Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Patologia da Nutrição e Dietoterapia II Fisiopatologia e Terapia Nutricional no Diabetes Mellitus Por Carolina Varela O que é Diabetes? O diabetes mellitus consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua ação, ou em ambos os mecanismos, ocasionando complicações em longo prazo. (SBD, 2017-2018) O paciente diabético tem quadros de hiperglicemia, mas com muita frequência apresenta episódios de hipoglicemia. O organismo, justamente por ter uma hiperglicemia persistente, precisa ser tratado, e muitos fármacos acabam induzindo a hipoglicemia. O paciente pode ter também a chamada "hipoglicemia de rebote", a partir de um quadro de hiperglicemia tão extremo que o próprio organismo começa a aumentar a secreção de insulina para poder reduzir esse estado. Quadro Clínico: Hiperglicemia crônica, frequentemente acompanhada de: ● dislipidemia (alteração do perfil lipídico); ● hipertensão arterial; ● disfunção endotelial (indivíduo tem o endotélio vascular não funcionando perfeitamente). Anormalidades no metabolismo de carboidratos, proteínas, e lipídeos que ocorrem devido à produção insuficiente, inexistente ou devido à resistência a ação do hormônio insulina. Qual a magnitude do DM na população mundial? 2015 - prevalência de 415 milhões de diabéticos (20-79 anos) no mundo (8,8%); 2040 - estimativa 642 milhões de diabéticos (20-79 anos) no mundo (10,4%) Qual a magnitude do DM na brasileira? Brasil se encontra na quarta (4) posição mundial de prevalência de diabetes. No ano de 2015 eram 14,3 milhões de pessoas diabéticas no Brasil. ● Prevalência ascendente: –Década de 1980 – estimativa de 7,6% na população adulta; – 2014 (coorte 2008 – 2010) - estudo em seis capitais brasileiras, com servidores públicos, na faixa etária de 35 a 74 anos prevalência de cerca de 20%; ● Magnitude: Em 2014, estimou-se que existiriam 11,9 milhões de pessoas, na faixa etária de 20 a 79 anos, com diabetes; ● Projeção: 19,2 milhões em 2035. Características da população com diabetes no BR: – Sexo: > Mulheres (7,0%), homens frequência < (5,4%); – Escolaridade: > Indivíduos sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (9,6%); • Idade: > Idosos, 65 a 74 anos (19,9%), enquanto que em indivíduos de 18 a 29 anos (0,6%); • Cor: Não foram verificados resultados estatisticamente distintos entre brancos, pretos e pardos. Classificação Etiológica A classificação atual do DM baseia-se na etiologia, e não no tipo de tratamento. Ou seja, a classificação é com base no motivo pelo qual o paciente se tornou diabético. A classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde e pela Associação Americana de Diabetes (ADA) inclui quatro classificações clínicas: DM tipo 1, DM tipo 2, outros tipos específicos de DM e DM gestacional Quadro 1. Classificação etiológica do DM: DM tipo 1: disfunção pancreática, se manifesta em geral nas crianças e adolescentes. Não tem relação com o estado nutricional. Caracterizado, então, pela destruição das células beta, induzindo, geralmente, à deficiência absoluta de insulina. Essa forma de DM inclui casos decorrentes de doença autoimune. DM tipo 2: geralmente, se manifesta nos adultos. Caracteriza-se por defeitos na ação e secreção da insulina e na produção hepática de glicose, sendo a forma mais comum de DM. A resistência à insulina e o defeito na função das células beta estão presentes precocemente na fase pré-clínica da doença. É causada por uma interação de fatores genéticos e ambientais. Outros tipos de DM: estão incluídos nessa categoria outros tipos específicos de DM decorrentes de outras causas como defeitos genéticos na função das células beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino (como fibrose cística) ou DM decorrente de medicamento ou substâncias químicas. DM monogênico (MODY): ocorre alteração em um único gene. DM gestacional: qualquer intolerância à glicose, de intensidade variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. O DM gestacional associa-se tanto à resistência à insulina, quanto à diminuição da função das células beta e relaciona-se com aumento de morbidade e mortalidade perinatais. Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) ● Caracterização: - Destruição das células betas, levando a deficiência de produção de insulina. - Representa de 5%-10% dos casos de DM; - Associada a predisposição genética, onde existe uma história familiar de diabetes. - É uma doença auto-imune ou idiopática. É auto-imune porque o indivíduo começa a produzir anticorpo contra o pâncreas, destruindo as células beta das ilhotas pancreáticas. Já a DM Idiopática (tipo 1B) ocorre quando as células betas morrerem e não foi detectado no exame os anticorpos -> surge espontaneamente ou é de causa obscura ou desconhecida. - Normalmente os indivíduos são magros. Não tem a ver com resistência à insulina. Início abrupto, comumente antes dos 30 anos. - O tratamento é feito com insulina exógena, podendo fazer o uso associado de hipoglicemiante mesmo ainda havendo a secreção de insulina em baixas quantidades. Alguns indivíduos apresentam sensibilidade à ação de hipoglicemiante. - Início abrupto, comumente antes dos 30 anos. - Há propensão à cetoacidose (quando há produção de corpos cetônicos, pois o