Buscar

Higiene Oral - Fundamentos de Enfermagem

Prévia do material em texto

Vitória Zilda de Alencar Ribeiro 
Fundamentos de enfermagem 1 
Papel do sorriso e dos dentes 
 Quando pensamos em cavidade bucal, a primeira coisa que 
nos chama a atenção no nosso relacionamento com outras 
pessoas, são os dentes, a capacidade do sorriso e a 
observação dos dentes. 
 Os dentes podem ser desde um artifício de vínculo social, pode 
ser algo que gera uma determinada piada ou até mesmo 
espanto, recusa. 
 A gente observa uma pessoa que tem uma dentição 
incompleta, dentes sujos. 
 De maneira bem prática, nós visualizamos o papel do sorriso e 
dos dentes em todas as áreas, os dentes têm um potencial 
para transmitir um sentimento de positivo de alegria, também 
pode ser um objeto que transmite dor por meio de uma 
mordida por exemplo. 
Saúde pública e a saúde bucal 
 Pensando no ponto de vista de saúde pública, nós temos uma 
evolução das nossas políticas aqui no Brasil, nós passamos de 
um modelo de odontologia social e preventiva para um 
aspecto de saúde bucal coletiva, saúde coletiva. 
 Isso é interessante porque até então, quando se pensava em 
saúde bucal, antigamente nós tínhamos o seguinte cenário: um 
determinado município contratava um dentista, fazia uma 
inspeção dos dentes das crianças em uma escola e ensinava 
as crianças a escovar os dentes, a fazer o uso do fio dental, a 
utilizar o antisséptico bucal; já os indivíduos adultos que 
apresentavam um problema de cárie, tinha o dente extraído 
tendo em vista minimizar a dor e inibir a disseminação de 
bactérias pela corrente sanguínea. 
 Quando falamos do aspecto social é importante estar 
ressaltando que em determinado momento da história, 
principalmente dos nossos pais ou dos nossos avós, quando foi 
introduzida a utilização de próteses dentárias, porque o 
indivíduo tinha que utilizar de recursos para fazer a aquisição 
daquela prótese isso teve um determinado status social, então 
não era comum em cidades do interior, principalmente, de 
pessoas que possuíam toda a dentição completa realizarem a 
extração de todos os dentes para utilizarem prótese dentária, 
colocar dentes de ouro, etc., existia um determinado valor 
social naquela prótese. 
 Hoje nós evoluímos para um modelo de saúde bucal coletiva 
e isso se faz importante porque aquela história que o dentista, 
o técnico de odontologia ia na escola ensinar a criança a utilizar 
pasta de dente e fio dental, apesar de ser importante não era 
o suficiente devido as mazelas, as feridas que nós temos na 
nossa sociedade, dentre elas a pobreza. 
 Atacar a pobreza também influencia em outros aspectos, 
inclusive no aspecto de saúde, nós observamos que embora 
se tenha uma devida importância de mandar o profissional para 
fazer toda essa avaliação da saúde bucal de uma criança, nós 
ainda temos essa ferida, esse buraco social que se caracteriza 
por famílias não possuírem recursos para comprar insumos 
para a saúde, e aí nós precisamos modificar toda essa política, 
compreendendo a importância da gestão em saúde, do 
economista, do professor ensinando dentro da sala de aula, do 
técnico especialista que é o dentista ou enfermeiro, médico e 
etc., e por aí vai, do nutricionista em relação ao alimento, 
acesso da população à alimentação saudável. 
 Evoluímos para um modelo em que vai desde o aspecto de 
saúde geral, habitação, saneamento básico, aumento de renda, 
e o ambiente como um todo. 
 Esse atendimento tem uma hierarquia, indo da assistência 
primária que consiste na prevenção, educação, práticas 
curativas indispensáveis, grupos prioritários sociais e 
epidemiológicos (qual o público precisa ter uma atenção, como 
cáries em crianças) e tem a assistência especializada, serviços 
de especialistas especialmente necessários, como o próprio 
dentista contratado pela rede pública ou então em países que 
temos sistema de voucher onde o estado dá o dinheiro para 
você e você escolhe em qual especialista que ir da rede 
privada. 
 Dependendo da gravidade da situação, o dentista pode 
encaminhar para uma assistência mais complexa. 
