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Protozoários cavitários e suas protozoonoses O que é um protozoário? Organismos eucariontes unicelulares Habitat: águas doces e salgadas; o solo e hospedando plantas e animais na forma de parasitos; Podem movimentar-se por cílios, flagelos, pseudópodos. Seres com morfologia e comportamentos distintos: fotossintéticos, detritívoros (Saprotróficos) ou carnívoros (parasitos) Na condição de parasitos, são patógenos Alguns não possuem nem mitocôndrias e nem cloroplastos A ameba gigante, Pelomyxa palustris, em vez de mitocôndrias, possui bactérias que respiram por elas Se multiplicam por fissão binária (mitose e meiose podem ocorrer sem separação da membrana e formação de novas células) Alguns contem macronúcleo e micronúcleo Não possuem parede celular Clasisficação dos Protozoa segundo as estruturas locomotoras que apresentam Filo Estrutura locomotora Representantes Sarcomastigophora Flagelos ou pseudópodos Giardia Ameba Ciliata Cílios Paramécio (Não patogênico) Sporozoa Sem estrutura locomotora evidentes (óbvias) Plasmodium, Plasmodium vivax Classificação taxonômica dos protozoários Pertencem ao Reino Protozoa Espécies identificadas Brusca & Brusca (2007) – 80 mil espécies Hickmann et al. (2004) – 64 mil Ruppert et al. (2005) – 215 mil “Ameba” fagocitando Paramecium spp. através dos pseudópodos Protozários patógenos podem ser cavitários, urigenitais e sanguíneos o teciduais. Podem ainda serem disseminados. Podem ou não terem vetores que atuam na sua transmissibilidade. Protozoários patógenos Cavitários ou intestinais e Urogenitais Protozoários cavitários são aqueles que hospedam e parasitam cavidades de animais humanos e não humanos: intestinais e urogenitais. São enquadrados entres os protozoários cavitários os seguintes: Giardia spp. (Giardíase) => intestinal Entamoeba spp. (Amebíase) => intestinal Trychomonas spp. (Tricomoníase) => urogenital Criptosporidium Sistemas acometidos por protozoários cavitários e urogenitais Transmitidos por ingestão de alimento, água ou outra fonte contaminada Transmitidos por via sexual e compartilhamento de roupas íntimas Apresentam em comum as seguintes características Se locomovem por flagelos ou Pseudópodos Apresentam duas fases do ciclo de vida: trofozoítos e cistos Cistos – Infectante. fase de resistência e contém revestimento de quitina em torno da membrana. Organelas são duplicadas, podendo chegar a 4 núcleos. Trofozoítos – fase vegetativa, adulta, parasitária - realiza as atividades parasitárias no hospedeiro. Para sua formação, o cisto precisa passar pelo estômago. Ameba e Giardia são parasitos cavitários intestinais Tricomonas é um parasito urogenital Giardíase e Giardia spp. Giardia spp. Estrutura da célula de Giardia spp Lembrando que a Giardia que afeta a espécie humana é chamada de Giardia duodenalis, Giardia lamblia ou Giardia intestinalis. Todos esses nomes são sinonímias, ou seja, são usados para se refererir ao mesmo parasito. Giardia – principais características protozoário microaerófilo que coloniza o trato intestinal de hospedeiros vertebrados Não possui mitocôndria. Em vez disso, possui mitossoma. Fermentadores. Apesar disso, os trofozoítos consomem oxigênio, necessitando de mecanismos de detoxificação Utiliza glicose e armazena glicogênio O ciclo evolutivo se dá em dois estágios: forma cística (forma de resistência e infectante) e forma trofozoítica ma adulta parasitária) Infestação depende da passagem pelo estômago (acidez quebra o revestimento de quitina do cisto através da abertura dos microporos) Giardia – espécies e seus parasitos O gênero Giardia pode ser dividido em três espécies: Giardia duodenalis = Giardia llamblia = Giardia intestinalis, presente nos mamíferos, pássaros e répteis; Giardia muri presente nos roedores, pássaros e répteis e Giardia agilis parasitando anfíbios. Alguns estudos com microscopia eletrônica propõem a existência de mais duas espécies: G. pisittaci e G. ardeae, detectadas em papagaios e garçareal-azul. (GUIMARÃES; SOGAYAR; FRANCO, 1999). Giardia – ciclo de vida 1 - Ingestão, 2 - Desencistamento, digestão no estômago (pH ácido) 3 – Desencistamento – digestão completa-se no duodeno e jejuno. Cada cisto maduro libera um forma oval com 8 flagelos e denominado excitozoíto. Cada excitozoíto sofre duas divisões nucleares sem replicação de material genético. Depois, este organismo divide-se e origina quatro trofozoítos binucleados. 