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Direito Civil – Obrigações Obrigações Solidárias Caracteriza-se a obrigação solidária pela multiplicidade de credores e/ou devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse o único devedor. Desse modo, o credor poderá exigir de qualquer codevedor o cumprimento por inteiro da obrigação. Cumprida por este a exigência, liberados estarão todos os demais devedores ante o credor comum (CC, art. 275). Se algum dos devedores for ou se tornar insolvente, quem sofre o prejuízo de tal fato não é o credor, como sucede na obrigação conjunta, mas o outro devedor, que pode ser chamado para solver a dívida por inteiro. Na solidariedade se tem não só uma única obrigação, mas tantas obrigações quantos forem os titulares. Cada devedor passará a responder não só pela sua quota como também pelas dos demais; e, se vier a cumprir por inteiro a prestação, poderá recobrar dos outros as respectivas partes. ● CARACTERÍSTICAS: Quatro são os caracteres da obrigação solidária: → Pluralidade de sujeitos, ativos ou passivos; → Multiplicidade de vínculos, sendo distinto ou independente o que une o credor a cada um dos codevedores solidários e vice-versa; → Unidade de prestação, visto que cada devedor responde pelo débito todo e cada credor pode exigi-lo por inteiro. A unidade de prestação não permite que esta se realize por mais de uma vez; se isto ocorrer, ter-se-á a repetição (CC, art. 876); → Corresponsabilidade dos interessados, já que o pagamento da prestação efetuado por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha pago possa reaver dos outros as quotas de cada um. ● PRINCÍPIOS COMUNS À SOLIDARIEDADE: Os artigos 265 e 266 do Código Civil cuidam de dois princípios comuns à solidariedade: o da inexistência de solidariedade presumida e o da possibilidade de ser de modalidade diferente para um ou alguns codevedores ou cocredores. → Inexistência de solidariedade presumida: Não se admite solidariedade fora da lei ou do contrato. Como exceção ao princípio de que cada devedor responde somente por sua quota e por importar, consequentemente, agravamento da responsabilidade dos devedores, que passarão a ser obrigadores ao pagamento total, deve ser expressa. Desse modo, se não houver menção explicita no título constitutivo da obrigação ou em algum artigo de lei, ela não será solidária, porque a solidariedade não se presume. Será então, divisível ou indivisível, dependendo da natureza do objeto. Embora a principal fonte de obrigações solidárias seja o contrato, podem elas resultar também, eventualmente, do testamento. Nada obsta a que o testador, por exemplo, ao instituir um legado, estabeleça solidariedade entre os herdeiros responsáveis pelo pagamento. → Possibilidade de a solidariedade não ser igual para a pluralidade de sujeitos: O codevedor condicional não pode ser demandado senão depois da ocorrência do evento futuro e incerto, e o devedor solidário puro e simples somente poderá reclamar o reembolso do codevedor condicional se ocorrer a condição. Art. 264: Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Art. 265: A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 266: A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. Como se vê, não há prejuízo algum à solidariedade, visto que o credor pode cobrar a dívida do devedor cuja a prestação contenha número menor de óbices, ou seja, reclamar o débito todo do devedor não atingido pelas cláusulas apostas na obrigação. Igualmente, a obrigação poderá ser válida para um e nula para outro. Um dos obrigados poderá responder pela evicção e o outro não. Ainda, o prazo prescricional pode variar para diferentes coobrigados. O lugar e o tempo do pagamento podem ser idênticos para todos os interessados. Todavia, se forem diferentes, essa circunstância não infringirá a teoria da solidariedade. Até mesmo quanto à causa, pode a solidariedade ser distinta para os coobrigados. Por exemplo: Para um pode advir a culpa contratual e para outro, de culpa extracontratual. Pode ocorrer, na colisão de um ônibus com outro veículo, o ferimento de um dos passageiros, que poderá demandar, por esse