Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Diagn Tratamento. 2012;17(3):133-7. Medicina sexual Tratamento psicoterápico para disfunção sexual feminina Heloisa Junqueira FleuryI, Carmita Helena Najjar AbdoII Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo INTRODUÇÃO Disfunção sexual feminina refere-se à alteração do interes- se pela atividade sexual, à dificuldade em vivenciar a excitação subjetiva e/ou genital e em desencadear o desejo durante o en- volvimento sexual, à disfunção do orgasmo e da dor à relação sexual, bem como à impossibilidade de relaxamento vaginal (para permitir a penetração).1 Embora seja causa de sofrimento, nem sempre é abordada diretamente, pela complexidade do tema. Aparece muitas vezes como queixa de depressão, ansiedade, baixa autoestima, insa- tisfação ou dificuldade para envolvimento em relacionamentos íntimos. Também os profissionais de saúde muitas vezes refe- rem desconforto em iniciar avaliação e eventual tratamento dessa condição.2 As fantasias têm papel importante na atividade sexual femi- nina. Como a consciência do desejo não é a razão mais comum pela qual a mulher aceita ou inicia a atividade sexual,3 mesmo mulheres sexualmente saudáveis em relacionamentos estáveis, frequentemente não têm pensamentos sexuais espontâneos. Extenso estudo britânico, envolvendo 17.170 homens e mu- lheres, identificou que, para a maioria dos participantes, sexo significa resposta genital, pensamentos, motivações e fantasias.4 Embora as fantasias sexuais favoreçam o orgasmo, trazem tam- bém desconforto, o que foi chamado de paradoxo masturbató- rio. Podem representar uma cena traumática vivenciada ante- riormente ou traços de trauma não processado ou excluído da consciência, caracterizando estimulação genital, acompanhada de inquietação, mesmo quando as necessidades e desejos este- jam sendo elaborados para trazer prazer e segurança.4 A duração do relacionamento, mesmo com controle para a idade dos participantes dos estudos, está negativamente asso- ciada com a frequência de iniciativa para atividade sexual, satis- fação da mulher com sua própria sexualidade e satisfação com o parceiro.5 Essas considerações apontam para particularidades da atividade sexual feminina e para o aspecto multicausal do desencadeamento das disfunções sexuais. FUNÇÃO SEXUAL FEMININA O conceito atual de função sexual valoriza o aspecto res- ponsivo do desejo feminino, descrito no modelo circular (Figura 1). As fases descritas podem ocorrer em sobreposição, assim como podem se repetir, durante o encontro sexual. A mu- lher pode apresentar várias motivações para o envolvimento, ou seja, o desejo sexual pode não estar presente inicialmente, sendo desencadeado em decorrência da excitação. Dessa forma, um estímulo sexual adequado faz parte do mecanismo que desen- cadeia o desejo ou o favorece no caso de ele ter surgido espon- taneamente e de ter motivado a mulher a iniciar a atividade.1 Segundo esse modelo, o resultado da atividade sexual (in- clusive emocional) influencia a receptividade feminina para os próximos encontros. Com isso, a decisão para atividade sexual geralmente tem um significado relacional. Motivação positiva traz satisfação, aumenta o envolvimento, enquanto motivações relacionadas à necessidade de dominar, controlar, ferir ou mes- mo de evitar a intimidade trazem desconforto e medo.6 I Psicóloga, mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). II Psiquiatra, livre-docente e professora associada do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Figura 1. Ciclo de resposta sexual circular com fases que se sobrepõem e podem ser vivenciadas repetidas vezes durante a atividade sexual.1 Variadas razões para sexo Satisfação sexual Mais excitação desencadeia o desejo Excitação subjetiva + resposta do SNA fatores psicológicos fatores biológicos processamento mental do estímulo Desejo sexual inicial/espontâneo (variável) Objetivos iniciais alcançados – aumento da intimidade sexual e bem-estar Estímulo sexual apropriado ao contexto Diagn Tratamento. 