organismo não está conseguindo utilizar eficientemente a glicose, gerando um excesso de glicose no sangue). ● Diagnóstico Clínico de DM1 Autoimune - Dosagem de Anticorpos: - Anti-insulina; - Antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD 65); - Antitirosina-fosfatases (IA2 e IA2B); - Antitransportador de zinco (Znt). Os anticorpos estão presentes em 85% a 98% dos pacientes com DM1 de origem autoimune. Esses anticorpos podem ser verificados meses ou anos antes do diagnóstico clínico, ou seja, na fase pré-clínica da doença, e em até 90% dos indivíduos quando se detecta hiperglicemia. Diabetes Mellitus tipo I1 (DMII) - Representa 90% - 95% dos casos; - Há o declínio progressivo na função das células beta (diminuindo a secreção e ação) e resistência periférica à insulina; - Resistência à insulina (RI) e defeito na função das células beta presentes precocemente na fase pré-clínica da doença; - Predisposição genética + Fatores ambientais -> Está associada a predisposição genética, porém os fatores ambientais favorecem bastante o quadro de DM2. - Fatores ambientais: sedentarismo, dietas ricas em gorduras e envelhecimento; - Indivíduos obesos ou sobrepeso (obesidade visceral); - Idade – acima de 30 anos. Fisiopatologia do DM Tipo 2: O acúmulo de gordura visceral predispõe um quadro de resistência à insulina. O quadro de obesidade, de uma maneira geral, e o acúmulo de gordura visceral estão associadas ao aumento de citocinas inflamatórias, então é considerado um quadro de inflamação de baixo grau. Contudo, uma inflamação sistêmica, ainda que de baixo grau, cursa com as citocinas inflamatórias, que podem reagir no receptor de insulina, fazendo com que o indivíduo tenha uma resistência à ação do hormônio. A partir dessa resistência, a glicose não consegue entrar na célula, permanecendo, assim, na circulação sistêmica, caracterizando o quadro de hiperglicemia. Assim, o organismo procura secretar mais insulina, já que entende que há pouca insulina, desenvolvendo hiperinsulinemia (tem insulina, mas ela não consegue levar ao mecanismo de transdução de sinal). Esse quadro, ao longo do tempo, vai levar à disfunção das células beta e, consequentemente, uma menor síntese de insulina. Acúmulo de gordura visceral -> Resistência à insulina -> Hiperglicemia -> Hiperinsulinemia-> Disfunção das células Beta -> ↓ da síntese de insulina. Sinalização de Insulina: O hormônio insulina é liberado pelas células beta pancreáticas, ativa a circulação sistêmica, vai se ligar ao receptor e, na medida em que isso acontece, é disparado um mecanismo de transcrição de sinal com fosforilação deste receptor. E isso, por sua vez, faz com que essas vesículas contendo GLUT 4 (transportador de glicose) sejam translocadas para a membrana plasmática. Agora esse receptor GLUT 4 na membrana plasmática pode permitir a entrada de glicose para o interior da célula. Quando existem problemas relacionados à essa ligação insulina-receptor, não ocorre toda essa cascata. Quando essa cascata está comprometida por alguma circunstância, como por exemplo, a presença de citocinas inflamatórias que irão interferir nesse processo de transdução de sinal, esse receptor de glicose acaba não chegando à membrana plasmática efetivamente. Com isso, a glicose não consegue entrar, se acumulando no ambiente extracelular. Por que a resistência à ação do hormônio insulina? A respeito da sinalização de insulina, mostra a insulina se ligando ao receptor, desencadeando uma resposta de transdução de sinal, que vai levar, então, à incorporação dos receptores GLUT 4 na membrana, permitindo a entrada de glicose para o interior da célula. Se algo acontece nessa cascata de sinalização, esse mecanismo de translocação do GLUT 4 para a membrana plasmática fica comprometido e, consequentemente, a glicose não pode ser internalizada. Que condições são essas? Citocinas pró-inflamatórias (obesidade, por exemplo, é um quadro inflamatório de baixo grau, cursando com citocinas pró-inflamatórias que podem interferir na cascata de sinalização. O estresse oxidativo pode interferir também. Ou seja, todo esse mecanismo de transdução de sinal que é gerado a partir da sinalização de insulina pode ser afetado por alguns agentes e, com isso, a translocação do GLUT 4 ficar comprometida. Consequentemente, fazendo com que o indivíduo tenha, apesar de insulina, o quadro de hiperglicemia. Manutenção da Glicemia: Quando um indivíduo se alimenta, o pâncreas secreta insulina, que age em órgãos e tecidos específicos levando ao uptake (captação) de glicose por esses tecidos insulinodependentes. Essa entrada de glicose faz com que a quantidade no sangue diminua (diminuição da glicose plasmática). Durante a noite, por exemplo, a nossa glicose tende a diminuir, já que o indivíduo não está se alimentando. O mecanismo agora ocorre a partir da liberação de glucagon, que fará com que a glicose estocada no fígado seja mobilizada para restaurar essa concentração de glicose. A euglicemia (normalidade) é extremamente importante para a manutenção da vida, tendo em vista que as nossa células têm como substrato preferencial a glicose. Então se a concentração plasmática está diminuída, há de se ter um mecanismo de ajuste dessa concentração. Esse mecanismo passa pela secreção tanto de insulina fazendo com que haja o uptake de glicose para as células, quanto de glucagon, fazendo com que haja a liberação de glicose pelo fígado. Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) ● Definição: Qualquer intolerância à glicose, de magnitude variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. - DMG ≠ DM2. Uma mulher com DM1/2 pode ficar grávida e não necessariamente terá DMG. É apenas uma mulher com diabetes prévio. - Associa-se tanto à RI qto à diminuição da função das células beta pancreáticas, e isso tem relação com os hormônios da gestação. - Ocorre em 1% a 14% das gestações, dependendo da população estudada. Brasil – 7% das gestações. - Reavaliar pacientes com DMG 4 a 6 semanas após o parto. - Fisiopatologia: placenta secretora desses hormônios → hormônios (cortisol, progesterona, estrogênio e prolactina) → favorecem o quadro de RI. Outros Tipos Específicos: Estão incluídos nessa categoria: • Defeitos genéticos na função das células beta; • Defeitos genéticos na ação da insulina; • Doenças do pâncreas exócrino (pancreatite, trauma, pancreatectomia e carcinoma pancreático); • Outras condições: endocrinopatias com aumento de hormônios contrarreguladores da ação da insulina (GH, cortisol e glucagon); medicamentos (ex: glicocorticoides e antipsicóticos atípicos) Sinais e Sintomas Clínicos • Polidipsia (muita sede); • Poliúria (micção frequente); • Polifagia (muita fome); • Perda de peso; Muitos obesos começam a emagrecer, especialmente no momento do diagnóstico. • Hiperglicemia; • Glicosúria (ocorre quando a glicemia > 180 mg/dL); • Cetonúria (CC na urina; quando glicemia > de 250 mg/dL); Glicosúria e Cetonúria o indivíduo precisa receber insulina nesses momentos. • Desidratação (associada a hiperglicemia); Outros: • Desânimo, fraqueza, cansaço físico; • Alterações visuais; Paciente com diabetes tem que fazer exame ocular frequentemente, pois a longo prazo a diabetes pode levar a cegueira. • Infecções frequentes (pele, urina, genitais); • Lesões em pés/pernas de difícil cicatrização. Sintomatologia Na falta da insulina e/ou na incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos, a glicose não entra nas células. A glicose é o substrato preferencial das nossas células, principalmente os neurônios e as células de replicação rápida. Já que falta glicose como substrato, a célula busca outras fontes, utilizando as suas reservas, levando ao catabolismo de proteínas e lipídios. Isso leva à um catabolismo muscular e adiposo, promovendo, ainda mais, o aumento da glicemia. A glicose não entra na célula por algum mecanismo que foi interrompido, mas há glicose. Então a glicemia que já estava elevada, com esse catabolismo de proteínas e lipídios, acaba aumentando ainda mais. Isso acaba promovendo emagrecimento e cetose. O aumento da glicemia, por sua vez, leva ao quadro de diurese osmótica. A glicose é osmoticamente ativa, ela é capaz de atrair água. Então na medida em que a concentração de glicose no sangue fica aumentada, a volemia (volume sanguíneo) também irá aumentar. Ao passar pelo rim, ele será estimulado para poliúria. Na medida em que o indivíduo urina mais, tende para desidratação, tendo o estímulo para sede (polidipsia). Diagnóstico Atualmente, são 3 os critérios aceitos para o diagnóstico do DM: glicemia de jejum, glicemia 2 horas após teste oral de tolerância à glicose (TOTG) e hemoglobina glicada (HbA1c). Estes 3 exames também podem ser utilizados para monitoramento do paciente. Para o diagnóstico da condição diabetes, deve haver a repetição do exame. Só não é necessário se o paciente tiver os sintomas muito evidentes (sintomas poli muito bem descritos). Glicemia plasmática casual ou ao acaso: Valores de glicemia ≥ 200 mg/dL + sintomas clínicos Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) ou Teste de tolerância à glicose oral (TTGO): É feito a partir da análise da concentração de glicose no sangue em jejum e depois da ingestão de um líquido açucarado fornecido pelo laboratório (líquido gera uma sobrecarga de 75g de glicose). Assim, o médico pode avaliar como o organismo funciona frente a elevadas concentrações de glicose. Se a glicemia for >140, é um indivíduo euglicêmico. - Tolerância diminuída à glicose: entre 140 e 199mg/dl; - Diabetes: igual ou superior a 200 mg/dl. Hemoglobina glicada (HbA1C): Avalia a glicose ligada à proteínas plasmáticas. A glicose sanguínea liga-se à molécula de hemoglobina (o pigmento vermelho que dá cor ao sangue). Quanto maior for o nível de glicose na circulação, maior será a ligação da glicose com a hemoglobina. É avaliada em percentual: - A1C abaixo de 5,7% = ausência de diabetes; - A1C entre 5,7% e 6,4% = presença de pré-diabetes; - A1C maior ou igual a 6,5% = diabetesmal controlado. A hemoglobina glicada reflete os ¾ meses anteriores da dieta. E, desse número, 50% é o último mês. Outros exames para controle glicêmico: • Glicemia pós-prandial - não tem nenhum papel no diagnóstico do DM; Estudos referem dificuldades para estabelecer valores de referência adequados; Dosagem 2h após a refeição. Geralmente é importante para o endocrinologista saber se o paciente está respondendo ao fármaco que ele prescreveu. • Frutosamina - termo genérico para as ptns glicadas do plasma (80% correspondem à