fato, solidariamente, a empresa transportadora, por inadimplemento contratual (contrato de adesão), e o dono do veículo que abalroou o coletivo, com fundamento na responsabilidade extracontratual. Quando várias pessoas contraem uma dívida solidariamente, é perante o credor que são devedoras, respondendo cada uma pela integralidade. Entre elas a dívida se divide, tornando- se cada uma devedora somente quanto à parte que lhe coube, na repartição do empréstimo. Se dividiram entre si a quantia ou a coisa emprestada, ainda que cada uma seja devedora do total para com o credor, cada uma só será devedora, para com as outras, de sua quota- parte, seja a divisão feita por igual ou desigualmente. Assim, pode uma delas ter ficado com metade e o restante ser dividido entre as codevedoras. Enquanto pendente condição suspensiva estipulada para um dos devedores, o credor não pode acioná-lo. No entanto, sendo titular de um direito eventual (CC, art. 130), poderá praticar atos conservatórios, como constituir garantias de acordo com o devedor. Havendo implemento da condição, nasce o direito do credor, retroativamente. Iguala-se, então, a situação do devedor ou do credor à dos outros corréus. Se a condição se frustrar, o devedor será totalmente excluído da obrigação solidária, reputando-se nunca ter havido obrigação em relação a esse corréu (CC, art. 125). ● ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA: → Solidariedade ativa ou de credores: há multiplicidade de credores, com direito a uma quota da prestação. Todavia, em razão da solidariedade, cada qual pode reclamá-la por inteiro do devedor comum. Este, no entanto, pagará somente a um deles. O credor que receberá o pagamento entregará aos demais as quotas de cada um. O devedor se libera do vínculo pagando a qualquer cocredor, enquanto nenhum deles demanda-lo diretamente (CC, art. 268). → Solidariedade passiva ou de devedores: há vários devedores solidários, o credor pode cobrar a dívida inteira de qualquer um deles, de alguns ou de todos conjuntamente. Qualquer devedor pode ser compelido pelo credor a pagar a dívida inteira, embora, na sua relação com os demais, responda apenas pela sua quota-parte. Nessa modalidade, o credor tem maiores probabilidades de receber o seu crédito, pois pode escolher o devedor de maior capacidade financeira e maior patrimônio para ser acionado, bem como demandar todos eles, se preferir. → Solidariedade recíproca ou mista: multiplicidade simultânea de credores e de devedores, o código civil não estabeleceu regras sobre a solidariedade mista ou recíproca. Na vida prática, raramente se encontra um caso de solidariedade recíproca. Aplicam-se lhe as normas expressamente previstas para a solidariedade ativa e a solidariedade passiva, de cuja combinação é resultante. Art. 130: Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. Art. 125: Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. Espécies de Solidariedade Ativa ou de credores Passiva ou de devedores Recíproca ou mista Solidariedade ativa é a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e o devedor comum, em virtudeda qual cada um tem o direito de exigir deste o cumprimento da prestação por inteiro. Pagando o débito a qualquer um dos cocredores, o devedor se exonera da obrigação. Na solidariedade ativa, concorrem dois ou mais credores, podendo qualquer deles receber integralmente a prestação devida. O devedor libera-se pagando a qualquer dos credores que, por sua vez, pagará aos demais a quota de cada um. → Inconveniente da solidariedade ativa: é raro encontra-se hoje um caso de solidariedade ativa no mundo dos negócios, por oferecer alguns inconvenientes: o credor que recebe pode tornar-se insolvente; pode, ainda, não pagar aos consortes as quotas de cada um. → Aspectos positivos da solidariedade ativa: apesar das desvantagens que traz aos credores, oferece ao devedor a comodidade de poder pagar a qualquer um dos credores, à sua escolha, sem necessidade de procurar os demais. Porém, qualquer dos credores solidários pode reclamar o cumprimento integral da prestação, sem que o devedor possa arguir o caráter parcial do direito pleiteado pelo