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ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS

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EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE, ESTADO DE MINAS GERAIS
BRUNO SILVA, qualificado nos autos do processo número XXX, que lhe move o Ministério Público, por seu advogado in fine assinado, vem, à presença de Vossa Excelência, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS, com fulcro no art. 403, §3º, do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
I – DOS FATOS:
O réu foi denunciado como incurso nas penas do crime de furto (art. 155, caput, do Código Penal), porque supostamente teria subtraído um relógio avaliado em R$100,00 (cem reais) da vítima Bernardo.
Ocorre que, durante a instrução criminal, restou demonstrado que, no dia 10 de janeiro de 2020, o réu se encontrava no interior de um ônibus, quando encontrou um relógio caído ao lado do banco em que estava sentado.
Como o ônibus estava vazio, o réu pegou o relógio e colocou dentro de sua mochila, porém, nada informou ao motorista. Ocorre que, passados 15 minutos após guardar o relógio, Bernardo, ingressa no coletivo na companhia de um policial a procura de seu pertence que havia sido comprado por R$ 100,00 (cem reais). 
No caso, constatando que Bruno estava sentado no banco por ele antes utilizado, o policial revistou a mochila do réu e encontrou o relógio, sendo que, Bernardo narrou ao motorista do ônibus o ocorrido confirmando que o réu não estava no coletivo quando a vítima deixou o ônibus. 
E, durante a instrução processual, o policial que efetivou a prisão do acusado, a vítima, o motorista do ônibus e, ainda, o réu foram ouvidos e confirmaram os fatos acima narrados. 
Por fim, importante destacar que, foi juntado laudo de avaliação do bem, confirmando que o relógio está avaliado em R$ 100,00 (cem reais). 
Encerrada a instrução criminal, o Ministério Público, em seus memoriais, pediu a condenação do Réu nos termos da denúncia e, ainda, pleiteou que fosse reconhecido os maus antecedentes do réu, em razão da medida socioeducativa aplicada quando tinha 16 anos de idade.
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS:
Não merece acolhida o pleito acusatório, portanto, o réu deve ser absolvido à medida que inexiste o alegado crime de furto. 
É que, de acordo com o art. 155 do Código Penal configura furto a subtração de coisa alheia móvel. Porém, de acordo com a doutrina e jurisprudência a coisa perdida, conhecida como res desperdicta, em princípio, não pode ser objeto do crime de furto, pois ela não está na posse de outra pessoa para ser subtraída. 
E a subtração é necessária para a configuração do tipo penal, conforme destaca a doutrina e o art. 155 do Código: “O art. 155 do Código Penal prevê o delito de furto, isto é, a subtração patrimonial não violenta, com a seguinte redação: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”.
Porém, é importante destacar que, a coisa é considerada perdida quando está em local público ou de uso público, como efetivamente ocorreu com o relógio da suposta vítima uma vez que o réu encontrou o bem no chão do interior do coletivo tendo guardado em sua mochila, tanto que, a vítima sequer estava no interior do ônibus quando o réu nele ingressou.
Com isso, não há que se falar em subtração! 
Portanto, em tese, quando uma pessoa se apodera de uma coisa perdida poderá, no máximo, restar configurado o crime de apropriação de coisa achada, previsto no art. 169, inciso II, do Código Penal. 
Contudo, na hipótese, nem mesmo é possível a desclassificação e condenação do réu para esse delito, mas tão somente sua absolvição, pois ausente uma das elementares para configuração do crime de apropriação de coisa achada previsto no art. 169, inciso II, do Código Penal. 
Isso porque o crime de apropriação de coisa achada somente se configura após o agente não restituir a coisa apropriada ao dono ou ao legítimo possuidor após 15 dias. Portanto, se trata de infração penal conhecida como delito a prazo, vejamos:
Art. 169 [...] II – quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
Neste sentido, a doutrina, ao destacar que: 
“O Código Penal determina, contudo, que essa devolução ocorra no prazo de 15 dias. Portanto, se o agente for surpreendido com a coisa perdida ainda no prazo legal, não se poderá concluir pelo delito de apropriação de coisa achada, visto que, para a sua configuração, deverá ter decorrido o prazo estipulado pela lei penal. O reconhecimento da infração penal, outrossim, está condicionado ao decurso do prazo legal. Antes dele, mesmo já existindo no agente a vontade de se apropriar da coisa, o fato será atípico” Greco, Rogério. Código Penal Comentado. Disponível em: Minha Biblioteca, (15th edição). Grupo GEN, 2021”.
