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Infecções 
Sexualmente 
Transmissíveis
Relevância: Muito Alta
Todos as aulas da Mentoria possuem relevância moderada, alta ou muito alta, 
baseado na incidência nas provas de residência médica dos últimos 5 anos.
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Tema muito frequente em provas, quase sempre com questões fáceis ou médias, aquelas que você 
não pode errar de jeito nenhum. Fique atento(a) aos principais conceitos sobre HPV e violência sexual, 
que são dois assuntos em alta!
O que você precisa saber? 
Síndromes de corrimento vaginal
Este é o tópico mais cobrado nas provas, e o principal é saber fazer o diagnóstico diferencial entre 
as doenças mais comuns (vaginose, tricomoníase e candidíase), desde as características clínicas do 
corrimento, até diferenças no Teste das Aminas, microscópio, etc.
Preste muita atenção nas características fundamentais de cada doença citadas abaixo:
Vaginose
Desequilíbrio da fl ora vaginal, com envolvimento especial da bactéria anaeróbia Gardnerella vaginalis. 
Corrimento fl uido branco acinzentado, por vezes por ser descrito como amarelo acinzentado, com odor 
fétido, sem (ou pouca) irritação ou dispareunia. Uma característica importante - e que as bancas adoram 
lembrar - é que o odor costuma piorar após atividade sexual ou durante o período da menstruação.
O nome é “vaginose” ao invés de “vaginite” exatamente porque tipicamente não há infl amação. Teste das 
aminas (Whiff Test) positivo, pH acima de 4,5 e encontro das células-alvo (clue cells ou células-guia) no 
exame microscópico.
Presença das células-alvo (clue cells) à microscopia.
O diagnóstico pode ser estabelecido pelos critérios de Amsel quando a microscopia estiver disponível: 
Critérios de Amsel - Vaginose Bacteriana (necessários pelo menos 3)
Corrimento vaginal homogêneo
pH >4,5
Presença de clue cells no exame de lâmina a fresco
Teste de Whiff positivo 
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Tratamento pode ser via oral (VO) ou tópico com metronidazol (500 mg de 12/12 horas por 7 dias, 
se VO). Em grávidas e lactantes o metronidazol também é a primeira escolha. Atenção ao efeito 
Antabuse (dissulfi ram-like) na associação do metronidazol com o álcool.
O que é o teste das aminas?
Método diagnóstico que mistura conteúdo vaginal coletado com uma gota de solução de hidróxido de 
potássio (KOH) a 10%. O resultado é positivo quando o odor da secreção torna-se fétido (“peixe podre”), 
o que ocorre em casos de vaginose bacteriana (principalmente) e tricomoníase. 
Tricomoníase
Causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Corrimento amarelo-esverdeado, odor fétido e 
infl amação presente (irritação, dispareunia). Colo em framboesa (colpite), colo tigróide no Teste 
de Schiller, teste das aminas positivo, pH acima de 4,5 e encontro de protozoários fl agelados no 
exame microscópico.
Exame especular com achado de colpite, o famoso colo em framboesa, típico da tricomoníase.
Tratamento com Metronidazol sempre por via oral (2 g em dose única ou 500 mg de 12/12 horas por 
7 dias). O tratamento das parcerias sexuais é obrigatório e segue o mesmo esquema. 
Quando diagnosticada, deve-se proceder com pesquisa de outras IST (HIV, Sífi lis, Hepatites B e C) e 
identifi cação de outras parcerias sexuais. 
Candidíase
Causada por fungos do gênero Candida, sendo em quase 90% dos casos pela espécie Candida 
albicans. Os principais fatores de risco para candidíase são a gestação, diabetes, imunossupressão, 
obesidade e uso de contraceptivos orais. 
O quadro clínica se caracteriza por corrimento esbranquiçado, com grumos, prurido intenso, disúria 
e sinais de infl amação. Teste das aminas negativo, pH menor que 4,5 e presença de pseudo-hifas ao 
exame microscópico com KOH.
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Exame especular mostrando secreção branca e grumosa, típica da candidíase. 
