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Aula 06 - Direito Processual Penal - Curso Estágio Ministério Público Estadual

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AULA 06 – DIREITO PROCESSUAL PENAL
Mi
	
	CURSO: Ministério Público Estadual
Estagiando Direito
@estagiando_direito_
Considerações iniciais
Vamos continuar o nosso curso, hoje vamos as Provas, essa parte da matéria é muito importante não só para os nossos concursos por ai, como também para a vida pratica. Devido a sua grande relevância para o processo como um todo vem caindo em várias questões, principalmente a parte das classificações de provas e comportamento do juiz. É de extrema importância a leitura dos artigos referentes as todo o capitulo de provas, pois são MUITAS questões caem de forma idêntica a lei seca. Por fim, deixamos alguns comentários de doutrinas para facilitar a compreensão do conteúdo e aprofundar ainda mais o nosso conhecimento. Qualquer dúvida, elogio, reclamação pode nos enviar no direct do nosso Instagram, será um grande prazer em conversar com vocês.
Provas 
Definição de prova
De inicio é necessário deixar que prova é somente aquela que resulta de procedimento contraditório e que é produzida perante juiz, diferenciando de elementos de informação. Daí ser importante, tecnicamente, distinguir: 
· prova: pressupõe procedimento contraditório, em regra produzida no curso de processo instaurado perante magistrado, com a participação dos litigantes. Quando produzida antes do processo, ou antes de ser oportunizada a participação dialética do interessado, a prova exigirá o contraditório posterior (diferido ou postergado), para que receba a qualificação de prova (stricto sensu). A partir do critério do contraditório oportunizado durante a produção da prova ou após sua produção, a doutrina o subdivide em: 
· contraditório real (ou para a prova ou para a constituição da prova), relativo à participação das partes na produção da prova que é feita na presença de juiz (a exemplo da prova testemunhal em juízo); e 
· contraditório diferido (ou sobre a prova ou sobre a prova já produzida), referente ao debate dos interessados a respeito da prova já formada (os assistentes técnicos se manifestam sobre o laudo pericial já elaborado unilateralmente pelo perito). 
· Elementos de informação: são os documentos e outros registros colhidos em procedimento diverso do processo judicial, sem a observância atinente ao contraditório. São chamados elementos de informação aqueles colhidos no curso do inquérito policial, procedimento de natureza inquisitiva, sem contraditório, isto é, na fase de investigação preliminar.
Finalidade da prova:
Devido ao sistema do livre convencimento motivado do juiz (será vista mais a frente nessa aula), as provas busca como finalidade convencer o magistrado sobre determinado fato alegado, essas provas se divide em quatro espécies:
Somado a isso, Nestor Távora nos ensina que “O destinatário direto da prova é o magistrado, que formará o seu convencimento pelo material que é trazido aos autos. As partes também são destinatárias da prova, mas de forma indireta, pois convencidas daquilo que ficou demonstrado no processo, aceitarão com mais tranquilidade a decisão”.
Fonte x Meio x Meio de obtenção de provas:
· Fonte de prova é tudo de onde provém/emana a prova; “tudo que é idôneo a fornecer resultado apreciável para a decisão do juiz, por exemplo, uma pessoa, um documento ou uma coisa. As fontes de provas são anteriores ao processo”
· Exemplificando, suponha-se que determinado crime tenha sido praticado dentro de uma sala de aula. Todas as pessoas que presenciaram o cometimento do delito serão consideradas fontes de prova.
· Meios de prova: são os instrumentos com os quais se leva ao processo um elemento útil para a decisão. São os instrumentos por meio dos quais as fontes de provas são conduzidas ao processo. 
· Por exemplo o depoimento da testemunha, a perícia no instrumento do crime etc.
· Meios de obtenção de prova: também denominados meios de investigação ou de pesquisa de provas, são instrumentos para a colheita de fontes ou elementos de prova. 
· O único meio de obtenção de prova disciplinado pelo CPP é a busca e a apreensão. Há outros meios de obtenção de provas previstos em leis especais: a interceptação das comunicações telefônicas; a interceptação ambiental; quebras dos sigilos legalmente protegidos, como o financeiro, o fiscal, o sigilo profissional; o agente infiltrado também é um meio de obtenção de prova, dentre outros.
Cadeia de custódia
O conceito está no caput do art. 158-A do CPP, relaciona a um conjunto de atos, sucessivos e entrelaçados, tendentes a manter, do início ao fim, a integridade das evidências materiais do crime. Ou, nas palavras de Norberto Avena, é o “caminho percorrido pela prova desde o conhecimento da prática de uma infração pelas autoridades encarregadas da persecução criminal até o momento em que, constatada a ocorrência de vestígios e realizados os exames necessários, for produzido o laudo pericial e descartado o material que serviu de base para a perícia”
Nesse mesmo artigo, no §3º nos esclarece a diferença entre provas e vestígios, vejamos:
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal.
