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Circulação dos membros superiores Irrigação Arterial: a principal artéria a fornecer sangue para o membro superior é a artéria subclávia. O tronco da artéria subclávia é contínuo ao longo de todo o membro superior. Durante o seu trajeto, a artéria muda de nome, dependendo da região em que se encontra. Assim, as principais artérias nomeadas do membro superior são: a artéria subclávia, a artéria axilar, a artéria braquial e as artérias ulnar e radial. • Artérias do ombro: o Artéria Axilar: principal artéria do ombro, se origina da subclávia na margem lateral da primeira costela e entra na região do ombro. Ela fornece sangue para o ombro e para o braço por meio de seus seis ramos, que se originam do tronco da artéria; o Artéria Torácica Superior: está na primeira porção da axilar, irriga alguns músculos do cíngulo escapular, como o subclávio, parte do serrátil anterior e peitorais; o Artérias Toracoacromial e Torácica Lateral: estão na segunda porção da axilar, posteriores ao músculo peitoral menor, irrigam o peitoral menor, intercostais e outras estruturas da porção lateral do tórax; o Artérias Subescapular, Circunflexa Umeral Superior e Posterior: estão na terceira porção da axilar. A subescapular irriga a escápula e produz ramos que irrigam a parte posterior da escápula. As circunflexas circulam o colo cirúrgico do úmero e anastomosam-se, irrigam músculos da região do ombro e da cabeça do úmero. ] • Artérias do braço: o Artéria Braquial: é a principal artéria do braço, que continua a partir da artéria axilar na margem inferior do músculo redondo menor. Em seu trajeto origina ramos, sendo a Artéria Braquial Profunda o principal deles; o Artéria Braquial Profunda: principal ramo da braquial, segue posteriormente ao corpo do úmero e termina dividindo-se em Artérias Ulnar e Radial; o Artérias Nutridora do Úmero, Colaterais Ulnares Superior e Inferior: outros ramos da braquial profunda. • Artérias do antebraço: o Artéria Radial: se origina da braquial no ápice da fossa cubital, desce na parte lateral do antebraço (mesmo lado do polegar). Emite ramos ao longo de seu trajeto. o Artéria Recorrente Radial: supre os músculos braquirradial e braquial, participa das anastomoses periarticulares do cotovelo, e, por fim, une- se a artéria colateral radial (citada anteriormente como ramo da artéria braquial); o Ramos Carpais Palmar e Dorsal: contribuem à formação dos arcos carpais; o Ramos Musculares: irrigam os músculos anterolaterais dos compartimentos flexores e extensores. o Artéria Ulnar: possui um trajeto que segue o lado medial em posição anatômica. Também emite ramos ao longo de seu trajeto. o Artérias Recorrentes Ulnares Anterior: suprem os músculos braquial e pronador redondo; o Artérias Recorrentes Ulnares Posterior: que fazem parte das anastomoses periarticulares do cotovelo; o Artéria Interóssea Comum: dá origem a outros ramos; ▪ Artérias Interósseas Anterior: irriga os músculos do terço médio posterior, onde a artéria interóssea posterior não alcança, e a membrana interóssea; ▪ Artéria Interóssea Posterior: importantíssima para irrigação do terço médio posterior, como os músculos extensores superficiais e profundos. • Artérias da mão: as artérias radial e ulnar terminam na mão, se anastomosando uma com a outra. o A artéria radial supre principalmente o polegar e a face lateral do dedo indicador, enquanto a artéria ulnar supre o lado medial do dedo indicador e os demais dedos; o Arco Palmar Superficial: passa pela palma da mão e é formado principalmente pela Ulnar, e por uma pequena porção do ramo superficial da Radial; o Arco Palmar Profundo: é formado principalmente pela Radial, e por uma pequena porção do ramo palmar profundo da Ulnar. o Artérias Metacarpais Palmares, Digitais Palmares Comuns e Digitais Próprias: são formadas pelos arcos palmares e são responsáveis por irrigar as mãos e os dedos. Drenagem dos membros inferiores: é realizada por veias superficiais e profundas. • Veias Superficiais: digital, metacarpiana, cefálica, basílica e mediana ou intermédia. o Veia Cefálica: segue lateralmente por todo o membro superior, comunica-se com a Veia Basílica por meio da Veia Intermédia do Cotovelo, e em sua porção final atravessa o Trígono Clavipeitoral e une-se à Veia Axilar; o Veia Basílica: segue medialmente e superficialmente em todo o membro superior, e em sua porção final afunda-se e passa seguir paralela à Artéria Braquial, se unindo à Veia Axilar. • Veias Profundas: originam-se do Arco Venoso Profundo (união das Digitais e Metacarpais), seguem o curso das artérias, geralmente estão dispostas em pares, estando situadas em cada lado das artérias correspondentes, fazendo conexões umas com as outras. Por fim, as veias se unem e se tornam a Veia Axilar, e posteriormente, a Subclávia. o Veias Radiais: são menores que as Veias Ulnares, e