Pseudo-hifas de Candida albicans
O tratamento tópico é considerado a primeira escolha e deve ser feito com Miconazol 2% (ou outro 
imidazólico) por 7 dias ou Nistatina 100.000 UI, por via vaginal por 14 dias. O tratamento oral com 
Fluconazol (150 mg, dose única) e Itraconazol (100 mg, de 12 em 12 horas por 1 dia) são considerados 
segunda opção. O tratamento oral está contraindicado em gestantes e lactantes. 
OBS: Em caso de candidíase recorrente - quatro ou mais episódios sintomáticos em um ano -, o 
esquema mais utilizado é o fl uconazol (150 mg) semanal por 6 meses. Observe abaixo como é 
administrado:
• INDUÇÃO: Ataque na primeira semana nos dias 1, 4 e 7 
• MANUTENÇÃO: após a semana de indução, fl uconazol uma vez por semana por 6 meses. 
IMPORTANTE: Dentre as 3 doenças, a única transmitida somente por via sexual é a Tricomoníase. 
Por conta disso, o Ministério da Saúde (MS) considera a vaginose bacteriana e a candidíase 
como infecções endógenas - lembrando que esses patógenos fazem parte da flora vaginal 
fisiológica. Por outro lado, a tricomoníase - assim como as infecções genitais pelo Gonococo e 
Clamídia (mais detalhes abaixo) - é considerada uma IST. Como consequência, não está indicado 
o tratamento de parceiros no caso da Vaginose, e só há indicação de tratamento de parceiros 
sintomáticos na Candidíase. Fique atento: apesar de ser uma IST, a tricomoníase não é uma 
doença de notificação compulsória! 
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Quadro Resumo:
Outras Vulvovaginites (atenção com quadros que não se encaixem nos 3 acima):
• Vaginite descamativa: vaginite purulenta crônica, de etiologia desconhecida, onde há 
ausência de lactobacilos, pH alcalino e número elevado de polimorfonucleares. Pode haver 
colonização por cocos gram-positivos (Staphylococcus aureus, estreptococo do grupo B) 
ou E. coli. Tratamento: Clindamicina tópico ou hidrocortisona tópica. 
• Vulvovaginites inespecífi cas: pré-púberes, relacionada a roupas apertadas e má higiene. 
Atenção com abuso sexual e corpo estranho em crianças. Tratamento: melhora da higiene, 
uso de roupas adequadas. Sabonetes de higiene íntima não são recomendados.
• Vaginite citolítica: Características clínicas muito similares a candidíase, porém sem o fungo 
presente. A história clássica é de “candidíase recorrente que não responde aos tratamentos 
convencionais”. Tratamento: ducha vaginal com bicarbonato.
• Vaginite atrófi ca: Pós-menopausa, secura vaginal, secreção mal cheirosa, aquosa, leucorréia 
ou corrimento amarelado ou ,dispareunia, irritação vulvovaginal, prurido, sangramentos 
(vulvar ou vaginal), pH ≥ 5 e sintomas urinários. Tratamento: estrogênio tópico.
Infecções por Gonococo e Clamídia
A Neisseria gonorrhoeae (gonococo) e a Chlamydia trachomatis (clamídia) são duas bactérias 
clinicamente importantes e que podem causar infecção em diversos órgãos e sistemas do corpo humano.
A partir de agora, iremos abordar as principais infecções de trato genital feminino e masculino 
causadas por esses dois patógenos.
Características clínicas e diagnóstico
Mulheres
Cervicite, que normalmente é assintomática (70-80% dos casos) ou oligossintomática, e a doença 
infl amatória pélvica (DIP). Cervicite é a infl amação do epitélio colunar endocervical, não podemos 
confundir com as vulvovaginites.
Características das principais vulvovaginites
Condição
Vaginose
Tricomoníase
Candidíase
Corrimento
Branco-Acinzentado
Amarelo-Esverdeado
Branco grumoso
Whiff teste
Positivo
Positivo
Negativo
Tratamento
Metronidazol (Tópico ou oral)
Metronidazol oral
Miconazol / Nistatina tópicos
pH
>4,5
>4,5
<4,5
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Exame especular demonstrando material purulento no colo uterino (cervicite).
Qual o grande risco da cervicite? 
Ascensão das bactérias e início de uma Doença Infl amatória Pélvica. 
Se a cervicite normalmente é assintomática, quando devemos desconfi ar deste diagnóstico e realizar 
o tratamento, segundo o MS?