requerente. O devedor conserva-se estranho à partilha, não podendo pretender pagar ao postulante apenas uma parte, a pretexto de que teria de ser rateada entre todos a importância paga. Na conta bancária conjunta, encontra-se exemplo dessa espécie, por permitir que cada correntista saque todo o dinheiro depositado. Todos podem movimentar livremente a referida conta, conjunta ou separadamente. Cada correntista credor, pode, individualmente, sacar todo o numerário depositado, sem que o banco possa recusar-se a permitir o levantamento, exigindo a participação de todos. ● CARACTERÍSTICAS DA SOLIDARIEDADE ATIVA: → Cada credor pode, individualmente, cobrar a dívida toda: Isso não significa que o devedor tenha de pagar a mesma dívida mais de uma vez. Efetuado o pagamento integral a um dos credores, o devedor se exonera, devendo o credor contemplado prestar contas aos demais. O devedor não pode pretender pagar ao credor demandante apenas quantia equivalente à sua quota-parte, mas terá de pagar-lhe a dívida inteira. → O devedor comum pode pagar a qualquer credor: Enquanto não houver cobrança judicial, o devedor poderá pagar a qualquer um dos credores a sua escolha. Cessará esse direito de escolha na hipótese de um ou alguns deles ajuizarem ação de cobrança. O devedor só se libera pagando ao próprio credor que tomou a iniciativa. Não se exonerará, porém, se vier a pagar a qualquer outro cocredor, arriscando-se a pagar duas vezes. Caso haja o litisconsórcio ativo previsto no art. 113 e incisos do CPC, o pagamento deverá ser efetuado em juízo a todos os litisconsortes, em conjunto. ● DISCIPLINA LEGAL: → Falecimento de um dos credores solidários, deixando herdeiros: O dispositivo trata da denominada refração do crédito, tradicional critério que serve para distinguir a solidariedade da indivisibilidade. Os herdeiros do credor falecido não podem exigir a totalidade do crédito, e sim apenas o respectivo quinhão hereditário, isto é, a própria quota no crédito solidário de que o de cujus era titular juntamente com outros credores. Assim não acontecerá, todavia, nas hipóteses seguintes: ↳ Se o credor falecido só deixou um herdeiro; ↳ Se todos os herdeiros agem conjuntamente; ou ↳ Se indivisível a prestação. Em qualquer um desses casos, pode ser reclamada a prestação por inteiro. Para os demais credores, não acarreta para eles, nenhuma inovação com o óbito do consorte, permanece intacto em toda a plenitude e em qualquer hipótese, o vínculo da solidariedade, com todos os seus consectários. Ao herdeiro, isoladamente considerado, os direitos do falecido se transmitem pro parte. A regra não vai até a obrigação indivisível, a indivisibilidade é qualidade real da obrigação, por não ser esta suscetível de partilha, passando aos herdeiros a relação obrigacional com essa qualidade, fazendo com que cada um destes seja credor do total. Art. 267: Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. Art. 268: Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. Art. 270: Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. → Conversão da prestação em perdas e danos: Mesmo com a conversão em perdas e danos, a unidade da prestação não é comprometida. Liquidada a obrigação e fixado seu valor pecuniário, continua cada credor com direito de exigir o quantum total, tendo em vista que a solidariedade permanece, pois emana da vontade contratual ou da lei, que não foram alteradas, e não da natureza do objeto. → Oposição de exceções pessoais: Isto é, exceções pessoais que prejudicariam outros credores. Assim, por exemplo, se o devedor está sendo cobrado em juízo por um credor plenamente capaz, não pode alegar, em seu benefício e em detrimento daquele, defeito na representação ou assistência de outro credor solidário, pois tal exceção, sendo pessoal, só a este pode ser oposta. → Julgamento contrário a um dos credores solidários: A obrigação pode ter características diferentes para cada um dos cocredores, podendo, inclusive, vir a ser considerada inválida apenas em relação a um deles, sem prejuízo aos direitos dos demais. O julgamento contrário a um deles não impede que os demais acionem o devedor e cobrem dele o