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UNID IV EXTINÇÃO CONTRATOS

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1. MODO NORMAL DE EXTINÇÃO DO CONTRATO
A extinção do contrato é todo meio pelo qual o contrato deixa de existir.
 O meio normal de extinção dos contratos se dar:
 a) Cumprimento do contrato 
b) Verificação de fatores como vencimento do termo, implemento da condição resolutiva ou frustração da condição suspensiva
Gonçalves, 2016, p.178
2. MODOS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO. EXTINÇÃO DO CONTRATO SEM CUMPRIMENTO
2.1. Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato
2.2. Causas supervenientes à formação do contrato
2.1. Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato
2.1.1. defeitos decorrentes do não cumprimento de seus requisitos, tais como: subjetivos (capacidade das partes e livre consentimento), objetivos (objeto lícito, possível, determinado ou determinável) e formais (forma prescrita em lei), que afetam a sua validade, acarretando a nulidade absoluta ou relativa (anulabilidade);
2.1.2. implemento de cláusula resolutiva expressa ou tácita
2.1.3. direito de arrependimento.
2.1.1.1. Nulidade absoluta e relativa
a) Nulidade absoluta (arts.166 e 167 do CC) quando da formação do negócio jurídico viola-se norma de ordem pública – norma cogente que tutela interesses fundamentais da sociedade – atingindo, portanto, interesse geral. Decorre também quando o negócio jurídico é realizado diretamente por um absolutamente incapaz, quando o objeto é ilícito, impossível, indeterminado e quando não se segue a forma prescrita em lei, bem como nos casos em que há simulação.
Na nulidade absoluta os atos não produzem quaisquer efeitos desde a sua formação (ex tunc).
Primeiro é importante distinguir: nulidade absoluta da nulidade relativa (anulabilidade)! 
2.1.1. Defeitos decorrentes do não cumprimento de seus requisitos
b) Anulabilidade ou nulidade relativa: o negócio jurídico é anulável (art.171, incs. I e II do CC) quando é formado por oposição ao interesse particular, de modo que, produzem normalmente seus efeitos até a prolação da sentença anulatória (ex nunc). 
Ocorre, portanto, a anulabilidade do contrato quando este é realizado por um relativamente incapaz sem a devida assistência e quando o contrato contém algum vício de consentimento. 
A nulidade relativa só pode ser arguida pelas pessoas diretamente interessadas, as quais estão sujeitas a prazos decadenciais, arts.178,179 do CC. 
Fonte: Guimarães, 2007, 84-85
2.1.2. Cláusula resolutiva
Cláusula resolutiva é a faculdade que dispõe o contratante adimplente, de pedir a resolução do contrato pelo não cumprimento da obrigação assumida do contratante devedor. Esta faculdade pode resultar:
a) de estipulação expressa: cláusula resolutiva expressa;
b) de presunção legal: cláusula resolutiva tácita – presente, por exemplo, no contrato bilateral, ou seja, naqueles em que há obrigações para ambos contratantes.
Fonte: Gonçalves, 2016, p.181
2.1. Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato
O art.475 do CC expressa que, a parte lesada pelo inadimplemento do contrato, tem duas alternativas:
 a) de resolver o contrato: as partes retornam ao status quo ante. 
 b) de exigir-lhe o cumprimento mediante a execução específica ( arts.536 e 538 caput do NCPC). 
Qualquer das hipóteses, o credor adimplente, fará jus à indenização por perdas e danos.
2.1.2. Cláusula resolutiva
O art.474 do CC determina que, a cláusula resolutiva expressa deve se operar de pleno direito, ou seja, havendo inadimplemento de uma das partes em um contrato que contenha cláusula resolutiva expressa, a resolução dar-se-á automaticamente independentemente de pronunciamento judicial (Enunciado n.436 da V Jornada de Direito Civil).
Já a cláusula resolutiva tácita, além de depender de interpelação judicial, a sentença terá efeito desconstitutivo, ou seja, desconstituirá a relação jurídica.