2012;17(3):133-7. Tratamento psicoterápico para disfunção sexual feminina134 A experiência de excitação sexual feminina não é prima- riamente uma experiência de vasocongestão genital e lubrifi- cação. O modelo circular evidencia que a excitação subjetiva é fortemente modulada por emoções e cognições. Estudo que comparou dois grupos de mulheres (funcionais e disfuncionais) identificou resultados melhores nas primeiras, embora não houvesse diferença significativa entre os grupos quanto à res- posta vaginal.7 Comparando a correlação entre excitação subje- tiva e respectiva autoavaliação, as mulheres tendem mais que os homens a relatar falta de excitação, quando os sinais fisiológicos indicam o contrário.8 Outro aspecto essencial para a função sexual feminina, e consequentemente para o desencadeamento de disfunções, é o contexto sexual, incluindo a qualidade do estímulo e do pa- drão relacional do casal. A atividade sexual reflete modelos re- lacionais próprios do desenvolvimento do indivíduo. Refletem como a família de origem demonstra amor e afeto, experiências sexuais traumáticas anteriores, crenças religiosas, culturais e sociais sobre sexo, impacto da mídia sobre conceitos e com- portamentos, exercendo função importante na etiologia e na manutenção das dificuldades sexuais. DIAGNÓSTICO DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS A avaliação da disfunção sexual inclui fatores predisponen- tes, precipitantes, mantenedores e contextuais.9 Para disfunções de longa duração ou presentes desde o início da vida sexual, a história do desenvolvimento e dos relacionamentos anteriores são relevantes, enquanto para dificuldades no relacionamento atual, fatores contextuais tendem a ser mais importantes.1 A epidemiologia identificou elementos para a criação de um modelo etiológico para a compreensão da função e da disfun- ção sexual, dividindo-os nas seguintes categorias:9 Fatores predisponentes: constitucionais (doenças congênitas, deformidades anatômicas) e experiências prévias (vínculos problemáticos, pais negligentes ou críticos, educação restri- tiva, abuso físico ou sexual e violência). Caracterizam-se pela repressão à autonomia e à participação ativa e segura nos re- lacionamentos. Alguns indivíduos são mais resilientes a situ- ações adversas, enquanto outros são mais susceptíveis a essas experiências estressantes. Fatores precipitantes: relacionam-se às condições de vida que podem desencadear disfunção sexual nas pessoas mais vulnerá- veis. Divórcio ou separação conflituosa, experiências sexuais não satisfatórias, acidente ou cirurgia mutiladora aumentam a pres- são em determinados estágios da vida, o que pode configurar uma crise. Além disso, a repetição de experiências sexuais insa- tisfatórias pode comprometer a autoestima e, consequentemen- te, a saúde sexual mesmo de um indivíduo menos vulnerável. Fatores mantenedores: responsáveis por transformar fracas- sos sexuais eventuais em dificuldades mais sérias, evidenciando a ausência de recursos pessoais para lidar com desafios que a vida naturalmente traz. Incluem: conflitos no relacionamento, ansiedade em relação ao desempenho, culpa, informação ou es- timulação sexual inadequada, perda do encanto sexual, estresse emocional, ocupacional ou pessoal, perda de autoconfiança se- xual, preocupações com alterações corporais, desordens psiqui- átricas, medo da intimidade, restrições em relação às prelimina- res e comunicação difícil. Fatores contextuais: são estressores atuais, tais como proble- mas financeiros graves, desemprego, fadiga devido a cuidados da prole, exigências do parceiro ou de pais idosos. Podem ser ambientais, como quando o casal trabalhaem turnos diferentes e tem pouca privacidade. Mesmo quando esses fatores se ini- ciaram em decorrência de uma dificuldade pontual, podem se tornar crônicos.9 Tendo como referência o modelo biopsicossocial, para realizar um diagnóstico que aborde todas essas categorias