4 - Os trofozoítos multiplicam-se por divisão binária e então, colonizam o intestino, onde permanecem aderidos à mucosa por meio do disco adesivo. 5 - O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio externo junto com as fezes do hospedeiro. Ciclo da Giardia spp. O Ciclo biológico da Giardia é direto ou Monoxeno. Monoxenos ou Monogenéticos são parasitas que realizam seu ciclo de vida em um único hospedeiro. Isto é, a fase de reprodução e desenvolvimento ocorre em somente um animal, não sendo necessário que esse seja repassado a outro individuo. A reprodução do parasito é, em geral assexuada. Giardíase é uma doença caracterizada por diarréia aguda e crônica, que ocorre tanto em animais como em seres humanos. Giardia spp. é um gênero de extrema importância, devido ao seu alto poder zoonótico. O seu diagnóstico não pode ser feito de acordo com seu hospedeiro, devido aos vários genótipos encontrados através de estudos mais aprofundados quanto a sua biologia molecular. O objetivo do presente trabalho é esclarecer quais são os melhores métodos de diagnósticos, principais métodos em biologia molecular, suas vantagens e desvantagens Giardia - diagnóstico Existem vários métodos para o diagnóstico de Giardia, e a escolha varia de acordo com a sensibilidade e a especificidade desejada. O diagnóstico pode ser feito pela visualização direta dos cistos nas amostras de fezes (HUBER, 2003) ou pela visualização de trofozoítos que podem ser encontrados nos exames coprológicos diretos, porém como são muito frágeis, serão encontrados em casos de fezes diarréicas (DRYDEN, 2006). Os testes indiretos de diagnósticos estão sendo mais difundidos devido a sua alta sensibilidade e os mais utilizados são os testes de imunoabsorção de antígenos parasitários solúveis, tais como ELISA (HUBER, 2003) e PCR real time (GUY, 2004; BRINKMAN, 2006; VERWEIJ, 2003; SCHUURMAN, 2007). Amebíase e Entamoeba histolytica AMEBÍASE É a infecção produzida por um protozoário. Sua importância decorre de ter uma distribuição geográfica de amplitude mundial. Agente etiológico: Entamoeba histolytica (patogênica); Entamoeba dispar (não patogênica). Habitat: Intestino grosso. Antroponose (homem); Ciclo monoxeno; Ciclo de vida inclui 03 formas: trofozoíto - pré-cisto – cisto. Entamoeba hystolitica - Morfologia Trofozoítos: Formato irregular; Tamanho de 10 a 60μm; Contém 01 núcleo; Endossomo (também conhecido como cariossomo); Hemácias seu interior; Divisão assexuada por fissão binária simples. Entamoeba hystolitica – Ciclo de Vida Cistos: São esféricos ou ovais; Tamanho de 10 a 20μm; Podem conter de 01 a 04 núcleos. Entamoeba hystolitica - TRANSMISSÃO Transmissão direta: se dá por ingestão de cistos via fecal-oral. Transmissão indireta: acontece pela ingestão de água ou alimentos contaminados com material fecal. Entamoeba hystolitica - Ciclo biológico O ciclo de vida é monoxênico e relativamente simples: Fezes humanas com cistos contaminam água e alimentos; Ingestão via oral dos cistos; Passagem pelo estômago; Ocorre o desencistamento no intestino delgado; Os trofozoítos colonizam o intestino grosso, podendo viver como: a) comensal: aderidos à mucosa intestinal, se alimentando de bactérias e detritos; b) parasita: agressivo e invasivo para a mucosa intestinal ou determinando a amebíase extra-intestina, que, por migração, invade outros tecidos e órgãos (fígado, pulmões, cérebro etc.); Os trofozoítos se destacamda mucosa e se encistam; Eliminação dos cistos junto com as fezes. Entamoeba hystolitica - Patogenia Aproximadamente 90% dos indivíduos (assintomáticos). 