Ementa: DIREITO CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CONTRATO DE TRANSPORTE ESCOLAR DOS ALUNOS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO. DESCUMPRIMENTO DE NORMAS CONTRATUAIS. CLÁUSULA RESOLUTIVA EXPRESSA. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO PARA RESCISÃO DO AJUSTE. DESNECESSIDADE. ART. 474 , DO CÓDIGO CIVIL . SENTENÇA MANTIDA. 1. Trata-se de ação na qual o autor pede indenização por danos morais, materiais e também lucros cessantes, sob o fundamento de que não foi notificado acerca do término do contrato de prestação de serviço de transporte escolar dos alunos da rede pública de ensino. 2. Existindo cláusula resolutiva expressa no ajuste, e comprovado o descumprimento, pelo autor, de uma das hipóteses nela prevista, a rescisão opera-se de pleno direito, sem necessidade de prévia notificação formal, nos termos do art. 474 , do Código Civil . 3. Doutrina. 3.1. Cristiano Chaves, �A cláusula resolutiva expressa concerne a uma previsão contratual de imediata resolução em caso de inadimplemento da parte. (...) A vantagem da inserção de tal cláusula reside na prévia estipulação do alcance da resolução quanto às prestações pretéritas, como no desfazimento automático do contrato diante do inadimplemento, sem que necessite o credor interpelar o devedor (...).� (in Teoria Geral e Contratos em Espécie, Editora Juspodivm, p. 527). 4. Precedente: �Havendo cláusula resolutiva expressa no contrato firmado entre a Terracap e particular, não cumprida a obrigação nela prevista, resolve-se, de pleno direito o contrato, independentemente de qualquer notificação ao particular (...)�. (20050110639413APC, Relator: Sérgio Rocha, 2ª Turma Cível, DJE: 22/10/2010). 5. Recurso improvido. (TJDF, Ap. nº20140910089709, 2ª Turma Cível, Rel.Des. JOÃO EGMONT, Publicado no DJE : 21/01/2016 . Pág.: 406
2.1.3. Direito de arrependimento
Desde que expressamente previsto no contrato, o arrependimento autoriza qualquer das partes a resolver o ajuste.
É o caso típico das arras
Fonte: Gonçalves, 2016, p.184
2.1. Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato
O direito de arrependimento deve ser exercido no prazo convencionado, ou se não tiver prazo antes do cumprimento do contrato, pois, o cumprimento do contrato implica em renúncia tácita do direito de arrepender-se. 
O CDC prevê no seu art.49, a hipótese especial de direito de arrependimento para os casos de contratação fora do estabelecimento comercial (internet). Nesse caso o prazo para o consumidor será de 7 dias 
Fonte: Gonçalves, 2016, p.184-185
2.2. CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO
Neste caso o contrato se extingue por causas posteriores à sua criação.
2.2.1. Resolução
É um remédio concedido mediante ação judicial, que permite a parte adimplente a romper o vínculo contratual em virtude do inadimplemento voluntário (culposo) ou não (involuntário), da outra parte contratante (Gonçalves, 2016, p.185).
2.2.1.1. Resolução por inexecução voluntária
O contratante adimplente, mediante ação judicial, requer a extinção do contrato pelo inadimplemento da outra parte que, por motivo culposo não o cumpriu, ou seja, a resolução por inexecução voluntária decorre de comportamento culposo de um dos contraentes com prejuízo ao outro.
Gonçalves, 2016, p.186
2.2.1.1. Resolução por inexecução voluntária
Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigando a restituições recíprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao pagamento de perdas e danos ou da cláusula penal compensatória. 
OBS: cláusula penal: também denominada de multa contratual, consiste em uma obrigação acessória cujo objetivo consiste na prefixação de perdas e danos diante do inadimplemento absoluto ou relativo, art.409 do CC.
Fonte: Gonçalves, 2016, p.186
No entanto, se o contrato for de trato sucessivo – que se cumpre por meio de reiteradas prestações, como no caso do contrato de locação – a resolução não produz efeito com relação ao pretérito, não se restituindo as prestações cumpridas, o que nesse caso a sentença da resolução terá efeito ex nunc.
Fonte: Gonçalves, 2016, p.186
2.2.1.1. Resolução por inexecução voluntária
2.2.1.1. Resolução por inexecução voluntária
Vale ressaltar que, a resolução do contrato só será possível, quando tiver por fundamento falta relevante de umadas partes contratantes, de modo que, será inviável a resolução mediante argumentos de insignificante atraso de pagamento.
 Logo, se uma das partes manifestou sempre tolerância por certa margem de atraso ou de pagamento de valor inexato, pouco inferior ao convencionado, não poderá alegar inadimplemento para resolver o contrato.
 Destarte, antes de abordar a resolução do contrato por inexecução involuntária, se faz mister discorrer sobre dois temas complementares à resolução por inexecução voluntária:
 Teoria do adimplemento substancial.