de fatores de risco, o roteiro deve incluir história médica, psicossocial e sexu- al, assim como o desconforto associado à disfunção, abordando o contexto atual, passado e do início da dificuldade, a resposta sexual atual e a participação do parceiro.1 Algumas das dificulda- des psicossociais mais frequentes relacionam-se ao medo de per- der o controle, de resultados negativos ou dificuldade da mulher em permanecer atenta ao momento presente, além de ausência ou informação insuficiente sobre a resposta sexual feminina.1 O contexto atual inclui a investigação do uso de medicações e drogas, cansaço, presença de dor não sexual, assim como ca- racterísticas e duração do relacionamento atual, valores e cren- ças sociais que afetam a sexualidade, contexto em que ocorre a atividade sexual (tipo de estimulação sexual, sentimentos da mulher pela parceria, segurança e privacidade). O contexto do passado inclui história médica e de desenvol- vimento (relacionamento com pais e irmãos), traumas e perdas. Deve abordar experiências sexuais passadas (sozinha ou acom- panhada), identificando se foram desejadas, mediante coerção ou abusiva. A investigação do início da dificuldade deve incluir detalhes médicos e psiquiátricos, características do relaciona- mento e os aspectos sexuais. A resposta sexual atual envolve detalhes dos efeitos da con- dição médica na atividade sexual, fatores de personalidade (ne- cessidade de controle e habilidade para expressar emoções não sexuais), ciclo de resposta sexual, inclusive a ocorrência de dor.1 A TERAPÊUTICA DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS A influência de questões psicológicas e relacionais na saúde sexual e no desencadeamento das disfunções sexuais torna ne- cessária a abordagem dos aspectos biopsicossociais da mulher, do parceiro e também do casal.9 Estudos populacionais apon- tam que dificuldades sexuais do parceiro causam impacto no casal.10 Por essa razão, a saúde do parceiro, seu humor e saúde mental, sua reação aos problemas sexuais da mulher e seu ciclo de resposta sexual devem também ser investigados.1 Nessa perspectiva, a terapêutica deve ser orientada para o prazer dos parceiros e do casal. Implica na aceitação da função Diagn Tratamento. 2012;17(3):133-7. Heloisa Junqueira Fleury | Carmita Helena Najjar Abdo 135 e da satisfação sexual com características variáveis e flexíveis. Para prevenir recidivas, é essencial definir expectativas sexuais positivas e realistas durante todo o processo.11 A mudança do foco para o erotismo e a satisfação sexual tem sido preconizada nas tendências atuais em terapia sexual.12 Recomenda-se uma abordagem multidisciplinar, visto que componentes psicológicos e relacionais tornam insuficien- te o tratamento apenas medicamentoso.1,9 Considerando que qualquer consulta clínica envolve uma interação verbal, é im- portante que os profissionais de saúde atuem com potencial terapêutico, dando informações e aconselhamentos básicos, por exemplo. Também precisam conhecer alguns princípios elementares das abordagens psicoterapêuticas para fazerem os encaminhamentos necessários.13 A terapêutica inicia-se pelos aspectos mais gerais relaciona- dos à melhora do bem-estar emocional e físico, com a identi- ficação de sintomas de depressão e ansiedade, abuso de álcool ou uso de substâncias químicas, adequação do sono, exercícios, alimentação e uso de medicações. Na presença de doenças ou sintomas psicológicos importantes, deve-se encaminhar a pro- fissional especializado.1 Intervenções fisioterapêuticas também podem contribuir para a capacidade orgásmica, por meio do fortalecimento do assoalho pélvico.12 No caso de vaginismo, essas intervenções são fundamentais para a capacitação ao relaxamento da musculatu- ra vulvovaginal. O tratamento pode ter um caráter psicoeducativo, quando necessário, abordando a resposta sexual, a anatomia e a fisiolo- gia genital básica.13 Também pode incluir orientações sobre ati- vidades e estimulação sexual diferentes do coito