valor integral da dívida. ● EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA: É da essência da solidariedade ativa que o pagamento, por modo direto ou pelos modos indiretos equivalentes, feito a um dos credores produz a extinção do crédito para todos, e não simplesmente para aquele cujo respeito se houver realizado o fato liberatório. Do contrário, se os demais credores conservassem contra o devedor direito de crédito, apesar do pagamento feito a um deles, haveria mais de um pagamento integral da dívida, contrariando a própria definição da solidariedade, segundo a qual o devedor deve a muito, mas só deve uma vez, e os credores só têm a prestação por inteiro uma vez, não mais. O art. 269 deixa claro que não todo e qualquer pagamento feito a um dos credores, senão o integral, que produz a extinção total da dívida. O parcial a extingue somente “até o montante do que foi pago”. O mesmo pode-se dizer da novação e da remissão. Se o credor tem o direito de exonerar o devedor quando realmente recebe o pagamento, deve tê-lo também quando perdoa, inova ou compensa Quanto à confusão, operada na pessoa do credor ou devedor solidário (p. ex., caso o devedor se torne o herdeiro do credor). O que no crédito se extingue não é a totalidade, senão a quota-parte do credor, cuja pessoa veio a se confundir com a do devedor. Seria, com efeito, contrário ao escopo da solidariedade, que é a vantagem dos credores, permitir que o devedor pudesse opor em confusão, contra todos os credores solidários, um crédito que tem somente contra um deles. O que cabe ao devedor fazer é descontar do débito a parte devida àquele credor solidário que se tornou devedor. Quanto ao mais, a solidariedade subsiste. A dação em pagamento, validamente celebrada entre um dos credores solidários e o devedor, libera este para com aquele e para com os outros credores solidários, até o valor da coisa recebida. Dação em pagamento é o ato pelo qual o credor consente em receber coisa, que não seja dinheiro, em substituição da prestação que era devida. Conseguintemente, consentindo o accipiens (quem recebe) na datio in solutum (dação em pagamento), pago ficou, e a obrigação está extinta para os outros credores solidários. ● DIREITO DE REGRESSO: A prestação paga por inteiro pelo devedor comum, deve ser partilhada entre todos os credores, por aquele que a tiver recebido.Extinta a obrigação, quer pelo meio direto de pagamento, quer pelos meios indiretos, como novação, compensação, transação e remissão, responde o credor favorecido, perante os demais, pelas quotas que lhes couberem. Os cocredores podem tornar efetiva a divisão do benefício pelo exercício do direito de regresso, direto e imediato, contra o resgatante do crédito solidário, sendo tal direito uma das características fundamentais das obrigações solidárias. Se outra coisa não constar do título da obrigação, far-se-á a partilha em partes iguais. Nada impede, porém, que se convencione a diversidade de quinhões. A divisão deverá ser realizada ainda que o credor contemplado só tenha recebido parte do crédito, e não todo, impondo-se, em qualquer hipótese, o rateio. Se a obrigação for nula quanto a um dos cocredores, sua parte será deduzida do todo, ficando tal credor excluído do rateio. Art. 271: Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. Art. 273: A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Art. 274: O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. Art. 269: O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. Art. 383: A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade. Art. 272: O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. A solidariedade passiva consiste na concorrência de dois ou mais devedores, cada um com dever de prestar a dívida toda, qualquer dos devedores que nela concorrem, pode o credor exigir a totalidade da dívida. Na obrigação solidária passiva, cada devedor está obrigado à prestação na sua integralidade, como se tivesse contraído sozinho o débito. ● CARACTERÍSTICAS: Se quiser, poderá o credor exigir parte do débito de cada um dos devedores separadamente. → Principal característica: pode ser encontrada na