Toda paciente com corrimento vaginal e/ou diagnóstico de vulvovaginite deve ser examinada 
com atenção.
A presença de dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulentono orifício externo do colo, 
edema cervical e/ou sangramento ao toque da espátula ou swab, já é sufi ciente para iniciarmos o 
tratamento empírico contra as bactérias.
Homens
As infecções por gonococo e clamídia nos homens são frequentemente sintomáticas, causando 
uretrite (corrimento uretral mucopurulento, disúria). Portanto, é fundamental entender: as mulheres são 
frequentemente portadoras assintomáticas dessas bactérias, porém são elas que estão em risco da DIP.
Quais são as diferenças clínicas da uretrite gonocócica para as não gonocócicas (normalmente 
clamídia)?
• Gonocócica: Início abrupto, corrimento mucopurulento mais frequente e marcante. 
Raramente pode ter complicações sistêmicas, como artrite ou septicemia. Complicações 
locais como a balanopostite, epididimite e prostatite são mais comuns.
• Clamídia: Início mais insidioso, com a disúria prevalecendo sobre o corrimento. Pode se 
associar à Síndrome de Reiter (uretrite, artrite e conjuntivite).
Como é feito o diagnóstico das infecções por gonococo e clamídia? 
Quase sempre o diagnóstico será sindrômico, com o tratamento cobrindo as duas bactérias (tanto nos 
homens quantos nas mulheres).
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Para o diagnóstico específico, o método de escolha é a detecção do material genético das 
bactérias por técnicas de biologia molecular (PCR, captura híbrida), inclusive para casos 
assintomáticos. A cultura com meio especial (Thayer-Martin) é uma possibilidade para casos de 
cervicite gonocócica sintomática.
Tratamento
DICA: As questões nas cervicites costumam cobrar a posologia completa (incluindo dose) dos 
antibióticos utilizados. 
Fonte: DCCI/SVS/MS
IMPORTANTE: O Ciprofl oxacino era uma opção para o tratamento de infecções pelo gonococo, 
mas não está mais indicado pelo MS, por conta da resistência bacteriana. Atenção também com a 
mudança na dose do Ceftriaxone, que passou recentemente de 250 mg para 500 mg. 
Doença Infl amatória Pélvica
Causada pela ascensão de microorganismos do trato genital inferior, comprometendo o endométrio, 
tubas uterinas e adjacências. 
As duas principais bactérias envolvidas são o gonococo e clamídia, mas a DIP é uma doença 
polimicrobiana, podendo ter diversos patógenos envolvidos, como o Mycoplasma genitalium, 
Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, Trichomonas vaginalis, Bacteroides spp. e
fragilis, etc.
OBS: apesar do gonococo e clamídia ainda serem considerados os principais agentes etiológicos da 
doença, estudos nos últimos anos demonstraram queda de sua incidência, demonstrando a presença 
dessas bactérias em apenas 1/3 dos casos.
Condição Clínica Tratamento
Infecção gonocócica NÃO complicada
(uretra, colo do útero, reto e faringe)
Infecção gonocócica disseminada
Conjuntivite gonocócica no adulto
Infecção por clamídia
Ceftriaxona 500mg, IM, dose única
MAIS
Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única
Ceftriaxona 1g, IM ou IV ao dia, completando ao menos 7 dias de tratamento
MAIS
Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única
Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única
OU
Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 7 dias (exceto gestantes)
Ceftriaxona 1g, IM, dose única
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Características clínicas e diagnóstico
O quadro clínico básico é a dor abdominal baixa ou pélvica, associada a febre e corrimento vaginal. 
O Ministério da Saúde considera a DIP uma doença subdiagnosticada e recomenda um alto grau de 
suspeição para o diagnóstico, além de tratamento imediato, mesmo em casos de suspeita leve.
Fatores de risco para a DIP
***IMPORTANTE: Os anticoncepcionais orais possuem uma relação muito controversa com a 
doença inflamatória pélvica. Aparentemente, existe um aumento no risco de cervicite, mas uma 
redução na chance de ascensão dos patógenos. No cômputo geral, o risco de DIP parece não 
ser alterado significativamente, mas a gravidade e a extensão da doença são minimizadas.