albumina); utilizada como alternativa a HbA1c; NÃO é válida para diagnóstico de DM. Exame correspondente à hemoglobina glicada. Não pode ser utilizada para diagnóstico. Ela pode ser utilizada de forma alternativa à hemoglobina glicada se, por exemplo, o indivíduo possui uma hemoglobinopatia, se tem um quadro de anemia… Nesses casos, a hemoglobina estará reduzida e, portanto, a hemoglobina glicada não irá refletir a verdade. Relação HbA1c e Glicemia Média Estimada A hemoglobina glicada aparece com um valor em percentual. No exame diagnóstico, foi visto que o normal seria uma hemoglobina glicada < 5,7 e ≥ 6,5 permitiria o diagnóstico de Diabetes. Pensando, então, em um valor fechado entre de 5,7 e 6,5. O 6,0. Um indivíduo que tem a hemoglobina glicada em 6%, apresenta uma glicemia média estimada de 126 mg/d, o que não é tão ruim. Esse, então, pode ser um bom indicador, tanto de diagnóstico, quanto de monitoramento glicêmico nos últimos 3-4 meses. Por outro lado, a hemoglobina glicada não pode estar muito baixa, pois fica abaixo do que as células precisam para se manterem saudáveis. Então a hemoglobina glicada não pode estar nem muito baixa, nem muito elevada. Estágios Pré-Clínicos de Diabetes • Nomenclatura: Pré-Diabetes ou Risco ↑ para DM; É de fato uma situação caracterizada sob o ponto de vista laboratorial. • Exames diagnósticos: - Glicemia plasmática de jejum: Valores: ≥ 100 e < 126 mg/dL - Teste de tolerância de glicose oral (TOTG): Valores: ≥ 140 e < 200 mg/dL após 2 horas sobrecarga de 75g glicose > 200 mg/dL - Categoria também conhecida como intolerância oral à glicose. - A1c: ≥ 5,7 e < 6,5 Essas são as condições que definem um quadro de Pré-diabetes. Resistência à Insulina Defeito na captação e utilização de glicose (a insulina não se liga aos seus receptores na célula). Não ocorre a translocação do GLUT 4. O processo de transdução de sinal que leva o GLUT 4 para a membrana plasmática está, por algum motivo, prejudicado. Há insulina, mas ela não exerce o seu papel de maneira eficiente. Um aumento da função beta celular pode compensar a RI, resultando em tolerância normal à glicose (NGT). Todavia, quando a RI excede a capacidade funcional e adaptativa das células beta, instaura-se a deterioração da tolerância à glicose, que pode culminar com o DM2. Como avaliar a RI? Avaliação direta: Técnica padrão-ouro clamp euglicêmico – inviável na prática clínica. Avaliação Indireta: Marcadores laboratoriais ou clínicos: HOMA, mais utilizado. HOMA é um marcador de RI. HOMA > 2,7 -> RI (Geloneze et al., 2006) Avaliação por IMC & HOMA-IR (Stern S.E. et al., 2005) – IMC > 28,9 kg/m2; ou – HOMA-IR > 4,65; ou – IMC > 27,5 kg/m2 e HOMA-IR > 3,60. Duas fórmulas de cálculo de HOMA dependendo da unidade em que foi expressa a glicemia, Pontos de Corte para HOMA IR no Brasil Diferentes estudos mostram diferentes valores de corte para HOMA IR. O mais utilizado na prática para caracterizar RI são as definições com base em Geloneze. Índices: HOMA e QUICKI • Método HOMA-IR: Muito utilizado na prática. Avalia a resistência à insulina. HOMA - Modelo de avaliação da homeostase (Homeostatic model assessment); IR - Resistência à insulina (Insulin Resistance). • Método QUICKI: Avalia a sensibilidade à insulina QUICKI - Quantitative insulin sensitivity check index. QUICKI = 1/[log (insulina em jejum ) + log (glicose em jejum)]. Não há ponto de corte específico para o índice QUICK. O QUICKI, na verdade, é complementar à análise de HOMA-IR. Mas é mais utilizado em pesquisa científica, não na clínica. Como monitorar o Controle Glicêmico? Metas para o Controle Glicêmico: Existem diferentes sociedades que atribuem diferentes metas para o controle glicêmico. Pensando da SBD, que rege a nossa conduta, o ideal é que o indivíduo mantenha uma glicemia pré-prandial (jejum) menor que 100. Monitoramento Glicêmico • Hemoglobina Glicada (diagnóstico e monitoramento) <7 • Glicemia de Jejum (diagnóstico e monitoramento) <100 Valores de referência: 70 – 99mg/dL. Método: Enzimático Colorimétrico. • Glicemia Capilar (monitoramento diário: glicosímetro ou sensor - sistema de monitoramento contínuo de glicose, como os que são colocados no braço) • Glicemia Pós-Prandial - dosagem 2h após refeição • Curva Glicêmica: Carga de 75 g de GLI → Glicemia a cada 30’ por 2-3 h. • Frutosamina (somente quando há um motivo a mais): permite ver uma alteração glicêmica. A albumina se liga ao açúcar, podendo ser um indicador de monitoramento da glicemia. A meia vida da albumina é de 18 dias, analisando alterações mais precoces. Glicemia Capilar Não existe esquema padrão de frequência de testes glicêmicos. Necessidade maior de testes: 3 dias por semana e seis testes por dia • Início do tratamento • Ajuste da dose do medicamento • Mudança de medicação • Estresse clínico e cirúrgico (infecções, cirurgias etc.) • Terapia com substâncias diabetogênicas (corticosteroides) • Episódios de hipoglicemias graves • HbA1c elevada com glicemia de jejum normal Hemoglobina Glicada (Hb A1c) Reflete a evolução da glicemia (pp/e 6-8 sem. anteriores). Hemoglobina tempo de meia-vida 120 d, mas 50% da Hb A1c reflete os últimos 30 d. Rotina: mínimo 2x/ano em pacientes compensados; e 4x/ano quando em alteração do tratamento ou mal compensados. Repetição