recebem as Veias Carpais Dorsais; o Veias Ulnares: recebem tributárias dos Arcos Venosos Profundos e se comunicam com as veias superficiais no pulso. ▪ Próximo ao cotovelo elas recebem as veias interósseas palmar e dorsal e ▪ enviam um grande ramo comunicante (veia profunda) para a veia mediana cubital. o Veias Braquiais: estão dispostas uma em cada lado da Artéria Braquial, recebendo tributárias correspondentes aos ramos desse vaso. Perto da borda do m. subescapular ela se une à Veia Basílica para tornar- se a Veia Axilar; o Veia Axilar: é uma continuação da Veia Basílica, que, semelhante a artéria, se divide em 3 partes e recebe tributárias, é a única que não é dupla. Diferenças entre o rompimento de artérias e veias: • Em artérias: saída de grande quantidade de sangue e em alta velocidade, o que torna esse tipo de lesão muito grave, visto que a pressão nas artérias é extremamente alta. Sangue com coloração vermelha viva. • Em veias: sangramento menos intenso do que nas artérias, pois a pressão venosa é menor, o que torna esse tipo de lesão menos grave. Porém, se o sangramento for contínuo por muito tempo pode ser perigosa. Sangue com coloração mais escura; • Em capilares: saída de pouco sangue, em baixíssima velocidade, pois a pressão nos capilares é pequena. Sangue com coloração menos viva do que da artéria. Traumas vasculares: causados pelo rompimento de veias ou artérias, e leva à hemorragia. • Trauma contuso: quando o agente que provocou o rompimento não penetra no corpo, como em acidentes de trânsito; • Trauma penetrante: quando o agente responsável pelo rompimento penetrou no corpo, como ferimentos com faca ou outros objetos pontiagudos. Mecanismos de compensação (homeostáticos): é o processo pelo qual o organismo mantém constantes as condições internas necessárias para a vida, ou seja, previnem variações fisiológicas nos organismos. • A perda de volume circulante, sangue, plasma e líquido, gera no organismo resposta compensatória de estímulo simpático, à medida que os receptores de volume do átrio direito e das grandes veias detectam menor retorno venoso ao coração. • Reflexo Barorreceptor: tenta restaurar a Pressão arterial paraseu valor prefixado em questão de segundos. o O que são Barorreceptores: são sensores de pressão, localizados nas paredes do seio carotídeo e do arco aórtico. o Função: eles transmitem informações sobre a pressão arterial aos centros vasomotores cardiovasculares no tronco encefálico. o Barorreceptores na variação de pressão: ▪ Barorreceptores do seio carotídeo: são reativos aos aumentos e diminuições de pressão, levam informações por meio do nervo do seio carotídeo; ▪ Barorreceptores do arco aórtico: são reativos principalmente aos aumentos de pressão, levam informações por meio do nervo vago; ▪ O aumento da pressão arterial causa estiramento dos barorreceptores, fazendo com que transmitam sinais ao SNC. Sinais de “feedback” são então enviados de volta pelo sistema nervoso autônomo para a circulação, reduzindo a pressão arterial até seu nível normal. o Efeitos finais da ação dos barorreceptores: ▪ Vasodilatação das veias e das arteríolas; ▪ Diminuição da frequência cardíaca e da força da contração; ▪ Aumento da frequência cardíaca; ▪ Diminuição da pressão arterial devido à redução da resistência periférica e do débito cardíaco; ▪ Ao contrário, a baixa pressão tem efeitos opostos, provocando a elevação da pressão. • Sistema Renina-Angiotensina- Aldosterona: regula a Pressão arterial mais lentamente, agindo principalmente sobre o volume sanguíneo. o Função: manter a pressão arterial equilibrada e garantir o balanço hídrico do organismo, ou seja, a quantidade de água e sódio que o organismo deve manter ou eliminar, lembrando que o sódio é o principal mineral envolvido no controle da pressão arterial. o Etapas da ação desse sistema: ▪ Conversão da pro-renina em renina: quando acontece uma queda da pressão arterial também ocorre uma redução da perfusão renal. Essa reação é captada pelos receptores que estão presentes nas arteríolas conectadas aos rins. Então, inicia- se a conversão da Pró-renina em Renina. É a estimulação dos nervos renais que aumenta a secreção da renina pelas células. ▪ Liberação de Angiotensina I: quando a renina está presente no plasma sanguíneo, ela atua na conversão de Angiotensinogêni o em Angiotensina I, que tem uma atividade biológica mais baixa; ▪ Conversão da Angiotensina I em II: entra em ação uma outra enzima, localizada predominanteme nte nos rins chamada de Conversora de Angiotensina (ECA), desencadeando uma reação catalisadora que converte a angiotensina I em Angiotensina II; ▪ Liberação da Aldosterona: o hormônio vasoconstritor (angiotensina II) atua nas glândulas suprarrenais fazendo com que haja secreção de aldosterona, hormônio responsável por atuar nas células dos rins, incentivando o aumento da reabsorção de sódio (diminuição