e técnicas que facilitem a excitação, com ênfase no fortalecimento do estímulo e do contexto sexual.1 A terapia sexual valoriza a abordagem das influências con- textuais na resposta sexual. Recomenda-se enfatizar a questão da idade e da necessidade de garantir que as expectativas sejam compatíveis com a realidade.12 Na etapa de diagnóstico, identifica-se a influência de fatores relacionados à vulnerabilidade da mulher, tais como atitudes negativas em relação a si mesma e ao seu corpo, necessidade de manter controle em situações da vida e sexuais, abuso sexual na história de vida com revivências por ocasião do encontro sexual.1 AS ABORDAGENS PSICOTERÁPICAS As intervenções psicoterápicas caracterizam-se por alguns princípios básicos: • não se contrapõem às intervenções médicas, podendo ser combinadas; • o planejamento é individualizado para cada caso, envolven- do técnicas decorrentes de diferentes abordagens teóricas; • resultam em efeitos específicos, como mudanças nos padrões cognitivos e de comportamento, conscientização de emoções e capacidade de atribuir novos significados a eventos vitais; • focam em características pessoais da mulher, como percep- ção de seu próprio corpo, sua imagem corporal, seus pen- samentos, sentimentos e comportamentos sexuais, seu rela- cionamento sexual (parceria, casal, família) e seu contexto social e sexual, tais como, cultura e normas sexuais; • abordam a experiência e a reação da mulher como um todo; • definem uma estratégia personalizada, incluindo desde acon- selhamento básico até intervenções mais especializadas.13 Como a atividade sexual é basicamente uma experiência cor- poral, é importante que ela desperte sensações agradáveis por todo o corpo. No entanto, a cultura ainda apoia uma educação que desestimula a mulher de conectar-se às sensações corporais, o que pode gerar vergonha dos órgãos genitais e muito frequen- temente um desconhecimento sobre eles. Algumas interven- ções psicoterapêuticas buscam conscientizá-la dessas sensações prazerosas e dos sinais sexuais dados pelo corpo, assim como das condições facilitadoras ou inibidoras provocadas pelas sen- sações de prazer. Ajudam ativamente a provocar prazer e explo- rar o corpo e a genitália, reconhecendo ou reativando padrões pessoais de excitação, estimulação e prazer.13 Exercícios de autoconsciência têm apresentado bons resulta- dos.14 Fundamentam-se na discordância comum em mulheres entre a experiência subjetiva de excitação e a resposta fisiológi- ca,8 o que tem sido relacionado à dificuldade de identificação das sensações corporais internas, ou seja, a consciência intero- ceptiva.15 Considera-se que julgamentos de inadequação, ver- gonha, culpa e ansiedade podem monopolizar os pensamentos da mulher e distanciá-la do momento presente, interferindo na consciência interoceptiva.3 As barreiras de natureza psicológi- ca que interferem na consciência interoceptiva e consequente- mente no funcionamento sexual são: atenção (dificuldade em manter o foco ou identificar as sensações corporais), autojul- gamento (autoavaliação negativa ou falta de autoaceitação) e sintomas clínicos (depressão, ansiedade). Essas “distrações” deixam a mulher subjetivamente não excitada. Esses exercí- cios melhoram significativamente as três categorias de barreiras psicológicas (atenção, autojulgamento e sintomas clínicos) e a capacidade de identificar e diferenciar sensações corporais, di- minuindo o tempo de reação ao estímulo sexual e melhorando a percepção das respostas fisiológicas ao estímulo sexual.15 Modalidades tradicionais de terapia sexual também são utilizadas. Incluem exercícios de foco sensorial, como a troca de toques físicos partindo deáreas não sexuais do corpo para as sexuais, com os parceiros se revezando e reagindo verbal e tatilmente.16,17 Terapias de tempo limitado vêm sendo propostas, devido às possibilidades comprovadas de benefícios a custo menor do que processos terapêuticos prolongados. Nessa modalidade, que pode ser aplicada para atendimento individual ou em grupo, os objetivos são estabelecidos no início, favorecendo a criação de um contexto apropriado para o tratamento. Nos grupos, os Diagn Tratamento. 