com intervalo de 6-8 semanas. Intervalo para repetir os exames de maneira fidedigna. Valores de Referência Diagnóstico DM : A1C > 6,5% Meta de HbA1c para pacientes com DM2 (SBD, 2017-2018): Adultos = 7% Idosos = 7,5% e 8,5%, dependendo do estado de saúde Glicemia Média Estimada (GME) É determinada a partir do valor de Hb A1c através de uma fórmula matemática baseada em uma relação linear entre as concentrações de Hb A1c e a glicose média sanguínea. GME = 26,7 x A1c - 46,7 Frutosamina • Termo “frutosamina” é o nome genérico dado à “proteína glicada”; • Mede a glicação das proteínas séricas, principalmente albumina (80%) (reflete glicemia nas 3 últimas semanas); Faz sentido solicitar uma Frutosamina quando o intuito é acompanhar o paciente no período de um mês, mas só se tiver o valor de Frutosamina de outro momento para poder comparar • É uma alternativa útil nos casos de comprometimento da confiabilidade da dosagem de HbA1C por fatores com anemias e hemoglobinopatias; • Sua associação com o desenvolvimento de complicações não está tão clara quanto para as concentrações de HbA1C. Exames para avaliar a presença de complicações - Perfil Lipídico ou Lipidograma (alteração de colesterol total, frações, triglicerídeos.). É possível identificar se há uma dislipidemia associada. - EAS (Exame de Urina Simples ou Tipo 1): investigar glicosúria, cetonúria, proteinúria. - Albuminúria – Amostra única; de 24h (em desuso). - Creatinina – escória nitrogenada. - Taxa de Filtração Glomerular (TFG) Usado em paciente diabético e renal. É uma fórmula para estimar se o rim está funcionando bem, ou não. Na prática clínica a depuração plasmática de creatinina (clearance) é usada para estimar a TFG, inclui creatinina, sexo e idade (fórmula de Cockcroft-Gault): A creatinina plasmáticareflete a escória nitrogenada. Investigações Complementares. - Aferição de Pressão Arterial; - Fundoscopia; Exame de fundo do olho, para verificar a presença ou não de retinopatia diabética. - Investigação de “pé diabético”. Complicações Metabólicas Hipoglicemia (glicemia ↓70 mg/dL) É um efeito colateral comum da terapia medicamentosa do paciente DM. Hipoglicemia grave se for inferior a 40 mg/dL. - Sintomas: suores, tremores, fome, palpitações, cefaléia, confusão mental , visão turva, taquicardia e coma. - Tratamento: administração de 15 g de CHO – tabletes de glicose ou alimentos contendo glicose (ex. 1 c. sopa de açúcar/mel). Reavaliar glicemia até os valores normais. - Causas mais comuns: erros na medicação, dieta inadequada, excesso de exercícios e ingestão de álcool sem alimentação. OBS: O álcool não é metabolizado à glicose, inibindo a gliconeogênese. Hipoglicemia seguida de hiperglicemia de ”recuperação”. - Ocorre devido a secreção de hormônios catabólicos (glucagon, GH e cortisol). Cetoacidose diabética (glicemia ↑250 mg/dL) - Ocorre principalmente por um aumento súbito na necessidade de energia e insulina (infecção, trauma). - Produção excessiva de CC, com redução do pH sanguíneo (acidose metabólica). - Mais comum no DM tipo 1. - Sintomas: taquipneia, hiperventilação, náuseas, vômitos, hálito cetônico, poliúria, polidipsia, fadiga, desidratação. Coma hiperosmolar sem acidose metabólica (glicemia 600-2000mg/dL): - Associa-se com a hiperglicemia, ocorre desidratação intensa e coma. - Fator etiológico mais comum: infecções. Outros: AVE, infarto do miocárdio, ingestão excessiva de álcool. Complicações Tardias Retinopatia diabética – formação de microaneurismas e hemorragias devido à hiperglicemia. Indivíduo começa a apresentar perda do tecido retiniano. Nefropatia diabética – Ocorre depois de 5-10 anos de desenvolvimento da doença. Ocorre primariamente um aumento na taxa de excreção de albumina (30-300 mg/24h) devido ao aumento na pressão do capilar glomerular; segue-se um aumento progressivo da lesão glomerular, perda da seletividade da membrana e maior perda urinária de albumina. Evolução para Insuficiência Renal Crônica (IRC). Neuropatias - consiste na sobreposição de sintomas e/ou deficiências neurológicas clinicamente detectáveis. A polineuropatia distal (PD) é a forma mais frequente e se relaciona com o aparecimento de úlceras nos pés, que podem provocar amputações. Alterações gastrointestinais – gastroparesia (retardo no esvaziamento gástrico), disfunção esofágica (disfagia) e constipação ou diarreia. Dificuldade de cicatrização (pp/e em MMII). Complicações vasculares: Doença vascular periférica, doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, hipertensão arterial sistêmica. Dislipidemias: estão quase sempre associadas ao diabetes, caracterizando-se por hipertrigliceridemia, redução do HDL-colesterol, concentrações normais ou aumentadas de CT total e LDL- colesterol. Tratamento do DM • Farmacológico • Estilo de vida: Nutricional; Atividade física; Hábitos de vida saudáveis Metas Terapêuticas Agentes Antidiabéticos - Hipoglicemiantes ou anti-hiperglicemiantes O tratamento do diabetes pode ser feito por 2 tipos de fármacos: Hipoglicemiantes ou Insulinoterapia. Ou agregar os dois. São substâncias que têm a finalidade de reduzir a glicemia e mantê-la normal (jejum < 100 mg/dL e pós-prandial < 140 mg/dL). Diferentes mecanismos de ação: • Redução da produção hepática da glicose (biguanidas: Metformina); • Secretores de insulina (sulfonilureias e glinidas) • Inibidores da alfa-glicosidase: retardo na velocidade de absorção de CHO (acarbose) • Aumentam a utilização periférica de glicose (glitazonas) - Agem na RI. • Via GLP1: Incretinomiméticos e Inibidores de DPP-4 (enzima que degrada GLP-1). Fármacos que têm como objetivo mimetizar a ação do hormônio GLP-1, que é secretado pelas células do íleo e promove uma série de ações, como o aumento da secreção de insulina. Ao inibir a enzima DPP-4, o GLP-1 fica mais tempo circulante, portanto, mais tempo de ação. Observa-se na ilustração os agentes hipoglicemiantes. No 1, aqueles que reduzem a produção excessiva de glicose no fígado. Basicamente duas classes, as Metforminas e Glitazonas. A Metformina aparece no 1 e também no 4, ou seja, ela também tem um potencial para reduzir a resistência periférica à insulina, mas sua principal função é a redução da secreção hepática de glicose. Então às vezes um mesmo fármaco tem mais de um mecanismo de ação. No 2, aqueles que estimulam a secreção de insulina. Tem-se, principalmente, as Sulfoniluréias (secretores de insulina). Então os principais fármacos utilizados como agentes hipoglicemiantes são, de fato, as Metforminas e Sulfoniluréias, sendo importante perceber, minimamente, o princípio de ação desses dois fármacos e reconhecer as medicações que os pacientes usam. Como um terceiro ponto, aqueles que retardam a absorção de carboidratos, então falamos da Acarbose, que reduzirá essa absorção, contribuindo para que a glicemia pós-prandial não se eleve tanto. E, no 4, aqueles que reduzem a resistência periférica à insulina. Onde há, principalmente, a ação das Glitazonas. Mas, como foi dito, a Metformina também apresenta um potencial de ação por esse mecanismo. Apesar de não mostrar na ilustração, o mecanismo 5 seria a via de ação pelo GLP-1. Agentes Antidiabéticos ● Redução da produção hepática da glicose: Biguanida (Metformina - 1a opção farmacológica) (Glifage®) Reduz a produção hepática de glicose (ação principal); ↑ sensibilidade à insulina no fígado (ação menor); Administração junto à alimentação (2 vezes/dia). Posologia: Metformina 1.000 a 2.550 mg/d. 2 – 3 x/dia Metformina XR 1.000 a 2.550 mg/d. 2 – 3 x/dia ● Secretores de insulina Ação prolongada: Ação prolongada é um ponto positivo, pois mantém a glicemia em um patamar. Sulfonilureias (Diabinese®, Diamicron MR®, Daonil®) Hipoglicemiantes mais difundidos e conhecidos; Estimulam a secreção de insulina -> sem efeito DM1; Ação rápida: Metiglinidas - Repaglinida (Posprand®, Prandin®) - Nateglinida (Starlix®) Utilizados no controle de hiperglicemia pós-prandial; Curto tempo de ação -> administrados após refeições; Risco hipoglicemia e ganho ponderal discreto. Administração: 3 vezes/dia. ● Inibidores da alfa-glicosidase: retardo na absorção de CHO Acarbose (Glucobay®, Aglucose®) Inibidores competitivos da enzima alfa-glicosidase (realiza a digestão de CHO) -> velocidade de absorção CHO; Ação pós-prandial. Efeitos colaterais: meteorismo, flatulência, diarreia; Posologia: 50 a 300 mg/dia. 3 vezes/dia. ● Aumentam a utilização periférica de glicose Glitazonas, atualmente disponível somente (Actos®, Piotaz®, Pioglit® e Stanglit®) Combate primariamente a RI, aumentando a sensibilidade do músculo, tecido gorduroso e fígado à ação da insulina. Posologia: 15 a 45 mg/d. 1 x/dia Pode promover ganho de peso e retenção hídrica, aumentando o risco de insuficiência cardíaca. Também pode aumentar o risco de fraturas. Promove redução do risco cardiovascular. ● Mimético e análogos do GLP-1 GLP1 (glucagon like peptide 1) - É uma incretina (incretina= classe de substâncias que regulam o metabolismo da glicose); - - ↑ da secreção e síntese de insulina; - Produzido por células no íleo; - Metabolizado pela enzima DPP4 (Dipeptil peptidase 4). Injetável Exenatida (Byetta®); Liraglutida (Victoza®); Lixisenatida (Lyxumia®) Eventos adversos: náuseas, cefaleia, faringite, infecção urinária; Administração: Frequência depende do tipo de fármaco. ● Inibidores da DPP-4 (Dipeptil peptidase 4) - enzima que degrada GLP-1) ↑ da [] GLP-1 (glucagon-like peptide-1)Gliptinas (via oral) Vildagliptina (Galvus®); Sitagliptina (Januvia®); Saxagliptina (Onglyza®); Linagliptina (Trayenta®); Alogliptina (Nesina®) ↑ da secreção de insulina e ↓ da secreção de glucagon Administração: 1 x/dia. Dose varia conforme o tipo de fármaco. Eventos adversos: faringite, infecção urinária, náuseas e cefaleia Hipoglicemiantes e pré-DM O uso da metformina (indicação prioritária, sobretudo em portadores de obesidade e com idade inferior a 65 anos) ou, alternativamente, acarbose ou pioglitazona, podem ser considerados para pacientes jovens com risco moderado/alto para desenvolvimento de DM2, desde que não apresentem contraindicações para tais medicamentos. Insulinoterapia Injeções subcutâneas. Medicação injetável geralmente na região abdominal. Canetas. Bomba infusora acoplada ao indivíduo, tendo a liberação do hormônio ao longo do dia (permite um controle glicêmico muito bom. A insulinoterapia é o tratamento de escolha para o paciente DM1, onde já se começa logo após o diagnóstico. Mas não é exclusiva do DM1. O paciente DM2 pode fazer uso desse tratamento, quando tem um mal controle