E, como o réu havia pegado o relógio poucos minutos antes, não estava configurado o delito do art. 169, inciso II, do Código Penal, pois ele ainda poderia decidir por devolver o bem ao seu proprietário ou na Delegacia dentro do prazo previsto em lei. 
Por outro lado, de acordo com o princípio da eventualidade, caso o magistrado entenda que houve subtração e, portanto, crime de furto, de rigor, seja reconhecida a sua atipicidade material por força do princípio da insignificância, eis que bastante reduzido o valor da coisa subtraída, pois, consiste em menos de 10% do salário mínimo, aproximadamente.
E, de acordo com a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, para aferir a relevância do dano patrimonial, leva em consideração o salário mínimo vigente à época dos fatos, considerando irrisório o valor inferior a 10% do salário mínimo (STJ, HC 471.229/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª T., DJe 1º/03/2019).
Por outro lado, ainda com base na subsidiariedade, caso o magistrado não reconheça a insignificância, a pena a ser aplicada ao réu, no caso, deve ser a pena mínima. 
É que, apesar do agente ter praticado ato infracional aos 16 (dezesseis) anos com a imposição de medida socioeducativa, de acordo com a jurisprudência, referido fato não pode ser valorado negativamente, ou seja, como maus antecedentes na dosimetria da pena. 
Portanto, incontroverso que, o réu é primário e de bons antecedentes, pois, o fato de já ter sido punido com medida socioeducativa pela prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico não permite o reconhecimento de maus antecedentes ou qualquer outra circunstância judicial desfavorável. 
Além disso, na determinação da pena intermediária, se faz necessário reconhecer a atenuante decorrente da menoridade relativa, com base no art. 65, inciso I, do CP, uma vez que réu era menor de 21 anos na data dos fatos.
Já na terceira fase de aplicação da reprimenda penal, o magistrado deve reconhecer o furto privilegiado uma vez que o réu é primário e a coisa furtada se trata de um bem de pequeno valor, já que o relógio foi adquirido pela quantia de R$ 100,00 (cem reais) apenas. 
Com isso, possível que o magistrado aplique, ao réu, as medidas previstas no art. 155, §2º, do Código Penal, quais sejam, substituição da pena de reclusão pela de detenção, a diminuição de 1/3 a 2/3 da reprimenda penal ou, ainda, a aplicação somente da pena de multa. 
No caso, havendo a aplicação de pena privativa de liberdade, de rigor, seja determinada a substituição desta por uma restritiva de direitos à medida que restaram preenchidos os requisitos legais do art. 44 do Código Penal, quais sejam: a pena privativa de liberdade não é superior a quatro anos e o crime não foi cometido com violência e grave ameaça; o réu não é reincidente e a sua culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade e as circunstâncias do crime indicam a substituição. 
Por fim, não sendo deferida a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, por entender não preenchidos seus requisitos legais, deve o magistrado conceder a suspensão condicional da pena, na forma do art. 77 do Código Penal.
III – DOS PEDIDOS:
Diantedo exposto, requer: 
1. a total improcedência do pedido condenatório com a absolvição do réu, nos termos do art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal, por não restar configurado o crime de furto e, subsidiariamente, em razão da aplicação do princípio da insignificância ou bagatela, nos moldes insertos na fundamentação, por ser imperativo da lei e medida de justiça!
2. subsidiariamente, caso o magistrado não acolha o pedido de absolvição do réu, de rigor, a aplicação da pena base no mínimo legal e, ainda, seja reconhecida a atenuante decorrente da menoridade, nos termos do art. 65, inciso I, do Código Penal. 
3. Cabível, ainda, seja aplicado a forma privilegiada do furto, prevista no art. 155, §2º do Código de Penal com a respectiva aplicação dos benefícios legais previstos no §2º do art. 155, quais sejam, substituição da pena de reclusão pela de detenção, a diminuição de 1/3 a 2/3 da reprimenda penal ou, ainda, a aplicação somente da pena de multa.
4. Por fim, de rigor, seja deferida substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nos moldes do art. 44 do Código Penal ou, subsidiariamente, suspensão condicional da pena em consonância com o art. 77 do Código Penal. 
Termo em que, 
Pede deferimento
Cidade/Estado, ... de ... de ....
Advogado
OAB nº ...
EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL 
DA COMARCA DE BELO HORIZONTE, ESTADO DE MINAS GERAIS
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRUNO
 
