorre devido aos movimentos peristálticos associados aos sais biliares (produzidos no fígado e
estocados na vesícula biliar). Os TAG, colesterol e os fosfolipídeos sofrem a ação de enzimas
pancreáticas.
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Com a ação da lipase pancreática, os TAG são clivados em ácidos graxos livres e 2-
monoacilglicerol. Essa enzima tem sua ação inibida pelos ácidos biliares, sendo essencial o
papel da enzima pancreática colipase, que reestabelece sua ação.
Já os ésteres de colesterol são hidrolisados pela enzima pancreática hidrolase dos ésteres de
colesterol, gerando como produto colesterol e ácidos graxos livres. Diferentemente da lipase
pancreática, a hidrolase dos ésteres de colesterol tem sua atividade aumentada quando em
contato com os sais biliares.
Os produtos da clivagem das enzimas pancreáticas associados aos sais biliares e às vitaminas
lipossolúveis formam as micelas mistas.
Os sais biliares são absorvidos no íleo e a mistura de lipídeos absorvida pelos enterócitos vai
para o retículo endoplasmático, local onde ocorre a biossíntese de lipídeos.
Lipases lingal e gástrica
A lipase lingual e a lipase gástrica são essenciais aos neonatos, pois elas são
responsáveis pela degradação dos lipídeos do leite — a principal fonte de energia.
Micelas mistas
Essas micelas são solúveis em meio aquoso e absorvidas pelas células da mucosa
intestinal, mais especificamente na borda em escova dos enterócitos.
Comentário
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Os novos TAGs e ésteres de colesterol recém-sintetizados se agregam em meio aquoso devido
às características hidrofóbicas, formando pequenas vesículas de gordura. Para que essas
gotículas não se agreguem, uma capa de fosfolipídeos, colesterol não esterificado e Apoproteína
B-48 (ApoB-48) formam os quilomícrons nascentes, que são exocitados dos enterócitos para os
vasos linfáticos e seguem até a região torácica, onde passam para o sangue.
Apoproteína
Parte proteica de macromoléculas de lipoproteínas (responsável pelo transporte de
lipídeos em meios líquidos) responsável por algumas de suas características, como
reconhecimento por determinados receptores, formação do próprio complexo
lipoproteico e ativação de enzimas envolvidas no metabolismo.
Os ácidos graxos de cadeia curta e média são destinados ao fígado e carreados pela
albumina; os 2-monoacilgliceróis são convertidos em TAG.
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Formação e secreção do quilomícron.
Antes de continuarmos, você já parou para pensar por que há tantas
subdivisões de colesterol (VLDL, HDL, IDL, LDL) nos exames de sangue?
Além disso, qual o motivo de o HDL ser considerado o colesterol bom e o LDL
o colesterol ruim?
Isso é o que veremos agora, estudando o transporte dos lipídeos pelo corpo humano.
No sangue, os quilomícrons nascentes interagem com outra lipoproteína, a HDL (lipoproteína de
alta densidade, popularmente conhecida como colesterol “bom”). A partir dessa interação, o
quilomícron recebe duas apoproteínas do HDL, a ApoC e a ApoE, tornando o quilomícron
maduro. Em contrapartida, o HDL, que possui a ApoA, recebe TAGs.
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Interação do quilomícron nascente com a HDL.
A imagem a seguir, ilustra o transporte de lipídeos: via exógena.
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Veja um passo a passo de como acontece esse transporte:
Passo 1
A ApoC no quilomícron maduro é responsável por ativar a enzima lipoproteína-
lipase (LPL), que é sintetizada pelos adipócitos e células musculares e se localiza na
superfície das células endoteliais da luz dos capilares periféricos.
Passo 2
A partir dessas enzimas, os TAGs dos quilomícrons são hidrolisados em ácidos
graxos livres e glicerol; os ácidos graxos entram nos órgãos para produção de energia
e nos adipócitos para serem armazenados. Já o glicerol é praticamente todo
direcionado para o fígado produzir glicerol-3-fosfato.
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A imagem a seguir, ilustra o transporte de lipídeos: via endógena.
Passo 3
Após o quilomícron maduro “usar” a ApoC , ele terá apenas a ApoB-48 e a ApoE,
além de um menor quantitativo de TAGs. Ainda contém ésteres de colesterol,
passando a ser um quilomícron remanescente.
Passo 4
A partir da ApoE, esse quilomícron remanescente é internalizado pelos hepatócitos.
Uma vez internalizado, ele é degradado e os produtos ficam disponíveis no fígado,
finalizando a via exógena de transporte de lipídeos.
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Vejamos um passo a passo de como acontece esse transporte:
Passo 1
Os ésteres de colesterol são remanejados para a produção de sais biliares, e os TAGs
são transformados em VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade). O VLDL contém
ApoB-100, ApoC e ApoE.