Já o DIU é considerado classicamente um fator de risco para DIP, mas recentemente verifi cou-se 
que o aumento na incidência da doença ocorre apenas nas 3 primeiras semanas da inserção do 
dispositivo, o que pode refl etir uma infecção preexistente ou falha na técnica. 
A grande polêmica está na indicação de retirada do dispositivo em pacientes que desenvolvem 
a doença. Atualmente, o MS não recomenda a remoção do DIU. Porém, se houver necessidade 
(casos refratários ao tratamento), a retirada não deve ser feita antes das duas primeiras doses 
de antibioticoterapia.
Em pacientes que desejam colocar o dispositivo intrauterino o tratamento para DIP deve ser 
instituído antes da inserção. 
Fatores de risco para a doença inflamatória pélvica
Múltiplos parceiros
Parceiros com IST’s
Idade entre 15 e 25 anos
Imunossupressão
Uso de contraceptivos***
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Critérios diagnósticos para DIP
3 critérios maiores + 1 menor OU 1 critério elaborado = diagnóstico confi rmado de DIP.
Tratamento
Critérios para tratamento hospitalar ou cirúrgico da DIP
Critérios menores
Temperatura axilar >37,5°C
ou temperatura retal >38,3°C
Conteúdo vaginal ou
secreção endocervical
anormal
Massa pélvica
> 5 leucócitos por campo
de imersão em material
de endocérvice
Leucocitose
Proteína C reativa
ou VHS elevada
Comprovação laboratorial
de infecção cervical por
gonococo, clamídia ou
micoplasmas
Critérios maiores
Dor no hipogástrio
Dor à palpação dos anexos
Dor à mobilização de colo uterino
Critérios elaborados
Evidência histopatológica de 
endometrite
Presença de abscesso
tubo-ovariano ou de fundo de saco de 
Douglas em estudo de imagem
Laparoscopia com evidência de DIP
Hospitalar
Abscesso tubo-ovariano
Gestação
Ausência de resposta clínica ao tratamento
ambulatorial após 72 horas
Intolerância a antibióticos orais ou dificuldade
para seguimento ambulatorial
Estado geral grave, com náuseas, vômitos e febre
Dificuldade na exclusão de emergência cirúrgica
(ex.: irritação peritoneal)
Cirúrgico
Abscesso tubo-ovariano roto ou em crescimento
Abscesso em fundo de saco de Douglas
Ausência de resposta ao tratamento clínico
Hemoperitônio
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Tratamento
• Ambulatorial: 
Ceftriaxone 500 mg IM, em dose única (gonococo) + 
Doxiciclina 100 mg VO, de 12 em 12 horas por 14 dias (clamídia) + 
Metronidazol 500 mg VO, de 12 em 12 horas por 14 dias (anaeróbios).
• Hospitalar: 
Ceftriaxone 1 g EV, por 14 dias (gonococo) +
Doxiciclina 100 mg VO, de 12 em 12 horas por 14 dias (clamídia) + 
Metronidazol 400 mg EV, de 12 em 12 horas por 14 dias (anaeróbios).
As medicações parenterais devem ser substituídas pela via oral após 24 horas da resolução 
dos sintomas. Em referências internacionais, o ceftriaxone e metronidazol são substituídos 
pela cefoxitina - cefalosporina de segunda geração com boa cobertura contra o gonococo 
e bactérias anaeróbias. 
• Cirúrgico: 
Videolaparoscopia ou laparotomia, dependendo da situação clínica da paciente.
OBS: Tratar todos os parceiros dos últimos dois meses para gonococo e clamídia, com ceftriaxone + 
azitromicina, como esquemas citados em Infecções por Gonococo e Clamídia → Tratamento
Complicações
As principais complicações da DIP são a infertilidade, prenhez ectópica, dor pélvica crônica, 
Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (acometimento hepático).
Tais complicações atingem 9% a 20% das pacientes, risco que aumenta a cada novo episódio da 
doença. Essa incidência alta justifi ca a grande preocupação do MS com o diagnóstico e tratamento 
precoces da DIP.
Vamos agora ver uma questão da UNICAMP 2018 que aborda o tema. Preste atenção, além do CCQ, 
nos sinais clínicos que a paciente apresenta e que são indicadores de DIP. 