 Quando olhamos para o aspecto tema saúde bucal, temos que 
pensar em todas as estruturas que compõem esse sistema, 
não somente a parte interna, como os dentes, língua, glândulas 
mandibulares, mas a minha avaliação com profissional deve-se 
começar na inspeção da parte externa, analisando a simetria 
do sorriso, verificando se não existe desvio de rima, observar 
o filtro do lábio, coloração dos lábios, hidratação, asa do nariz 
por causa da inervação do trigêmeo. 
Vitória Zilda de Alencar Ribeiro 
 Lembrando que o céu da boca se divide em palato duro e 
mole (tecido conjuntivo confere maior resistência do osso), 
artérias e nervos que fazem projeções e ramificações 
principalmente na região do palato duro, glândulas palatinas, 
retromolares que ajudam a fazer a lubrificação da cavidade e 
músculos que estão relacionados não somente com a 
deglutição, mas também com o processo de fala e de 
articulação. 
 O ser humano não nasce com os dentes e o ser humano na 
fase adulta possui 32 dentes. 
 Há pessoas que não possuem o dente do siso, podendo estar 
relacionado com uma variação anatômica do tipo de alimento 
que é consumido em uma determinada região. 
 O apêndice possui importante papel na regulação da 
microbiota intestinal; após um quadro de diarreia, todas as 
bactérias que ficam alojadas no apêndice passam a proliferar e 
reconstituir a microbiota intestinal. 
Anatomia e microbiota bucal 
 O indivíduo na infância possui a primeira dentição de leite que começa a surgir com 6 meses e 
com 48 meses possui a dentição de leite completa. Entre os 6 e 12 anos a dentição é mista. 
 O dente é o tecido mais duro do nosso corpo, cerca de 92% de sua composição é de hidroxiapatita 
de cálcio. 
 O esmalte tem aproximadamente 2,5mm, e o flúor adicionado a hidroxiapatita de cálcio torna o 
esmalte mais resistente a desmineralização que vai acontecer com o passar do tempo. 
 Nossa boca possui um microbioma próprio, com uma série de relações entre microrganismos e o 
nosso organismo na produção de defesa ou de doenças de acordo com a comunidade de 
microrganismos que estão residentes na nossa cavidade bucal. 
 Quando escovamos os dentes, acabamos reduzindo o 
microbioma e com o passar do tempo nossa boca acaba sendo 
repovoada, começando pela interação de estreptococos com 
actinomices; essas primeiras bactérias que vão repovoando os 
dentes vão servir de base para a ligação de outras bactérias. 
Com o tempo, vai chegar em um ponto que dependendo da 
condição de saúde do indivíduo, pode-se ter treponemas e 
até mesmo fungos fazendo parte da composição da 
microbiota bucal. 
 A placa bacteriana a interação da saliva com a presença de 
enzimas e aminoácidos, que vai enrijecendo e recebe o nome 
de placa bacteriana. 
 Essa interação entre as bactérias pode ser um mecanismo 
cooperativo, agregação e dependendo do estado de saúde ou 
a falta de higiene bucal pode levar esse tipo de bactéria a 
substituição, passando a ter uma agregação maior por 
bactérias que são nocivas. 
 Quando realizamos a higiene bucal, estamos reduzindo a 
possibilidade da ligação de bactérias, reduzindo a possibilidade 
dalas terem um metabolismo e com isso eu tenho a 
manutenção do estado de saúde. 
 Quando o indivíduo é imunocomprometido, se tem um risco 
de infecção por fungos na cavidade bucal, e conforme esses 
micróbios vão interagindo com a saliva, vai ter presença de 
enzimas, aminoácidos e etc., enrijecendo e formando a placa 
bacteriana. 
 Com o passar do tempo e com o envelhecimento, ocorre 
mudanças fisiológicas que vão levando a alteração na saliva, na 
composição da nossa boca, no microbioma e por aí vai. 
 Um estudo mostrou que existe uma diferença entre os grupos 
raciais, observando que no grupo controle (grupo de mulheres 
na menopausa) houve uma alteração maior na quantidade de 
saliva (diminuiu a saliva) equando se faz a reposição hormonal, 
há melhora nos sintomas de boca seca ocasionados pela 
menopausa. 
 Quando modificamos a dieta de um indivíduo, pode haver o 
aumento do risco de doenças periodontais. Quando 
modificamos e aumentamos as doenças periodontais, há o 
aumento dos partos prematuros. As chances de um evento 
ocorrer na presença de parto prematuro e doenças 
periodontais apresenta um maior risco do que álcool, 
características raciais, idade, número de partos anteriores. 