10% dos infectados desenvolverão a doença; A amebíase é a quarta causa; Há indivíduos que podem desenvolver também amebomas (ulcerações). Amebíase extra-intestinal. AMEBÍASE EXTRA-INTESTINAL Colite Amebiana; Hemorragia; Perfuração (peritonite); Apendicite; Tiflite; Amebíase Hepática; Amebíase Pleuropulmonar e de Outros Órgãos. Entamoeba hystolitica - DIAGNÓSTICO Baseia-se na pesquisa de formas parasitárias (cistos ou trofozoítos). Pesquisa em Fezes Líquidas: aí encontraremos sobretudo as formas trofozoíticas, sendo raros os cistos; Pesquisa em Fezes Formadas: predominando aqui as formas císticas; Pesquisa em Outros Materiais: As formas trofozoíticas podem ser pesquisadas em material aspirado ou curetado de ulcerações cutâneas; Método de Faust. Entamoeba hystolitica - EPIDEMIOLOGIA Estima-se que existam, no mundo todo, cerca de 480 milhões de pessoas infectadas com a E. histolytica, dentre as quais 10% apresentam formas invasoras, isto é, alterações intestinais ou extraintestinais. Fonte: Santos e Soares (2008). Jornal Brasileiro de Patologia Médica Entamoeba hystolitica - PROFILAXIA Implantação e ampliação de rede de saneamento básico lavar bem as mãos antes e após as refeições; lavar bem frutas e hortaliças e deixá-las de molho em uma solução de água com água sanitária (1 colher de sopa de água sanitária de boa qualidade para cada litro de água); ferver (por pelo menos 20 minutos) e filtrar águas de poço ou rios antes de bebê-las; Evitar o contato direto e indireto com fezes humanas (use luvas!). No caso de uma infecção já adquirida, existe tratamento eficiente com antiparasitários, que podem custar caro e provocam efeitos colaterais, como vertigens ou erupções da pele. Por isso, o melhor mesmo é prevenir a infecção! Dar uma destinação adequada aos dejetos humanos; Ter boas práticas de higiene pessoal; Fonte: Ficoruz – Invivo. Acessado em outubro 2019. Disponível em < http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=espanol&infoid=90&sid=8#:~:text=lavar%20bem%20as%20m%C3%A3os%20antes%20e%20ap%C3%B3s%20as%20refei%C3%A7%C3%B5es%3B&text=lavar%20bem%20frutas%20e%20hortali%C3%A7as,cada%20litro%20de%20%C3%A1gua)%3B> Tratamento Furoato de diloxanida, paromomicina, metronidazol, desidroemetina (GOLDMAN; AUSIELLO, 2005; NEVES, 2004). Comparação entre Giardíase e Amebíase Apesar das semelhanças na transmissão e sintomas dessas doenças, os agentes etiológicos são diferentes e agem em locais diferentes do corpo do hospedeiro. No slide seguinte serão apresentadas as características das doenças para comparação Comparação entre Giardíase e Amebíase Giardíase Amebíase Ciclo (nº de hospedeiros) Monoxeno Monoxeno Transmissão Fecal-oral, contato Fecal-oral, contato Local de ação no intestino Intestino delgado/ grosso Compromete a digestão de alimentos (fezes com alimentos em pedaços) Intestino grosso Compromete pp a absorção de água e fezes com sangue e muco branco/ anemia Tipo de ação Adesiva (disco adesivo e lectinas ventrais) nos enterócitos Invasora (secreção de proteinases que destroem células –alvo, os enterócitos e eritrócitos quando extraintestinal Ação extraintestinal Muito rara Mais comum Profilaxia Cuidados com a higiene e medidas coletivas de saneamento básico e educação sanitária Cuidados com a higiene e medidas coletivas de saneamento básico e educação sanitária. Cisto (Forma infectante) Entre 2 a 4 núcleos Comum serem 8 núcleos. Depois da meiose gerando 4 núcleos, ocorre a mitose formando 8 núcleos. Medicamentos para Amebíase e Giardíase Tricomoníase e Trichomonas vaginalis ATIVIDADE VERIFICADORA Com o auxílio da figura, que ilustra o ciclo biológico da Entamoeba histolytica, e considerando aspectos da relação parasito-hospedeiro, julgue os itens subseqüentes. 1- ( ) A Entamoeba histolytica é um protozoário que, quando se encontra na forma vegetativa, usa os pseudópodos para se locomover e alimentar; na fase cística, não se alimenta nem se locomove e é revestido por uma parede resistente. 2- ( ) O ciclo da Entamoeba histolytica é do tipo heteroxênico. 4- ( ) A transmissão da Entamoeba histolytica ocorre pela ingestão de cistos tetranucleados oriundos de fezes de um portador. 8- ( ) Em seres humanos, as doenças parasitárias ocorrem ao acaso. ATIVIDADE VERIFICADORA A amebíase é uma doença provocada pela Entamoeba histolytica. Sua contaminação é direta, não envolvendo um vetor. Ocorre pela ingestão de cistos, forma de resistência dos protozoários, adquirida como maneira de proteger-se de condições desfavoráveis do ambiente) juntamente com água e alimentos contaminados. Dentre as medidas profiláticas afim de evitar a contaminação com o patógeno, julgue a incorreta: a) Lavar as mãos antes das refeições e após o uso do banheiro. b) Construção de fossas e redes de esgoto. c) Só ingerir alimentos bem lavados e/ou bem cozidos. d) Tratar as pessoas doentes. e) Colocar telas nas janelas e evitar água parada em pneus e vasos. ATIVIDADE