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APG 2 Manoela Fedrigo Líquido Cefalorraquidiano 1- Compreender a fisiologia do líquor e sua circulação. 2- Analisar a produção, composição e reabsorção do líquor. Meninges As meninges cranianas consistem em membranas que revestem o encéfalo imediatamente internas ao crânio. As principais funções das meninges são proteger o encéfalo de impactos, sustentar a estrutura de curso para as artérias, veias e seios venosos e completar uma cavidade preenchida por um líquido (espaço subaracnóideo) que é fundamental para a função normal do encéfalo As meninges são formadas por 3 camadas de tecido conjuntivo membranáceo: Dura-máter: camada fibrosa externa, espessa e resistente. Aracnóide-máter: camada fina intermediária. Pia-máter: delicada camada interna vascularizada. APG 2 Manoela Fedrigo São separadas uma pela outra pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido cerebrospinal (LCS ou líquor). Esse espaço preenchido por líquido ajuda a manter o equilíbrio do líquido extracelular no encéfalo. Líquido Cefalorraquidiano (líquor) O líquido cerebrospinal é um líquido claro, incolor, que protege o encéfalo e a medula espinal contra lesões químicas e físicas. Também transporta o oxigênio, glicose e outras substâncias químicas necessárias do sangue para os neurônios e para a neuroglia. O líquor circula continuamente pelas cavidades existentes no encéfalo e na medula no espaço subaracnóideo (entre a aracnóide e a pia - máter) Há 4 cavidades preenchidas com líquor, no interior do encéfalo, que são chamadas de ventrículos. Um ventrículo lateral está localizado em cada hemisfério do cérebro. APG 2 Manoela Fedrigo barreira hematoencefálica possui junções oculares nas células endoteliais e na barreira hematoliquórica está nas células ependimárias Anteriormente, os ventrículos laterais são separados por uma membrana fina, o septo pelúcido. O terceiro ventrículo é uma cavidade estreita, ao longo da linha mediana, superior ao hipotálamo e entre as metades direita e esquerda do tálamo. O quarto ventrículo situa-se entre o tronco encefálico e o cerebelo. O volume total de líquor é entre 80 ml a 150 ml em um adulto. O LCR é produzido pelas células ependimárias localizadas na superfície dos ventrículos e pelos plexos coróides, enovelados vasculares aderidos a tecido ependimário responsáveis por APG 2 Manoela Fedrigo produzir cerca de 60% do LCR circulante. Os plexos corióideos ficam localizados no teto do III e IV ventrículos e no corno anterior e porção central dos ventrículos laterais. O LCR, produzido pelas células ependimárias dos plexos corióides, circula no sistema ventricular e alcança o espaço subaracnóideo. A maior parte do LCR é produzida no interior dos ventrículos laterais e flui em direção ao III ventrículo a partir de dois pequenos orifícios que comunicam as cavidades: os forames interventriculares (forames de Monro). Do III ventrículo, o LCR atravessa o aqueduto do mesencéfalo ou cerebral (aqueduto de Sylvius) no mesencéfalo e alcança o IV ventrículo. As aberturas laterais e mediana do IV ventrículo (respectivamente, forames de Luschka e Magendie) permitem que o LCR flua da cisterna magna para o espaço subaracnóideo, sendo absorvido pelas granulações aracnóideas, fluindo principalmente pelo seio venoso sagital, absorvido também em outros seios. Composição O LCR tem baixo peso molecular, está em equilíbrio osmótico com o sangue e consiste em pequenas quantidades de proteína, glicose, APG 2 Manoela Fedrigo lactato, enzimas, potássio, magnésio e concentrações relativamente altas de cloreto de sódio. Glicose: Os níveis de glicose no LCR são usados para diferenciar entre meningite bacteriana e viral. A hipoglicemia do líquido cefalorraquidiano é causada principalmente por alterações no mecanismo de transporte de glicose através da barreira hematoencefálica e pelo uso generalizado de glicose pelas células cerebrais. Durante a recuperação da meningite, os níveis de glicose são normalizados antes dos níveis de proteínas e contagens de células, tornando-os um parâmetro útil para avaliar a resposta ao tratamento. Proteína: as proteínas do LCR são compostas principalmente de albumina e muito menos globulina. A análise da proteína total no líquido cefalorraquidiano é usada principalmente para detectar doenças do sistema nervoso central (SNC) associadas ao aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica ou à produção intratecal de imunoglobulinas. Valores anormalmente baixos ocorrem quando há perda de fluido no sistema nervoso central e em APG 2 Manoela Fedrigo infecções, hemorragias intracranianas, esclerose múltipla, etc. Lactato: Ao contrário dos níveis de glicose, os níveis de lactato no líquido cefalorraquidiano não estão relacionados às concentrações sanguíneas, mas estão relacionados à produção intratecal. Níveis aumentados de lactato podem ser detectados mais cedo do que concentrações diminuídas de glicose. Portanto, a concentração de lactato é um indicador melhor do que outros marcadores convencionais para diferenciar a meningite bacteriana da meningite asséptica. A elevação de lactato no LCR não se limita à meningite e pode ser resultante de qualquer quadro clínico que reduza o fluxo de oxigênio para os tecidos. Lactato desidrogenase (LDH): Estudos mostraram que pacientes com lesões intracranianas, como neoplasias ou infecções bacterianas, apresentam níveis mais elevados de LDH no líquido cefalorraquidiano em comparação com pacientes saudáveis. A LDH pode ser usada para diferenciar punção traumática de hemorragia intracraniana, pois essa enzima não está significativamente APG 2 Manoela Fedrigo aumentada na punção traumática com hemácias não hemolíticas. Glóbulos brancos: A contagem total de glóbulos brancos no LCR é o parâmetro mais sensível para caracterizar a doença inflamatória do SNC. No LCR adulto normal, predominam os linfócitos (60%-70%), seguidos pelos monócitos (30%-50%), seguidos pelos neutrófilos (1%-3%). Glóbulos vermelhos: O líquido cefalorraquidiano normal não contém glóbulos vermelhos. A presença isolada de hemácias está frequentemente associada ao desfecho da punção traumática. Se presente em grande número (exceto por punção traumática), pode ser um processo patológico. Três testes visuais do líquido cefalorraquidiano podem determinar se o sangue é hemorrágico ou resultado de punção traumática: o teste de três tubos, formação de coágulos e sobrenadante amarelo após centrifugação ou sedimentação espontânea. Hemostasia Ele contribui para a homeostasia de 3 formas: 1. Proteção mecânica. O Líquor atua como um meio d e absorção de choque que protege os delicados tecidos do encéfalo e da medula APG 2 Manoela Fedrigo espinal contra pancadas que, de outra forma, fariam com que essas estruturas atingissem as paredes ósseas do canal vertebral e das cavidades do crânio. O líquido também mantém o encéfalo em suspensão, de forma que ele “flutua” na cavidade do crânio. 2. Proteção química. O líquor fornece um ambiente químico ideal para uma sinalização neuronal precisa. Mesmo ligeiras alterações na composição iônica do líquor, no interior do encéfalo, comprometem criticamente a produção de potenciais de ação e de potenciais pós-sinápticos.
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