da excreção de sal e água). Com isso, há um aumento da quantidade de líquido dentro dos vasos sanguíneos com objetivo de corrigir os níveis de PA; ▪ Estímulo renal direto: a angiotensina II, além de estimular a troca de sódio e hidrogênio nos rins, também estimula a retenção de sódio e bicarbonato; ▪ Aumento da sede e ação antidiurética: a angiotensina II estimulará o hipotálamo a aumentar a sensação de sede, para que a pessoa seja incentivada a beber água. Ao mesmo tempo, ocorre o estímulo da secreção do Hormônio Antidiurético (ADH) para que o organismo retenha mais água ingerida ou produzida pelo metabolismo; ▪ Vasoconstrição: a angiotensina II também vai estimular uma redução do diâmetro dos vasos sanguíneos, o que é responsável por aumentar a resistência periférica e o retorno venoso, aumentando a PA. o Resumo: • Quando a pressão arterial cai (no caso da pressão sistólica, para 100 mm Hg ou menos), os rins liberam a enzima renina na corrente sanguínea. • A renina se divide o angiotensinogênio, uma grande proteína que circula na corrente sanguínea, em partes. Uma parte é a angiotensina I. • A angiotensina I, que se mantém relativamente inativa, é dividida em partes pela enzima de conversão da angiotensina (ECA). Uma parte é a angiotensina II, um hormônio que é muito ativo. • A angiotensina II faz com que as paredes musculares das pequenas artérias (arteríolas) se contraiam, aumentando a pressão arterial. A angiotensina II também provoca a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas adrenais e da vasopressina (hormônio antidiurético) pela hipófise. • A aldosterona e a vasopressina fazem com que os rins retenham sódio (sal). A aldosterona também faz com que os rins excretem potássio. O aumento de sódio faz com que a água seja retida, aumentando, assim, o volume de sangue e a pressão arterial. Como avaliar a gravidade de uma hemorragia: ▪ Hemorragia classe I: o Perda de volume sanguíneo de até 15%; o FC minimamente elevada; o Nenhuma alteração na PA e na FR; o Em pacientes saudáveis não há necessidade de transfusão de sangue, pois o corpo compensará o volume sanguíneo em até 24h. ▪ Hemorragia classe II: o Perda de volume sanguíneo de 15 a 30%; o Há taquicardia, taquipneia, pressão de pulso diminuída; o PA normal; o Pele pode estar fria e úmida e o enchimento capilar pode estar lento; o Paciente hostil ou ansioso; o Há necessidade de estabilização do paciente por meio de soluções cristaloides, e alguns podem precisar de transfusão. ▪ Hemorragia classe III: o Perda de volume sanguíneo de 31 a 40%; o Queda na PA; o Alteração no estado mental; o Elevação na FC e na FR; o Redução do débito urinário; o Hemorragia grave, maioria dos pacientes necessita de concentrado de hemácias e produtos sanguíneos para reverter estado de choque. ▪ Hemorragia classe IV: o Perda de volume sanguíneo de mais de 40%; o Queda significativa na PA; o Alteração grave no estado mental; o A maioria dos pacientes é hipotensa (PAS menor que 90mmHg); o Pressão de pulso bem reduzida; o Taquicardia de mais de 140 bpm; o Diurese muito reduzida ou ausenta; o Pele fria e pálida; o Há necessidade de transfusão rápida e intervenção cirúrgica imediata. Como prevenir acidentes de trabalho: ▪ EPIs: é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde. o Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares; o Proteção respiratória: máscaras e filtro; o Proteção visual e facial: óculos e viseiras; o Proteção da cabeça: capacetes; o Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes; o Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas; o Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões. O que fazer em caso de sangramento dos braços e pernas: tentar estancar a hemorragia, utilizando um dos métodos abaixo: • Compressão direta: é feita uma pressão direta sobre a ferida, usando um pano limpo ou curativo. Mantenha até que ocorra a coagulação. A interrupção precoce dessa manobra pode remover o coágulo recém-formado, reiniciando o sangramento; • Elevação do membro: consiste em elevar o membro afetado acima do nível do tórax, normalmente usado em combinação com a compressão direta para controlar a hemorragia de uma extremidade; • Compressão indireta (pontos de pressão): é feita usando uma pressão da mão do socorrista para comprimir uma artéria, distante do ferimento. Este procedimento é executado frequentemente na artéria braquial e femoral; • Torniquete: aplicartorniquete somente quando existir amputação traumática do braço ou da perna, com sangramento abundante e que não tenha respondido às técnicas anteriores, ou se os centros médicos estiverem a mais de 30 minutos de distância. Referências: • Tratado de Fisiologia Médica- Guyton; • Anatomia Sistêmica e Segmentar- Dangelo e Fattini; • Artigo de Revisão: “Choque Hemorrágico: Fisiopatologia e Reposição Volêmica”- Revista Brasileia de Anestesiologia, 1999.