Passo 2
Ao sair do fígado, o VLDL também é capaz de ativar as enzimas LPL, que hidrolisam
os TAGs. Transformando-o em IDL (lipoproteína de densidade intermediária).
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Passo 3
Como a ApoC foi “utilizada”, a IDL tem apenas ApoB-100 e ApoE, a partir da qual ela
pode retornar ao fígado.
Passo 4
Caso ela não volte, interage com outras enzimas e se transforma em LDL
(lipoproteína de baixa densidade), que contém colesterol e TAGs residuais.
Dependendo de sua composição, a LDL pode voltar para o fígado, uma vez que ela
não tenha mais a ApoE, pode ser internalizada por outras células não hepáticas.
Quando internalizada, os receptores de LDL podem ser reciclados e o conteúdo de
ésteres de colesterol, aminoácidos e TAGs remanescentes são utilizados .
Passo 5
A HDL pode fazer o transporte reverso desse colesterol dos tecidos para o fígado,
para que seja utilizado e/ou eliminado, finalizando a via endógena do transporte dos
lipídeos.
Passo 6
Já o colesterol que permaneceu na corrente sanguínea, acaba interagindo com o leito
vascular, pode ser oxidado (oxLDL) e é captado pelos macrófagos que residem na
íntima do vaso sanguíneo.
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Se os macrófagos se transformam em células esponjosas (acumuladoras de oxLDL), essas
células podem desencadear um processo inflamatório local, que recrutará mais
monócitos/macrófagos. Esse acúmulo, com o passar dos anos, podedeformar a superfície
interna do vaso (placa de ateroma) e abrir pequeníssimos espaços entre as células endoteliais da
parede do vaso, servindo como um sítio para adesão e agregação plaquetária. Esses locais são
potenciais para a formação de trombos que, devido à pressão do sangue, podem se soltar e
causar trombose em diferentes sítios.
Formação da placa de ateroma.
Com base no que acabamos de ver, você concorda com esta imagem?
Atenção
Quanto mais TAGs em sua composição, menos densidade a lipoproteína possui. Assim,
temos em ordem crescente de densidade a seguinte distribuição: quilomícrons < VLDL
< LDL < HDL.
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HDL
Colesterol bom
LDL
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Colesterol mau
Testes laboratoriais e correlação clínico-
patológico
A avaliação do perfil lipídico tem ganhado cada vez mais importância clínica por conta de sua
correlação com as doenças coronarianas. Quando existem alterações na concentração
sanguínea dos lipídeos (colesterol total e frações e triglicerídeos), ocorrem as dislipidemias. Tal
alteração pode ser acima ou abaixo dos valores de referências pré-estabelecidos.
Quando o médico solicita o lipidograma, compreende-se que deva realizar o que chamamos de
perfil lipídico, partindo das seguintes dosagens:
LDL;
HDL;
VLDL;
colesterol total e triglicerídeos.
Muito se discute sobre a necessidade de jejum para a realização dos exames do lipidograma. Em
2016, houve a flexibilização do tempo de jejum, de acordo com o documento “Consenso
brasileiro para a normatização da determinação laboratorial do perfil lipídico” (SBAC, 2021). Após
essa divulgação, foi publicado o artigo “Posicionamento sobre a flexibilização do jejum para o
perfil lipídico” (SCARTEZINI, 2021) com uma nova tabela de referência adotada pela maioria dos
laboratórios. Assim, o mais importante será a recomendação do médico solicitante para o seu
paciente.
Veja os quadros a seguir com valores de referência para cada faixa etária:
Lipídeos
Com Jejum
(mg/dL)
Sem Jejum
(mg/dL)
Categoria
Referencia
Colesterol total < 190 < 190 Desejáve
HDL-C > 40 > 40 Desejáve
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Quadro: Valores de referência e de alvo terapêutico, conforme avaliação do risco cardiovascular para adultos > 20 anos.
Adaptado de: BARCELOS; AQUINO, 2018, p. 75.
Lipídeos Com Jejum (mg/dL) Sem Jejum (mg/dL)
Colesterol total < 170 < 170
HDL-C > 45 > 45
Triglicerídeos (0-9 anos) < 75 < 85
Triglicerídeos (10-19 anos) < 92 < 100
LDL-C < 110 < 110
Quadro: Valores de referência desejável do perfil lipídico para crianças e adolescentes.
Lipídeos
Com Jejum
(mg/dL)
Sem Jejum
(mg/dL)
Categoria
Referencia
Triglicerídeos < 150 < 175 Desejáve
LDL-C
< 130 < 130 Baixo
< 100 < 100 Intermediá
< 70 < 70 Alto
< 50 < 50 Muito alto
Não HDL-C
< 160 < 160 Baixo
< 130 < 130 Intermediá
< 100 < 100 Alto
< 80 < 80 Muito alto
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Adaptado por: BARCELOS; AQUINO, 2018, p. 75.