 Exceção do Contrato não comprido.
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
Como regra geral, se houver descumprimento de obrigação contratual, “a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos”, conforme dispõe o artigo 475 do Código Civil (CC). 
Entretanto, a doutrina e a jurisprudência têm admitido o reconhecimento do adimplemento substancial, com o fim de preservar o vínculo contratual.
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
A Teoria do Adimplemento Substancial sustenta que não se deve considerar resolvida a obrigação contratual, quando a atividade do devedor, apesar de não ter sido perfeita ou atingido plenamente o fim proposto, aproxima-se consideravelmente da prestação que foi estabelecida no contrato. 
Dessa forma, o credor fica impedido de resolver o contrato, caso haja cumprimento de parte essencial da obrigação assumida pelo devedor; porém, não perde o direito de obter o restante do crédito, podendo ajuizar ação de cobrança para tanto.
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
Percebe-se, portanto, que essa teoria se caracteriza quando, em um contrato bilateral – onde há obrigações recíprocas entres os contratantes – o devedor cumprir quase que total a sua prestação, de modo que a diferença é mínima do que deve e o que efetivamente deveria cumprir, não represente o inadimplemento contratual, desconstituindo o credor do direito de pedir a resolução do contrato por inadimplemento contratual, haja vista que o seu proveito nessa relação contratual foi quase completamente satisfeito.
A ‘Teoria do Adimplemento Substancial’ tem sido aplicada, com frequência, em contratos de seguro. 
Suponha-se um contrato desta natureza, firmado pelo prazo de um ano, em que se convencionou o pagamento do prêmio em 12 (doze) parcelas mensais. 
Assim, se o sinistro ocorreu no 11º mês, ocasião em que o segurado se encontrava em atraso quanto à prestação correspondente, não é razoável a negativa da indenização pela seguradora, mesmo que se invoque o art. 763, do CC/02, que contém a seguinte redação: "Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.
Aplica-se a Teoria do Adimplemento Substancial nos casos em que o devedor já tiver arcado com grande parte do débito, assim, é de se concluir pela inexistência de interesse de agir a amparar a propositura de Ação de Busca e Apreensão, cujo objetivo é a retomada do bem, devendo o credor buscar outra forma de adimplemento de seu crédito, especialmente porque a retomada do bem consubstancia-se em medida desproporcional. Contudo, nos casos em que o devedor não tiver quitado a maioria da dívida, o prosseguimento da Ação de Busca e Apreensão se torna a medida mais prudente, objetivando assim assegurar o direito do credor. (TJMG, Ap. nº10312150018983001, 18ª Câmara Cívil, Rel.Des. Arnaldo Maciel, DJE 22/02/2016)
Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).
O DL 911/69 autoriza que o credor fiduciário possa se valer da ação de busca e apreensão, sendo irrelevante examinar quantas parcelas já foram pagas ou estão em aberto.
Além disso, o art. 3º, § 2º do DL 911/69 prevê que o bem somente poderá ser restituído ao devedor se ele pagar, no prazo de 5 dias, a integralidade da dívida pendente.
Dessa forma, a lei foi muito clara ao exigir a quitação integral do débito como condição imprescindível para que o bem alienado fiduciariamente seja remancipado. Ou seja, nos termos da lei, para que o bem possa ser restituído ao devedor livre de ônus, é necessário que ele quite integralmente a dívida pendente.
Exceção do contrato não comprido – exceptio non adimpleti contractus
Tal instituto encontra-se tipificado no art.476 do CC. 
Consiste no fato de que, nos contratos bilaterais, de prestações simultâneas, qualquer um dos contratantes pode recusar o cumprimento da sua prestação, sob o argumento de que o demandante não cumpriu a que lhe competia.
Ex: um contrato de prestação de serviço odontológico, com divisão do pagamento em várias parcelas e previsão de execução dos serviços em igual prazo. Não poderá haver cobrança da última parcela sem que haja o cumprimento do último serviço ajustado.