 Mulheres com periodontite tem um risco maior de 
desenvolver e ter um parto prematuro. 
 Cárie não é transmissível; é um desgaste do esmalte do dente 
provocado pelo metabolismo das bactérias. 
Fatores epidemiológicos das doenças periodontais 
 Alguns países apresentam 6% da população com gengivite e 
outros apresentam 94% da população com gengivite; muitos 
casos não são notificados devido à falta de investimento. 
 Há países muito pobres com dificuldade de acesso aos 
profissionais da área da saúde; quando migramos para um país 
grande, assim como o nosso, vemos que não possuímos uma 
realidade uniforme e sim heterogênea. Dentro do Brasil temos 
diversos Brasis. 
Vitória Zilda de Alencar Ribeiro 
 Isso impacta muito quando estamos falando de políticas públicas 
de saúde; quando você adota uma política nacional, há 
dificuldade de implementação dela a nível local. 
 Para que haja implementação desse sistema de serviço, precisa 
ter aporte de recursos no local, no município; como vai 
funcionar esse repasse de verbas? Vem da união, governo 
federal, para o governo estadual e municipal; e esse é o 
problema, porque a política é feita em nível federal e existe a 
dificuldade de implementação aqui na região. 
 A coordenação de serviço: ao se deparar com um problema 
de saúde bucal, como uma criança que está na pré-escola foi 
identificada com uma doença na gengiva e eu como 
enfermeiro encaminho essa criança ao dentista; no dentista, 
descobre que a criança tem câncer, só que nessa idade não 
tem condições de tratar o câncer, então é encaminhada para 
o serviço de referência, como um hospital regional até a 
criança ter a resolução do caso; isso é importante, o nível de 
coordenação, porém, precisamos saber a realidade do nosso 
município, da nossa cidade e o que queremos alcançar. 
 Se não há profissionais adequados, não há notificação 
adequada; não existe investimento adequado, do ponto de vista 
para prevenção e tratamento de doenças bucais, porém, se 
faz necessário, principalmente o trabalho de prevenção, 
quando não há tantos recursos. 
Fatores de risco para doenças periodontais 
 Idade: conforme a mulher chega na menopausa, diminui a 
quantidade de produção de saliva, e isso faz com que haja uma 
configuração do microbioma local; com o avançar da idade há 
uma atrofia das glândulas salivares e isso faz com que a boca 
do idoso fique mais seca; há uma diminuição da sensibilidade 
de osmorreceptores, o idoso não tem o mesmo gatilho de 
sede que nós temos, o idoso não percebe que está com sede, 
que precisa tomar água. 
 Sexo: os homens não sentem tanto o impacto hormonal 
quanto as mulheres. 
 Raça/etnia: em mulheres na menopausa (brancas, hispânicas e 
afroamericanas), as afroamericanas eram mais suscetíveis a 
doenças periodontais. 
 Microbiota específica: está relacionada com os hábitos 
alimentares; quando se tem um alto consumo de açúcar e 
poucas fibras e grãos, você passa a ter um número maior de 
bactérias que são deletérias, que podem provocar algumas 
doenças em relação as bactérias comensais. 
 Etilismo e tabagismo: o cigarro além da nicotina possui mais de 
5 mil substâncias, sendo a maioria cancerígenas. O hábito de 
fumar acaba gerando uma resposta inflamatória no organismo, 
maior na boca, pois é a 1ª via de contato e também em outros 
sistemas, modificando o microbioma e propiciando para 
doenças periodontais. 
 Diabetes: como a taxa de açúcar no sangue está elevada, eu 
estou modificando o microbioma também e caso haja 
ferimento na boca, como a cicatrização é mais lenta, pode ser 
uma porta de entrada para as bactérias ganharem a corrente 
sanguínea e promover uma endocardite (inflamação na 
membrana que reveste a parede interna do coração e as 
válvulas cardíacas). 
 Quimioterápicos: a quimioterapia possui um quadro de 
inflamação química do organismo que propicia a modificação 
do microbioma e o surgimento de lesões. 
 Dispositivos médicos, como sondas e cateteres. 
 Traumas ou cirurgias orais: dependendo do trauma facial, pode 
haver comprometimento da região. 