A quantificação dos níveis de colesterol total, triglicerídeos e HDL é realizada por teste
enzimático colorimétrico, a partir de kits comerciais de boa sensibilidade e especificidade. Para
uma boa qualidade do teste, recomenda-se separar o soro até 3 horas após a coleta. Esse soro
pode ser armazenado por até 7 dias sob refrigeração de 4 a 8°C.
Já a avaliação de LDL pode ser quantificada ou estimada a partir da fórmula de Friedewald.
Porém, quando o paciente apresenta valores de triglicerídeos > 400mg/dL, a aplicação dessa
fórmula pode estimar os valores erroneamente. Nesse caso, a recomendação é realizar a
dosagem por método colorimétrico.
Fórmula de Friedewald
[LDL]=((Colesterol Total)-HDL)-(Triglicerídeos/5)
Para determinar o valor de VLDL, utiliza-se a seguinte fórmula:
[VLDL]=triglicerídeos x 0,2
Alguns laboratórios incluem também a correlação entre colesterol total, HDL e LDL para inferir
fator de risco para doença coronariana, que são os Índices de Castelli I e II.
Índice de Castelli I=[Colesterol total]/[HDL]
Índice de Castelli II=[LDL]/[HDL]
Dica
Caso não seja viável para a rotina de trabalho do laboratório a separação do soro nesse
curto intervalo, a amostra de sangue total deve ser mantida entre 20 e 25°C por até 24
horas.
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O risco cardiovascular aumenta quando o índice de Castelli I é maior que 4,4 e o índice de Castelli
II é maior que 2,9.
De maneira geral, as dislipidemias podem ser categorizadas de acordo com o índice “bruto”
alterado:
Hipercolesterolemia
Aumento apenas do colesterol.
Hipertrigliceridemia
Aumento apenas dos triglicerídeos.
Dislipidemia mista ou combinada
Aumento do colesterol e do triglicerídeo.
Caso seja importante levar em consideração as possíveis mudanças das subfrações, existe a
classificação baseada nos padrões de lipoproteínas, conhecido como Fenótipos de Fredrickson.
Veja o quadro a seguir:
Fenótipo Lipoproteínas elevadas Lipídeos elevados
I Quilomícrons Triglicerídeos
IIa LDL Colesterol
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Fenótipo Lipoproteínas elevadas Lipídeos elevados
IIb LDL e VLDL
Triglicerídeos e
colesterol
III
VLDL e Quilomícrons
remanescentes
Triglicerídeos e
colesterol
IV VLDL Triglicerídeos
V Quilomícrons e VLDL
Triglicerídeos e
colesterol
Quadro: Fenótipos de Fredrickson.
Elaborado por: Fabiana Vieira de Mello.
Além disso, as dislipidemias podem ser agrupadas de acordo com as causas. Podem ser
primárias ou secundárias. As dislipidemias primárias, ou de origem genética, são aquelas em que
há mutações ou alterações nos genes que codificam enzimas, receptores e/ou apoproteínas. São
de menor prevalência. Veja mais sobre as dislipidemias primarias no quadro a seguir:
Dislipidemia Causa
Manifestação
Clínica
Hipercolesterolemia
familiar
Mutação do receptor B-E
Hipercolesterolemia
Defeito familiar de
ApoB-100
Mutação em ApoB-100
Hipercolesterolemia
poligênica
Não identificada
Hiperlipidemia familiar
combinada
Não identificada
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Dislipidemia Causa
Manifestação
Clínica
Hipercolesterolemia
autossômica
recessiva(ARH)
Mutação da proteína
adaptadora do receptor de LDL
(ARH)
Hipercolesterolemia
PCSK9
Mutação com ganho de função
de PCSK9 (proprotein
convertase aubtilisin Kexin type
9)
Hiperlipidemia familiar
combinada
Não identificada
HipertrigliceridemiaHipertrigliceridemia
familiar
Não identificada
Hiperquilomicronemia Mutaçãode LPL ou de apoCII
Abetalipoproteinemia Mutação em MTP
Hipertrigliceridemia
Hipobetaliproteinemia Mutação em ApoB
Hipocolesterolemia
PCSK9
Mutação com perda de função
da PCSK9
Hiperlipidemia familiar
combinada
Não identificada Hipercolesterolemia
Disbetalipoproteinemia Mutação de ApoE Hipertrigliceridemia
Hipoalfalipoproteinemia
familiar
Não identificada
HDL-C reduzido
Deficiência de ApoA-1 Mutação em gene da apoA-1
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Dislipidemia Causa
Manifestação
Clínica
Fish eye disease e
Deficiência parcial de
LCAT
Deficiência de LCAT
Doença de Tangier e
Deficiência familiar de
HDL
Mutação no gene do ABCA-1
Hiperalfalipoproteinemia
Mutação na CETP,
superexpressão de apoA-1 ou
causa desconhecida
HDL-C elevado

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