manutenção da autonomia, a despeito da solidariedade. Para melhor compreensão, a solidariedade passiva deve ser analisada: ↪ Nas relações dos devedores com o credor (lado externo); ↪ Nas dos devedores entre si (lado interno). → Relações dos devedores com o credor: o conjunto de devedores se apresenta como se fosse um devedor único, pois dele pode o credor exigir a totalidade do crédito. Desse princípio, decorre: ↪ Que o credor pode dirigir-se à sua vontade contra qualquer um dos devedores e pedir-lhes toda a prestação (CC, art. 275); ↪ Que o devedor escolhido, estando obrigado pessoalmente pela totalidade, não pode invocar o beneficium divisionis (benefício da divisão) e, assim, pretende pagar só a sua quota ou pedir que sejam convencidos os coobrigados; ↪ Que uma vez, conseguida de um só toda a prestação, todos os outros ficam livres (CC, art. 277). → Relações dos devedores entre si: se encararmos a questão sob o aspecto interno, encontraremos vários devedores, uns responsáveis para com os outros. As obrigações de cada um são individuais e autônomas, mas se encontram entrelaçadas numa relação unitária, em virtude da solidariedade. Oferece ao credor a vantagem de desobriga-lo de uma ação coletiva e o põe a saldo de eventual insolvência de um dos devedores. A este facilita o crédito, dada a forte garantia que represente para o credor. A obrigação alimentar não é solidaria, mas divisível, porque a solidariedade não se presume. Não havendo texto legal impondo a solidariedade, ela é divisível, isto é, conjunta. Cada devedor responde por sua quota-parte. Havendo quatro filhos em condições de pensionar o ascendente, não poderá este exigir de um só deles o cumprimento da obrigação por inteiro. Se o fizer, sujeitar-se-á às consequências de sua omissão, por inexistir a hipótese litisconsórcio necessário, mas sim facultativo impróprio, isto é, obterá apenas ¼ do valor da pensão. ● DIREITOS DO CREDOR: → Principal efeito da solidariedade passiva: O principal efeito da solidariedade passiva consiste no direito que confere ao credor de exigir de qualquer um dos devedores o cumprimento integral da prestação. Trata-se de uma faculdade, e não de um deve ou de um ônus, pois pode o credor não usá-la ou usar dela apenas em parte, exigir o cumprimento de todos os devedores ou só de alguns deles uma parte apenas da dívida comum. Se o pagamento for integral, operar-se-á a extinção da relação obrigacional, exonerando-se todos os codevedores. Se, porém, for parcial e efetuado por um dos devedores, os outros ficarão liberados até a concorrência da importância paga, permanecendo solidariamente devedores do remanescente. → Chamamento dos demais devedores ao processo: O devedor demandado pela prestação integral pode chamar os outros ao processo, com fundamento nos arts. 130 e s. do CPC, não só para que o auxiliem na defesa, mas também para que a eventual sentença condenatória valha como coisa julgada por ocasião do exercício do direito de regresso contra os codevedores. Mesmo se forem vários os codevedores condenados, poderá o credor mover a execução contra apenas um deles, conforme o seu interesse, penhorando-lhe os bens. Sendo solidária a obrigação, os direitos de crédito aproveitam tanto ao credor originário como ao seu cessionário ou ao terceiro sub-rogado na sua posição, o fiador, por exemplo. Art. 275: O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. CPC, art. 130: É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. ● EFEITOS DA MORTE DE UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS: A morte de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade, que continua a onerar os demais codevedores. Na solidariedade passiva morto o devedor solidário, também com herdeiros, divide-se o débito e cada um só responde pela quota respectiva, salvo se a obrigação for igualmente indivisível. Mas, neste último caso, por ficção legal, os herdeiros reunidos são considerados como um só devedor solidário, em relação aos demais devedores. Se a obrigação for indivisível, cessa a regra que prevê o fracionamento, entre os herdeiros, da quota do devedor solidário falecido. Cada um será obrigado