Instrução criminal
O conjunto de atos processuais que têm por objeto recolher as provas com que deve ser decidido o litígio”. Fase própria, dentro do processo, para a produção das provas. A fase de instrução criminal, no processo, tem início com a apresentação de provas por parte do réu (o que normalmente ocorre com a resposta à acusação, art. 396-A do CPP) e vai até o encerramento da instrução complementar (eventualmente requerida com base no art. 402 do CPP).
Classificação das provas:
· Direta: aquela que, por si e com uma única operação inferencial, demonstram o fato objeto da investigação. 
· Indireta: não demonstra o fato diretamente, exige dedução, raciocínio lógico (ex. álibi). 
· Plena: completa e convincente acerca dos fatos, permitindo juízo de certeza. 
· Não plena: ou semiplena, é a prova mais tênue que gera juízo de probabilidade. 
· Real: decorre de coisas materiais (ex. arma), com os sinais nelas deixados. 
· Pessoal: decorre de pessoas (ex. interrogatório, testemunha) e suas impressões;
· Positiva: procura demonstrar a existência do fato. 
· Negativa: visa demonstrar a inexistência do fato – é a contraprova. 
· Prova típica: aquela que além de nominalmente prevista tem um procedimento estabelecido em lei; 
· Atípica: ao contrário, ou não tem previsão da própria prova, ou não tem um rito especificado para sua produção. A prova atípica é lícita diante da liberdade das provas no processo penal. 
· Prova nominada: aquela que é referida pela lei (nomen iuris), mesmo que sem procedimento regulamentado. 
· Prova anômala: aquela que é produzida observando o procedimento legal; todavia, não aquele específico para a natureza da prova que se deveria produzir. Segue o modelo de outra prova e não aquele que seria apropriado. É uma prova desvirtuada que, por isso mesmo, carregaria nulidade. 
· Prova irritual: é a prova típica que é produzida em desconformidade com o modelo previsto em lei; justamente por isso, também teria nulidade. 
· Emprestada: aquela que é produzida num determinado processo/procedimento e acaba sendo aproveitada em outro. Doutrina majoritária defende que ela tem o mesmo valor da prova originária e que isso só seria possível em casos de procedimentos com as mesmas partes em que tenha havido contraditório. O art. 372 do Código de Processo Civil diz o seguinte: “O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório”.
Iniciativa probatória do juiz:
· Na fase investigatória: trata-se do inciso I do art. 156 do CPP. Embora a leitura integral do artigo indique a possibilidade de o juiz ordenar, de ofício, a produção antecipada de prova urgente ou relevante, prevalece o entendimento de que a referida atuação do juiz nunca pode se dar ex officio, mas apenas a partir do requerimento de uma ou ambas as partes. Para essa corrente doutrinária (majoritária),a atuação de ofício do juiz, nesse sentido e nessa fase da persecução penal, representa mácula à sua imparcialidade e não se coaduna com o sistema acusatório do processo penal pátrio nem com um Estado Democrático de Direito. 
· Durante o curso do processo: refere-se ao inciso II do art. 156 do CPP. A iniciativa probatória do juiz no processo deve apenas ser a título supletivo, complementar e subsidiário para dirimir dúvida sobre ponto relevante, não podendo ele (magistrado) se imiscuir na própria iniciativa da parte. Não se admite “iniciativa acusatória” do juiz; a sua atuação, neste ponto, cinge-se a elucidar o contexto probatório já produzido, e não a dirimir dúvida ocasionada justamente pela ausência de prova.
Sistemas de avaliação da prova 
· ÍNTIMA CONVICÇÃO: também denominado de “sistema de livre convicção” ou “sistema da certeza moral do juiz”, é marcado pela ampla liberdade do julgador na análise e valoração das provas. Não há motivação ou fundamentação da decisão; a convicção é íntima e reservada. Admite-se, inclusive, a apreciação de provas estranhas ao processo. É o sistema adotado no Tribunal do Júri (e apenas aí); 
· PROVA TARIFADA: também conhecido por “sistema da prova legal”, “da certeza moral do legislador”, “da verdade legal” e “da verdade formal”, tem como traço característico a fixação antecipada e em abstrato, pelo próprio legislador, do valor e força probatória dos diversos tipos de provas. Nesse sistema, retira-se a liberdade apreciativa do juiz, que acaba ficando incumbido apenas de conferir às provas o valor estabelecido pelo legislador quando da edição da norma. Não é o sistema adotado como regra no direito processual penal brasileiro, não obstante existam resquícios desse método em alguns dispositivos do CPP, como, por exemplo, o art. 158 (vinculação do juiz ao exame de corpo de delito em crimes que deixam vestígios) e art. 155, parágrafo único (prova do estado de pessoas apenas por certidão, e não por testemunhas).
· CONVENCIMENTO MOTIVADO OU PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ: é o sistema adotado como regra no processo penal brasileiro, conforme se depreende do art. 155, caput do CPP e art. 93, IX da CF.. Nele é devolvida a liberdade de convicção ao magistrado, que tem autonomia para valorar racionalmente as provas a ele submetidas. A liberdade de convicção, contudo, não é absoluta e ilimitada. A uma, porque a devida fundamentação da decisão constitui requisito imprescindível ao decisum, sendo, inclusive, pressuposto de sua validade; a duas, porquanto não pode o magistrado se valer de elementos probatórios estranhos ao processo para formar sua convicção, estando ele atrelado às provas produzidas em seu bojo; a três, pois, conforme o próprio art. 155 do CPP, não pode o juiz fundar sua convicção exclusivamente nos elementos informativos amealhados em sede de investigação preliminar. Nesse sistema não há hierarquia entre as provas; são todas relativas e serão apreciadas e valoradas considerando-se as peculiaridades de cada caso.