Ementa: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. MONITÓRIA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA USO DE SOFTWARE, MANUTENÇÃO E LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS. COBRANÇA PARCELAS PACTUADAS. DESCABIMENTO. CLÁUSULA CONDICIONAL AO LAUDO DE ENTREGA. DESCUMPRIMENTO. PACTA SUNT SERVANDA. AUSÊNCIA DE PROVA DA EFETIVA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INADIMPLEMENTO. EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO. CABIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO AUTOR. 1. Havendo disposição contratual que prevê a condição de apresentação do "Laudo de Entrega" para dar início à cobrança dos serviços e manutenção pactuados no instrumento contratual, bem como o prazo de vigência do contrato, não pode a autora exigir a contraprestação da requerida, sem cumprir com a sua obrigação, devendo ser aplicada a regra da exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) estabelecida no art. 476 do Código Civil que: "Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.[...]
A exceção de contrato não cumprido somente poderá ser exercida quando a legislação ou o contrato não dispuser sobre a quem cabe cumprir primeiro a obrigação. 
Ex:  Na compra e venda, só posso exigir a coisa depois de pagar o preço, art.491 do CC. 
Exceção do contrato não comprido – exceptio non adimpleti contractus
Exceção do contrato não comprido – exceptio non adimpleti contractus
Logo, aquele que não satisfez a própria obrigação não pode exigir o implemento da do outro; mas, se mesmo assim o exigir, poderá a outra parte utilizará em sua defesa a referida exceção. 
Nenhuma das partes, sem cumprir o que lhe cabe, não pode exigir da do outro que o faça. 
Fonte: Gonçalves, 2016, p.188
Ementa: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. MONITÓRIA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA USO DE SOFTWARE, MANUTENÇÃO E LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS. COBRANÇA PARCELAS PACTUADAS. DESCABIMENTO. CLÁUSULA CONDICIONAL AO LAUDO DE ENTREGA. DESCUMPRIMENTO. PACTA SUNT SERVANDA. AUSÊNCIA DE PROVA DA EFETIVA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INADIMPLEMENTO. EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO. CABIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO AUTOR. 1. Havendo disposição contratual que prevê a condição de apresentação do "Laudo de Entrega" para dar início à cobrança dos serviços e manutenção pactuados no instrumento contratual, bem como o prazo de vigência do contrato, não pode a autora exigir a contraprestação da requerida, sem cumprir com a sua obrigação, devendo ser aplicada a regra da exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) estabelecida no art. 476 do Código Civil...(TJDF, Ap. 20140111623184 0039552-12.2014.8.07.0001)
Como decorrência do princípio da autonomia da vontade, admite-se a validade de cláusula contratual que restrinja o direito de as partes se utilizarem do aludido art.476 do CC.
 Trata-se da CLÁUSULA SOLVE ET REPETE (pague e reclame depois), pela qual obriga-se o contratante a cumprir a sua obrigação mesmo diante do não cumprimento da do outro, resignando-se a, posteriormente voltar-secontra este, para pedir o cumprimento ou as perdas e danos. Importa em renúncia ao direito de opor a exceção do contrato não cumprido. 
Fonte: Gonçalves, 2016, p.190
Exceção do contrato não comprido – exceptio non adimpleti contractus
A exceção do contrato não cumprido é contemplada também, na hipótese descrita do art.477 do CC. 
Segundo este artigo, poderá a parte que se sentir insegura do adimplemento contratual da outra recusar-se a prestação que lhe incumbe, requerendo o cumprimento antecipado das prestações ou, ao menos, que forneça uma garantia por caução ou fiança, sob pena de resolver o vínculo contratual. 
Trata-se de uma hipótese de se opor o instituto da exceptio antes de haver o efetivo descumprimento da obrigação por um dos contratantes, tendo como base a possibilidade real e séria de ocorrer o inadimplemento.
Ex: uma construtora “X” assina um contrato de empreita por obra certa com o proprietário de um terreno para construir-lhe vinte apartamentos. Posteriormente a assinatura do contrato, um dos sócios da construtora fica sabendo que o proprietário do terreno encontra-se insolvente. Temendo não receber pela obra construída, a construtora “X”, requer o cumprimento antecipado das prestações ou, uma garantia por caução ou fiança, sob pena de rescindir o vínculo contratual
Enunciado n.438 da V Jornada de Direito Civil: art. 477. A exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja conduta põe manifestamente em risco a execução do programa contratual.
2.2.1.3. Resolução por inexecução involuntária
A inexecução involuntária contratual deve ter caráter objetivo, ou seja, não pode a parte concorrer para o inadimplemento da prestação; não pode haver dolo ou culpa do devedor; tem que advir de caso fortuito ou força maior;
2.2. CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO
2.2.1.3. Resolução por inexecução involuntária
O inadimplente não fica, no caso de inexecução involuntária, responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a ressarcir os prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior (art.393 do CC), ou estiver em mora. 