2012;17(3):133-7. Tratamento psicoterápico para disfunção sexual feminina136 participantes podem identificar rapidamente algo em comum entre si, o que pode ser intensificado por meio de alguns mo- delos de seleção dos participantes, como o demográfico (grupos de mulheres, grupo de adolescentes, por exemplo), o de ho- mogeneização pela crise (grupos de vítimas de violência) ou de diagnóstico (grupos com histórico de depressão).18 No Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o modelo de intervenção é a Psicoterapia de Grupo Tematizada e de Tempo Limitado para disfunções sexuais.19 Esse modelo consta de 16 sessões, com 90 minutos de duração cada e frequência semanal.20 Devido à interação das participantes no grupo, o potencial de apreensão de temas específicos, tais como resposta sexual feminina e orientações básicas relativas à função sexual, é am- plificado nos atendimentos grupais, pela maior possibilidade de troca de vivências e experiências sexuais. Nesse sentido, a experiência grupal ganha função psicoeducativa.21 CONCLUSÕES Os estudos populacionais têm proporcionado um conheci- mento cada vez mais detalhado do impacto de fatores psicos- sociais e relacionais sobre a vida sexual feminina, confirmando a complexidade e a diversidade de fatores relacionados. As dis- funções sexuais femininas têm desafiado os estudiosos, que bus- cam terapêuticas medicamentosas ou técnicas psicoterapêuticas que possam atender melhor a essa condição. Muitas mulheres podem ser favorecidas com a criação de um contexto apropriado para a aquisição de informações básicas sobre seu funcionamento e resposta sexual. Outras necessitam de tratamentos medicamentosos para situações específicas e/ou exigem processos psicoterapêuticos mais complexos. A partir do crescente conhecimento sobre disfunções sexuais, o novo desafio para o profissional de saúde tem sido introduzir o tema da sexualidade nos atendimentos e elaborar um diagnóstico completo que permita intervenção multidisciplinar apropriada à singularidade de cada caso. REFERÊNCIAS 1. Basson R, Wierman ME, van Lankveld J, Brotto L. Summary of the recommendations on sexual dysfunctions in women. J Sex Med. 2010;7(1 Pt 2): 314-26. 2. Abdo CHN. Descobrimento sexual do Brasil. São Paulo: Summus; 2004. 3. Basson R. Human sex-response cycles. J Sex Marital Ther. 2001;27(1):33-43. 4. Kahr B. O sexo e a psique. Rio de Janeiro: Best Seller, 2009. 5. Carvalheira AA, Brotto LA, Leal I. Women’s motivations for sex: exploring the diagnostic and statistical manual, fourth edition, text revision criteria for hypoactive sexual desire and female sexual arousal disorders. J Sex Med. 2010;7(4 Pt 1):1454-63. 6. Risen CB. Listening to sexual stories. In: Levine SB, Risen CB, Althof SE, editors. Handbook of clinical sexuality for mental health professionals. New York: Brunner-Routledge; 2003. p. 3-18. 7. Middleton LS, Kuffel SW, Heiman JR. Effects of experimentally adopted sexual schemas on vaginal response and subjective sexual arousal: a comparison between women with sexual arousal disorder and sexually healthy women. Arch Sex Behav. 2008;37(6):950-61. 8. Chivers ML, Seto MC, Lalumière ML, Laan E, Grimbos T. Agreement of self- reported and genital measures of sexual arousal in men and women: a meta-analysis. Arch Sex Behav. 2010;39(1):5-56. 9. McCabe M, Althof SE, Assalian P, et al. Psychological and interpersonal dimensions of sexual function and dysfunction. J Sex Med. 2010;7(1 Pt 2): 327-36. 10. Hartmann U, Philippsohn S, Heiser K, Rüffer-Hesse C. Low sexual desire in midlife and older women: personality factors, psychosocial development, present sexuality. Menopause. 2004;11(6):726-40. 11. McCarthy B, McDonald D. Sex therapy failures: a crucial, yet ignored, issue. J Sex Marital Ther. 2009;35(4):320-9. 