glicêmico, além dos hipoglicemiantes orais. • Variam conforme Início / Pico / Duração • Tipos – Insulina de ação rápida (I: 30-60’ / P: 2-3h / D: 5-8h) – Insulina de ação ultrarrápida (I: 5-15’ / P: 30’-2h / D: 3-5h) – Insulina de ação intermediária – Insulina de ação longa e ultralonga – Insulina em pré-mistura: é uma combinação de dois tipos diferentes de insulina. • Esquema de administração: Combinação de tipos de insulina: Ex: Detemir (longa duração, ex 2x/d, Desj e Ceia) + Asparte (ultrarrápida, 4x/d, Lanche, Almoço, Lanche e Jantar). Esquema de administração e tipo de insulina de acordo com o paciente: Tipos de insulina: Prevenção do DM – Primária (prevenção do diabetes) • Uso da terapia clínico-nutricional e intervenções de saúde pública em obesos e pré-obesos. • Adequação dos hábitos alimentares; • Incentivo a atividade física regular (150 min/sem); • Perda de peso em indivíduos com excesso de peso. Prevenção e Intervenção no DM – Secundária (prevenção de complicações) • Uso da terapia clínico-nutricional para controle metabólico do diabetes e para prevenir complicações. – Terciária (prevenção da morbi-mortalidade) • Uso da terapia clínico-nutricional para retardar e tratar complicações. Medidas de Intervenção Secundária e Terciária • Tratamento da HAS e dislipidemias -> ↓DCV. • Prevenção de ulcerações nos MMII e amputações. • Rastreamento e tratamento de retinopatias. • Rastreamento de microalbuminúria e tratamento IRC. Avaliação Nutricional no DM • Combinação de indicadores antropométricos – IMC; – Perímetro/“circunferência” da cintura – Medidas de dobras cutâneas • Exames laboratoriais • Avaliação dietética Dietoterapia no Diabetes Mellitus ENERGIA Considerar necessidades individuais. - Eutróficos Manter o peso corporal: 25 – 30 kcal/kg/dia. - Sobrepeso ou obesos Promover a perda de peso: Restrição energética Déficit energético de 500 a 750 kcal/dia; ou M: 1.200 a 1.500 kcal/dia e H: 1.500 a 1.800 kcal/dia. Redução moderada de peso, 5% a 7% do peso corporal inicial, melhora o controle glicêmico e ameniza a necessidade de medicamentos. Dietoterapia no DM (SBD, 2019-2020) Composição Nutricional *PTN: 15 a 20% ou 1 a 1,5 g/kg de peso corporal, se preservada função renal. CARBOIDRATOS • 45-60% do VET – preferencialmente CHO complexos. • Sacarose – Máximo 5% a 10% VET. • Frutose e lactose (CHO simples) – moderação. • Frutose – não se recomenda adição nos alimentos. • Atenção a qualidade do CHO – índice glicêmico. • Avaliar o controle glicêmico dos indivíduos. PROTEÍNA • PTN: 15 a 20% ou 1 a 1,5 g/kg de peso corporal/dia, se preservada função renal. • Alguns estudos sugerem benefícios para dieta hiperproteica 1,5 a 2 g/kg de peso corporal/dia, ou 20 a 30% durante a perda de peso, qdo função renal preservada. • DM + Doença renal A ingestão proteica em indivíduos com diabetes e doença renal crônica (DRC) não dependentes de terapia renal substitutiva deve ser de 0,8g/kg/dia. Para pacientes em terapia renal substitutiva, a recomendação de proteína fica entre 1,2 e 1,4g/kg/dia. LIPÍDIOS • 20 a 35% do VET. • Dar preferência AG monoinsaturados (na nossa população não é tão comum) e poli-insaturado • AG saturado: até 10% VET. • Isenta de AG Trans. FIBRAS • 14 g/1000 kcal, mínimo 20g/dia no DM2. • Grãos integrais, vegetais, frutas, aveia e leguminosas. • Fontes alimentares: Frutas, verduras, legumes, leguminosas (feijão, ervilha, grão de bico e lentilha), farelo de aveia e de cevada, psyllium, semente de linhaça. Cereais integrais – 3 ou mais porções. • Importância da fibra solúvel na rotina alimentar: - controle glicêmico pós-prandial (auxilia no retardo do esvaziamento gástrico); - dislipidemia. VITAMINAS E MINERAIS – Como sugestão, 2-4 porções de frutas/dia + 3-5 porções de hortaliças cruas e cozidas. – Incluir 1 fonte de vitamina C, pelo estado oxidativo da doença. – Não há EVIDÊNCIA CIENTÍFICA para suplementação de vitaminas e minerais no DM, exceto em caso de deficiências. SÓDIO • < 2300 mg/dia (ADA) • Preocupação com sódio de adição e sódio intrínseco dos alimentos. • Padrão DASH - dieta rica em frutas, hortaliças, grãos integrais e redução de gorduras totais e saturadas para o tratamento da hipertensão arterial. Pensando na associação do diabetes com hipertensão arterial sistêmica. • Fracionamento 6 refeições diárias: 3 principais e 3 lanches. Importância da ceia. Não fazer refeições muito volumosas para não alterar tanto a glicemia. Ceia é muito importante para não evoluir com hipoglicemia da madrugada. • Preparações Cozidas no vapor, assadas, grelhadas ou cruas. • Índice glicêmico – Baixo IG é recomendado, embora necessidade de mais estudos. EDULCORANTES Todos submetidos a rigorosa análise, seguros quando a ingestão diária aceitável (IDA). Adoçantes naturais, como os poliálcoois (sorbitol, xilitol, eritritol etc.), não terem quantidade máxima sugerida, deve-se ter moderação no consumo, pois pode favorecer flatulência e diarreia. SUPLEMENTAÇÃO DE N3 Ausência de resultados sobre perfil glicêmico. Resultados em hipertrigliceridemia. Não se mostrou eficiente na redução da HbA1c, glicemia e insulina de jejum, de acordo com os dados de meta-análise (Hartweg et al., 2008), e não melhorou a resistência à insulina em pessoas com DM2 (Crochemore et al., 2012). ÁLCOOL • Limitar a ingestão de etanol em no máximo : Homens - 30 mL/dia (2 doses) Mulheres - 15 mL/dia (1 dose) Dose: 360 mL de cerveja, 150 mL de vinho ou 45 mL de bebida destilada. • Utilizar apenas concomitante a ingestão de alimentos. • Restringir para promover perda de peso. • Restringir na presença de hipertrigliceridemia. Comportamento Alimentar Importância dos programas de educação nutricional para indivíduos com DM (autocuidado e independência em decisões e atitudes) Mudança do Estilo de Vida (MEV) • Práticas de atividade física; • Suspensão do tabagismo (demanda um menor risco de DCV; • Baixo consumo de bebidas alcoólicas; • Uso de medicamentos, se necessários; • Ações educativas. A equipe multiprofissional é essencial para o sucesso terapêutico do diabetes. American Diabetes Association (ADA, 2019) Distribuição de macronutrientes: Evidências sugerem que não há uma porcentagem ideal de calorias de carboidratos, proteínas e gorduras para todas as pessoas com diabetes. Portanto, a distribuição de macronutrientes deve se basear em uma avaliação individualizada dos padrões atuais de alimentação, preferências e metas metabólicas. Carboidratos: • Quanto a todos os indivíduos em países desenvolvidos,crianças e adultos com diabetes são encorajados a minimizar o consumo de carboidratos refinados e adicionar açúcares e, em vez disso, concentrar-se em carboidratos de vegetais, legumes, frutas, leite e iogurte e grãos integrais. • O consumo de bebidas adoçadas com açúcar (incluindo sucos de frutas) e produtos processados “com baixo teor de gordura” ou “sem gordura” com grandes quantidades de grãos refinados e açúcares adicionados é fortemente desencorajado. Proteínas: • Não há evidências de que o ajuste do nível diário de ingestão protéica (tipicamente 1–1,5 g / kg de peso corporal / dia ou 15–20% de calorias totais) melhore a saúde em indivíduos sem doença renal diabética, e a pesquisa é inconclusiva quanto à quantidade ideal proteína dietética para otimizar o controle glicêmico ou o risco de doença cardiovascular (DCV). • Os objetivos de ingestão de proteína devem ser individualizados com base nos padrões alimentares atuais. Lipídios: • A quantidade ideal de gordura dietética para indivíduos com diabetes é controversa. A Academia Nacional de Medicina definiu uma distribuição de macronutrientes aceitável para a gordura total para todos os adultos de 20% a 35% do total de calorias ingeridas. • O tipo de gordura consumida é mais importante do que a quantidade total de gordura quando se observa as metas metabólicas e o risco de DCV, e recomenda-se que a porcentagem de calorias totais de gorduras saturadas deve ser limitado. Sódio: • Quanto à população em geral, as pessoas com diabetes são aconselhadas a limitar seu consumo de sódio a 2.300 mg/dia. • Restrição abaixo de 1.500 mg, mesmo para aqueles com hipertensão, geralmente não é recomendada. • As recomendações de ingestão de sódio devem levar em conta a palatabilidade, a disponibilidade, a acessibilidade e a dificuldade de obter recomendações de baixo teor de sódio em uma dieta nutricionalmente adequada. Suplementação de micronutrientes: • Ainda não existe evidência clara do benefício da suplementação de vitamina ou mineral para pessoas com diabetes sem deficiências subjacentes. • A metformina está associada à deficiência de vitamina B12. Sugere-se avaliações periódicas das concentrações de vitamina B12 em pacientes que tomam metformina, particularmente naqueles com anemia ou neuropatia periférica. Suplementos nutricionais: • A suplementação rotineira com antioxidantes, como as vitaminas E e C e o caroteno, não é recomendada devido à falta de evidências sobre a eficácia. • Não há evidências suficientes para apoiar o uso rotineiro de herbais (como canela, curcumina), vitamina D ou cromo, para melhorar a glicemia em pessoas com diabetes. • Suplementar vitamina D em casos de deficiência. Suplementos alimentares: • Proteína do soro do leite (whey protein); • Creatina; • Isomaltulose ou palatinose; • Cafeína; • Substitutos de refeição; • Suplementos derivados de ervas e plantas: Canela; Feno-grego; Melão amargo; Resveratrol; Curcumina. Proteína do soro do leite (whey protein) Formas comercialmente disponíveis: • Concentrada - quantidades variáveis de PTN (até 85%) e quantidade variável de CHO e LIP; • Isolada – mais que 90% de PTN e remoção quase total de CHO e LIP; • Hidrolisada - igual concentração de PTN da forma isolada com vantagem de estarem parcialmente pré- digeridas (absorção +rápida) ausência total de CHO na formulação (s/ lactose), <risco de intolerâncias e alergias. Creatina Recurso ergogênico; • Pode ser utilizado em concomitância à prática de atividade física; • Administração: -Dose de ataque de 20 g/dia, por 7 dias; -Dose de manutenção de 5 g/dia por 10 semanas. • Papel no controle glicêmico por ↑ translocação de GLUT 4. • Necessidade de mais ensaios clínicos. Suplementos de minerais e oligoelementos • Cromo; • Magnésio; • Vanádio; • Vitamina D; • Polivitamínicos. Outros suplementos • Óleo de peixe; • Prebióticos e probióticos. Tratamento fitoterápico • Chá de pata-de-vaca (Bauhinia variegata); • Chá de insulina (Cissus sicyoides); • Chá verde (Camellia sinensis); • Jambolão (Syzygium cumini).
Compartilhar