Cabe interpelação judicial para proferir sentença declaratória e obrigar o contratante a restituir o que recebeu. 
2.2.1.4. Resolução por onerosidade excessiva, arts.478 – 480 do CC
Embora o princípio pacta sunt servanda ou da intangibilidade do contrato – força obrigatória do contrato entre as partes – seja fundamental para a segurança dos negócios jurídicos, estes podem sofrer as consequências de modificações posteriores e até mesmo serem resolvidos em virtude da quebra insuportável da equivalência das prestações.
2.2. CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO
2.2.1.4. Resolução por onerosidade excessiva
Este pensamento já era previsto pelos antigos, porém, foi na Idade Média, que se desenvolveu a cláusula rebus sic stantibus (estando assim as coisas). 
Gonçalves, 2016, p.194
A cláusula rebus sic stantibus (estando assim as coisas), consiste basicamente em presumir, nos contratos cumutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência de uma cláusula implícita de que, a convenção não permanece em vigor se as coisas não permanecerem como eram no momento da celebração.
Gagliano e Pamplona Filho, 2016, p.313 e
2.2.1.4. Resolução por onerosidade excessiva
Destarte, no final da Idade Média com os movimentos liberais, houve o fortalecimento do pacta sunt servanda e a cláusula rebus sic stantibus ficou esquecida. 
Porém, o capitalismo avassalador e os desequilíbrios contratuais instalados do século XX fizeram ressurgir este instituto mas em uma nova roupagem, denominada de TEORIA DA IMPREVISÃO.
2.2.1.4. Resolução por onerosidade excessiva
 A Teoria da Imprevisão é o substrato teórico que permite rediscutir os preceitos contidos em relação contratual, em face da ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis.
Gagliano e Pamplona Filho, 2016, p.312
A Teoria da Imprevisão, é a base para a resolução do contrato por onerosidade excessiva, assim disposta nos arts.478 a 480 do CC. 
Poderá então o devedor – excessivamente onerado:
 a pleitear a resolução do contrato ou
 mesmo pedir a sua revisão, buscando adaptá-lo aos fatos supervenientes.
2.2.1.4. Resolução por onerosidade excessiva
Art.478 do CC: requisitos para a resolução por onerosidade excessiva:
a) vigência de um contrato cumutativo de execução diferida ou de trato sucessivo: exige-se que o contrato seja cumutativo (as partes antevêem as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem), de execução diferida (a prestação é futura e não imediata, de modo que, o devedor só cabe cumprir com a obrigação por ocasião do seu vencimento) ou de trato sucessivo (prestações que se cumprem de forma reiteradas);
 b) ocorrência de fato extraordinário e imprevisível: o fato deve ter operado modificação na situação econômica do contrato e instaurado um desequilíbrio contratual entre as partes, de modo que, se o mesmo fosse cumprido redundaria num enriquecimento anormal em benefício do credor, determinando um empobrecimento da mesma natureza, em relação ao devedor;
 c) considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração: diz respeito ao desequilíbrio contratual instaurado em virtude da situação extraordinária e imprevista;
d) nexo causal entre o evento superveniente e a consequente excessiva onerosidade.
OBS: o contratante que estiver em mora, quando ocorrer a situação extraordinária e imprevista, não poderá invocar em sua defesa a onerosidade excessiva, pois, estando naquela situação, responde pelos riscos supervenientes, ainda que decorrentes de caso fortuito e força maior.
O art.479 do CC permite a parte contrária (réu), ao considerar que lhe é mais vantajoso manter o contrato, solicitar a modificação equitativa das suas condições, de modo que, ao se restabelecer o equilíbrio econômico seja possível adimplir com o mesmo.
Vale ressaltar que a MP 881/2019 estabeleceu no parágrafo único do art.421 do CC, que haverá um intervenção mínima do Estado nas relações privadas e que a revisão contratual será excepcional, o que favorecerá para injustiças sociais, haja vista que o contrato mesmo mantendo uma desigualdade considerável entre as partes, o Estado não poderá intervir para restaurar o equilíbrio contratual, o que afronta consideravelmente a função social, um dos pilares da Constituição Federal.
 A MP 881/2019 acrescentou ainda os arts.480 –A e 480 – B, que seguem in verbis
Art. 480 – A. Nas relações interempresariais, é licito às partes contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação de requisitos de revisão ou de resolução do pacto contratual.