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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(UNICAMP - 2018) Mulher, 32a, G3P3C0, sem parceiro fixo, comparece ao Pronto Atendimento 
queixando-se de dor em baixo ventre há sete dias, com piora nas últimas horas. Método 
anticoncepcional: acetato de medroxiprogesterona de depósito 150 mg intramusculara cada 
três meses, há dois anos, última dose há dois meses e meio. Relata ausência de sangramento 
menstrual há vários meses. Exame físico: regular estado geral, corada, FR= 28 irpm, 38,8ª 
C, FC= 110 bpm, PA=: 80x50 mmHg. Abdome: plano, doloroso à palpação superficial e 
descompressão brusca positiva. Exame ginecológico: colo uterino sem lesões macroscópicas, 
presença de secreção endocervical abundante, opalescente e viscosa exteriorizando-se pelo 
orifício externo.Toque vaginal: útero de volume normal, doloroso à mobilização do colo, anexo 
direito doloroso à mobilização e aumentado de volume. Ultrassonografia transvaginal: útero de 
tamanho normal, sem conteúdo intracavitário, anexo esquerdo normal, tuba direita dilatada com 
nodulação de 3,5x3,0 cm de aspecto heterogêneo, moderada quantidade de líquido espesso 
em cavidade peritoneal. O DIAGNÓSTICO E CONDUTA SÃO:
(A) Doença inflamatória pélvica; tratamento ambulatorial com doxiciclina 100 mg via oral 
de 12/12 horas associado a metronidazol 500 mg via oral de 12/12 horas por 14 dias e 
ceftriaxona 500 mg intramuscular dose única e reavaliar em 3 dias.
(B) Doença inflamatória pélvica com abscesso tubo-ovariano roto; laparotomia exploradora 
e antibioticoterapia endovenosa.
(C) Gestação ectópica rota em anexo direito; laparotomia exploradora e salpingectomia a 
direita.
(D) Doença infl amatória pélvica associada a hidrossalpinge à direita; internação para 
antibioticoterapia endovenosa e reavaliação com ultrassonografi a transvaginal em 2 dias.
GABARITO: LETRA B
CCQ (Conteúdo chave da questão)
Saber que no abscesso tubo-ovariano roto a conduta é cirúrgica.
Úlceras Genitais
Você basicamente precisa saber diferenciar clinicamente as 5 principais etiologias de úlceras 
genitais. A maneira que utilizamos para diferenciá-las nas questões é separando em dois 
grandes grupos. 
Úlceras dolorosas
Herpes (HSV 2 e 1)
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Lesões vesiculares características do herpes.
Manifestações Clínicas:
Múltiplas lesões, rasas, dolorosas polimórfi cas, com adenopatia bilateral sem fi stulização. Há duas 
formas de apresentação: primoinfecção e surtos recidivantes. Primoinfecção: período de incubação 
médio de seis dias e costuma ter sintomatologia local e sistêmica mais intensa, com febre, mialgia, 
vesículas maiores e mais numerosas do que nas recidivas. O colo do útero quando acometido pode 
apresentar corrimento vaginal abundante. 
Estima-se que apenas entre 13% a 37% das pessoas infectadas pelo vírus tornam-se sintomáticas.
Tratamento:
O tratamento é com feito com Aciclovir 400 mg VO, 3x/dia. A duração do tratamento depende 
da apresentação:
• Primoinfecção: 7 a 10 dias, iniciar o mais rápido possível. 
• Recidiva: 5 dias, iniciar preferencialmente no período prodrômico (aumento de sensibilidade 
local, ardor, dor, prurido e hiperemia da região genital).
Pacientes com episódios frequentes de herpes genital (mais de 6 ao ano) são candidatos à terapia 
supressiva, com aciclovir VO 400 mg (duas vezes ao dia) por 6 meses, podendo ser estendido 
para até dois anos.
OBS: A presença de lesões ativas de herpes genital é contraindicação ao parto vaginal, obrigando a 
realização de cesárea.
Cancro mole (Haemophilus ducreyi)
Úlceras causadas pelo cancro mole.
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Outra causa de úlcera dolorosa, o Cancro mole apresenta-se por úlceras de fundo sujo, friável, 
adenopatia unilateral com fi stulização. 