 Retração gengival: acontece bastante no dente canino e pode 
estar relacionada com fatores genéticos, processos 
inflamatórios pelo tabagismo ou doenças periodontais e pode 
estar relacionada com traumas mecânicos repetidos 
(escovação de dentes feita de forma errada ou com escova 
dental com cerdas mais rígidas). 
O processo para se fazer a higiene oral 
 Na higiene oral, o ideal é que o enfermeiro não faça pelo 
paciente; antes de termos a atitude, para a atividade de realizar 
o procedimento, é importante que o enfermeiro avalie o 
paciente e veja as condições que ele tem para realizar aquela 
tarefa. 
 Teoria de Dorothea Orem: só faça pelo paciente aquilo que 
ele não consegue fazer – teoria do autocuidado. 
 Se o paciente tem condições de fazer por ele mesmo, eu 
propicio o material e o ambiente para que ele realize a higiene 
bucal. 
 Quando o indivíduo está realizado sua higiene oral, podemos 
obter uma série de dados relacionados ao estado de saúde do 
mesmo, posso observar inflamações que ele apresenta, como 
hipersensibilidade a temperatura, neuralgia do trigêmeo, trauma 
de face, hipersensibilidade durante a escovação; tudo isso pode 
me dizer também do sistema nervoso desse paciente ou 
como ele está evoluindo após um trauma. 
 Força muscular: interfere, pois, o paciente que sofreu 
insuficiência cardíaca, AVE, movimentos não coordenados com 
histórico de meningite, perda de grau de profundidade de 
movimento não consegue realizar a própria higiene bucal na 
maioria das vezes. 
 Padrão respiratório: o paciente com um coração fraco, 
enquanto realiza a higiene bucal fica cansado, perde o folego, 
fica dispneico, podendo evoluir para um quadro de cianose. 
Vitória Zilda de Alencar Ribeiro 
 Paralisia facial: as vezes ele pode não conseguir cuspir a água, 
devido a metade da face paralisada. 
 Se o paciente está internado acamado, compete a 
enfermagem reunir o material e o preparar o ambiente para 
que o paciente realize o cuidado; o enfermeiro coloca uma 
mesa de refeição, pode ser uma compressa não esterilizada 
(o pessoal costuma utilizar papel toalha mesmo), uma toalha 
para que ele não se molhe, um copo com água, uma cubarrim 
para cuspir, e uma toalha para o paciente se secar. 
 Se a unidade não tem cubarrim, o erro é seu; porém, se você 
solicitou para a sua unidade e não chegou, o erro é da 
instituição. Quando não há material adequado para trabalhar, a 
qualidade da assistência cai, aumentando o número de 
infecções, entre outros. 
 No ambiente hospital quem tem que prestar o cuidado são os 
profissionais e não os familiares, porém, o enfermeiro pode 
prescrever a orientação para que a família também possa 
aprender para quando esse paciente tiver alta. 
 A saúde do paciente e seu conforto não pode ser prejudicado 
em detrimento de normas e rotinas; elas servem para adequar 
nosso atendimento ao paciente, não é o paciente que deve 
se adequar as normas e rotinas da instituição. 
Higiene oral conforme a idade 
 De acordo com a idade existem procedimentos adequados. 
 Crianças até 6 meses, geralmente se utiliza gaze não estéril 
com água destilada, se passa na gengiva, no canto da boca, 
bochecha, língua; o ideal é que seja realiza a cada mamada ou 
3X ao dia no mínimo. Orientamos a mãe a fazer e 
acompanhamos o procedimento nas primeiras vezes,afim de 
estimular o autocuidado; a chupeta no máximo até dois anos 
de idade para não provocar falhas no desenvolvimento e 
crescimento dos dentes; os dentes da maxila devem sobrepor 
os dentes da mandíbula e sobrar para fora. 
 A criança que fica muito tempo na mamadeira além de ter um 
desenvolvimento inadequado da dentição, desenvolve cárie; 
orientar os pais sobre a importância da higienização do bico da 
mamadeira, higiene bucal, etc. 
 Dos 6 meses aos 2 anos e meio não deve se usar creme 
dental (contém substâncias que são muito abrasivas e podem 
gerar um estresse químico na mucosa da boca), só água e 
uma escova dental com cerdas adequadas (dedeira) para a 
idade. 