Art. 480 – B. Nas relações interempresariais, deve-se presumir a simetria dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles definida.
 Segundo Marcondes (on line) esse dispositivo parece permitir que as partes, que compõe uma relação empresarial, possam prevê o que seria onerosidade excessiva no contexto específico do contrato celebrado entre elas, ou mesmo quais seriam precisamente os “acontecimentos extraordinários e imprevisíveis”, impedindo assim que o Judiciário determinasse os motivos de uma possível onerosidade, de modo a prevalecer a autonomia das partes.
Fonte: MARCONDES, João Claudio Monteiro. A revisão do contrato pelas próprias partes conforme “MP da Liberdade Econômica. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI305186,51045-A+revisao+do+contrato+pelas+proprias+partes+conforme+MP+da+Liberdade. Acesso em: 15/09/2019
 2.2.2. Resilição
A palavra resilir advém do latim resilire, que significa etimologicamente voltar atrás. 
A resilição não deriva do inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade de uma ou ambas as partes de extinguir o contrato anteriormente celebrado. 
A resilição pode ser bilateral ou unilateral.
2.2. CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO
 2.2.2. Resiliçãoa) resilição bilateral, denominada de distrato, ocorre quando ambos os contratantes manifestam a vontade de extinguir o contrato anteriormente celebrado;
b) resilição unilateral, se constitui somente quando, um dos contratantes, manifesta a vontade de romper o vínculo contratual.
 Este tipo de resilição somente é admitida nos contratos por prazo indeterminado, tais como os contratos de trato sucessivo, bem como àqueles em que a lei determinar ou o quando o próprio contrato dispuser, pois a regra, é a impossibilidade de um dos contratantes romper o vínculo contratual por sua exclusiva vontade. 
Fonte: Gonçalves, 2016, p.204
 2.2.2. RESILIÇÃO
2.2.2.1. Distrato
É a manifestação de vontade de ambas as partes de extinguirem a relação jurídica anteriormente celebrada. Forma-se assim um novo contrato para se extinguir o anterior.
Qualquer contrato pode cessar pelo distrato. No entanto, é necessário, que os efeitos do contrato não tenham sido exauridos, ou seja, que a finalidade do contrato não tenha sido alcançada, pois, o cumprimento das prestações assumidas pelas partes é a via normal de extinção do contrato. 
Contrato extinto não precisa ser dissolvido.
 2.2.2. RESILIÇÃO
2.2.2.1. Distrato
O distrato deve obedecer a mesma forma do contrato a ser desfeito quando a lei exigir a formalidade para a constituição deste, mas, quando a lei não exigir formalidade específica para a formação do contrato, o distrato poderá ser realizado de forma livre, não necessariamente da mesma forma que foi constituído o contrato que será desfeito (art.472 do CC).
Gonçalves, 2016, p.205
Assim, a compra e venda de imóvel de valor superior à taxa legal que exige escritura pública, só pode ser desfeita de comum acordo por meio de escritura pública. 
Mas no contrato de locação, que tem a forma livre, o distrato pode ser realizado de forma verbal, mesmo tendo sido construído mediante contrato escrito.
Ementa: DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. DISTRATO. DEVOLUÇÃO ÍNFIMA DO VALOR ADIMPLIDO. ABUSIVIDADE. RETENÇÃO DE PERCENTUAL SOBRE O VALOR PAGO. SÚMULA 7 DO STJ. 1. "O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato" (art. 472 do Código Civil ), o que significa que a resilição bilateral nada mais é que um novo contrato, cujo teor é, simultaneamente, igual e oposto ao do contrato primitivo. Assim, o fato de que o distrato pressupõe um contrato anterior não lhe desfigura a natureza contratual, cuja característica principal é a convergência de vontades. [...] 3. Não obstante, é justo e razoável admitir-se a retenção, pelo vendedor, de parte das prestações pagas como forma de indenizá-lo pelos prejuízos suportados, notadamente as despesas administrativas realizadas com a divulgação, comercialização e corretagem, além do pagamento de tributos e taxas incidentes sobre o imóvel, e a eventual utilização do bem pelo comprador. 4. No caso, o Tribunal a quo concluiu, de forma escorreita, que o distrato deve render ao promitente comprador o direito à percepção das parcelas pagas. Outrossim, examinando o contexto fático-probatório dos autos, entendeu que a retenção de 15% sobre o valor devido seria suficiente para indenizar a construtora pelos prejuízos oriundos da resilição contratual. Incidência da Súmula 7 do STJ. 5. Recurso especial não provido. (Resp.1132943/PE. Rel. Min. Luis Felipe Salomão. 4ª Turma. Dje 27/09/2013)
2.2.2.2. RESILIÇÃO UNILATERAL: DENÚNCIA, REVOGAÇÃO E RENÚNCIA
Conforme se afirmou anteriormente, a resilição unilateral se constitui somente quando um dos contratantes manifesta a vontade de romper o vínculo contratual. 