SILVA
, qualificado nos autos do processo número XXX, que 
lhe move o Ministério Público, por seu advogado 
in fine
 
assinado, vem, à 
presença de Vossa Excelência, apresentar 
ALEGAÇÕES FINAIS SOB A 
FORMA DE MEMORIAIS
, com fulcro no art.
 
403, §3º, do Código de Processo 
Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
 
 
I 
–
 
DOS FATOS:
 
 
O réu foi denunciado como
 
incurso nas penas do crime de furto (art. 
155, 
caput
, do Código Penal), porque supostamente teria subtraído um relógio 
avaliado em R$100,00 (cem reais) da vítima Bernardo.
 
 
Ocorre que, durante a instrução criminal, 
restou demonstrado que, no 
dia 10 de jan
eiro de 2020, o réu se encontrava no interior de um ônibus, 
quando encontrou um relógio caído ao lado do banco em que estava sentado.
 
 
Como o ônibus estava vazio, o réu pegou o relógio e colocou dentro de 
sua mochila, porém, nada informou ao motorista. Oco
rre que, passados 15 
minutos após guardar o relógio, Bernardo, ingressa no coletivo na companhia 
de um policial a procura de seu pertence que havia sido comprado por R$ 
100,00 (cem reais). 
 
 
No caso, constatando que Bruno estava sentado no banco por ele 
an
tes utilizado, o policial revistou a mochila do réu e encontrou o relógio, 
sendo que, Bernardo narrou ao motorista d
o
 
ônibus o ocorrido confirmando 
que o réu não estava no coletivo quando a vítima deixou o ônibus. 
 
 
E, durante a instrução processual, o pol
icial que efetivou a prisão do 
acusado, a vítima, o motorista do ônibus
 
e, ainda, o réu
 
foram ouvidos e 
confirmaram os fatos acima narrados. 
 
 
Por fim, importante destacar que, foi juntado laudo de avaliação do 
bem, confirmando que o relógio está avaliado em R$ 100,00 (cem reais). 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL 
DA COMARCA DE BELO HORIZONTE, ESTADO DE MINAS GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRUNO SILVA, qualificado nos autos do processo número XXX, que 
lhe move o Ministério Público, por seu advogado in fine assinado, vem, à 
presença de Vossa Excelência, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A 
FORMA DE MEMORIAIS, com fulcro no art. 403, §3º, do Código de Processo 
Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
 
I – DOS FATOS: 
 
O réu foi denunciado como incurso nas penas do crime de furto (art. 
155, caput, do Código Penal), porque supostamente teria subtraído um relógio 
avaliado em R$100,00 (cem reais) da vítima Bernardo. 
 
Ocorre que, durante a instrução criminal, restou demonstrado que, no 
dia 10 de janeiro de 2020, o réu se encontrava no interior de um ônibus, 
quando encontrou um relógio caído ao lado do banco em que estava sentado. 
 
Como o ônibus estava vazio, o réu pegou o relógio e colocou dentro de 
sua mochila, porém, nada informou ao motorista. Ocorre que, passados 15 
minutos após guardar o relógio, Bernardo, ingressa no coletivo na companhia 
de um policial a procura de seu pertence que havia sido comprado por R$ 
100,00 (cem reais). 
 
No caso, constatando que Bruno estava sentado no banco por ele 
antes utilizado, o policial revistou a mochila do réu e encontrou o relógio, 
sendo que, Bernardo narrou ao motorista do ônibus o ocorrido confirmando 
que o réu não estava no coletivo quando a vítima deixou o ônibus. 
 
E, durante a instrução processual, o policial que efetivou a prisão do 
acusado, a vítima, o motorista do ônibus e, ainda, o réu foram ouvidos e 
confirmaram os fatos acima narrados. 
 
Por fim, importante destacar que, foi juntado laudo de avaliação do 
bem, confirmando que o relógio está avaliado em R$ 100,00 (cem reais).

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