 Dos 2 anos e meio aos 5 anos e meio usar a técnica 
circular/horizontal, creme dental e a escova correta para a 
idade com auxílio dos pais; o creme dental deve ser sem flúor. 
 Dos 5 anos em meio em diante deve se usar a escova correta, 
creme dental com flúor, técnica de bass (fazer movimentos 
com a escova partindo da gengiva para baixo), encostar as 
cerdas da escova próxima e fazer um movimento de “tirar o 
pó”, um movimento único 10 vezes. Evitar a ingestão do creme 
dental e consumo de água 30min após a escovação. 
 Por mais que o paciente esteja entubado, ainda se tem a 
necessidade de ter sua higiene bucal sendo realizada pela 
equipe de enfermagem; de acordo com o código de ética do 
paciente, todo paciente crítico deve ter assistência direta do 
enfermeiro. 
 Quando o paciente está entubado, por ficar com a boca 
aberta, em 48h já há modificação do microbioma, além do ar-
condicionado ligado, que deixa o ambiente seco e provoca o 
ressecamento da mucosa bucal e tem uma proliferação de 
bactérias, e com isso, as bactérias da cavidade bucal podem 
acabar migrando para as vias aéreas inferiores provocando 
pneumonia. 
 Mesmo o paciente em coma, ele pode ter reflexo de náusea 
e apresentar êmese com o conteúdo gástrico; dependendo 
do quadro clínico do paciente, se ele estiver com o íleo 
paralítico, até mesmo as fezes podem retornar pela boca do 
paciente no quadro de êmese, e como não tem a epiglote 
formando uma barreira, esse conteúdo ficará na parte superior 
do balonete e com isso as bactérias vão migrar para o pulmão, 
provocando uma pneumonia. A higiene bucal também serve 
para prevenir infecções respiratórias e outros agravos na área 
da saúde. 
 Os principais obstáculos são o tempo escasso por lotação da 
enfermaria e outras atribuições, fazendo com que o 
enfermeiro acabe priorizando alguns cuidados, e vemos hoje 
em dia a negligência com a higiene bucal. 
 É necessário ter o material adequado para fazer a higienização 
bucal em pacientes acamados; se eu invisto em produtos 
adequados para fazer a higienização bucal, e quando 
implemento uma rotina nos setores críticos para que os 
profissionais realizem o procedimento e saibam porque estão 
realizando, a taxa de infecção hospitalar cai. Com a queda da 
taxa de infecção, ele vai de alta mais cedo, aumentando a 
rotatividade, entrando mais dinheiro no caixa da instituição e 
diminuindo os gastos; quanto maior o tempo que o paciente 
fica dentro de um hospital, mais gasto ele gera. 
 Somente na ação de escovar os dentes do cliente, há uma 
enorme repercussão na instituição, a nível de gestão, 
administrativo e o estado de saúde do paciente, pois vai ficar 
bem cuidado, satisfeito com o tratamento que lhe foi oferecido, 
os familiares ficam satisfeitos, ele não terá problema de saúde, 
irá de alta mais cedo, o que implica em menos riscos e menos 
acidentes durante o período de internação. 
 Pacientes desacordados: quando o paciente tiver dentes, não 
coloque o dedo na boca, para garantir nossa segurança. Muitos 
hospitais adaptam uma espátula para fazer a higiene bucal com 
uma gaze, ou enrola a gaze na espátula, ou prende com fita 
crepe, adesiva, ou pega outra gaze e dá um nó e usa como 
Vitória Zilda de Alencar Ribeiro 
se fosse um swab, molha na solução de água com pasta e 
higieniza a cavidade bucal do paciente. Existem swabs próprios 
para fazer a higienização, a vantagem deles é que são flexíveis 
e possuem uma ponta macia. 
 Para pacientes entubados existe uma escova de dente própria 
aspirativa, conectando uma extensão na ponta da escova e liga 
na rede de gases, geralmente liga-se no vácuo, coloca creme 
dental na escova e a medida em que escovamos os dentes 
do paciente, já ocorre aspiração para um frasco por meio de 
vácuo e isso faz com que haja um processo mecânico da 
higienização de maneira mais efetiva. 
 Paciente em coma sempre tenho que elevar o decúbito a 45° 
ou 90°, dependendo da patologia do paciente. Na hora de fazer 
a escovação, devo tomar cuidado pois na hora de jogar água 
com um copinho na boca do paciente, esse paciente pode 
deglutir ou um pouco de água pode escorrer e ficar encima 
do cuff e isso provoca pneumonia também, porque estou 
trazendo água suja direto para as vias aéreas do paciente. 