Este tipo de extinção contratual é característica dos contratos por prazo indeterminado, de obrigações duradouras, uma vez que ninguém é obrigado a ficar vinculado a outro perpetuamente. 
Logo só poderá haver resilição unilateral:
 nos contratos de trato sucessivo (ex: contrato de locação, art.6º, 46, §2º e 57 da Lei n.8.245/91);
 nos contratos em que a lei determinar (ex: mandato, comodato e depósito) ou
 mesmo quando no próprio contrato dispuser
2.2.2.2. RESILIÇÃO UNILATERAL: DENÚNCIA, REVOGAÇÃO E RENÚNCIA
A resilição unilateral pode ser por: denúncia, revogação e renúncia.
 a) denúncia: é quando um dos contratantes, de um contrato de trato sucessivo, notifica o outro da sua vontade de extinguir o vínculo contratual. 
2.2.2.2. RESILIÇÃO UNILATERAL: DENÚNCIA, REVOGAÇÃO E RENÚNCIA
b) Revogação: a resilição ocorre quando o mandante, por ato unilateral, extingue o contrato de mandato (é o contrato pelo qual alguém se obriga a praticar atos jurídicos ou administrar interesses por conta de outra pessoa, art.653 do CC.
 c) Renúncia: a resilição é operada pelo mandatário.
 A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc. 
Para valer deve ser notificada a outra parte, produzindo efeitos a partir do momento em que chega a seu conhecimento (declaração receptícia de vontade). 
Em regra a notificação não precisa ser justificada, mas em certos contratos exige-se que se tenha justa causa. 
Nestas hipóteses a inexistência de justa causa não impede a resilição do contrato, mas a parte que o resiliu injustificadamente fica obrigada a pagar, à outra, perdas e danos.
Gonçalves, 2016, p.206
Na hipótese descrita do parágrafo único do art.473 do CC, em vez de simplesmente determinar o pagamento de perdas e danos sofridas pela parte, que teve prejuízos com a dissolução unilateral do contrato, o legislador optou por atribuir uma tutela específica, convertendo o contrato, que poderia ser extinto por vontade de uma das partes, em um contrato comum, com duração pelo prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Ex: João recebeu de Paulo um imóvel em comodato. Ficou muito feliz e logo na primeira semana fez algumas modificações que lhe custaram caras. Com um mês de contrato, Paulo notifica João informando-lhe da sua vontade de resilir o comodato, sem, contudo, tivesse qualquer fato superveniente que justificasse tal decisão. Nesse caso o art.473 do CC estabelece que, mesmo diante da vontade de Paulo em querer resilir o contrato, este continuará por certo tempo até que Paulo seja compensado pelas despesas que teve
2.3. Morte de um dos contratantes
A morte de um dos contratantes só acarreta a dissolução dos contratos personalíssimos (intuitu personae) que não poderão ser executados pela morte daquele em consideração do qual foi ajustado.
Gonçalves, 2016, p.207
2.4. Rescisão
Hodiernamente se emprega a palavra rescisão como sinônimos de resolução e de resilição. 
No entanto, tal termo, deve ser empregado na dissolução de determinados contratos em que ocorreu lesão ou foram celebrados em estado de perigo. 
Gonçalves, 2016, p.208
2.4. Rescisão
Lesão é o defeito do negócio jurídico que se configura quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação assumida pelo outro contratante, art.157 do CC. 
O estado de perigo, ocorre quando o agente diante de situação de grave perigo de vida, conhecido pela outra parte, emite declaração de vontade para salvar-se ou pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa, art.156 do CC.
 É, portanto, “a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva”.
 Ex: o doente, em perigo de vida, que paga honorários excessivos para o cirurgião atendê-lo
Gonçalves, 2016, p. 392

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