pela dívida toda. A exceção, imposta pela natureza do objeto da obrigação, que não pode ser prestado por partes, está em conformidade com os preceitos dos arts. 259 e 270 do Código Civil. ● RELAÇÕES ENTRE OS CODEVEDORES SOLIDÁRIOS E O CREDOR: → Consequências do pagamento parcial e da remissão: ↳ O pagamento parcial naturalmente reduz o crédito. Sendo assim, o credor só pode cobrar do que pagou ou dos outros devedores o saldo remanescente. Essa redução afeta a relação jurídica externa entre credor e devedores. Se ainda lhe fosse permitido cobrar a dívida inteira, haveria um enriquecimento indevido do credor. Há mudança também na relação jurídica interna entre os vários devedores, visto que o solvens se liberou e continua responsável pela quota do eventual insolvente. ↳ A remissão ou perdão pessoal dado pelo credor a um dos devedores solidários não extingue asolidariedade em relação aos codevedores, acarretando tão somente a redução da dívida, em proporção ao valor remitido. Dessa forma, o credor só estará legitimando a exigir dos demais devedores o seu crédito se fizer a dedução da parte daquele a quem beneficiou, ou seja: os codevedores não contemplados pelo perdão só poderão ser demandados com abatimento da quota relativa ao devedor perdoado, e não pela totalidade da dívida. Perderia o benefício se o credor pudesse exigir de outro devedor o total da dívida, porque o solvens ficaria com regresso contra o favorecido, pela parte a este correspondente nesse total cobrado. → Cláusula, condição ou obrigação adicional: Estabelece a ineficácia da estipulação adicional gravosa aos codevedores solidários que não participaram da avença. A ideia é a de que ninguém pode ser obrigado a mais do que consentiu ou desejou. Nas relações do credor com os devedores, segundo a doutrina, presume-se que estes, uns aos outros, deram mandato reciproco para se representar, cada codevedor é representante de todos e de cada um. Esse poder de representação não é ilimitado, os codevedores se representam em todos os atos tendentes à extinção ou conservação da dívida, à melhoria de condição em face do credor e não mais. Como resultado, nenhum dos devedores está autorizado a estipular, com o credor, cláusula, condição ou obrigação adicional que agrave a obrigação e piore a posição dos representados sem o consentimento destes. Consequentemente, se um dos devedores estipula com o credor, à revelia dos demais, cláusula penal, taxa de juros mais elevada ou outra vantagem, claro que semelhante estipulação será pessoal, restrita exclusivamente ao próprio estipulante, não podendo afetar, destarte, a situação dos demais devedores. → Renúncia da solidariedade: Como a solidariedade constitui benefício instituído em favor do credor, pode este dele abrir mão, ainda que se trate de vínculo resultante de lei. ↳ Renúncia absoluta – quando a renúncia é efetivada em prol de todos os coobrigados, denomina-se absoluta. Neste caso, não haverá mais solidariedade passiva, pois, cada coobrigado passará a dever pro rata, isto é, a responder somente por sua quota. Os devedores que eram solidários, passam a condição de devedores de obrigações únicas, distintas e separadas, sujeitos às regras comuns. Art. 276: Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. Art. 277: O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. Art. 388: A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida. Art. 278: Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. Art. 282: O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. ↳ Renúncia relativa – a renúncia operada em proveito de um ou de alguns devedores apenas intitula-se relativa. Ocorre quando o credor dispensa da solidariedade somente um ou outro devedor, conservando-a quanto aos demais. Assim procedendo, o credor divide a obrigação em duas partes: uma pela qual responde o devedor favorecido somente à sua quota, e outra a que se acham solidariamente sujeito aos outros. A renúncia relativa da solidariedade acarreta os seguintes efeitos em relação aos devedores a) Os contemplados continuam devedores, porém não mais da totalidade, senão de sua quota-parte no débito. b) Suportam