Tratamento:
Azitromicina 1 g VO, em dose única. Parceiros sexuais devem ser tratados com o mesmo esquema, 
ainda que assintomáticos.
Úlceras indolores
Sífi lis primária (Treponema pallidum)
Lesão de sífi lis primária.
Bordos elevados, fundo limpo, única, indolor, adenopatia sem fi stulização. O período de incubação 
varia de 10 a 90 dias, com duração média de três semanas.
Tratamento: 
Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI, IM, em dose única. 
O tratamento com dose única é válido para pacientes com sífi lis primária, secundária e latente 
recente. No entanto, se sífi lis tardia (> 2 anos) ou de duração indeterminada, o mesmo tratamento 
deve ser repetido por 3 semanas no total (7,2 milhões UI).
Além disso, se houver o diagnóstico ou alta suspeita de neurossífi lis, o tratamento deve ser feito com 
penicilina cristalina EV (4 em 4 horas ou infusão contínua) por 14 dias. 
Por fi m, pacientes alérgicos à penicilina devem usar a doxiciclina, exceto para gestantes, quando a 
dessensibilização e uso da penicilina estão indicados.
OBS: Sífi lis é um assunto fundamental para as provas e será visto na Mentoria na aula de Infecções 
Congênitas, já que a abordagem mais cobrada pelas bancas, disparadamente, é a Sífi lis Congênita.
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Donovanose (Klebsiella granulomatis)
Lesão ulcerovegetante friável, indolor, sem adenopatia (pode formar pseudobulbão inguinal). 
Tratamento: 
Azitromicina 1 g VO, uma vez por semana. A duração é até a cicatrização das lesões, no mínimo por 
3 semanas. Não é necessário tratar parceiros pela baixa infectividade.
Linfogranuloma venéreo (Chlamydia trachomatis)
Lesão única e indolor que geralmente não é diagnóstica. Após isso, há evolução para adenopatia 
dolorosa, geralmente unilateral. Após esta fase, há fi stulização em bico de regador (múltiplos orifícios). 
Tratamento:
Doxiciclina 100 mg VO, de 12 em 12 horas por 21 dias. Parceiros sexuais assintomáticos devem 
ser tratados por uma semana com o mesmo antibiótico e dosagem ou com azitromicina 1 g, em 
dose única.
Vamos ver agora como o tema é abordado. Note a importância de saber as características das úlcera 
para resolver questões sobre o tema. 
(USP - RP 2018) Homem, 27 anos, refere que há 3 semanas apresentou pequena úlcera no pênis 
que resolveu espontaneamente. Há 1 semana refere surgimento de caroço avermelhado e doloroso 
na região inguinal esquerda. Refere relações sexuais desprotegidas frequentes e nega uso de drogas 
ilícitas. Nega doenças prévias. Exame genital: Linfonodomegalia inguinal esquerda, dolorosa à 
palpação, com cerca de 5 cm de diâmetro e associada a hiperemia da pele. Sem outras lesões. Qual 
é o agente etiológico mais provável?
(A) Herpes simples
(B) Haemophilus ducreyi
(C) Treponema pallidum
(D) Chlamydia trachomatis
GABARITO: LETRA
CCQ (Conteúdo chave da questão)
Saber a evolução clínica do Linfogranuloma venéreo e seu agente etiológico! 
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HPV
O papilomavírus humano, conhecido pela sigla de HPV, é muito conhecido pela sua relação íntima 
com alguns tipos de câncer, especialmente o de colo uterino. Nesta aula, vamos focar nas verrugas 
anogenitais, forma clínica importante e que atinge aproximadamente 2% das pessoas infectadas 
pelo vírus.
Prevenção e clínica
Vacinação
Quadrivalente (6, 11, 16 e 18), feita em duas doses separadas por 6 meses.
• Meninas de 9 a 14 anos.
• Meninos de 11 a 14 anos.
Formas clínicas: 
1) Assintomática transitória (mais comum).
2) Lesões oncogênicas. Associadas aos tipos 16 e 18. 2% a 5% das mulheres infectadas 
desenvolvem alguma alteração no exame preventivo provocadas pelo HPV.
3) Lesões benignas (verrugas, condiloma acuminado). Associadas aos tipos 6 e 11. Atinge 
2% da população infectada.