Princípios relativos à prova penal:
· Comunhão das provas: uma vez produzida a prova, serve ela a todos no processo, indistintamente. Provas produzidas pela acusação podem ser utilizadas pela defesa e vice-versa. Igual sorte em relação às provas eventualmente determinadas ex officio pelo juiz. 
· Autorresponsabilidade das partes: as partes são responsáveis pelas suas ações ou omissões probatórias, assim como pelos seus equívocos. Cabe a cada parte a tarefa de se desincumbir do respectivo ônus probatório; caso contrário, arcarão com as eventuais consequências no mérito do processo.
· Proporcionalidade: nutre intrínseca relação com o “devido processo legal” ou due process of law. Apresentase sob duas facetas: formal (visão de um processo escorreito e devido, com a observância das regras procedimentais e dos direitos e garantias do acusado) e substancial (impedem-se comportamentos desarrazoados e imoderados pelo Poder Público).
· Oralidade: dá-se preferência, tanto quanto possível, à palavra dita, em detrimento da palavra escrita.
· Identidade física do juiz: decorre do art. 399, § 2º do CPP. O juiz que instrui o processo é quem deve julgá-lo. Nutre intensa relação com o princípio da oralidade e seus subprincípios. Liberdade probatória: às partes confere-se ampla liberdade probatória. Essa liberdade é limitada nas hipóteses de resquícios do sistema da prova tarifada e na inadmissibilidade das provas ilícitas. Além disso, existem algumas pontuais limitações em relação ao momento, tema e meios de prova.
Prova vedada/ilegal:
Como já aprendemos no nosso curso, nada é absoluto, salvo situações que podem ser contadas no dedo, assim a liberdade de provas encontra limites em sua produção. 
A liberdade na produção probatória comporta exceções/limitações. A opção do Estado pela inadmissibilidade da prova ilícita, nasce como uma reação contra a ideia do “male captum bene retentum” (mal colhida, bem conservada). Como, ao longo da história, somente o sancionamento dos responsáveis não foi suficiente, o Estado e a nossa Constituição, resolveram estabelecer a impossibilidade de admissão, no processo, da prova obtida por meios ilícitos. 
Nisso se reconhece que a verdade não pode ser descoberta a qualquer custo (os fins não justificam os meios) e se estabelece uma restrição pedagógica para os agentes. Entre a busca da verdade e o respeito aos direitos e garantias individuais, optou o Estado pela tutela destes. 
· PROVA ILÍCITA: ideia originária da regra de exclusão do processo penal americano (princípio da licitude aqui no Brasil), que visava prevenir o desrespeito às garantias constitucionais. Nesse sentido, assim estabelece nossa Constituição Federal, no art. 5º: 
“LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;” 
O direito material a ensejar o reconhecimento da ilicitude da prova deve ser direito fundamental constitucionalmente protegido. 
· PROVAS ILÍCITAS X PROVAS ILEGÍTIMAS: as primeiras constituem o resultado de uma violação do direito material, enquanto nas segundas o vício decorre da infringência de normas processuais. Outra diferença entre elas decorre do momento em que se configura a ilegalidade: nas ilícitas, ela ocorre quando de sua obtenção; nas ilegítimas, na fase de produção. Também é diversa a consequência dos respectivos vícios: as ilícitas são inadmissíveis no processo (não podem ingressar e, se isso ocorrer, devem ser desentranhadas); as ilegítimas são nulas e, por isso, a sua produção pode ser renovada, atendendo-se então às regras processuais pertinentes.
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”. 
A regra é a não utilização da prova ilícita, mas existem exceções ou limitações, algumas somente do sistema norte-americano, outras ao nosso aplicáveis.
SERENDIPIDADE – ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS: essa teoria é usada nos casos em que, no cumprimento de uma diligência relativa a um delito, a autoridade policial casualmente encontra provas pertinentes à outra infração penal, que não estavam na linha de desdobramento normal da investigação. Nesses casos, a validade da prova inesperadamente obtida está condicionada à forma como foi realizada a diligência: se houve desvio de finalidade, abuso de autoridade, a prova não deve ser considerada válida; se o encontro da prova foi casual, fortuito, a prova é válida”. Também tem sido usada em casos de interceptação telefônica.
Considerações finais
Para facilitar o entendimento e a organização do tema, dividimos em duas aulas. Depois dessa longa aula, é necessário realizarmos a leitura de nosso Código de Processo Penal e se caso tiver a oportunidade, realizar várias questões, principalmente para fixar o extenso conteúdo. Alguns pontos foram propositalmente enfatizados a fim de acertar o máximo de questões. Qualquer dúvida pode entrar em contato conosco no direct ou comentários da plataforma. 
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