sua parte na insolvência de seus ex- codevedores (CC, art. 283) Os não exonerados permanecem na mesma situação de devedores solidários. Contudo, o credor não poderá acioná-los senão abatendo no débito a parte correspondente aos devedores cuja obrigação deixou de ser solidária. A renúncia pode ser ainda expressa ou tácita. ↳ Renúncia expressa – resulta de declaração verbal ou escrita, posto não solene, em que o credor abre mão do benefício. ↳ Renúncia tácita– decorre de circunstâncias explícitas que revelem de modo inequívoco a intenção de arredar a solidariedade, como quando permite o credor que o solvens pague apenas sua quota, dando-lhe quitação, sem ressalva de exigir-lhe o restante. → Distinção entre renúncia da solidariedade e remissão da dívida: A renúncia ao benefício da solidariedade distingue-se da remissão da dívida. Com efeito, o credor que apenas renuncia a solidariedade continua sendo credor, embora, sem a vantagem de poder reclamar de um dos devedores a prestação por inteiro. Ao passo que o credor que remite o débito abre a mão de seu crédito, liberando o devedor da obrigação. ● IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO: Quando a prestação se torna impossível, faz-se mister apurar se a impossibilidade decorreu ou não de culpa do devedor. Em princípio, todo inadimplemento se presume culposo. Cabe ao inadimplente provar, para se exonerar, a impossibilidade da prestação decorrente do fortuito ou da força maior. Ambos constituem excludente responsabilidade civil. A hipótese tratada no art. 279 do Código Civil é da impossibilidade da prestação por culpa de apenas um dos devedores solidários ou quando a impossibilidade ocorreu durante a mora de um ou de alguns dos codevedores solidários. A solução legal é a de que todos os codevedores são responsáveis perante o credor pelo equivalente em dinheiro do animal. O culpado, porém, e só ele, responde pelas perdas e danos. ● RESPONSABILIDADE PELOS JUROS A ideia de que a responsabilidade decorrente da prática de atos eivados de culpa é pessoal e exclusiva. O devedor culpado responde aos codevedores solidários pela obrigação acrescida. Malgrado o retardamento culposo imputável somente a um devedor, respondem todos perante o credor pelas consequências da inexecução da obrigação, ressaltando-se, dentre elas, os juros da mora (CC, art. 407). ● MEIOS DE DEFESA DOS DEVEDORES Meios de defesa são os fundamentos pelos quais o demandado pode repelir a pretensão do credor, alegando que o direito que este invoca nunca existiu validamente ou, tendo existido, já se extinguiu ou ainda não existe. O artigo transcrito acima distingue a propósito, entre as exceções comuns (que aproveitam a todos os devedores) e as exceções pessoais (que apenas podem ser opostas a cada um deles). Exceções, no sentido legal, são as defesas propriamente ditas que o devedor solidário, acionado, pode alegar em contrário a pretensão do credor. Qualquer devedor demandado pode opor a defesa que tiver contra a própria obrigação, pode ataca-la alegando, por exemplo, prescrição, nulidade, extinção etc. Essas defesas ou exceções são chamadas de comuns, reais ou gerais. As exceções pessoais, que não atingem nem contaminam o vínculo dos demais devedores. Assim, um devedor que se tenha obrigado por erro só poderá alegar esse vício de vontade em sua defesa. Os outros devedores, que se obrigaram sem qualquer vício, não podem alegar em sua defesa a anulabilidade da obrigação porque o outro coobrigado laborou em erro. Art. 283: O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. Art. 279: Impossibilitando-se a prestaçãopor culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Art. 280: Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. Art. 281: O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor. ● RELAÇÃO DOS CODEVEDORES ENTRE ELES: A solidariedade existe apenas nas relações entre devedores e credor. Extinta a dívida, o que surge é um complexo de relações entre os próprios codevedores. Nessa nova fase, tudo o que importa é a apuração ou o rateio da responsabilidade entre os próprios codevedores, pois entre eles a obrigação é divisível. Resta tão