 EPI’s para um paciente entubado: luva de procedimento, 
escova aspirativa, compressa não estéril (gazes), swab (ou 
escova aspirativa), creme dental, cadarço/fixação do TOT, 
toalha, cubarrim para desprezar, copo com água, toalha ou 
papel toalha, fixação do TOT, fio dental e antisséptico bucal. 
 Todo material de higiene pessoa é obrigação da instituição 
fornecer, como escova de dente, shampoo, pasta, sabonete, 
toalha). Não é antiético explicar a rotina da instituição e nossa 
técnica não deve quebrar nenhum princípio científico. 
 Pode-se usar água bicabornatada quando não se tem creme 
dental, porém é necessário ter uma concentração adequada 
de bicarbonato, pois pouco não é efetivo para a higienização 
e muito promove um elemento agressivo para a mucosa, 
chegando a provocar queimaduras químicas. 
 A clorexidina é um produto interessante para a higienização 
da cavidade bucal, tanto para pacientes hospitalizados quanto 
para pacientes que realizaram algum procedimento 
odontológico e estão em domicílio (a clorexidina aquosa é a 
mesma utilizada para fazer curativos, porém em menor 
concentração); o seu poder de limpeza é maior que o 
antisséptico e possui uma ação residual muito superior ao 
antisséptico convencional, com 12h ou mais, portanto, protege 
a boca do paciente contra a proliferação de bactérias e não 
precisa ser diluída. 
 Em pacientes entubados, o ideal é que a escovação seja feita 
no mínimo 3 vezes, a higienização bucal deve ser feita antes 
e depois da retirado do tubo; antes para diminuir a quantidade 
de microrganismos e reduzir uma translocação e depois para 
poder limpar a boca de maneira adequada. 
 Utilizar mesinha de apoio, o decúbito deve estar sempre 
elevado. Os óculos de proteção e máscara cirúrgica só são 
utilizadas se o paciente estiver entubado. 
 LAVAR AS MAOS ANTES E DEPOIS. 
 Não utilizar soro fisiológico, pois tem cloreto de sódio que vai 
puxar a água do tecido. 
 VÍDEO: o que chamou atenção no vídeo era a escova que 
não era aspirativa, o decúbito estava muito baixo para essa 
escova, para a hidratação dos lábios deve-se usar água ou 
dersani, mexeram na grade com a luva. 
 Comece limpando do mais limpo para o mais sujo, recolher o 
material, organizar a unidade, lavar as mãos e registrar! 
Cuidados 
 Prótese dentária: existem diferentes tipos, podem ser 
fabricados de resina, acrílico ou porcelana, de acordo com o 
material existe um determinado cuidado. A prótese pode ser 
completa ou parcial, tudo de acordo com a quantidade de 
dentes comprometidos; há próteses completas. As próteses 
podem ser removíveis ou fixas, parcial flexível ou com 
ganchos, e próteses buco maxilo facial. 
 A autoimagem, a alimentação, a adaptação, fala e falta de 
dentes, o uso de dentaduras influencia no fator saúde bucal, 
pois não é somente o sistema digestivo que importa, a imagem 
do paciente perante a ele próprio e perante a sociedade 
também importa muito;a percepção da imagem é muito 
importante. 
 Devemos lembrar que a prótese é um material e tem o seu 
desgaste, então são necessárias consultas para a manutenção 
com o dentista, após refeições realizar enxague em água 
corrente. Na prótese parcial não usamos creme dental, porque 
é abrasivo e pode desgastar o material. Use água e 
sabão/detergente neutro. Realizar a escovação da gengiva e 
da língua. A noite, deixar a prótese num copo com água filtrada. 
Com a prótese fixa, jato d’água que limpe entre os dentes. 
Material para a realização da técnica 
 Leito que propicie elevação do 
decúbito. 
 Toalha. 
 Mesinha para o apoio. 
 Cubarrim. 
 Copo. 
 Água. 
 Escova dental. 
 Fonte de vácuo. 
 Óculos de proteção. 
 Máscara cirúrgica. 
 Luva de procedimento. 
 Compressa de gaze não estéril ou 
swab flexível.

Continue navegando