12. Meana M, Jones S. Developments and trends in sex therapy. Adv Psychosom Med. 2011;31:57-71. 13. Bitzer J, Brandenburg U. Psychotherapeutic interventions for female sexual dysfunction. Maturitas. 2009;63(2):160-3. 14. Silverstein RG, Brown AC, Roth HD, Britton WB. Effects of mindfulness training on body awareness to sexual stimuli: implications for female sexual dysfunction. Psychosom Med. 2011;73(9):817-25. 15. Salonia A, Giraldi A, Chivers ML, et al. Physiology of women’s sexual function: basic knowledge and new findings. J Sex Med. 2010;7(8):2637-60. 16. Masters WH, Johnson VE. A resposta sexual humana. São Paulo: Roca; 1984. 17. Kaplan HS. A nova terapia do sexo. 3a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1977. 18. Fleury HJ. Grupo de mulheres. Revista Brasileira de Psicodrama. 2006;14(1):121-30. Disponível em: http://www.febrap.org.br/loja/Produto. aspx?idp=24. Acessado em 2012 (22 mai). 19. Abdo CHN. Sexualidade humana e seus transtornos. 4a ed. São Paulo: Leitura Médica; 2012. 20. Abdo CH, Afif-Abdo J, Otani F, Machado AC. Sexual satisfaction among patients with erectile dysfunction treated with counseling, sildenafil, or both. J Sex Med. 2008;5(7):1720-6. 21. Fleury HJ, Abdo CHN. Uma proposta psicoterápica para a mulher climatérica. In: Fleury HJ, Marra MM, orgs. Intervenções grupais na saúde. São Paulo: Ágora; 2005. p. 53-72. EDITOR RESPONSÁVEL POR ESTA SEÇÃO Carmita Helena Najjar Abdo. Psiquiatra, livre-docente e profes- sora associada do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP INFORMAÇÕES Endereço para correspondência: Heloisa Junqueira Fleury Rua Sergipe, 401 — conjunto 309 São Paulo (SP) CEP 01243-906 Tel. (11) 3256-9928 E-mail: hjfleury@uol.com.br Fontes de fomento: nenhuma Conflito de interesse: nenhum Data de entrada: 17 de maio de 2012 Data da última modificação: 17 de maio de 2012 Data de aceitação: 28 de maio de 2012 Diagn Tratamento. 2012;17(3):133-7. Heloisa Junqueira Fleury | Carmita Helena Najjar Abdo 137 PALAVRAS-CHAVE: Sexualidade. Psicologia. Disfunções sexuais psicogênicas. Psicoterapia. Erotismo. RESUMO Disfunção sexual feminina refere-se à alteração do interesse pela atividade sexual, à dificuldade com a excitação subjetiva e/ou genital e em desencadear o desejo durante o envolvimento sexual, à disfunção do orgasmo e da dor à relação sexual, bem como à impossibilidade de relaxamento vaginal (para permitir a penetração). O conceito atual de função sexual valoriza o aspecto responsivo do desejo feminino, desencadeado por estímulo e contexto sexual adequados. O diagnóstico deve considerar história médica, psicossocial e sexual, contexto atual, passado e do início da dificuldade, resposta sexual atual e participação do parceiro. Medo de perder o controle, de resultados negativos, dificuldade em permanecer atenta ao momento presente e falta ou informação insuficiente sobre a resposta sexual feminina são frequentes. Para tratar as disfunções sexuais femininas, recomenda-se abordagem multidisciplinar, visto que apenas o tratamento medicamentoso é insuficiente. Inicia-se pela melhora do bem-estar emocional e físico. Segue- se a abordagem da resposta sexual, anatomia e fisiologia genital básicas, orientação sobre atividades e estimulação sexual diferentes do coito e técnicas que facilitem a excitação. Idade e expectativas realistas devem ser abordadas. Algumas intervençõesaumentam a conscientização das sensações prazerosas e dos sinais sexuais emitidos pelo corpo, promovem a exploração do corpo e da genitália. Exercícios de autoconsciência têm apresentado bons resultados, assim como modalidades tradicionais de terapia sexual. Terapias de tempo limitado têm mostrado eficiência a custo menor do que processos terapêuticos prolongados. Muitas mulheres podem melhorar a atividade sexual apenas com a criação de um contexto apropriado para a aquisição de informações básicas sobre o funcionamento e a resposta sexual, enquanto outras precisam de intervenções psicoterapêuticas mais complexas.
Compartilhar