somente partilhar entre todos a quota atribuída a cada um no débito extinto Os efeitos da solidariedade passiva decorrem de dois princípios: a) Unidade da dívida. b) Pluralidade de vínculos. Perante os credores, todos os devedores respondem pela dívida inteira. Entretanto, em face de seus consortes e da pluralidade de vínculos existentes, a obrigação já não é uma. O débito se divide e cada devedor responde apenas pela sua quota na dívida comum. Desse modo, a obrigação é solidária apenas na relação externa entre os devedores e o credor. Quem paga toda a dívida ao credor solve a sua parte e adianta a rata de seus consortes. Por essa razão, faz jus ao reembolso pela via regressiva. ● DIREITO DE REGRESSO: O legislador brasileiro optou pela corrente que vislumbra a hipótese de sub-rogação legal. Dispõe, com efeito, o art. 346, III do Código Civil que se opera a sub-rogação, de pleno direito, em favor do terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. As quotas dos codevedores presumem-se iguais. Nada impede, contudo, que sejam desiguais, pois a referida presunção é apenas relativa. Incumbe ao devedor, que pretende receber mais, o ônus da prova da desigualdade nas quotas, da mesma forma que compete tal encargo ao devedor acionado, que pretende pagar menos (CPC, art. 373, II). → Ação regressiva: O acerto entre os codevedores se faz por meio da ação regressiva. São pressupostos da referida ação: ↪ Que o devedor tenha satisfeito a dívida, o pagamento direito ou indireto, extingue a dívida e libera todos os devedores para com o credor. A simples exibição do título pelo devedor autoriza o regresso. ↪ Que o devedor tenha satisfeito a dívida por inteiro, admite-se, nas obrigações de trato sucessivo, o direito de regresso ao devedor que pagou as partes vencidas, pois satisfez toda a dívida cujo pagamento podia ser reclamado. Admite-se o mesmo direito a quem fez o pagamento parcial, estando a dívida vencida. → Insolvência de um dos codevedores: se um dos codevedores for insolvente, a parte da dívida correspondente será rateada entre todos os codevedores, inclusive os exonerados da solidariedade pelo credor (CC, art. 284). → Dívida solidária de interesse exclusivo de um dos devedores: Pode haver desigualdade das quotas de todos os coobrigados, mesmo que a dívida interesse exclusivamente a um dos devedores, ou seja, que o negócio jurídico que deu origem ao débito só diga respeito a um dos devedores. Por exemplo, A tem necessidade de obter um empréstimo. O banco exige a garantia de dois avalistas. O referido mutuário obtém o aval lançado a favor no título, dos amigos B e C, que se tornam devedores solidários, sendo o devedor A como embolsador da importância emprestada e único interessado. Se o único interessado paga a dívida inteira, nenhuma ação tem contra os codevedores não interessados, pois nada mais fez do que solver a sua obrigação. Se estes efetuam o pagamento, ficam sub-rogados no direito de credor e têm direito a se ressarcir, nos termos dos arts. 831 e 833 do Código Civil. ● INSOLVÊNCIA DE UM DOS CODEVEDORES SOLIDÁRIOS: A insolvência civil ocorre quando o valor das dívidas é superior ao valor dos bens e direitos do devedor. Ou seja, ocorre quando todos os bens e direitos do devedor, somados, são insuficientes para quitar as suas dívidas. O estado de insolvência de um dos credores solidários impede o procedimento do rateio de forma igualitária, determinando o acréscimo da responsabilidade dos codevedores para cobrir o desfalque daí resultante. A insolvência pode ser anterior, contemporânea ou posterior ao pagamento. Extinta a insolvência pela recuperação patrimonial do devedor que nela incidiu, cada um dos outros codevedores que arcaram com o prejuízo, pode repetir quanto pagou além da sua quota. Se todos os outros codevedores caírem em insolvência, pode o credor exigir do beneficiário da remissão o total da dívida. Art. 283: O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. Art. 346: A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. Art. 284: No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente..
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