Todos os aspectos do potencial oncogênico e condutas relacionadas ao exame colpocitológico serão 
abordados na aula de câncer de colo de útero. Agora, nós vamos nos concentrar no tratamento das 
verrugas.
Tratamento
Existem diversas opções para o tratamento das verrugas anogenitais, sem uma escolha considerada 
ideal para todos os casos. Preste atenção nas contraindicações (especialmente na gestação) e, na 
dúvida, o ácido tricloroacético aparece como uma opção muito utilizada para a maioria das lesões 
não extensas.
• Ácido tricloroacético: Ótima opção para lesão não extensas, inclusive em gestantes. 
Necessita de múltiplas sessões.
• Podofi lina: Contraindicado em gestantes. Também necessita de múltiplas sessões.
• Crioterapia: Adequado paralesões mais extensas, pode necessitar de mais de 1 sessão.
• Eletrocautério: Sessão única, contraindicado nas lesões em mucosa vaginal, cervicais 
e anais.
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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• Exérese cirúrgica: Tratamento indicado em lesões com suspeita de malignidade.
• Imiquimode ou Podofi lotoxina: Opções de tratamento domiciliar (autoaplicado). O primeiro 
dura 4 meses e não pode ser usado em mucosas, enquanto o segundo dura 4 semanas. O 
imiquimode está contraindicado na gestação.
Violência sexual
Assunto importantíssimo para a prática e provas de residência. Neste tópico, alguns aspectos legais 
ganham relevância, sendo absolutamente necessário saber as condutas que o profi ssional deve ou 
não fazer ao atender uma paciente vítima de violência sexual.
Condutas possíveis no manejo de paciente vítima de violência sexual
Profi laxias
Profi laxias não virais
• Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI, em dose única (sífi lis).
• Azitromicina 1 g, em dose única (clamídia e cancro mole).
• Ceftriaxone 500 mg, em dose única (gonococo).
• Metronidazol 2 g, em dose única (tricomoníase).
OBS: As profi laxias para as doenças não virais podem ser adiadas, ao contrário do que ocorre com as 
doenças virais (HIV e hepatite B). De qualquer forma, a recomendação é o uso imediato ou precoce. 
O que fazer
Notificar ao SINAN imediatamente
Notificar conselho tutelar em caso de paciente
menor de 18 anos
Solicitar sorologias (HIV, Hepatites B e C, VDRL) e
exames laboratoriais (hemograma e transaminases)
Coletar conteúdo vaginal para pesquisa
de gonococo e clamídia
Realizar profilaxia para doenças virais e não virais
Oferecer método contraceptivo de emergência
 O que não fazer
Chamar ou exigir que paciente chame a polícia ou 
faça BO antes de atendimento
Exigir exame de corpo de delito
Infecções Sexualmente Transmissíveis
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Profi laxias virais:
• Hepatite B: completar esquema vacinal (3 doses ao todo) se for incompleto ou desconhecido. 
Aplicar imunoglobulina até 14 dias do ato, somente se o agressor for HBsAg reagente ou 
pertencente a um grupo de risco (pessoas que usam drogas, por exemplo).
• HIV: Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir por 28 dias. Somente até 72 horas do ato.
Contracepção de emergência
Levonorgestrel 1,5 mg em dose única ou dividido em duas tomadas a cada 12 horas. Até 120 horas do ato.
OBS: Apesar do DIU de cobre ser um anticoncepcional de emergência efi caz (isso mesmo!), ele está 
contraindicado em casos de violência sexual, devido ao risco de infecção.
Abortamento em casos de violência sexual
O que o médico NÃO pode exigir:
• Boletim de ocorrência.
• Autorização judicial.
O que deve exigir:
• Termo de consentimento livre e esclarecido (paciente faz).
• Termo de responsabilidade (paciente faz).
• Termo de relato circunstanciado (paciente faz).
• Parecer técnico (médico faz).
• Termo de aprovação de procedimento de interrupção da gravidez (institucional).
O médico pode se recusar a realizar o procedimento?
Como qualquer ato médico, pode ser recusado, caso não seja uma emergência e haja outro profi ssional 
disponível para realizá-lo.
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Diagnóstico diferencial das vulvovaginites e úlceras genitais.
Tratamento da DIP e critérios de internação e cirurgia.
Conduta em casos de violência sexual.
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