VERIFICADORA A Giardia lamblia é um parasita do intestino humano e pode causar um tipo de disenteria. Esse parasita é transmitido pela ingestão de alimentos mal lavados e de água contaminada por cistos. Assinale a alternativa que identifica corretamente o tipo de organismo e o reino ao qual pertence. a) Bactéria – Monera. b) Bactéria – Protista. c) Protozoário – Monera. d) Protozoário – Protista. e) Nenhuma das alternativas acima. BIBLIOGRAFIA Atualidades sobre Giardíase: http://files.bvs.br/upload/S/0047- 2077/2014/v102n1/a4019.pdf Epidemiologia das parasitoses intestinais em crianças de creches de Rio Verdo - GO: http://revista.fmrp.usp.br/2008/VOL41N2/ao_parasitoses_intestinais_criancas_creches_ri o_verde.pdf Creche: ambiente expositor ou protetor nas infestações por parasitas intestinais em Aracaju, SE - https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v38n3/24009.pdf (16) [BIO] Protozoários - Parasitologia – YouTube (vídeo). ATIVIDADE VERIFICADORA Faça um desenho esquemático diferenciando o cisto do trofozoito. Descreva o ciclo biológico da amebíase e giardíase. Trichomoníase – Infecção Sexualmente Transmissível Tricomoníase A tricomonose ou tricomoníase é uma doença da via geniturinária provocada pelo parasita flagelado denominado Trichomonas vaginalis. É uma doença sexualmente transmissível (IST) muito frequente no mundo. Trichomonas vaginalis - Morfologia O trofozoíto (forma adulta ou ativa do protozoário) é a única forma evolutiva existente. Seu aspecto típico é piriforme ou ameboide, com quatro flagelos livres, axóstilo, flagelo recorrente que forma membrana ondulante. Trichomonas vaginalis - Transmissão A transmissão sexual é o modo mais evidente de infecção. Há outras formas de transmissão menos frequentes, como o parto (canal do parto) ou por roupas de cama e de banho e assentos de vasos sanitários (REY, 2009). Trichomonas vaginalis - Ciclo biológico O homem é o único hospedeiro natural conhecido. O parasita é monoxênico e se reproduz nas mucosas das vias urinárias e genitais na forma de trofozoítos, com ciclo biológico direto. A infecção ocorre por meio da relação sexual sem proteção, na qual os trofozoítos podem ser transmitidos entre os parceiros sexuais. Nas cavidades genitais e urinárias, os trofozoítos se multiplicam por divisão binária mantendo a infecção. Trichomonas vaginalis - Patogenia Assintomáticos a essa infecção. Mulher: Provoca uma vaginite (corrimento vaginal fluido, abundante, de cor amarelo-esverdeada e odor fétido, mais comumente no período pós-menstrual). Isso acarreta dor e dificuldade para as relações sexuais (dispareunia) e para urinar. Homem: Apresenta uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento e uma leve sensação de coceira na uretra, causando ardência miccional. HIV. Trichomonas vaginalis - Patogenia Complicações da Tricomoníase: Tendo a prostatite,epididimite e a infertilidade como complicações. infecções das tubas uterinas, pélvicas e abscessos pélvicos até com internação hospitalar para tratamento disso. OBS: Tem sido postulado que a presença de tricomonas cria um ambiente anaeróbico que favorece a bacteriose vaginal. Trichomonas vaginalis - Diagnóstico Para diagnóstico, são utilizados: Pesquisa de trofozoítos por meio de exame direto a fresco. Exame citológico (Papanicolau). Trichomonas vaginalis - Epidemiologia Como IST mais comum em todo o mundo, a tricomoníase acomete cerca de 170 milhões de pessoas por ano. Sua distribuição é cosmopolita e a chance de infecção está diretamente relacionada ao número de parceiros sexuais e à falta de conhecimento e ausência da utilização de práticas de prevenção. Em mulheres infectadas pelo HIV, a prevalência da tricomoníase varia de 9,5 a 38%, enquanto em mulheres não infectadas esta é observada em 1,4 a 4,5% . OBS: O T. vaginalis não apresenta forma cística e por isso não apresenta muita resistência no meio externo ao hospedeiro. Trichomonas vaginalis - Profilaxia Destacam-se os seguintes elementos: A base principal são os aspectos relacionados à educação sanitária da população. Como se trata de uma IST, o tratamento de infectados deve ser feito no casal. Sexo seguro (camisinha). Trichomonas vaginalis - Tratamento Metronidazol (GOLDMAN; AUSIELLO, 2005). OBS: RECOMENDAÇÃO DO SEU MÉDICA.
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